Chama-se Rui Mão de Ferro, é sócio ou administrador de empresas de Carlos Santos Silva e terá sido na casa dele que o Ministério Público encontrou vários documentos relacionados com a investigação que desencadeou a Operação Marquês – que levou à detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates e conta já com outros seis arguidos.

Segundo o jornal i, baseando-se no acórdão do Tribunal da Relação que avaliou a medida de coação aplicada a Santos Silva – mal soube que estava a ser alvo de uma investigação, o empresário Carlos Santos Silva terá telefonado ao seu braço direito, Rui Mão de Ferro, tornando-o um alvo da investigação. Já nas buscas efetuadas pelos investigadores, foram encontrados na casa do também empresário vários documentos úteis ao processo, alguns relacionados com os apartamentos que Santos Silva comprou à mãe de José Sócrates e outros que estabeleciam relações contratuais entre Santos Silva e o motorista de José Sócrates, João Perna.

Já não é a primeira vez que Mão de Ferro é referido no processo em que Sócrates é suspeito dos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal. O empresário foi já referido como uma das pessoas que terá ajudado a comprar 12 mil exemplares do livro do ex-primeiro-ministro “A Confiança no Mundo”.

Em janeiro, o Diário Económico revelava que Rui Mão de Ferro, administrador da Proengel (uma das várias empresas de Santos Silva), estava na mira da investigação por alegadamente servir para evitar a ligação direta entre Rui Pedro Soares e Santos Silva, ambos próximos de José Sócrates.

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Em causa está a compra de direitos televisivos da Liga espanhola de futebol por Rui Pedro Soares, através da empresa Worldcom- da qual Santos Silva é também acionista. Esta aquisição terá sido financiada, em 2011, pela empresa Walton Grupo Inversor, de Santos Silva. O Ministério Público suspeita que Carlos Santos Silva tenha usado dinheiro de José Sócrates neste negócio.

Mão de Ferro é administrador da Proengel II International Projects, outra das empresas de Santos Silva, cujo domicílio fiscal é o mesmo da Walton Grupo Inversor 21 (sucursal da Walton Grupo Inversor, com sede em Barcelona).

Rui Pedro Soares afirmou, na altura, aquele jornal que Santos Silva financiou a sua empresa na compra dos direitos de transmissão televisiva, que terão custado cerca de três milhões de euros. E, ainda, que além da Worldcom, empresa que tem como accionistas familiares seus e de Santos Silva, também outra sua empresa, a Codecity Players Investment (CPI), que se dedica à compra de passes de jovens promessas de futebol, tem como acionista a Walton Grupo Inversor.