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ExoMars. Os europeus já estão em Marte, mas falta-nos saber mais

Este artigo tem mais de 5 anos

A sonda ExoMars já chegou ao planeta vermelho, colocando europeus e russos pela primeira vez em Marte. Vamos com um objetivo: desvendar o mistério do metano aqui ao lado. Será um sinal de vida?

O sinal indica que já "amartamos" porque a sonda TGO já está em órbita
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O sinal indica que já "amartamos" porque a sonda TGO já está em órbita

ESA

O sinal indica que já "amartamos" porque a sonda TGO já está em órbita

ESA

Depois do silêncio, os aplausos invadiram os escritórios da Agência Espacial Internacional (ESA). A sonda da missão ExoMars 2016 já chegou em Marte, depois de sete minutos atribulados a rasgar a difícil atmosfera marciana. Agora o objetivo é descobrir se alguma vez houve vida no planeta vermelho. É um passo histórico para a História da exploração espacial. Esta é a primeira vez que uma agência espacial que não a norte-americana NASA — neste caso, a europeia ESA e a russa Roscosmos — chega a Marte.

O sinal apareceu nos ecrãs da ESA pouco depois das 17h35, dando indicação aos cientistas de que a missão ExoMars está “viva”, depois de ter passado uns longos minutos (planeados) sem transmitir quaisquer informações para Terra. Isso aconteceu porque estava a passar atrás do planeta. O sinal voltou e indica que já “amartamos” porque a sonda TGO já está em órbita. Mas só se deve saber se tudo correu como planeado, com a plataforma Schiaparelli, esta quinta-feira de manhã, a partir das 08h00, numa conferência de imprensa na ESA Operations Centre (ESOC), em Darmstadt, Alemanha — onde se esperam atualizações da missão, com imagens. Pode acompanhar o evento no streaming aqui em baixo.

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Esta é a primeira parte de um projeto de exploração na área da exobiologia – o estudo da possibilidade de existir vida fora da Terra – organizado pelos países europeus associados à ESA, em parceria com a Rússia. Esta tarde, sete meses depois de deixarem a Terra, dois instrumentos importantes vão chegar à superfície marciana. Um chama-se Trace Gas Orbiter (TGO) e vai procurar evidências da existência de metano e de outros gases atmosféricos que possam ter origem biológica, bem como estudar os processos geológicos do planeta. O outro chama-se Schiaparelli e será um teste à tecnologia de ponta que possa contribuir para missões futuras a Marte. Daqui a quatro anos, dá-se início à segunda parte do projeto: enviar um Rover com instrumentos dedicados à exobiologia e a investigação geoquímica; e instalar uma plataforma científica na superfície.

Desde os anos 60 que o planeta está na mira dos exploradores do espaço, principalmente como “campo de treino” para desenvolvimentos da robótica. De acordo com os avanços feitos pelos Estados Unidos, Japão e pela extinta União Soviética, há muitos sinais de que já existiu água na superfície de Marte. E onde há água, pode haver vida. No entanto, não há certezas sobre se alguma vez o planeta Marte viu algum ser vivo. É precisamente este mistério que move o programa ExoMars.

Atualmente, o planeta vermelho é demasiado seco e massacrado por radiações para a existência de vida como nós a conhecemos. Só que nem sempre foi assim: os primeiros mil milhões de anos marcianos foram mais húmidos e mais amenos do que agora, por isso existiam condições para a existência desses seres vivos. Como se encontram provas da sua presença? A partir do momento em que o TGO e o Schiaparelli “amartarem” (porque aterrar só mesmo por cá), a primeira meta da ExoMars é estudar os gases vestigiais da atmosfera de Marte, ou seja, aqueles que representam menos de 1% da composição do ar marciano. Só em 2020 é que começamos a escavar o solo marciano em busca de biomarcadores (fósseis moleculares com carbono e hidrogénio) a dois metros de profundidade.

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Ora, um dos gases vestigiais mais importantes de Marte é o metano. Esse elemento pode ser lançado para a atmosfera através de três mecanismos: atividade vulcânica e hidrotermal, reservatórios naturais de gases hidrocarbonatos ou através dos processos biológicos de organismos vivos. É o que acontece na Terra e seria perfeitamente normal se não fosse um mistério que assombra os cientistas: ao contrário do que seria de esperar, o metano marciano (que devia ser destruído pela luz ultravioleta ao fim de 400 anos), não está distribuído uniformemente na atmosfera de Marte. Há variações de concentração que são sazonais e que variam na localização. E só há uma maneira de o explicar: tem de haver uma fonte de metano ativa a lançar metano para a atmosfera. E um mecanismo que o elimine rapidamente e que justifique as variações de concentração desse elemento no ar. Descobri-los é a função do ExoMars.

Claro que já há teorias. É possível que se trate de um caso de serpentinização, um processo geológico que ocorre em profundidade quando rochas metamórficas ricas em olivina entram em contacto com água em ambientes vulcânicos ativos. Esta possibilidade põe o coração dos cientistas aos pulos: descobrir que Marte é um planeta geologicamente vivo seria bombástico. Mas há outras opções igualmente emocionantes: pode haver microrganismos nas profundezas de Marte que produzam metano como um produto do seu metabolismo; ou então o metano pode ter sido produzido há muito tempo, mas ter ficado preso em clatratos (hidratos de metano sob a forma de cristais semelhantes aos do gelo) que só agora estão a soltar-se. Todas as possibilidades vão ser analisadas pelo TGO.

Mas as novidades não ficam por aqui. A missão de trazer “novos mundos ao mundo” para lá do nosso horizonte tem mão portuguesa. O isolamento térmico do Schiaparelli foi desenvolvido desde 2012 pela High Performance Structures (HPS) com o máximo de cuidado: foi necessário fazer testes de qualidade que garantam que não haja contaminação biológica da Terra em Marte. “Foram necessárias várias horas de desenvolvimento e testes para assegurar os exigentes ambientes da missão. Os vários equipamentos estavam protegidos das temperaturas muito baixas durante a viagem Terra-Marte, bem como das muito altas durante as manobras de entrada e pousar no planeta Marte”, afirma Celeste Pereira, responsável pelo projeto e uma das cientistas que levaram a Europa a território marciano.

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