O futuro da Madeira na era pós-Jardim discutiu-se este domingo. O PSD de Miguel Albuquerque alcançou uma vitória esmagadora com 44,33% o que lhe valeu 24 dos 47 deputados regionais. É a 11º maioria absoluta consecutiva do PSD na região, depois de 37 anos de liderança de Alberto João Jardim. O grande derrotado da noite foi o PS, que mesmo em coligação não foi muito além dos 11%.

Na região, o segundo partido mais votado continua a ser o CDS-PP que alcançou 13,69% dos votos (sete deputados eleitos). A coligação “Mudança”, liderada pelo PS, fecha o pódio com 11,41%, números que lhe permitiram eleger seis deputados. Na sequência da pesada derrota, Vítor Freitas, líder do partido na região, demitiu-se.

“Como assumi integralmente nas autárquicas os resultados eleitorais, e da mesma forma nas europeias, assumo aqui que esta estratégia foi definida por mim e apresento hoje a minha demissão do Partido Socialista/Madeira”, afirmou Vítor Freitas, na sede de campanha.

Quanto às restantes forças políticas, a coligação Juntos Pelo Povo (JPP) foi a quarta mais votada e a grande surpresa da noite eleitoral com 10,34% e seis deputados. A CDU ficou em quinto com 5,54% dos votos e elegeu dois deputados regionais, mais um do que o PND de José Manuel Coelho e os mesmos que o Bloco de Esquerda (3.80%).

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Leituras nacionais

Na sequência da vitória do PSD-Madeira nas eleições regionais e com um olho posto nas próximas eleições legislativas, Marco António Costa, vice-presidente e porta-voz do PSD nacional, afirmou que o resultado alcançado demonstrou que os madeirenses optaram pela proposta com “sentido de responsabilidade e de manutenção do rigor” contra “aventureirismos eleitorais”.

“Os madeirenses foram claros na sua escolha de um PSD renovado, que ofereceu propostas realistas de um futuro de rigor com crescimento económico e coesão social assente numa governação exigente”, defendeu o porta-voz do partido.

Pelo PS foi a vez de Porfírio Silva, dirigente nacional do partido, falar aos jornalistas no Largo do Rato para reconhecer que os resultados eleitorais do PS-Madeira, que nestas eleições se apresentou em coligação com outros três partidos, “ficaram aquém do que nós [PS] ambicionávamos”.

Ainda assim, Porfírio Silva recusou fazer uma leitura nacional dos resultados e preferiu, antes, reforçar o desejo de que o PS-M possa agora “fazer parte de uma solução para um novo ciclo democrático”.

“Olhando para os resultados, é evidente que os nossos camaradas da Madeira não atingiram os resultados que eles esperavam e que nós também esperávamos. Nenhuma derrota, tal como nenhuma vitória é menor, mas a história demonstra, desde o 25 de abril, que as eleições regionais são muito particulares e diferentes das eleições nacionais”, defendeu Porfírio Silva.

Quem não poupou críticas ao PS foi Paulo Portas. Segundo o máximo dirigente centrista, o partido “resistiu muito bem a uma operação política que era uma espécie de todos contra o CDS, promovida pelo PS, que tentaram uma coligação com tanto partido tão diferente com o único objetivo de ultrapassar o CDS”.

Já em relação aos resultados alcançados pelo CDS-Madeira, o presidente do CDS-PP felicitou o líder regional, José Manuel Rodrigues, que conseguiu consolidar “o segundo lugar” e provar que o resultado alcançado há quatros anos não foi “ocasional”. Com Manuel Rodrigues ao volante, o partido conseguiu tornar-se na “cabeça da alternativa, de longe o segundo grupo partidário na Assembleia Regional da Madeira”, congratulou-se Portas.

A porta-voz nacional do BE, por sua vez, admitiu que o partido falhou o “objetivo essencial” de retirar a maioria absoluta ao PSD nas eleições regionais da Madeira, mas sublinhou o “resultado expressivo” que permite regressar ao parlamento regional.

“O Bloco de Esquerda não atingiu um objetivo que era essencial para nós, que era retirar a maioria absoluta ao PSD”, disse Catarina Martins numa declaração aos jornalistas, depois de serem conhecidos os resultados finais das eleições regionais da Madeira.

A elevada taxa de abstenção foi lida ao longo do dia eleitoral com alguma preocupação. Até às 16 horas tinha-se registado uma abstenção de 62,52%. Entretanto, o valor baixou e fixou-se nos 50,28%. Ainda assim, são dados significativos tendo em conta o universo de cerca de 256 mil eleitores e representam um recorde absoluto.

Nestas eleições concorreram 11 forças políticas, sendo oito partidos (PSD, CDS, BE, JPP, PNR, MAS, PND e PCTP/MRPP) e três coligações – Mudança (PS/PTP/MPT/PAN), CDU (PCP/PEV) e Plataforma de Cidadãos (PPM/PDA).

As eleições foram convocadas na sequência do pedido de exoneração do social-democrata Alberto João Jardim, que sai do poder após quase 40 anos de maiorias absolutas.