891kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

25 anos de “Friends” em 25 histórias que (quase) ninguém conhece

Jennifer Aniston não fez parte das primeiras fotos de grupo, as palmas do genérico foram improvisadas e às sextas-feiras ninguém dormia em casa. A série estreou-se a 22 de setembro de 1994.

Matt LeBlanc apareceu na sala de casting de ressaca e com o nariz ensanguentado. Na noite anterior, em vez de se preparar, foi para um bar com um amigo e acabou envolvido numa cena de pancada. Era possível que não arranjasse mais trabalho depois disso, pensou. Voltaria então para a sua vida de carpinteiro no Massachussetts. Contra todas as expetativas, Marta Kauffman, David Crane e Kevin Bright adoraram-no e acabariam por lhe oferecer o papel de Joey em “Friends”, projeto que andavam a desenvolver há meses.

25 anos após a estreia, a série continua a ser uma das mais icónicas de sempre. O sucesso não diminuiu ao longo dos anos. Pelo contrário, além de manter os fãs fiéis, foi conquistando novas gerações — aquelas que nem sabem o que é viver num mundo sem telemóveis ou Internet.

Para comemorar a data (22 de setembro), nos Estados Unidos, certos episódios serão exibidos em salas de cinema e em Nova Iorque há um evento pop-up (com partes dos cenários para tirar selfies e muita coisa para comprar) a decorrer. Por cá, resta descobrir ou rever pela milésima vez todos os 236 episódios das dez temporadas, disponíveis na Netflix e na HBO Portugal.

Jennifer Aniston e Matthew Perry têm agora 50 anos, Courteney Cox fez 55 e Lisa Kudrow 56, Matt LeBlanc e David Schwimmer têm 52. Aos 20 e poucos anos meteram-se num avião a caminho de Las Vegas com o conceituado realizador James Burrows. Ele avisou que aquela seria a última noite de diversão antes do fenómeno começar. Os miúdos não acreditaram.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mais de duas décadas depois ainda há muitas histórias por contar. Os recentes livros I’ll Be There For You (de Kelsey Miller, editado no final de 2018) e Generation Friends (de Saul Austerlitz, à venda desde esta terça-feira, 17 de setembro) revelam detalhes inéditos dos bastidores. Os atores também foram partilhando memórias ao longo dos anos. O Observador reuniu tudo e escolheu 25 histórias incríveis a propósito dos 25 anos que marcam a estreia de “Friends”.

[o vídeo de “I’ll Be There For You”, dos Rembrandts, canção que fazia a abertura da série:]

Produtores que não percebiam nada de televisão

O primeiro grande sucesso de Marta Kauffman e David Crane foi “Dream On”, uma série cujo conceito foi rabiscado durante um voo de Los Angeles para Nova Iorque após terem sido chamados pela Universal para criarem uma ideia que desse uso a material antigo que os estúdios tinham em stand-by há décadas. “Dream On” era sobre um homem que tinha crescido influenciado por programas de televisão. Os dois produtores vinham do teatro, não conheciam o mundo da televisão mas este foi o projeto que lhes deu experiência. Isso e Kevin Bright, que formaria depois uma sociedade com eles. Seguiram-se vários projetos falhados até que em mais uma reunião, em busca de ideias, começaram a pensar na própria experiência e nos primeiros anos em que tinham vivido em Nova Iorque após a faculdade. Quando não tinham ninguém, quando a família era basicamente feita de amigos. Poucas semanas depois estava pronto um guião de sete páginas a que chamaram “Insomnia Café”.

Tudo começou com “Insomnia Café”

Até chegar a “Friends” o projeto teve inúmeros nomes. O primeiro foi “Insomnia Café”. Nessa altura, ainda não passava pela cabeça de nenhum dos criadores fazer de Ross e Rachel um casal. O romance seria entre Monica e Joey. A série foi comprada pela NBC e a produção passou a ser conhecida como “Friends Like Us”. O presidente do canal preferia outro nome, “Across the Hall”, e quando as gravações começaram já era “Six of One”. Após mais uma reviravolta sem grande explicação, o episódio piloto foi para o ar a 22 de setembro de 1994 simplesmente como “Friends”.

