Os representantes dos trabalhadores da empresa de construção civil Soares da Costa apelaram esta quinta-feira ao Governo para que intervenha junto da administração da construtora, para agilizar o processo de pagamento dos salários em atraso.

“Dissemos da nossa indignação e apelámos ao Governo para que intervenha junto da empresa. Há aqui boas intenções de contacto com outros ministérios que também estão envolvidos neste problema, ficou aqui a premissa que vão entrar em contacto junto dos seus colegas ainda hoje para apurar a questão”, disse o coordenador da Comissão de Trabalhadores da empresa, José Martins.

O membro da Comissão de Trabalhadores falava aos jornalistas no final de um encontro, no Ministério da Economia, em Lisboa, com um elemento do gabinete do Ministro da Economia, Caldeira Cabral, a quem solicitaram ajuda para “resolver o problema da empresa no seu todo”.

“O que dizem é que estão preocupados com tudo o que tem a ver com a destruição de emprego. Aqui, o que está em causa é a destruição de emprego. Nesse sentido, vão apurar junto da administração e dar-nos-ão conta do que está a ser feito”, referiu José Martins.

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Enquanto decorria a reunião no Ministério da Economia, várias centenas de trabalhadores da Soares da Costa estavam concentrados no Largo Camões, em Lisboa, desde as 14h00, para reivindicar o pagamento de salários em atraso e a defesa dos postos de trabalho.

Palavras de ordem como “Assim não pode ser, trabalhar sem receber”, “A luta continua, na empresa e na rua” e “Está na hora, está na hora, dos salários cá para fora” eram entoadas pelos muitos trabalhadores, que exigem o pagamento dos salários em atraso em Portugal, Angola e Moçambique.

A concentração terminou no final da reunião entre a Comissão de Trabalhadores e a tutela, pelas 15h30, e daí seguiram para a sede da Soares da Costa, em Lisboa, para uma reunião com a administração.

“Queremos saber o que está em cima da mesa”, sublinhou José Martins, a propósito do encontro desta tarde.

Em cima da mesa está a situação vivida na construtora, que tem em atraso de cinco meses de salários à maior parte dos funcionários em Portugal, enquanto os que estão em Angola não recebem há oito meses.

As dificuldades atravessadas pela Soares da Costa levaram ao anúncio, em dezembro de 2015, de um despedimento coletivo de 500 trabalhadores, entre os quais os cerca de 300 funcionários que se encontram em regime de inatividade.

A concentração desta quinta-feira seguiu-se a uma outra realizada no passado dia 12 de julho junto ao Ministério do Trabalho, após a qual os trabalhadores da Soares da Costa acabaram por se deslocar às instalações da empresa exigindo ser recebidos pela administração.

Por conhecer continua o resultado da auditoria pedida pelos três maiores credores da construtora — todos eles instituições bancárias — e que, segundo o representante da Comissão de Trabalhadores, José Martins, “vai verificar se a empresa tem a viabilidade necessária”.

“Só no final da auditoria a administração poderá dar uma resposta às pretensões dos trabalhadores”, nomeadamente a regularização dos salários, sustentou na altura José Martins.