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Mitologia e espaço: Júpiter e Juno estão juntos novamente

Este artigo tem mais de 5 anos

Júpiter é o deus supremo da Roma antiga e Juno é a mulher do deus infiel. Agora, Juno, a sonda, vai estudar Júpiter, o planeta, ao pormenor, para que não volte a esconder-se atrás das nuvens.

Um modelo da sonda Juno em frente de uma imagem do planeta Júpiter
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Um modelo da sonda Juno em frente de uma imagem do planeta Júpiter

David McNew/Getty Images

Um modelo da sonda Juno em frente de uma imagem do planeta Júpiter

David McNew/Getty Images

Júpiter é o deus supremo de todos os deuses romanos — um nome que encaixa bem no maior de todos os planetas do sistema solar. Júpiter é o quinto planeta contado a partir do Sol, situado entre Marte — o filho do deus supremo — e Saturno — o pai. Na mitologia, as lendas de Júpiter misturam-se muitas vezes com as de Zeus — o deus dos deuses na Grécia antiga.

O rei dos deuses romanos aparece muitas vezes associado a trovões, relâmpagos e tempestades, como as que acontecem com frequência na atmosfera do planeta a quem deu o nome. Mas Júpiter é também conhecido pelos casos extraconjugais que manteve, deixando a esposa (e irmã) Juno com a ira típica de uma deusa.

O planeta Júpiter é tão grande que, se não contarmos com o Sol, tem mais de metade da massa de todo o sistema solar — somando os restantes planetas, luas (satélites naturais), asteroides e cometas. A gravitar à sua volta tem tantas luas e detritos que poderia ser dono de um pequeno sistema estelar. Aliás, Júpiter parece quase uma estrela em formação, refere um documento da NASA (agência espacial norte-americana). Se tivesse uma massa 80 vezes maior, seria uma estrela e não um planeta.

Uma massa 80 vezes maior nem é assim tanto se pensarmos que Júpiter tem 300 vezes mais massa do que a Terra.

Os cientistas já conseguiram contar 67 luas a gravitar em torno de Júpiter, 53 das quais já têm nome. As quatro maiores são Io, Europa, Ganymede e Callisto — descobertas em 1610 por Galileu Galilei. O nome das luas corresponde também ao nome dos amantes — de Zeus, não de Júpiter, mas, como referido, a mitologia romana bebe muitas vezes as histórias da mitologia grega.

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Juno, mulher de Júpiter (e equivalente de Hera, mulher de Zeus) vigiava o marido tanto quanto podia. Agora, Juno (a sonda) voltou para junto de Júpiter (o planeta) e está preparada para o manter de baixo de olho durante o próximo ano e meio.

As amantes-luas que continuam a seguir Júpiter

Zeus apaixonou-se por Io, princesa de Argos. Para evitar que Hera descobrisse a amante, Zeus escondeu Io atrás das nuvens, mas Hera percebeu e soprou as nuvens. À semelhança de Hera, Juno (agora, a sonda) vai tentar “olhar” através das nuvens de Júpiter e descobrir mais sobre a origem e evolução do planeta.

Para proteger Io, Zeus transformou-a numa bezerra antes que Hera lhe visse a forma humana. Mas a lua que orbita o planeta gigante tem uma característica menos pacífica que o temperamento de uma vaca: é o astro com maior atividade vulcânica de todo o sistema solar. São mais de 100 vulcões que atiram lava a centenas de quilómetros de altura.

Encaixada entre Júpiter e as luas Europa e Ganimedes, Io sofre forças gravíticas tão fortes que tem uma órbita irregular e, à superfície, as marés podem ter amplitudes de 100 metros — na Terra, a diferença entre a maré baixa e alta, provocada pela Lua, não ultrapassa os 18 metros.

Os quatro maiores satélites naturais de Júpiter: Io, Europa, Ganimedes e Calisto (Júpiter, à esquerda, não está à escala) - NASA Planetary Photojournal

Os quatro maiores satélites naturais de Júpiter: Io, Europa, Ganimedes e Calisto (Júpiter, à esquerda, não está à escala) – NASA Planetary Photojournal

Europa é nome de deusa de Creta, nome de satélite natural e nome de continente. Sim, está tudo relacionado. Também Europa teve um caso com Zeus, mas Hera nunca soube e por isso nunca a perseguiu. Zeus apareceu a Europa sob a forma de um touro branco e, quando ela o montou, fugiu com ela, através da água, até Creta. Europa, a lua, também tem uma forte ligação à água.

Julga-se que este satélite natural de Júpiter poderá ter um oceano imenso de gelo, que cobre todo o planeta, sobre uma camada de rocha. Europa tem o potencial para ter água no estado líquido por baixo do gelo, tornando-se o local mais promissor do sistema solar para procurar sinais de vida.

A mensagem de Juno, a sonda, à medida que queimava o combustível para conseguir fazer a grande travagem que a deixaria em órbita.

O outro satélite natural que exerce força gravítica sobre Io é Ganimedes — a maior lua do sistema solar. É maior do que Mercúrio e do que o planeta-anão Plutão, de tal forma que se orbitasse o Sol, e não Júpiter, seria considerado um planeta. Ganimedes tem oxigénio na sua atmosfera, mas esta é tão fina que não permite a manutenção de vida à superfície do planeta.

Ganimedes, tal como as outras luas descobertas por Galileu, era amante de Zeus. Não era um deus, mas um príncipe de Troia conhecido pela sua beleza, que foi raptado pelo deus dos deuses disfarçado de águia. No Monte Olimpo, Ganimedes era o aguadeiro dos deuses (e o amante de Zeus) e adorado por todos. Bem, nem todos, Hera não estava muito satisfeita com a situação. Mais tarde Zeus transformou Ganimedes na constelação de Aquário (agora aguadeiro nos céus).

Outra das amantes de Zeus que foi transformada em constelação foi a ninfa Callisto que servia a deusa caçadora Artemis. Tal como Artemis, Callisto terá feito um voto de castidade, mas foi enganada por Zeus que acabou por engravidá-la. Callisto foi transformada em urso, embora não seja certo quem o tenha feito, certo é que Hera continuava a persegui-la. Até que Zeus a transformou na constelação da Ursa Maior para a salvar. O filho que carregava na barriga, Arcas, acabou por ser transformado na constelação da Ursa Menor.

A vida do satélite natural Callisto poderá ter sido um pouco menos atribulada. Callisto é considerado um astro “morto” geologicamente, com a superfície mais antiga de todo o sistema solar. Callisto é ainda o objeto com mais crateras em todo o sistema solar.

A sonda Juno cumpriu uma grande etapa da missão, ficar na órbita de Júpiter. Esta foi a reação de quem ficou em Terra a seguir os acontecimentos.

As missões para estudar o planeta gigante

No dia 4 de julho de 2016 (5 de julho em Portugal), a sonda Juno conseguiu aproximar-se de Júpiter a alta velocidade e travar o suficiente para ficar presa numa órbita à volta do planeta. A sonda tem 18 meses para tirar fotografias e fazer todas as medições possíveis sobre o maior planeta gasoso do sistema solar.

Juno é a segunda sonda a ficar em órbita à volta de Júpiter. A sonda Galileu já tinha orbitado o planeta durante oito anos, mas com instrumentos muito menos poderosos que Juno. Na altura, Galileu enviou um equipamento para estudar a atmosfera de Júpiter. Desta vez, toda a sonda mergulhará na atmosfera do planeta, a recolher dados, até ser completamente aniquilada.

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