Receções, dribles, passes deliciosos e golos. É este o cartão-de-visita de Jonas depois de apenas dois jogos com a camisola do Benfica. O avançado brasileiro destruiu o sonho dos serranos de uma “zebra”, que é como os brasileiros dizem surpresa. Não houve tomba-gigantes, mas houve uma senhora equipa a bater o pé a um Benfica com muitas mudanças no onze. O Sp. Covilhã até esteve a vencer, com Traquina em destaque, mas Jonas entrou em ação e, com um hat-trick, resolveu o assunto: 3-2.

Jorge Jesus decidiu rodar a equipa e fazer muitas alterações: Artur; André Almeida (capitão), Lisandro, César e Benito — os dois defesas estrearam-se com a camisola vermelha –; Bebé, Pizzi, Cristante e Ola John; Jonas e Derley. Não, não se esperava o andamento da equipa titular, nem o saber, a classe e velocidade, mas esperava-se mais vontade. Do outro lado vontade não faltava. O décimo classificado da Segunda Liga queria viver uma noite de sonho. E fez por isso.

As coisas começaram da pior maneira para a equipa da casa. Aos 30 segundos, Ola John furou pelo lado esquerdo e sofreu penálti de Tiago Moreira. Jonas assumiu e marcou o segundo golo com a camisola do Benfica, 1-0. O jogo estava mexido e o Sp. Covilhã não se encolheu e assumiu uma postura corajosa, a pressionar e a tentar a sorte.

E o golo do empate chegou antes dos 10′. A bola partiu da esquerda para a direita, desejosa de chegar ao pé de Traquina. Benito vacilou e falhou o corte e a bola chegou ao destino. O número 7 da casa dominou e despachou-se a seguir rumo a Artur. À saida do brasileiro, Traquina picou com muita, muita classe e empatou, 1-1. A curiosidade aqui é que este extremo até já havia passado pelo Benfica, quando era iniciado.

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O jogo continuaria mexido. O Benfica denotava um grande problema no meio-campo. Cristante não pegava no jogo a partir da defesa, embora mostrasse alguns bons pormenores técnicos. Pizzi não é médio centro, está a anos-luz de Enzo. O melhor era Jonas, que ia encantando os adeptos com receções e passes picados por cima da defesa. Benito era o pior e a equipa de Francisco Chaló percebeu isso, e investiu pelo corredor esquerdo dos encarnados.

À passagem do minuto 25, Ola John lesionou-se depois de um sprint e Jorge Jesus lançou às feras Gonçalo Guedes, um menino de 17 anos. E que bem entrou ele. Guedes até sabia o que era fazer mossa aos serranos: a 30 de agosto, num jogo a contar para a quinta jornada da Segunda Liga, Guedes bisou no 3-1 contra o Sp. Covilhã. O miúdo tem olha para a baliza…

E a surpresa maior da noite aconteceu a três minutos do intervalo. Livre lateral para Traquina, que encontrou a cabeça do avançado Erivelto e deixou o país inteiro de queixo caído, 2-1. O brasileiro cabeceou rodeado de César, Lisandro e Cristante. O intervalo chegaria pouco depois e as orelhas dos homens que vestem de vermelho já sabiam o que esperavam.

A segunda parte começou com menos ritmo, mas o Benfica entrou melhor. Mais certinho, principalmente no corredor esquerdo. Benito surgiu melhor e mais apoiado. Cristante ganhou importância neste segundo tempo. Aquele que seria o homem do jogo precisaria apenas de nove minutos para voltar a deixar tudo igual. Passe maravilhoso de Cristante muito perto da linha do meio-campo para as costas da defesa e Jonas, com a tranquilidade e pinta do costume, encostou com a parte de fora do pé, 2-2. Golaço.

O Benfica ia ganhando metros no campo e o Sp. Covilhã começava a mostrar alguma quebra nos músculos das pernas. Gonçalo Guedes continuava bem, ainda que mostre alguma tendência para abusar do drible. Parece que tem de fintar sempre um rival. Mas, ainda assim, estava melhor do que Bebé e Derley.

Aos 69′, o Benfica virou o resultado e deixou os adeptos respirar de alívio. Quem marcou? Ora essa, que pergunta. Jonas, pois claro. Pizzi surgiu na zona 10 com a bola controlada e tocou para o avançado brasileiro, que recebeu logo em direção à área e picou com o pé esquerdo, desviando de Taborda, 3-2. Este avançado tem muito futebol naqueles pés.

Até final da partida pouco haveria a registar. Talvez o regresso de Nelson Oliveira, que tem andado esquecido por Jorge Jesus. Saiu Derley, desta vez desinspirado. O Benfica sofreu para ultrapassar o Sp. Covilhã. Já se sabe: quando uma equipa quer mais do que a outra, fica mais perto de vencer. Neste caso, assustou e bem. Foi um bom jogo de futebol, que lembrou a muito boa gente que há qualidade no segundo escalão do futebol português. Já Jorge Jesus irá ponderar melhor as rotações da próxima vez, certamente.