A promessa não é a de que a medida venha a cair nem tão pouco que venha a ser muito alterada, mas a direção socialista admite “melhorar” a proposta de descida da TSU, que provocou críticas e dúvidas entre os socialistas. Além desta medida, o PS vai ainda rever algumas propostas. A Comissão Nacional do partido, reunida este domingo em Lisboa, apoiou na sua maioria a medida e o programa.

“Houve várias sugestões e nós vamos alterar o programa com base em algumas sugestões que nos deram”, começou por dizer João Tiago Silveira, diretor do gabinete de estudos do partido. Mais tarde acrescentou que entre essas medidas sujeitas a melhorias deverá estar a descida da Taxa Social Única (TSU), que na proposta do PS se divide em duas: descida para os empregadores e descida para os trabalhadores.

“Numa fase de debate não há promessas de alteração, há audição com toda a atenção para que possamos fazer propostas melhores. Houve na comissão nacional uma larga maioria de apoio a essa medida, agora isso não quer dizer que não se possa melhorar não só isso como qualquer parte do programa. (…) Não posso tirar conclusões, não posso nem devo antes do debate público estar terminado”, disse.

A descida da TSU, para empregadores e também para trabalhadores, foi uma das medidas que mais críticas e dúvidas levantou. E depois da reunião, o sindicalista da Fesap, José Abraão, que tinha lançado dúvidas sobre a medida disse que esperava agora que o “texto final” passasse “por modificações” tendo em conta a abertura mostrada pelo líder do partido António Costa. Costa insistiu que a estas duas medidas não põem em causa a sustentabilidade da Segurança Social  – garantida pela diversificação das fontes de financiamento, nomeadamente pelo IRC social, pelo imposto sobre as grandes heranças e também pela taxa que penaliza a excessiva rotatividade de trabalhadores numa empresa – e que a descida da contribuição dos trabalhadores tem como intenção aumentar o rendimento das famílias.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ora João Tiago Silveira diz que “houve uma clara maioria no sentido do apoio” não só a esta medida como “a este projeto” e que o que o ouviram foram “sugestões de como poderia ser melhorado”. “Ouvimos atentamente e não só em termos da TSU como em outras matérias também”.

Como exemplo de alterações, João Tiago Silveira disse que foi sugerido que “houvesse uma diferenciação em termos de redação nas áreas da segurança interna na forma como olhamos para o asilo, imigração e terrorismo. Foi-nos sugerido que fosse feita uma mudança que faz todo o sentido”, adiantou.

A versão final do programa será debatida e votada na convenção nacional nos dias 5 e 6 de junho no Coliseu dos Recreios em Lisboa, mas até lá, a discussão vai continuar. Algumas das medidas que causam mais dúvidas irão ficar disponíveis para votação online “brevemente”, disse João Tiago. No calendário apresentado a semana passada, essa votação online deverá ocorrer entre esta semana. Este referendo online terá caráter vinculativo ou seja, se houve uma rejeição de uma medida, ela não vai constar no programa final que António Costa vai levar às eleições legislativas.