Já foi considerada a menina bonita da Casa Real espanhola. Chegou a ser duquesa Palma de Mallorca, título que lhe foi atribuído mediante o Real Decreto publicado a 26 de setembro de 1997, e desde o início de 2016 que é o primeiro membro da família real espanhola a ser julgado em tribunal. Cristina Federica de Borbón, a segunda filha dos reis de Espanha, nasceu a 13 de junho de 1965 num berço de ouro: a vida da infanta tinha tudo para correr bem, mas o seu envolvimento no caso Nóos viria a ditar-lhe o afastamento da família e títulos reais, bem como a levá-la para fora das fronteiras espanholas.

A infanta Cristina é notícia esta sexta-feira por ter sido absolvida do caso Nóos e por estar a pensar vir para Lisboa para estar mais perto do marido Iñaki Urdangarin, o qual foi condenado a seis anos e três meses de prisão, pena que deverá cumprir em Espanha. Mas já lá vamos.

A infanta licenciou-se em Ciências Políticas na Universidade Complutense de Madrid, considerada uma das mais antigas do mundo, em 1989 — aos 24 anos tornava-se na primeira mulher da família real espanhola com um título universitário. Seguiu-se um mestrado em Relações Internacionais na Universidade de Nova Iorque, já em 1990, e um ano depois estava a estagiar na sede da UNESCO em Paris. A infanta ficaria vinculada a esta organização internacional onde é presidente honorária, sendo que ao longo dos anos tem vindo a apoiar diversos projetos na área da educação.

Iñaki Urdangarin, de desportista medalhado a prisioneiro

A 30 de abril de 1997 a Casa Real espanhola anunciava oficialmente ao país o compromisso entre a infanta Cristina e aquele que era à data o número 7 da seleção espanhola de andebol. Iñaki Urdangarin contava 29 anos, mais três do que a futura mulher. Alguns meses depois, a 4 de outubro de 1997, em Barcelona, Cristina subiu ao altar para contrair matrimónio com o homem em quem disse “confiar plenamente” em tribunal, no âmbito do julgamento do caso Nóos que arrancou em janeiro de 2016 e que terminou esta sexta-feira, dia 17, com a absolvição da infanta. Iñaki, em tempos uma figura forte no desporto nacional, foi condenado esta sexta-feira a seis anos e três meses de prisão por crimes de prevaricação, desvio de capitais, fraude, tráfico de influência e delitos contra o tesouro.

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Recuemos no tempo para explicar que a infanta conheceu o desportista nos Jogos de Altanta de 1996, tal como escreve o El Mundo. Terá sido amor à primeira vista e talvez não seja muito difícil de perceber o porquê: Iñaki Urdangarin era medalhista olímpico e parecia ter um currículo pessoal e familiar imaculado; a dose confortável de confiança que o desporto lhe concedeu era chamariz de maior, além de ser sociável e amistoso. Aos 17 anos assinou pelo Barcelona e, desde então, dedicou a vida ao desporto — Iñaki também praticava ténis e golfe). Depois de trazer para casa a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney, abandonou a carreira para dedicar-se à profissão de pai de uma família numerosa e aos deveres enquanto Duque de Palma.

A revista Hola fala precisamente de “uma história de amor serena e muito bonita”, da qual resultaram quatro filhos. A família começou a crescer quando Juan Valentín nasceu a 29 de setembro de 1999. Seguiram-se Pablo Nicolás, Miguel e Irene, a única filha do casal, que nasceu a 5 de junho de 2005.

Uma infanta afastada da família real

O julgamento da infanta Cristina e de Iñaki arrancou a janeiro de 2016, muito embora o caso Nóos remonte a 2006. Apenas uns dias antes de Iñaki ser indiciado, a 29 de dezembro de 2011, o rei Juan Carlos sublinhou na mensagem de Natal que Espanha é “um Estado de direito”, pelo que “qualquer ação censurável deverá ser julgada e sancionada segundo a lei”. Apesar de, no decorrer de uma conversa informal com os jornalistas, o rei admitir que à data do discurso não tinha ninguém em mente, este foi o início do fim das relações entre o casal mediático e a família real.

Em 2015, no auge da rutura com a família real, coube ao novo rei e irmão de Cristina, Felipe VI, retirar os títulos de Duques de Palma tanto a Cristina como a Iñaki. Ficou nas mãos da própria infanta Cristina, que é a sexta na linha de sucessão à Coroa, a decisão de renunciar ou não à linha de sucessão.