O ministro das Finanças assegurou, na madrugada desta quarta-feira, que não ficou “de todo” preocupado com as declarações do presidente do Eurogrupo sobre a “possibilidade séria” de sanções a Portugal devido ao défice, apontando que o Governo “sabe exatamente o que fazer”.

No final de uma reunião dos ministros das Finanças da zona euro, em Bruxelas, Mário Centeno, questionado sobre as declarações de Jeroen Dijsselbloem à entrada para o encontro – que teve início na terça-feira à tarde e se prolongou até à madrugada desta quarta-feira -, sublinhou que “o que neste momento é necessário é ter confiança na execução orçamental, na capacidade que o pais tem que ter de mostrar que consegue continuar nesse rumo e crescer”.

“(Preocupado?) Não, de todo, o que o presidente do Eurogrupo fez foi simplesmente referir que há um conjunto de procedimentos europeus que é necessário analisar, cumprir, e nós sabemos exatamente do que é que isso se trata (…) O Governo sabe exatamente o que fazer para manter o país numa trajetória de consolidação das suas contas públicas”, declarou.

À entrada para a reunião, Dijsselbloem afirmara que a aplicação de sanções a Portugal por défice excessivo é uma “possibilidade séria devido à situação atual do país”.

“As sanções são absolutamente uma possibilidade, estão nas nossas regras e regulamentos, e quando olhamos para a situação atual em Portugal e Espanha há razões sérias para considerar a sua aplicação”, declarou o presidente do Eurogrupo, lembrando que manter as contas públicas em ordem é uma “tarefa difícil”.

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Centeno apontou que o crescimento da economia portuguesa “parou no final do ano passado”, admitiu que “os números do primeiro trimestre mostram que é necessário fazer mais”, e insistiu que “é nesse trajeto que o Governo se propõe manter e executar o seu orçamento de Estado”, tendo também já começado a implementar o programa nacional de reformas.

Questionado sobre se a capitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) não poderá dificultar a missão de reduzir o défice para valores abaixo dos 3% do PIB, o ministro sustentou que “a capitalização não tem impacto direto no défice”, dado tratar-se de “uma operação financeira”, preferindo sublinhar a importância da mesma para a saúde do sistema financeiro português e a sua capacidade de financiar a economia.

“A preocupação do Governo no aspeto financeiro é que nós possamos ter a estabilização que todos desejamos para que o sistema financeiro possa ser de facto um contributo para o crescimento do país. É nessa perspetiva que se enquadra qualquer decisão que venha a ser tomada, em conjugação sempre com as autoridades europeias, de capitalização da CGD”.