Os ponteiros do relógio marcavam as 19h50 desta terça-feira quando as ruas do mercado de Natal do centro histórico de Estrasburgo, em França, eram percorridas por vários moradores e turistas. No meio da multidão, um indivíduo vestido de negro — que as autoridades dizem ser Cherif Chekatt, um homem que já estaria a ser vigiado — caminhava pela rue des Orfèvres, quando começou a disparar de forma indiscriminada contra as pessoas que por ali passavam. Primeiro disparou, esfaqueando de seguida mais visitantes. O mais recente balanço aponta para dois mortos e 13 feridos.

Estrasburgo. Continua a caça ao atirador que gritou “Alá é grande!” enquanto disparava sobre a multidão

O ataque durou cerca de 10 minutos e as histórias contadas por várias testemunhas que estavam no local começam a chegar aos jornais de todo o mundo. Desde pessoas que estavam a trabalhar no momento em que ouviram o som dos disparos, a visitantes do mercado que ficaram “cara a cara” com o atirador, mas que não foram atingidas. Reunimos alguns desses testemunhos.

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Audrey

“De repente, estava de frente para ele [o atirador]”

“Ele foi em direção a um homem e disparou imediatamente uma bala na sua cabeça”. As palavras são de uma jovem chamada Audrey, que contou aos meios de comunicação franceses como chegou a estar “frente a frente” com o atirador e como teve a sorte de escapar ilesa.

Audrey era uma das muitas pessoas que estava no mercado quando os primeiros tiros foram ouvidos. E viu tudo acontecer. Depois de a primeira pessoa ter sido baleada, a vítima “caiu no chão e o homem voltou a abrir fogo contra outra pessoa”, descreveu a jovem à Rádio Monte Carlo, citada pela BBC.

Segundo Audrey, enquanto as suas duas amigas fugiam com toda a gente do local, a jovem ficou “cara a cara” com o atirador, com medo e incapaz de se mexer. “Ele [o atirador] virou-se e, de repente, estava de frente para ele”, explicou. Mas o suspeito não disparou. “Fugiu”. “Porque é que ele não disparou contra mim? Não sei. Penso que tive imensa sorte. Enquanto toda a gente gritava, ele [o atirador] fugiu”, explicou Audrey.

Maurice Style

“Vi as balas rasparem na parede a 10 metros à minha frente”

O blogger de moda Maurice Style, também tratado como Stephan, descreveu à Euronews o momento em que viu o suspeito disparar pelas ruas de Estrasburgo. “Vi as balas rasparem na parede a 10 metros à minha frente e comecei a correr com todos os que estavam à minha volta”, explicou, acrescentando que, como vive “mesmo ao lado do local do ataque e há sempre muitos turistas por lá”, decidiu abrir as portas de sua casa para acolher o maior número possível de pessoas.

No Tweitter, Maurice disse ter visto “tiros numa rua do centro de Estrasburgo” e pediu a todos para se manterem abrigados e seguros.

Doris Manou

“Toda a gente começou a correr”

Uma funcionária do Parlamento Europeu, cuja sede está em Estrasburgo, descreveu à Euronews o pânico vivido quando se ouviram os tiros e quando as autoridades começaram a chegar para evacuar o local e procurar o responsável. “Vi os soldados a virem na minha direção com as armas apontadas às pessoas”, contou Doris Manou, acrescentando que “toda a gente começou a correr” nesse momento.

“Entrei em pânico quando vi as pessoas a correrem, por isso fiz o mesmo”. Mais tarde, conseguiu encontrar refúgio perto de uma escola.

https://twitter.com/doris_manou/status/1072602670882537473?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.euronews.com%2F2018%2F12%2F11%2Fi-saw-shots-land-10-metres-in-front-of-me-strasbourg-witnesses-speak-to-euronews

Anónimo

“O ataque durou alguns minutos, mas na minha cabeça pareceram horas”

Um empregado de mesa de 20 anos, citado pelo The Guardian e cujo nome não foi revelado, estava no exterior do restaurante onde trabalha quando tudo aconteceu. “Ouvi um grande estrondo e depois outro logo a seguir. Virei-me para trás e de repente as pessoas estavam aos berros, a correr e vi que um homem tinha sido alvejado”, descreveu.

“Nem foi tanto medo que senti, mas sim choque. Ajudei com os primeiros socorros e havia enfermeiras que estavam no restaurante e vieram ajudar. Os clientes foram levados à pressa para a parte de trás do restaurante para se manterem seguros. Havia muito barulho”, contou ainda o empregado de mesa em Estrasburgo.

Michèle

“A polícia preparou tudo na minha sala de estar”

Citada pela BBC, Michèle, uma moradora de Estrasburgo, contou como foi apanhada por toda a situação quando dois polícias bateram à porta de sua casa, tendo em conta que havia a informação de que o suspeito se teria escondido no número 5 da Rue d’Epinal. “Era bem em frente à minha casa”, explicou Michèle.

Do seu apartamento, as autoridades tentaram arranjar um ângulo que tornasse possível detetar o atirador. “A polícia preparou tudo na minha sala de estar e moveram o meu sofá. Um deles ficou à minha janela, com o pé apoiado numa cadeira”, explicou a moradora. Mas os esforços não estavam a resultar: “Eles gritaram que era inútil tentarem-se esconder” e, de seguida, a polícia arrombou a porta do número 5, mas o suspeito já tinha escapado.

[Veja no vídeo a homenagem que cinco mil adeptos franceses fizeram às vítimas do tiroteio]