Chad Valley – Entirely New Blue
Outubro começa com um disco com cheiro a primavera. Entirely New Blue é o segundo álbum de originais de Hugo Manuel, músico inglês que compõe aquilo a que se pode chamar pop brilhante. Usa a eletrónica para criar música detalhada mas sem complicações, com arranjos cuidados e melodias que entram no ouvido. Pop bem feita, ondas vindas de Oxford com inspiração nas ilhas Fiji, de onde é originária uma das suas avós (“Labasa”). Mas o grande destaque é a segunda faixa, uma batida crescente chamada “True”. Vale a pena ouvir, de uma ponta à outra.
St. Germain – St. Germain
O músico francês Ludovic Navarre não publicava um disco há 15 anos, o que por si só vale metade do destaque dos lançamentos da semana. O álbum a que escolheu dar o seu nome artístico segue a linha do anterior Tourist, um sucesso do ano 2000 que vendeu mais de três milhões de cópias. St. Germain continua a linha de fusão da eletrónica com o jazz e com o blues, mas agora também com a música do Mali — Ludovic convidou músicos deste país africano para tocar instrumentos tradicionais. É um disco que não representa ou traz nada de novo, mas mostra que Ludovic Navarre continua a fazer bem o que sabe.
Duncan Sheik – Legerdemain
Este é o oitavo LP do músico e compositor de Nova Jérsia, um “baladeiro” muito popular nos Estados Unidos da América — já conquistou vários prémios, entre eles um Grammy. Seguidor da prática budista e fã de Nick Drake, trabalhou em musicais de teatro e nunca se preocupou em fazer pop fácil. Este novo disco é uma evolução dessa linha, na medida em que parece pouco preocupado com o fabrico de canções easy listening, seguindo agora um caminho mais eletrónico, mas sem fugir da linha melancólica que o caracteriza.
Outros sublinhados:
O segundo álbum dos portugueses The Happy Mess foi criado longe de tudo e de todos. A banda isolou-se no Corno de Bico (Paredes de Coura) e foi “no meio do mato” que produziram a base deste Half Fiction, que viria a ser afinada por Rui Maia (Mirror People / X-Wife).
A semana passada Tito Pires lançou o álbum homónimo Electric Man, que já mereceu destaque na rubrica Uma Música por Dia. O nome vem de um dos temas dos Gessicatrip (banda de que foi fundador) e amplifica a linha do eletro rock, com loops, guitarras e vozes distorcidas.
O início de outubro também trouxe de volta o rock alternativo dos nova-iorquinos Mercury Rev, depois de uma pausa de sete anos. The Light in You é o nono álbum de estúdio e precisa de ser digerido. Melancólico, tem nele escuridão e brilho, é rico em detalhes que se vão revelando à medida que se ouve uma e outra vez. Vale a pena insistir.
De regresso também, os britânicos Editors, que andaram a marinar o novo In Dream durante precisamente um ano. Para muitos a banda estava a perder o gás e, talvez num rebate de consciência, foram os próprios a tomar as rédeas do destino ao produzir este quinto LP. Pelo que ouvimos, foi uma boa opção. Se ainda não se cansou da voz de Tom Smith, vai encontrar neste novo disco uma boa surpresa.