Anabela Rodrigues, ex-diretora da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, é a nova ministra da Administração Interna, substituindo Miguel Macedo, que se demitiu no domingo. É a primeira mulher a assumir a pasta da Administração Interna. A tomada de posse será quarta-feira às 12h, no Palácio de Belém.
Anabela Rodrigues, de 60 anos, é penalista, membro do Conselho Superior de Magistratura, foi diretora do Centro de Estudos Judiciários (CEJ) e presidiu à comissão de reforma do sistema de execução de penas. Foi também a primeira mulher a doutorar-se, em 1995, na Faculdade de Direito em Coimbra.
A nomeação para o CEJ em 2004 foi feita pelo então ministro da Justiça, José Pedro Aguiar-Branco, agora ministro da Defesa. Veio a demitir-se em 2009, dias antes das eleições legislativas devido a uma guerra com o ministro da Justiça do PS, Alberto Costa (com quem manteve sempre uma relação tensa), por causa de um curso especial de apenas 10 meses para formação de magistrados. Na altura, Anabela Rodrigues garantiu que não se tratava de nenhum “equívoco”, mas sim do facto de já ter cumprido “os objetivos” à frente do CEJ.
A nomeação de Rodrigues para o CEJ foi polémica porque foi a primeira não-magistrada a ser escolhida para dirigir o CEJ. Houve até demissões em bloco de juízes formadores no Centro de Estudos Judiciários, principalmente na delegação de Lisboa e Coimbra, por causa desta escolha.
A escolha da professora de Direito foi de Passos Coelho, mas o Observador sabe que Aguiar-Branco conversou com ela depois de esta ter recebido o convite. “Uma excelente escolha”, afirmou o ministro da Defesa aos jornalistas. O primeiro-ministro quis ir buscar uma pessoa independente, fora do círculo do PSD, para mostrar que a maioria ainda tem capacidade de recrutar especialistas – embora Rodrigues esteja mais próxima dos assuntos de Justiça.
Pedro Passos Coelho tem resistido a fazer uma remodelação ampla no Governo, aproveitando o pretexto da saída de Macedo, por causa do escândalo da investigação aos vistos gold.
Nos últimos dias, tinham sido referidos vários nomes como prováveis sucessores de Macedo, desde o ministro Marques Guedes, o líder parlamentar, Luís Montenegro, ou a inspetora-geral da Administração Interna, Margarida Blasco.
Com a demissão de Macedo, “caíram” também os dois secretários de Estado, Fernando Alexandre e João Almeida (CDS).
Miguel Macedo deverá assumir o lugar de deputado à Assembleia da República.