A ministra das Finanças afirmou esta segunda-feira que Portugal realizou um “ajustamento importante”, mas que “a dívida pública continua em níveis muito elevados”, destacando que “é esse o enquadramento” em que o Governo vai apresentar a proposta de Orçamento para 2015.

“Não obstante o caminho já percorrido, a dívida pública mantém-se em níveis muito elevados e exige a continuidade do ajustamento”, afirmou Maria Luís Albuquerque no XXIV Encontro de Lisboa entre os Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa, acrescentando que “é este o enquadramento da proposta de Orçamento do Estado que o Governo apresentará ao Parlamento já na próxima semana”.

A governante, que saiu do evento que decorreu na sede do Banco de Portugal, em Lisboa, sem falar com os jornalistas, defendeu que dar continuidade ao ajustamento para baixar o nível da dívida pública é importante, “não só para garantir a sua redução efetiva, mas para comprovar a vontade em fazê-lo e, dessa forma, manter a credibilidade do país perante os mercados e os credores internacionais”.

Ainda no plano orçamental, Maria Luís Albuquerque afirmou que Portugal “concluiu um ajustamento importante” não só em termos de redução do défice orçamental, mas também na “melhoria do processo orçamental”, que é agora “mais transparente e sujeito a um maior escrutínio”.

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A ministra referiu-se também à recuperação económica em curso para afirmar que “as perspetivas do mercado de trabalho têm vindo a melhorar” e que “a economia portuguesa está mais forte do que há um ano e significativamente mais sólida do que em 2011”.

No entanto, a ministra de Estado e das Finanças deixou um alerta: “O ajustamento não está concluído e os desafios são ainda muito exigentes”, disse.

Maria Luís Albuquerque afirmou que “a recuperação da atividade económica mostra que o programa de reformas em curso está a dar resultados”, mas que “a contínua aposta nas reformas estruturais não é suficiente”, pelo que é preciso “continuar a aprofundar a transformação em curso”.

A governante referiu-se ainda ao Banco Espírito Santo (BES), considerando que “os problemas detetados no BES intensificaram os riscos e os desafios que ainda persistem no sistema financeiro”, mas que “a solução aplicada (…) demonstra que o sistema financeiro está hoje mais robusto e mais preparado” para responder a situações como esta.

Já no final do discurso, e dirigindo-se aos governadores dos bancos centrais presentes na sala, Maria Luís Albuquerque afirmou que a interligação entre os sistemas financeiros de Portugal e dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) promove a interligação de fluxos financeiros, a expansão das empresas e o crescimento das trocas comerciais, defendendo que “o aprofundamento dos laços já estreitos que [existem] é do interesse de todos”.