Uma chef sempre em casa à hora das refeições?

Marta Kauffman, David Crane e Kevin Bright (agora já com uma sociedade registada em nome dos três) não tinham grandes expetativas para “Friends”. Uns anos antes tinham criado aquilo que achavam ser o projeto de sonho. “Couples” também era sobre um grupo de amigos, tinha personagens consistentes e uma ótima equipa de guionistas. Ninguém quis saber. Por isso, quando escreveram a proposta de “Friends”, uma coisa tão simples quanto seis jovens a viverem em Nova Iorque a melhor fase das suas vidas, estavam preparados para ver o projeto esquecido numa gaveta. Foi por isso que nessa fase ninguém se deu ao trabalho de explicar porque é que seis adultos passavam mais tempo no café do que a trabalhar, porque é que Monica era chef mas estava sempre em casa à hora do jantar ou como é que podia ter um apartamento tão grande em Nova Iorque.

Matthew Perry não tinha um cêntimo. Ligava aos agentes a implorar trabalho. Cresceu no Canadá e andou na escola com Justin Trudeau. Mudou-se para Los Angeles para continuar uma carreira no ténis mas, quando essa falhou, virou-se para a segunda paixão, a representação.

Uma última saída como anónimos

James Burrows já era um conceituado realizador em 1994 quando aceitou dirigir alguns episódios de “Friends”. Ele tinha “um pressentimento acerca da série” e uns dias antes da estreia convenceu a NBC a arranjar-lhe um avião privado para levar os seis protagonistas até Las Vegas. Viram o episódio pela primeira vez durante o voo. Jantaram no Spago e aquele que passaria a ser conhecido entre a equipa como “papá” disse-lhes: “A partir de agora, as vossas vidas acabaram. Este é o vosso último momento de anonimato.” Ainda sem terem realmente a noção de que aquilo seria verdade dali a pouco tempo, os atores aceitaram o dinheiro que o realizador distribuiu e foram para o casino. Jennifer Aniston nem conhecia os tipos de cartas mas o poker passaria a ser, dali para a frente, o maior passatempo do elenco durante as gravações. Nas pausas ocupavam o camarim de Burrows, o maior de todos, para jogar.

O único ator desejado não queria entrar na série

A personagem de Ross foi escrita com David Schwimmer em mente. O ator tinha feito um casting para “Couples” — um dos fracassos pós-“Dream On” — e, embora não tivesse sido contratado, os produtores adoraram-no. O ator cresceu em Los Angeles, os pais eram advogados e lá em casa ninguém vivia deslumbrado com a fama. Schwimmer estudou em Chicago e criou uma companhia de teatro. Voltou à antiga cidade para “Monty”, uma série na qual tinha conseguido um papel mas, desiludido com o ambiente e por não poder contribuir criativamente, mudou-se de novo para Chicago. Quando recebeu a chamada a propósito de “Friends”, apenas aceitou ler o guião mas recusou o papel, não queria sequer reunir-se com os produtores. Só se meteu num avião quando James Burrows, que ele admirava, ligou.

Matthew Perry, responsável por malas de aliens

Matthew Perry, em contrapartida, não tinha um cêntimo. Ligava aos agentes a implorar trabalho. Cresceu no Canadá e andou na escola com Justin Trudeau. Mudou-se para Los Angeles para continuar uma carreira no ténis mas, quando essa falhou, virou-se para a segunda paixão, a representação. Entrou num episódio de “Dream On” e depois conseguiu um papel em “LAX 2194”, da Fox. O que fazia a sua personagem na história? Trabalhava no aeroporto e estava responsável pelas bagagens dos aliens. A narrativa passava-se em 2194, como se isso ajudasse a fazer qualquer sentido. Ele era um dos nomes no topo da lista para entrar em “Friends” mas os produtores não queriam chamá-lo porque ele estava comprometido com outro projeto. Durante semanas ajudou a preparar amigos que iam fazer as audições para Chandler. O papel foi oferecido a um deles, Greg Bierko. O ator recusou. O telefone de Matthew Perry tocou, ele podia ir fazer o casting. “Soube instantaneamente que toda a minha vida ia mudar — o que nunca me tinha acontecido antes nem voltou a acontecer desde então. Sabia que ia conseguir o papel. Sabia que aquilo ia ser gigantesco. Apenas sabia”, contou anos mais tarde, pode ler-se no livro I’ll Be There For You.

