O primeiro-ministro de Israel deu instruções ao exército israelita para “intensificar ainda mais” os ataques na Faixa de Gaza. Apesar de ainda não estar garantida a realização de uma ofensiva terrestre, Benjamin Netanyahu já disse que “o exército israelita está preparado para qualquer opção”. “O Hamas vai pagar caro pelo ataque aos cidadãos israelitas”, afirmou, citado pelo The Guardian.

Pelo menos 24 pessoas morreram na Faixa de Gaza na sequência de fortes bombardeamentos do exército israelita durante toda a noite de terça e madrugada desta quarta-feira. Ao mesmo tempo, o Hamas lançou pelo menos 140 rockets contra cidades de Israel, tendo causado fortes danos, mas sem provocar mortos.

Este é o último desenvolvimento da operação desencadeada pelas forças armadas israelitas na terça-feira contra os territórios palestinianos de Gaza. Durante toda a noite, Israel atacou 160 alvos específicos, perfazendo assim um total de 430 ataques desde o início das movimentações. “Temos instruções para atingir o Hamas duramente”, declarou o general Moti Almoz à rádio do exército. Este responsável acrescentou também que a operação está a ser feita por fases, não estando excluída uma intervenção terrestre em Gaza e outros territórios da Cisjordânia.

Na tarde de terça-feira, os alarmes soaram nas cidades de Telavive e de Jerusalém, prevenindo os cidadãos israelitas contra possíveis mísseis aéreos de longo alcance enviados da Faixa de Gaza. Já na manhã desta quarta-feira, pelo menos dois rockets nos céus de Telavive e um outro destinado ao aeroporto Ben Gurion foram interceptados pelos israelitas, de acordo com o Haaretz.

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“Não vamos tolerar o disparo de mísseis contra cidades de Israel e estamos preparados para expandir a operação para todos os meios à nossa disposição e garantir que as consequências para o Hamas serão sérias”, disse Moshe Ya’alon, o ministro da defesa israelita. Já o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, falando na televisão ao país, pediu “paciência” aos seus cidadãos, pois “esta operação pode demorar algum tempo”, declarou.

Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana, pediu, por seu turno, calma e a interrupção da ação militar contra Gaza. “A liderança palestiniana está a ter contactos urgentes e intensivos com diversas partes, regionais e internacionais, para acabar com a escalada [de violência]”, disse, citado pelo Guardian. A Liga Árabe já na terça-feira havia pedido ao Conselho de Segurança das Nações Unidas uma reunião de emergência para analisar a situação e apresentar as suas reivindicações.

Os ataques israelitas a alvos palestinianos surgiram depois de Netanyahu ter tido uma forte discussão com o seu ministro dos Negócios Estrangeiros em pleno Conselho de Ministros a propósito da atitude a tomar face à ameaça da Palestina. Avigdor Lieberman, o ministro, habita num dos colonatos de Israel na Cisjordânia e criticava fortemente a política de contenção militar de Netanyahu. Lieberman, que é considerado um político de extrema-direita, é o líder do Israel Beitenu, partido que, coligado com o Likud de Netanyahu, sustenta a coligação governamental. As discussões entre ambos os líderes, crê Naomi Chazan, ex-deputada de esquerda israelita ouvida pelo El País, “exerceram considerável pressão” sobre o primeiro-ministro.

As tensões entre Israel e a Palestina recrudesceram a 12 de junho, aquando do rapto de três adolescentes israelitas por parte de militantes do Hamas, que, mais tarde, foram encontrados mortos. Na altura, Israel prometeu que o Hamas ia “pagar” pelo ato.