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Especialistas dizem que só falhas na manutenção podem explicar surto de Legionella

Este artigo tem mais de 5 anos

A Legionella surge naturalmente nas torres de arrefecimento das fábricas, mas só atingem concentrações capazes de criar perigo caso haja falhas na manutenção dos equipamentos, dizem especialistas.

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Tiago Petinga/LUSA

Tiago Petinga/LUSA

A Legionella existe por si só no ambiente. Aliás, esta bactéria encontra-se em ambientes aquáticos naturais (como lagos e rios). Mas altas concentrações de Legionella, capazes de originar um surto, só existem em sistemas artificiais de abastecimento de água caso haja falhas na manutenção, defendem especialistas. É o que neste momento está a ser investigado pelas autoridades, que já mandaram encerrar torres de refrigeração em três fábricas do concelho de Vila Franca de Xira.

Os sistemas artificiais de água se não forem mantidos (défice de limpeza, má manutenção) podem criar condições para transformar um universo pequeno de Legionella num universo grande. Já se estes sistemas artificiais forem bem mantidos existe Legionella numa concentração que não comporta riscos para a população”, explicou ao Observador o chefe de divisão de saúde ambiental e ocupacional da Direção-Geral de Saúde (DGS), Paulo Diegues. “Para que haja um surto de Legionella, as micro gotículas de água [aerossóis] têm de estar contaminadas e fortemente contaminadas”, reiterou o especialista que acredita que neste surto que se está a viver “houve condições para se desenvolverem concentrações brutais” desta bactéria.

“A acontecer um surto destes é sempre uma falha nalgum ponto do sistema. Os surtos só acontecem no planeta por várias falhas na rede e de incorreta manutenção”, rematou Paulo Diegues, da DGS.

O chefe de divisão de saúde ambiental e ocupacional da DGS, Paulo Diegues, lembra que a Legionella “não faz parte da lei”, mas, “em termos de saúde e segurança no trabalho, as empresas são obrigadas a avaliar riscos”.

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Também José Manuel Palma, especialista em análise, perceção e gestão de risco, e professor da Universidade de Lisboa, refere que “é fundamental haver manutenção”. “As empresas não têm que fazer análises à Legionella. O que são obrigadas é a fazer manutenção regular nas torres de arrefecimento e essa manutenção regular necessariamente destrói as condições ideias para o desenvolvimento da Legionella”, explicou.

A Adubos de Portugal (ADP) Fertilizantes S.A. foi apontada, terça-feira, pelo ministro do Ambiente como um dos principais focos do surto da Legionella, mas a administração da empresa, em comunicado emitido esta quarta-feira, afirma ter cumprido todas as normas de segurança impostas pela lei. Mas estão a ser analisadas também as torres da Solvay e Central de Cervejas.

Na infografia interativa que se segue pode ver como funciona uma torre de arrefecimento, passando com o rato por cima da imagem e clicando nos círculos vermelhos. É também explicado, em traços gerais, como se desenvolvem as condições para o aparecimento da Legionella no interior dessas torres.

 

 

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