https://www.youtube.com/watch?v=PANRt1cHKl4

Falta de diversidade no elenco

A série foi muitas vezes criticada pela falta de diversidade. Personagens afro-americanas, por exemplo, aparecem muito pontualmente na história e nenhuma teve um papel principal. No entanto, os produtores até queriam ter variedade entre os seis amigos. As listas iniciais de atores que queriam chamar para fazer castings incluíam muitos afro-americanos e atores asiáticos. Porém, os executivos do canal achavam que os espectadores não iriam identificar-se com protagonistas que não fossem caucasianos de classe média. Queriam uma série que agarrasse a maioria. E a maioria era branca.

“Pat the cop”, a personagem sábia que não chegou a existir

Insistindo mais uma vez no que seria apelativo para os espectadores, a NBC achava que faltava à história uma personagem mais velha, que fosse uma espécie de conselheira para os seis amigos. Marta Kauffman e David Crane não adoraram a sugestão mas acabaram por criar “Pat the cop” (Pat, o polícia), inspirado num homem que costumava frequentar o cinema onde os guionistas Jeff Greenstein e Jeff Strauss trabalhavam em Somerville, estado do Massachussetts. Pat — que devia ser o elemento que agarraria fãs mais velhos — estaria frequentemente no Central Perk e seria uma figura sábia à qual todos recorreriam. Chegou a ser encontrado um ator para o papel mas Kauffman e Crane acabariam por mostrar ao canal que a ideia era péssima. Comprometeram-se, em contrapartida, a incluir na narrativa os pais dos protagonistas, que apareceriam de forma regular.

Com um pai médico e investigador, especializado em enxaquecas, Lisa Kudrow achava que tinha de seguir uma profissão semelhante, séria, apesar de adorar representar. Estudou biologia, foi trabalhar com o pai. Um dia um amigo incentivou-a a ir fazer um curso de improviso e os pais quase a empurraram para fora de casa.

Um problema chamado “Muddling Through”

Os castings para encontrar uma atriz para Rachel arrastaram-se durante semanas, não havia ninguém suficientemente bom. Até aparecer Jennifer Aniston — que, na altura, já era relativamente conhecida no meio como a rainha das soap operas falhadas. Ela era perfeita, fez o teste de manhã e recebeu o telefonema nesse mesmo dia à tarde. Havia um problema, no entanto, e, embora aí ainda não soubessem, seria bem difícil de resolver. Aniston tinha um papel noutra série, “Muddling Through”, e os produtores sabiam que se esse projeto não fosse cancelado entretanto, a atriz não poderia continuar no elenco de “Friends”. “Pedimos para ver um par de episódios. Não tinha o rótulo de ‘fracasso certo’, como o programa do aeroporto, mas sentimos que era fraco”, explicou Kevin Bright sobre a decisão de arriscarem e contratarem Jennifer Aniston. Nessa fase já “Friends” era a série de que toda a gente falava, sobretudo a concorrência. A CBS, canal de “Muddling Through”, não ia facilitar esse processo. Renovou o conteúdo e encomendou três novos episódios — um número ridículo, que tinha o único propósito de ver Aniston despedida de “Friends”. Se fosse o caso, Kauffman e a equipa teriam de refazer inteiramente quatro episódios com uma nova atriz.

Excluída das fotos de grupo

Jennifer Aniston implorou aos produtores de “Muddling Through” que a deixassem sair da série. A resposta foi não. Do outro lado faziam-se as fotografias de promoção da primeira temporada de “Friends”. Nas imagens de grupo, era pedido a Aniston que entrasse em algumas e se afastasse noutras — se ela tivesse de ser substituída, teriam de inserir aí uma nova atriz em vez de refazer a sessão com toda a gente. Durante quatro semanas, Aniston trabalhou horas infinitas e esteve nas duas séries em simultâneo. No início de setembro de 1994, a CBS exibiu o último episódio de “Muddling Through” e o projeto foi cancelado. “Friends” estrearia na NBC duas semanas depois.

