A hipótese de apanhar ondas gigantes no local onde já surfou um ‘monstro’ de 30 metros fez Garrett McNamara voar do Havai para a Nazaré. Para esta quinta-feira, esperava-se um swell (grandes ondulações que se propagam e podem viajar por longas distâncias) na praia do Norte, mas McNamara ficou desapontado por não conseguir bater o recorde.

“Estou satisfeito pelo dia, mas a onda pela qual vim não apareceu hoje. As ondas não estavam tão grandes como esperava, mas foi muito bom e todos saíram bem da água, que é o mais importante”, afirmou McNamara, depois de mais de cinco horas no mar.

McNamara esperava ondas maiores, mas os mais de 15 metros que algumas das ondas atingiram impressionaram quem assistiu ao vivo ao espetáculo e quem assiste às imagens gravadas. Dois portugueses também entraram no mar. O primeiro, António Silva, acabou por ser levado para o hospital depois de minutos à espera para ser resgatado do mar. Antes disso, surfou uma onda que impôs respeito.

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A aventura de McNamara e de mais alguns surfistas, entre os quais o australiano Ross Clarke-Jones, o alemão Sebastian Steudtner e o britânico Tom Butler, foi acompanhada em terra por várias centenas de pessoas, que nas arribas procuraram o melhor sítio para assistir ao espetáculo.

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A assistir estiveram sempre a mulher de McNamara e o filho de apenas cinco meses. Os dois voltaram a acompanhá-lo, ao longe, durante as cinco horas que esteve no mar. Sentada na ponta do forte, com vista privilegiada para as imponentes ondas, Nicole foi sempre uma voz de comando, que se revelou de extrema importância quando o marido teve de pegar num ‘jet-ski’ para resgatar dois surfistas ‘vitimados’ pela força das ondas. “Um dos rapazes quase bateu nas rochas. É complicado, há muitas coisas a acontecer ao mesmo tempo, mas conseguimos que nada de grave acontecesse. Isso é o importante”, afirmou o havaiano, de 47 anos que em 2011 surfou uma onda com 78 pés (quase 24 metros), gerada pelo chamado ‘Canhão da Nazaré’, que lhe garantiu um lugar no Guiness World Records. Depois disso, já ali apanhou uma estimada em 30 metros, mas sem homologação.

Português Hugo Vau em destaque

O português Hugo Vau, que juntamente com o britânico Andrew Cotton forma a ‘equipa’ de McNamara, acabou por ser um dos “heróis do dia”, segundo as palavras do havaiano.

“Apanhei ao princípio duas ondas boas e depois acabei por ficar a fazer segurança. Mas, já no fim, consegui ter coragem e tive a melhor recompensa: apanhei a onda mais intensa da minha vida, ainda não sei se foi a maior”, contou Hugo Vau, que desde 2007 faz segurança na praia do Norte.

A trabalhar com Garrett McNamara desde 2011, o açoriano Hugo Vau sorriu quando se lhe perguntaram se é preciso ser louco para surfar ondas tão grandes, e respondeu: “quem dera a muita gente ter esta loucura controlada. O medo faz parte do ser humano, o truque é saber controlá-lo e controlar-se”.

Garrett McNamara vai ficar mais uns dias pela Nazaré, a sua “segunda casa”, e já tem programa para sexta-feira: “amanhã de manhã vai voltar a ser divertido, talvez faça ‘paddle’, queria fazer hoje, mas as ondas estavam muito rápidas”.