Uma breve pesquisa no motor de busca Google sobre o matcha vem acompanhada de perguntas sobre como é feito, para que serve e onde pode ser comprado. A verdade é que o matcha é conhecido como o super-herói dos chás e não é por acaso: bebê-lo é como ingerir dez chávenas de chá verde normal, devido ao seu valor nutritivo. Crê-se que o matcha liberta lentamente energia ao longo do dia e, por isso, estimula a calma, concentração e foco. “O matcha é um chá verde superpoderoso, feito apenas com folhas de chá verde e contendo flavonóides naturais de chá verde (catequina)”, começa por explicar Louise Cheadle e Nick Kilby na nova obra O Livro do Chá Matcha.

Uma das razões porque o matcha é tão bom deve-se ao facto das suas plantas serem cultivadas totalmente à sombra, o que eleva o seu teor de clorofila”, dizem as fundadoras da marca Teapigs que integraram o matcha na sua gama de chás em 2008.

O livro foi publicado pela editora Planeta e custa 19,95€.

Como um superalimento, o matcha é um pó que pode ser ingerido como bebida quente, sumo, leite, água fria ou nos cozinhados (desde cereais de pequeno-almoço a pratos e sobremesas). Como chá, é consumido no Japão desde o século XII e, antes disso, já o era na China. Atualmente, os japoneses são considerados os mestres do matcha e levam a produção de chá para outro nível, com uma eficiente mecanização que mantém a qualidade e métodos artesanais da colheita manual. As duas principais regiões de produção estão concentradas nas zonas rurais de Uji, na prefeitura de Kyoto, e de Nishio, na prefeitura de Aichi.

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Quem bebe mais matcha?

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  1. Japão
  2. EUA
  3. China
  4. Alemanha
  5. Reino Unido
No Japão, vendem-se cerca de 2.550 toneladas de matcha por ano, o que equivale a 85% ou 90% de toda a produção anual deste chá. Ainda assim, só cerca de 10% do matcha japonês é exportado. A procura, essa, é que cresceu (especialmente nos EUA e na China) e atualmente é comum encontrar matcha no menu dos principais cafés e restaurantes. Nas lojas Uniqlo, em Nova Iorque, até há um dia em que a bebida é oferecida aos clientes.

Qual é a diferença entre o matcha e o chá verde em pó?

Com um sabor único — chamado paladar umami — que o distingue de outros chás verdes (como o sencha, genmaicha, kukicha e hojicha), o matcha difere na forma como é cultivado, produzido e ingerido. Para não comprar uma imitação de baixa qualidade, deve estar atento à origem, preço, cor e textura. Pode avaliar a qualidade do matcha pela embalagem (deve ter certificação de produto orgânico), deve vir do Japão, em especial de Uji e Nishio, e numa embalagem de alta qualidade e hermética. O selo de produção biológica é opcional.

matcha: é cultivado à sombra, feito de folhas verde-vivo. Apresenta um paladar unami (não é doce, amargo, azedo ou salgado) e apresenta uma cor vibrante na chávena.
Chá verde em pó: não é cultivado à sombra, feito de folhas castanhas/amarelas e torrado em frigideiras. Apresenta um gosto amargo e cor turva na chávena.

Devemos trocar a chávena do chá preto por esta infusão verde?

O matcha foi um dos mais bem escondidos segredos do Japão, mas agora é cada vez mais consumido por todo o mundo. A razão porque o chá é benéfico para a saúde deve-se sobretudo ao rico teor de potentes nutrientes antioxidantes chamados catequinas (em especial a epigalocatequina galato). Enquanto o chá preto contém cerca de 3% a 10% de catequinas, o matcha vangloria-se de ter 30 a 40%.

Muitos estudos científicos também defendem que o chá verde pode ter um efeito benéfico na termogénese do organismo (o ritmo a que queima calorias) e na estimulação da energia, concentração e foco. Por outro lado, o chá matcha contém uma grande percentagem de L-teanina que fomenta um estado de relaxamento mental, reduz o stress do sistema nervoso e ajuda a impedir a agitação mental.

Um chá matcha de qualidade deve vir numa embalagem de alta qualidade e hermética, sejam latas ou saquetas. Na foto, matcha em pó da Teapigs à venda online por 40€.

Como é que se deve beber matcha?

Embora o matcha tenha ganho popularidade recentemente, os japoneses aperfeiçoaram a arte de tomar e preparar o chá ao longo dos séculos. A cerimónia do chá (conhecida como cha-no-yu) transforma o mexer da infusão em pó das folhas de chá verde num ritual altamente estilizado. Tradicionalmente, centra-se na preparação e no servir do chá perante os convidados e, quando completa, pode durar cerca de quatro horas. Cada ato é concebido para focar os sentidos na tarefa executada e as distrações são reduzidas ao mínimo possível. Durante a cerimónia do chá matcha são usados utensílios tradicionais como a chasen (vassourinha de bambu), a chashaku (concha de chá) e chawan (taça).

A cerimónia do chá

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  1. O convidado é recebido pelo anfitrião com uma vénia à entrada.
  2. O convidado lava as mãos numa bacia de pedra e descalça os sapatos antes de entrar na casa de chá.
  3. O boião de chá, a espátula e a taça são limpos num gesto simbólico de purificação dos utensílios.
  4. Usando a espátula, o anfitrião transfere o matcha para a taça e adiciona-lhe água quente com uma concha de bambu. A mistura é então mexida com uma vassourinha de bambu.
  5. O chá é oferecido aos convidados que deverão agradecer graciosamente ao anfitrião com uma ligeira vénia com a cabeça.
  6. Deve pegar-se na taça com a mão esquerda e usar a direita para conduzir à boca.
Apesar do caráter cerimonial com que é tradicionalmente usado na cerimónia do chá japonesa, o matcha é hoje apreciado pelo seu paladar e benefícios para a saúde em bebidas ou cozinhados. Para beber, adicione meia colher de matcha à sua bebida, mexa e beba. Por ser um pó, pode ser adicionado a papas, iogurtes, sobremesas, sopas e guloseimas.

No Japão, por exemplo, o matcha está por todo o lado: nos gelados, pastelaria, bolos, cervejas, batatas fritas, torradas, cocktails e até nos KitKats. Mas, para além do Japão, o gosto pelo matcha tem crescido ao longo dos últimos anos e, só nos Estados Unidos, as vendas aumentaram mais de 50% em 2014.

Dos KitKats às pipocas, Oreos ou trufas, o matcha está por todo o lado no Japão.

A nível nacional, há restaurantes como o Rice Me, em Lisboa, que incluem o matcha em bolos verdes. Já nos supermercados Celeiro, Biomercado e Go Natural, encontra matcha biológico em pó (13,53€ por 70 gramas), infusões de matcha e sencha em saquetas (5,99€ por 20 unidades) e até matcha da região de Uji (14,49€ por 40 gramas) que, graças à sua alta qualidade, são melhores para beber e apresentam uma textura macia ao toque, não granulosa.

Eis o matcha ‘ricegasm’ do Rice Me, em Lisboa, servido com gelado de chocolate negro feito com leite de arroz. Custa 5,40€. (foto: Tiago Pais/Observador)

Se comparar o pó de um matcha de qualidade com o de um chá verde de categoria inferior, vai provavelmente sentir a diferença. Uma vez feita a infusão, o matcha deve ser quase verde-néon e o sabor carregado e, no final, ligeiramente adocicado. Escusado será dizer que isto tem levado ao aumento da procura de matcha de qualidade no Japão, o que são boas notícias para os seus produtores e para a nossa saúde.