Uma investigadora iraniana da Universidade do Michigan devia ter aterrado na quinta-feira em Lisboa para dar um seminário na Universidade Católica, mas foi desaconselhada a sair dos EUA sob pena de já não voltar a entrar no país. A iminência da aprovação do Muslim Ban — restrições a entradas e cedência de vistos a cidadãos de países muçulmanos, como o Irão — fez com que os serviços de relações internacionais da universidade aconselhassem a investigadora a não viajar para Portugal. A investigadora acabou, no entanto, por dar o seminário por vídeo-conferência.
O caso foi denunciado pelo professor associado da Católica Lisbon Business&Economics, Pedro Oliveira, é um dos organizadores do seminário e optou, para já, por protege a identidade da investigadora da área de gestão de operações: “As pessoas estão com medo. Falei com ela e ela está, naturalmente preocupada, como muita gente no mundo académico. O Muslim Ban ainda não está em vigor, mas uma das características de Trump é precisamente ser imprevisível“.
Pedro Oliveira conta que a Católica costuma trazer a Portugal “vários investigadores de topo para participarem seminários” e por isso foi contactada a investigadora iraniana, que está a passar um período na Universidade do Michigan e tem um visto de visitante nos EUA. Ora, conta o professor, “quando ela se estava a preparar para vir para Portugal o International Office da Universidade do Michigan disse-lhe que conta o que se estava a passar ela podia, naturalmente, sair do país mas correria o risco de não voltar a entrar.
Nas últimas horas tem havia notícias de que Trump se preparava para impedir a entrada nos EUA de refugiados vindo de vários países muçulmanos. Entretanto, o Presidente norte-americano assinou um decreto a limitar de forma ostensiva a entrada de refugiados, mas os detalhes do diploma ainda não são conhecidos. O que é muito diferente de proibir a entrada de muçulmanos. A contra-informação é tão grande quanto a incerteza. O tweets e as restantes intervenções públicas do presidente dos Estados Unidos não ajudam.
A investigadora acabou por fazer a intervenção por vídeo-conferência, mas isso limitou os planos que existiam. Estavam previstos encontros com professores da universidade portuguesa, que até está interessada em contratar a investigadora iraniana, mas as intenções de Trump vieram atrapalhar tudo.
O assunto foi também denunciado no Facebook pelo professor Pedro Oliveira.