Carreira de bióloga ficou em pausa (para sempre)

Com um pai médico e investigador, especializado em enxaquecas, Lisa Kudrow achava que tinha de seguir uma profissão semelhante, séria, apesar de adorar representar. Estudou biologia, foi trabalhar com o pai. Um dia um amigo incentivou-a a ir fazer um curso de improviso e os pais quase a empurraram para fora de casa: “Finalmente, sim, vai já. Nós levamos-te.” Ela precisava de ter vida social. Conseguiu o papel de Roz em “Frasier”. Não havia química e foi despedida quatro dias depois. Fez de empregada de mesa em “Doido Por Ti”. A personagem nem tinha nome mas a atriz foi tão boa que lhe deram mais uns episódios e um nome: Ursula. Jeffrey Klarik, namorado de David Crane, era um dos guionistas nessa série e adorou-a. Falou dela ao companheiro.

A gémea má apareceu primeiro

A estranha mas hilariante Phoebe Buffay ganhou imediatamente fãs por todo o mundo mas quem não viu “Doido Por Ti” não sabe que Ursula, um ser aparentemente sem grandes sentimentos ou interesse, foi a primeira personagem a surgir. Como “Friends” passaria no mesmo canal e toda a gente queria Lisa Kudrow, a solução foi criar irmãs gémeas.

Às sextas-feiras ninguém dormia em casa

A equipa de guionistas era praticamente toda inexperiente em televisão e aqui ninguém escrevia sozinho. Alguém podia dar a ideia inicial — geralmente destruída e reconstruída no processo —, uma pessoa atirava uma piada para o ar e outra um momento dramático. Tudo era feito em conjunto, sem regras, e também os horários eram praticamente inexistentes. Encomendar jantar para todos no escritório era constante e a sexta-feira já era conhecida como “fraturday”, já que ninguém ia para casa antes de sábado de manhã. As pausas eram ocupadas com uma pequena bola de futebol, que chegavam a atirar uns aos outros durante horas sem esta cair ao chão — esta ideia acabaria por inspirar o episódio “The One With the Ball” — ou a ver o mais recente episódio de “The Osbournes”. Quarta-feira era conhecida como “Taste Test Wednesdays” (“quartas-feiras de teste de sabor”, em tradução livre). Um assistente era enviado a uma mercearia com a missão de comprar, por exemplo, todas as variedades de batatas fritas disponíveis. Tudo era depois provado e votado pelos guionistas até escolherem um produto vencedor.

Exaustão total

Crane, que ficava preso na hora de ponta de Los Angeles em muitas manhãs, adormecia sempre que parava num semáforo vermelho. Ligava muitas vezes do telefone que tinha no carro ao companheiro, Jeffrey Klarik, para que este falasse com ele e não o deixasse dormir. Marta Kauffman tinha dois filhos pequenos e uma regra: nunca deixaria passar dois dias seguidos sem deitar os miúdos. O que acontecia muitas vezes é que saía dos estúdios, ia ler uma história às crianças, eles adormeciam e Kauffman voltava para o escritório. Nas piores noitadas, chegava a casa com o sol a nascer, tomava um duche, dava o pequeno-almoço aos filhos, preparava-os para a escola e seguia novamente para o trabalho.

As gravações de “Friends” tinham cerca de 300 pessoas na plateia, que chegavam a passar ali cinco horas. Havia vários takes para cada cena e pausas de 20 minutos entre as cenas que precisavam de cenários trocados. Contudo, quando havia cliffhangers na história, o estúdio ficava vazio.

