O Fundo Monetário Internacional (FMI) decidiu, perante a baixa probabilidade de existirem quaisquer progressos nos próximos dias, autorizar os técnicos destacados para as negociações em Atenas a voltarem a casa para passar a Páscoa com as suas famílias. A revista alemã Der Spiegel diz que a decisão parte do desespero do FMI em relação à falta de avanços na negociação entre os gregos e os representantes das instituições credoras do Estado grego. O Ministério das Finanças veio, entretanto, desmentir a informação.
Não faz sentido obrigar os funcionários a passar a Páscoa em Atenas, acredita o FMI, apenas quatro dias depois de, alegadamente, um responsável do Ministério das Finanças, Nikos Theocharakis, ter dito que não era surpreendente existirem poucos progressos nas negociações porque os representantes do FMI eram “totalmente incompetentes”, recorda a Der Spiegel. Os funcionários deverão voltar após a Páscoa.
Neste ambiente, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, passou uma mensagem mais otimista mas defendeu que a Grécia “tem um longo caminho a percorrer” na apresentação de reformas que satisfaçam os credores internacionais. Mas, citado pela Bloomberg, Dijsselbloem reconheceu que as propostas do governo grego “estão a melhorar continuamente” e adiantou que “eles [os gregos] estão a fazer mais propostas e com maior detalhe. Em algumas partes, iremos certamente chegar a um acordo”.
As fontes que falaram à revista Der Spiegel traçam, contudo, um cenário mais instável do que a descrição feita por Dijsselbloem. Isto a menos de uma semana de a Grécia ter de reembolsar 450 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), um pagamento que o governo grego voltou esta sexta-feira a garantir que será feito. Na quarta-feira, um ministro do governo afirmou à revista alemã que se iria tentar um acordo para adiar esse pagamento se não houver “fumo branco” nas negociações com a Europa até lá. Uma informação que, apesar de atribuída diretamente a um ministro, foi desmentida pelo governo grego.
A informação da Der Spiegel foi, entretanto, desmentida em comunicado enviado pelo Ministério das Finanças à agência Bloomberg. Esta sexta-feira, Dimitris Mardas, ministro adjunto das Finanças, garantiu, citado pela Reuters, que “estamos prontos para pagar a 9 de abril [data do reembolso ao FMI]”, sinalizando que as receitas fiscais estão, nesta fase, acima das expectativas. Não deu, contudo, números para suportar essa análise.