Rui Machete aproveitou o palco das jornadas parlamentares do PSD e CDS, que decorrem esta tarde na Assembleia da República, não para falar do Orçamento do Estado no setor dos Negócios Estrangeiros, mas sim para se justificar sobre a mais recente polémica relacionada com as declarações que fez à Rádio Renascença, sobre os portugueses jihadistas que querem regressar a casa. Machete reafirmou “o que disse”, uma vez que, na sua ótica, não revelou “qualquer informação que permitisse identificar a identidade dos portugueses que participam nessas organizações terroristas”.

“Nas declarações que proferi à Rádio Renascença, não consta qualquer tipo de informação que permita a identificação de cidadãos portugueses que participem neste movimento terrorista”, disse o ministro, perante as bancadas do PSD e do CDS-PP.

O ministro dos Negócios Estrangeiros mostrou-se ainda disponível para se deslocar ao parlamento, “mais concretamente à comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, para prestar todos os esclarecimentos que os senhores deputados entendam por bem” e disse ter “todo o gosto” que essa audiência possa decorrer à porta aberta.

Para Machete, o Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS) constitui “um exemplo sinistro desta barbárie que tem de ser combatido e neutralizado”, já que é a organização terrorista que mais viola os direitos internacionais e que mais ameaça a “segurança europeia”. “Merecem o nosso repúdio e respostas firmes por parte da comunidade internacional”, disse, acrescentando que o Ministério tem dedicado ao tema toda a atenção, nomeadamente à questão da reintrodução destes cidadãos na sociedade.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“São [os combatentes do ISIS] uma ameaça para a qual os responsáveis políticos têm obrigação de alertar – e foi isso que tive oportunidade de dizer na entrevista à Renascença, reafirmo o que disse então”.

Já esta tarde, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho tinha relativizado a polémica, dizendo que as declarações do ministro sobre a jihad islâmica não tinham causado “nenhum incómodo” dentro do Governo.

“Não tenho conhecimento de nenhum incómodo dentro do Governo com as declarações do senhor ministro dos Negócios Estrangeiros e, tendo lido algumas manchetes e algumas notícias também que davam conta disso, tive o cuidado de ir ver as declarações que o senhor ministro fez, e a mim não me causaram nenhum incómodo”, afirmou Passos Coelho esta tarde em Bruxelas, no final de um Conselho Europeu.

O mesmo disse Miguel Macedo, que se tinha mostrado “irritado” com o colega do Governo na reunião de quinta-feira do Conselho de Ministros. Esta sexta-feira o ministro da Administração Interna já negou à TSF a existência de qualquer tensão com o chefe da diplomacia portuguesa na sequência das declarações feitas sobre os portugueses que militam no Estado Islâmico e querem regressar. E na intervenção que fez ao fim da tarde no âmbito das jornadas parlamentares conjuntas do PSD e CDS, lado a lado com Rui Machete, nada disse sobre o assunto.