Histórias que apareciam de qualquer lado

Na sala dos guionistas tudo era desenvolvido ao pormenor mas os episódios que deram origem a algumas histórias mais hilariantes surgiram de pequenas experiências pessoais. Por exemplo, Adam Chase foi com uma amiga a uma loja e experimentou umas calças de cabedal. Tanto ela como o vendedor o elogiaram e ele acabou por gastar 600 dólares numa peça que nunca mais usaria. Assim nasceu “The One with All the Resolutions”, episódio em que Ross fica preso numas calças de cabedal que não consegue despir. Andrew Reich visitou uma amiga que vivia num prédio cujas escadas eram demasiado estreitas. Quando chegou ao apartamento dela, reparou que lá estava um sofá enorme e questionou-se como é que teriam conseguido colocá-lo ali. Assim surgiu “The One with the Cop”, com a sequência épica em que Rachel e Ross tentam transportar um sofá através de umas escadas onde ele claramente não cabe e se ouve com insistência “pivot!”.

https://www.youtube.com/watch?v=R2u0sN9stbA

Lisa Kudrow não conseguiu aprender a tocar guitarra

A atriz não sabia tocar e chegou a ter aulas no set. Mas Lisa Kudrow não gostava, chegou a sugerir que Phoebe tocasse bongos, e acabou por conseguir decorar apenas alguns acordes. Isso ficou assumido na história: a personagem não percebia grande coisa de música e só conseguia tocar os acordes básicos.

Jennifer Aniston pediu que Rachel ficasse grávida

Jennifer Aniston era casada com Brad Pitt e, numa fase em que estaria a tentar engravidar, pediu para que o mesmo acontecesse à sua personagem na história — já tinha sido o caso com Phoebe, que aceitou ser barriga de aluguer para os trigémeos do irmão, narrativa inventada para incluir a própria gravidez de Lisa Kudrow. Jennifer Aniston acabaria por nunca ter um filho com Pitt mas Rachel teve Emma (com Ross). Na última temporada, Courteney Cox também estava grávida mas isso não foi incorporado na história porque já estava decidido que a sua personagem teria problemas de infertilidade. Sobretudo no último episódio é possível perceber a barriga da atriz.

Os cliffhangers eram filmados sem público

As gravações de “Friends” tinham cerca de 300 pessoas na plateia, que chegavam a passar ali cinco horas. Havia vários takes para cada cena e pausas de 20 minutos entre as cenas que precisavam de cenários trocados. Contudo, quando havia cliffhangers na história, o estúdio ficava vazio, tudo para não estragar a surpresa aos fãs. Exemplo disso é o final da quarta temporada, “The One With Ross’s Wedding”, no qual Ross está prestes a casar com Emily mas diz o nome de Rachel no altar.

Recordações de uma década

Quando os cenários foram desmontados, após dez temporadas, os atores escolheram recordações para levar para casa. Matt LeBlanc ficou com o quadro magnético que se tornou uma parte importante das cenas ao longo dos anos — havia até uma pessoa da equipa técnica responsável pelas mensagens e desenhos que iam surgindo em cada episódio — e ainda herdou os matraquilhos que serviam de mesa de jantar na casa de Joey e Chandler.

Bruce Willis perdeu uma aposta

Em 2000 Matthew Perry e Bruce Willis fizeram um filme juntos, “Falsas Aparências”, e também uma aposta. Perry previa que o filme chegaria a número um nas bilheteiras no fim de semana de estreia, Willis achava que era impossível. O segundo perdeu e a consequência foi não ficar com um único cêntimo da participação especial em “Friends” — foi Paul Stevens, namorado de Rachel durante dois ou três episódios e pai da aluna que se envolveu com Ross. O dinheiro foi todo para uma associação.

Monica e Chandler? Agradeçam aos ingleses

Quando Chandler e Monica se envolvem em Londres no casamento de Ross, era suposto ser apenas isso, uma má decisão depois de muitos copos. No entanto, quando essas cenas foram gravadas perante o público inglês (a equipa estava mesmo a gravar em Inglaterra), as reações foram tão eufóricas que levaram os guionistas a pensar que, talvez, este casal fizesse sentido.

As palmas improvisadas

Bater palmas quando ouvimos isso acontecer no genérico é quase instintivo mas essa parte não estava presente na versão inicial que The Rembrandts fizeram de “I’ll Be There For You”. Foi Michael Skloff, músico e marido de Marta Kauffman nessa altura, que na edição acrescentou as agora icónicas palmas.

