Os protestos dos taxistas nesta quarta-feira, em Londres, pretendiam alertar para a concorrência ilegal dos “motoristas privados” através da aplicação Uber. Mas talvez o efeito tenha sido indesejado. A empresa norte-americana de transporte privado anunciou que, nesta quarta-feira, os registos na aplicação aumentaram 850 por cento, em comparação com a quarta-feira da semana anterior.

Cerca de 12 mil taxistas participaram na marcha lenta que começou às 14 horas, bloqueando as ruas à volta da Trafalgar Square, em Londres. Os sindicatos de taxistas consideram que o crescimento da Uber está a levar as pessoas a contactar condutores que não têm nenhum tipo de controlo.

Do lado da empresa, que diz pretender agilizar o transporte nos centros urbanos, a resposta baseia-se na adesão do público: “Os londrinos, ao usarem a aplicação, estão a votar com os seus próprios dedos por um serviço novo. Aliás, podemos ver que hoje foi o nosso melhor dia em Londres em termos de registos desde o lançamento, há dois anos”, conta Jo Bertram ao Independent, diretora-geral da Uber no Reino Unido e na Irlanda. Curiosamente, o mesmo dia em que as estradas de Londres ficaram inundada pelas reinvidicações dos táxis pretos, que parecem ter funcionado como publicidade à Uber. “Os resultados são claros: Londres quer a Uber em grande escala”, conclui a responsável da mesma empresa, que critica a atitude dos membros da Associação dos Condutores de Táxis Licenciados (LTDA) dizendo que estes “presos nas cavernas” por não aceitarem aquilo que consideram ser “um produto inovador”.

Jo Bertram defende-se ainda referindo que a Uber já foi sujeita a uma auditoria “muito rigorosa” por parte da Transportes de Londres (TfL) e “passou com distinção”. A TfL, entidade que regula o sistema de transporte da cidade, anunciou hoje que já encaminhou a questão para a via legal, estando agora a aguardar por uma decisão do tribunal. Os taxistas buzinaram durante a tarde e seguraram cartazes contra a atitude da Transportes de Londres. Afirmam que a empresa está em concordância com a Uber e responsabilizam o presidente da Câmara de Londres, Boris Johnson, gritando: “Boris, Boris, Boris, out, out, out” (Boris, fora), conta o Independent.

Ian Beetlestone, membro do sindicato de transportes britânico RMT, afirmou estar com esperanças de que a mensagem do protesto tenha sido entendida. “Não estamos contra a concorrência. Concorremos com os minicabs (um carro que é usado como um táxi, mas tem de ser encomendado com antecedência e não pode ser pedido por passageiros na rua) durante anos, mas não havia esta ameaça de congestionamento.” E acrescenta: “Tivemos de passar por muitas regras para chegar aqui, e as pessoas relacionadas com essas aplicações não tiveram de sujeitar a elas”. Os protestos contra a introdução da Uber chegaram a outras cidades europeias, como Madrid e Barcelona.

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