O primeiro-ministro considerou esta quinta-feira que Portugal deve ter como projeto o desenvolvimento de uma base industrial ferroviária, designadamente na área da manutenção e na produção de material circulante, com objetivos de entrar no mercado exportador.
António Costa assumiu este desígnio económico no final da cerimónia de assinatura do contrato de serviço público entre a CP e o Estado, na Estação do Rossio, em Lisboa, no qual também estiveram presentes os ministros de Estado e das Finanças, Mário Centeno, e das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.
“A CP pode ser um fortíssimo motor para a criação de uma nova área de competência industrial em Portugal, designadamente na área da manutenção e de novo na produção de material circulante. Esta é uma enorme oportunidade que temos. Não é garantido que a possamos alcançar, mas a vida já nos ensinou que quem não tenta não alcança”, justificou o primeiro-ministro.
De acordo com António Costa, no plano estratégico de médio e longo prazos, Portugal “precisa de reforçar a sua base económica e elevar o seu nível de produtividade”, o que impõe que se “aumente o valor dos bens e serviços que presta”.
“Portugal não pode deixar de tentar alcançar o objetivo de criar uma base industrial na indústria ferroviária, servindo a CP, mas também com o objetivo de constituir uma nova porta de exportação para a economia portuguesa”, defendeu.
Na sua intervenção, no que respeita a desafios de curto prazo, António Costa classificou como “pesadas” as obrigações do Estado em relação à CP, dizendo que no próximo ano serão transferidos “90 milhões de euros” para que esta empresa pública possa cumprir a sua missão.
“Mas é um investimento da maior importância, porque não basta ter uma boa infraestrutura, não basta ter um material circulante e porque é fundamental ter boa qualidade de serviço. Só assim aqueles que temos de servir podem confiar na CP e podem confiar no transporte público ferroviário como uma alternativa”, sustentou o líder do executivo.
Neste contexto, o primeiro-ministro advertiu que a celebração do contrato programa é apenas uma estação de “um longo caminho ainda a percorrer” na estratégia de investimento na ferrovia, especialmente no que respeita à melhoria das infraestruturas existentes e do material circulante.
“Quando ouvimos o presidente da CP [Nuno Freitas] sinalizar que ao longo das próximas décadas vamos ter de adquirir mais de duas centenas de composições e vamos ter de continuar a investir em material circulante, não podemos então deixar de ver nessa necessidade uma enorme oportunidade para a nossa economia”, acrescentou.