Poeta, académico, cronista, romancista e dramaturgo nascido na ilha da Terceira, Vitorino Nemésio publicou dezenas de títulos ao longo da vida. Depois da Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM) ter editado no passado algumas obras do escritor, juntou-se à editora açoriana Companhia das Ilhas para um projeto ambicioso: a publicação cuidada de toda a obra do escritor este ano, em que se assinalam 40 anos da morte de Vitorino Nemésio. Além dos livros editados em vida, os volumes contêm textos académicos, textos publicados em jornais e obras póstumas. O primeiro dos 17 volumes previstos contém a poesia publicada pelo escritor entre 1916 e 1940 e começa a ser editado nos Açores na próxima semana. A distribuição nacional do livro, que está a cargo da INCM, está prevista “para breve”, afirmou o editor da Companhia das Ilhas, Carlos Alberto Machado, ao Observador.
No prefácio deste primeiro volume, Luiz Fagundes Duarte, responsável pela revisão e edição do tomo, explica que este “é o primeiros dos quatro volumes de poesia” de Vitorino Nemésio que serão editados pela Companhia das Ilhas e Imprensa Nacional. Tal como o segundo e o terceiro volumes, este primeiro inclui poemas publicados por Vitorino Nemésio “em livro”, mas também poemas “dispersos por jornais e revistas, organizados de acordo com a data de publicação”. O quarto e último volume de poesia irá conter “a poesia inédita à data da morte de Nemésio, ou publicada postumamente”.
Os critérios de divisão destes volumes poéticos seguem os critérios adotados na publicação passada da obra de Vitorino Nemésio, pela INCM, em títulos como Poesia 1916-1940 (editado em 2006), Poesia 1950-1959 (2009), Poesia 1963-1976 (2009) e Caderno de Caligraphia e outros poemas a Marga (2003). A dificuldade de encontrar essas obras e a antiguidade das edições justifica nova (e mais completa) investida. Além de quatro volumes dedicados à poesia, a INCM e Companhia das Ilhas contam publicar os escritos para teatro e ficção de Vitorino Nemésio (em três volumes, sendo um deles dedicado em exclusivo à obra mais conhecida do escritor, o romance Mau Tempo no Canal), seis volumes de crónicas textos diarísticos do escritor e quatro volumes dedicados à atividade de Nemésio como ensaísta. Neste último campo, Vitorino Nemésio debruçou-se sobre figuras como Júlio Dantas e Isabel de Aragão, Rainha Santa, a história de Portugal e do Brasil e a biografia do Infante D. Henrique, entre outros temas.
Companhia das Ilhas: a editora quer por o mundo a ler os Açores
Lembrando que Vitorino Nemésio começou a escrever poesia com 15 anos, o autor do prefácio deste primeiro volume, Luiz Fagundes Duarte, defende que passam pelo escritor açoriano “muitas das ideias estéticas que enformaram a poesia portuguesa do século XX”, tendo este conseguido ainda assim “manter uma voz e uma postura muito próprias, combinando de um modo seguro, mas subtil, a erudicação do académico com a genuinidade da inspiração de matriz popular açoriana”. O volume inclui, entre outros, três importantes obras da atividade poética de Vitorino Nemésio: La voyelle promise (1935), O Bicho Harmonioso (1938) e Eu, Comovido a Oeste (1940).
Saiba quais os volumes da obra completa de Vitorino Nemésio com edição prevista:
POESIA
Poesia I (1916-1940) (Preço de venda ao público: €18. Preço para subscritores da Companhia das Ilhas: €14,5)
Poesia II (1950-1959)
Poesia III (1963-1976)
Poesia IV – Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga (2003) – póstumo
TEATRO E FICÇÃO
Amor de Nunca Mais (1920); Paço do Milhafre (1924); O Mistério do Paço do Milhafre (1949)
Varanda de Pilatos (1926); A Casa Fechada (1937)
Mau Tempo no Canal (1944)
CRÓNICA E DIÁRIO
Jornal Disperso (1916-1978), Tomos I e II
Ondas Médias (1945); O Segredo de Ouro Preto (1954)
O Corsário das Ilhas (1956); O Retrato do Semeador (1957)
Viagens ao Pé da Porta (1967); Caatinga e Terra Caída (1968); Jornal do Observador (1971)
Era do Átomo, Crise do Homem (1976); Quase que os Vi Viver (1985) – póstumo
Se Bem me Lembro… (1969-1975)
ENSAIO
Sob os Signos de Agora (1932); Conhecimento de Poesia (1958); Elogio Histórico de Júlio Dantas (1965)
A Mocidade de Herculano (1934); Isabel de Aragão, Rainha Santa (1936)
Relações Francesas do Romantismo Português (1936); Portugal e Brasil no Processo da História Universal (1952); O Campo de São Paulo – A Companhia de Jesus e o Plano Português do Brasil (1528-1563) (1954)
Vida e Obra do Infante D. Henrique (1959); Almirantado e Portos de Quatrocentos (1961)