Jennifer Aniston não queria fazer última temporada

As negociações que deram a cada um dos seis protagonistas um milhão de dólares (900 mil euros) por episódio na última temporada foram amplamente noticiadas. Foram demoradas, mas o canal sabia que tinha de ceder: não tinha nenhum sucessor à altura pronto para substituir “Friends” e não podia abdicar do mais estrondoso sucesso em exibição. Ainda assim, convencer os atores a fazer a décima temporada foi ainda mais difícil do que regatear dinheiro. O elenco reuniu-se no inverno de 2002 para votar se todos estariam dispostos a regressar. Jennifer Aniston foi a que resistiu mais. A série tinha acabado de ganhar um Emmy, não havia melhor forma de terminar. Além disso, sentia que não tinha muito mais para dar a Rachel, que as histórias estavam esgotadas. Propôs então participar em apenas 12 episódios (meia temporada). Este nunca tinha sido um projeto com um ou dois protagonistas, eram seis e, se assim fosse, os seis só fariam os tais 12 capítulos. A NBC recusou, contrapropôs 18. O impasse durou meses mas os atores acabaram por aceitar.

As filmagens do genérico de “Friends” iam acontecer no topo de um edifício dos estúdios da Warner Bros., cuja vista parecia Nova Iorque. A ideia era que os seis protagonistas estivessem numa espécie de festa. Contudo, o vento e os potenciais e dispendiosos problemas que o mau tempo que era anunciado poderia causar cancelaram tudo.

O episódio do apagão foi um crossover de várias séries (“Seinfeld” recusou)

“Gum would be perfection (uma pastilha elástica seria a perfeição).” Os maiores fãs de “Friends” saberão de cor muitos dos diálogos do episódio da primeira temporada em que Chandler fica preso num cubículo de um multibanco com a supermodelo Jill Goodacre. O que não é assim tão conhecido fora dos Estados Unidos é que “The One with the Blackout” faz parte de um crossover entre todas (ou quase) séries transmitidas pela NBC à quinta-feira à noite. Tudo começa em “Doido Por Ti”, quando Jamie Buchman (a personagem de Helen Hunt) mexe em cabos de eletricidade que estão no topo do seu edifício sem saber minimamente o que está a fazer. Resultado: desencadeia um gigantesco apagão por toda a cidade de Nova Iorque. A história continua então em “Friends”. “Seinfeld”, que ocupava o espaço seguinte na grelha, ignorou a sequência. Jerry Seinfeld e a sua equipa já tinham um estatuto diferente, podiam basicamente fazer o que lhes apetecesse. O apagão é retomado e termina em “Madman of the People”, produção que durou apenas um ano e da qual já ninguém se lembra.

Um genérico improvisado (bem longe de Nova Iorque)

As filmagens do genérico de “Friends” iam acontecer no topo de um edifício dos estúdios da Warner Bros., cuja vista parecia Nova Iorque. A ideia era que os seis protagonistas estivessem numa espécie de festa. Contudo, o vento e os potenciais e dispendiosos problemas que o mau tempo que era anunciado poderia causar cancelaram tudo. Kevin Bright e Marta Kauffman andaram às voltas no meio dos armazéns e acabaram por encontrar um pequeno jardim. De um lado estava a fachada construída para “Casei Com Uma Feiticeira”, do outro uma fonte dos anos 30. Aquilo, pensaram, podia ser um parque em Nova Iorque. Diminuíram as luzes, trouxeram o sofá amarelo — que era suposto ter sido bege, só mudou porque um dos executivos do canal o achava aborrecido — do Central Perk e puseram os atores a dançar pela noite fora. Às quatro da manhã estavam dentro de água, a tremer de frio. O que se vê no final da introdução da série, com todos às gargalhadas, já foi completamente improvisado. Eram miúdos a divertirem-se e prestes a começarem uma aventura que lhes mudaria a vida (e o mundo da televisão) para sempre. Só que aqui ainda nenhum deles tinha consciência disso.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.