Os bancos de investimento contratados pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) vão arrancar na próxima semana, dia 20 de março, com o roadshow junto dos investidores institucionais para preparar a colocação de 500 milhões de euros em dívida subordinada. A notícia está a ser avançada pela Bloomberg.

Os bancos são o Barclays, o Citigroup, o Deutsche Bank e o JPMorgan, além do banco de investimento da Caixa, o CaixaBI. A emissão será feita a partir do Luxemburgo, de acordo com informação avançada pelo Negócios. O valor final do cupão, o juro a pagar ao investidor, só ficará definido no dia da operação.

Já se sabe que o instrumento de dívida que vai servir de adicional ao capital nuclear (Tier 1) da Caixa terá um trigger (gatilho) de 5,125%. Isto significa que se o rácio principal de capital da CGD, Core Tier 1, cair abaixo deste valor, o investidor terá de assumir perdas. Uma parte ou a totalidade do seu investimento em obrigações será transformado em capital da Caixa, mas sem direito a voto. É por isso que este tipo de instrumentos apesar de ser dívida, é também considerado como quase capital.

No final da conferência de imprensa de apresentação de resultados, Paulo Macedo indicou que os títulos a emitir são perpétuos, ou seja, não têm data de reembolso fixa, mas está prevista uma opção (call) que permite à Caixa reembolsar antecipadamente as obrigações ao fim dos primeiros cinco anos.

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E depois dos prejuízos históricos, o que se segue para a Caixa?

Durante a conferência de imprensa, Paulo Macedo foi questionado pelos jornalistas sobre as informações que o custo implícito (diferente do cupão anual) rondará os 10%. “A taxa de juro há de ser a que o mercado ditar”, diz Paulo Macedo, que não se compromete com “especulações” sobre o custo que a emissão terá. Mas fala num intervalo mínimo e intervalo máximo, que lhe terá sido transmitido pelos bancos que estão a gerir a operação.

Além desta emissão, essencial para concluir o plano de recapitalização acordado com as autoridades europeias da concorrência, serão emitidos mais 430 milhões de euros em dívida subordinada até 2018.

A emissão de dívida junto de investidores institucionais privados foi uma das condições de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, aprovada já este mês pela Comissão Europeia, e que envolve um valor global de 3.900 milhões de euros, onde estão incluídos 2.500 milhões de euros a investir pelo acionista Estado. Já esta quarta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, disse que a operação ficaria concluída em abril, uma ligeira derrapagem face ao prazo inicialmente previsto de março.

Corrigida a informação sobre o valor do cupão das obrigações.