Os resultados tão esperados por milhares de jovens e pais estão aí. Dos 52.434 alunos que se candidataram ao Ensino Superior, na primeira fase do concurso nacional, 44.914 vão poder festejar porque conseguiram um lugar. Para metade, 22.023 candidatos, a festa será ainda maior uma vez que entraram na primeira opção. Os dados individuais podem ser consultados no site da Direção Geral de Ensino Superior, mas também podes perceber se conseguiste entrar no curso escolhido, confirmando a média do último a entrar, na lista que o Observador disponibiliza no final do artigo.

Resultados do acesso ao Ensino Superior

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Pode consultar os resultados gerais da 1ª fase de acesso acesso ao ensino superior aqui e perceber, através da nota do último colocado, se entrou no curso pretendido.

Como já seria de esperar, dado o aumento anual de 6% dos candidatos, o número de colocados voltou a crescer (4,6%) face ao ano anterior e é o mais alto desde 2010. Dos candidatos à primeira fase do concurso, 85,7% obtiveram colocação e 83,4% foram colocados numa das suas três primeiras opções.

Continuando a olhar para os grandes números do acesso ao Ensino Superior, é de destacar que os Politécnicos são os que registam um maior aumento nas colocações: uma subida anual de 8,4%, num total de 17.266 alunos colocados, ao passo que os 27.036 alunos que conseguiram entrar nas universidades nesta primeira fase representam um crescimento de 2,3% face a 2016.

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A Direção Geral do Ensino Superior destaca ainda que “o número de estudantes candidatos em 1ª opção no ensino politécnico cresceu 16%, enquanto no ensino universitário cresceu 2%”. Um bom exemplo disto é o Instituto Politécnico do Porto que ocupou o primeiro lugar no boletim de candidatura de 4.118 alunos (2.999 conseguiram entrar), seguido do de Lisboa e do de Coimbra.

Para o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Nuno Mangas, “tratam-se de ótimos resultados. O número de colocados cresce pelo quarto ano consecutivo, constatando-se um aumento generalizado de alunos colocados nos politécnicos e, em especial, nas instituições localizadas nas regiões de menor densidade demográfica”, que mostra “a importância e o papel” destas instituições “no desenvolvimento destes territórios”.

Alunos continuam a preferir universidades a politécnicos

Mas mesmo assim, o sistema de ensino universitário continua a ser o eleito dos alunos que acedem ao Ensino Superior numa primeira fase do concurso nacional. A Universidade de Lisboa — a instituição que mais vagas abre anualmente e que oferece um conjunto alargado de cursos –, apareceu em primeiro lugar nos boletins de 9.373 alunos, sendo que acabaram colocados 7.596 alunos.

A Universidade do Porto foi a instituição favorita de 7.454 alunos, que colocaram como primeira opção um curso ministrado nesta universidade. Se levarmos em conta na equação a relação entre a oferta e a procura, as 4.185 vagas da Universidade do Porto foram mesmo as mais cobiçadas: 1,78 alunos disputaram a mesma vaga. No terceiro lugar do pódio, a Universidade Nova de Lisboa (UNL) que foi a favorita de 4.362 alunos, tendo conseguido entrar 2.717.

A contribuir para esta preferência mostrada por tantos alunos estará a conhecida empregabilidade destas instituições, de acordo com os dados oficiais disponibilizados pelo próprio Governo. Na UNL a taxa de desemprego não ia além dos 4,19% em 2016, na Universidade de Lisboa não superava os 5,18% e no Porto 6,76%.

E se é verdade que o ensino politécnico tem vindo a ganhar terreno e a conquistar a preferência de mais alunos, há uma outra realidade que teima em não ser alterada: a baixa procura de alguns politécnicos através desta via de acesso. O problema coloca-se sobretudo nos Politécnicos de Tomar e Portalegre. Estes dois institutos só foram escolhidos em primeira opção por 72 e 97 alunos, respetivamente. No entanto, o maior desajustamento entre oferta e procura, tendo por referência esta primeira fase do concurso, é protagonizado pelo Politécnico de Bragança: das 1.908 vagas a concurso, só 711 foram ocupadas, sendo que apenas 293 alunos o escolheram em primeira opção.

Olhando para os 44 cursos que ficaram vazios por falta de candidatos, só quatro eram licenciaturas ministradas em universidades. O grosso desta lista distribui-se por politécnicos. A grande maioria desses cursos é da área das engenharia, sobretudo civil.

É preciso, contudo, algum cuidado na leitura destes dados pois eles dizem mais da localização dos institutos, do tipo de alunos que vivem naquelas regiões, e do tipo de oferta formativa, do que da qualidade do respetivo ensino. Estes estabelecimentos acabam por conseguir preencher mais vagas nas fases seguintes e por via dos restantes modos de acesso ao Ensino Superior.

Quanto à oferta formativa, este ano, de acordo com a DGES, os estudantes colocados em tecnologias de informação e comunicação e em física aumentaram 10% face a 2016. Mas, à semelhança do que vem acontecendo nos últimos anos, os alunos parecem estar cada vez mais inclinados para escolher cursos nas áreas da engenharia, das ciências empresariais e da saúde. Perto de metade dos candidatos ao Ensino Superior nesta primeira fase (25.156) escolheram cursos nestas três áreas.

Ainda assim, e apesar de a procura ser grande, duas dessas áreas (engenharias e ciências empresariais) são as que têm ainda o maior número de lugares vagos para a segunda fase: 1.412 e 758 respetivamente. Isto porque não é só a procura que é grande, a oferta também. No seu conjunto, concentram perto de metade da oferta (23.398 vagas).

Engenharias, com médias mais altas, voltam a ganhar terreno à Medicina

As tendências não se ficam apenas pelas preferências dos alunos. Depois de, no ano passado, pela primeira vez, o curso de Engenharia Aeroespacial e de Engenharia Física e Tecnológica, ambas do Instituto Superior Técnico, terem destronado a Medicina do topo do quadro das médias mais altas, este ano não só reforçaram a sua posição, subindo a nota de entrada, como o curso de Medicina da Faculdade de Medicina do Porto caiu mais uma posição, para dar lugar à Engenharia e Gestão Industrial, ministrada na Universidade do Porto.

Parece ter passado o tempo em que as medicinas ocupavam de seguida os lugares cimeiros da tabela em termos de médias de entrada. Dos sete cursos de Medicina existentes, apenas em quatro deles o último aluno a entrar teve nota superior a 18 valores.

Outro ponto que pode interessar é que os 16 cursos com 0% de desemprego já ficaram lotados nesta primeira fase como, por exemplo, os sete cursos de Medicina.

Cursos de Medicina não são os únicos com 0% de desemprego. Conheça os 16 cursos que garantem pleno emprego

Não parecem ser os resultados nos exames nacionais a justificar esta alteração. Se as notas pioraram a Física — que é um dos exames exigidos — melhoraram a Matemática e a Biologia. Além disso, mesmo que fosse o pior desempenho a Física a explicar a tendência, isso deveria ter repercussões também nas engenharias que ocupam os dois primeiros lugares das médias mais altas e isso não aconteceu.

Todos estes cursos que exigiam notas muito altas ficaram ocupados na primeira fase de acesso.

Mais de metade dos cursos já estão lotados, mas ainda há 6.225 vagas

Quem não conseguiu entrar à primeira, pode sempre candidatar-se na segunda fase do concurso nacional, que arranca esta segunda-feira e se estende até ao dia 22 de setembro.

Das 50.838 vagas iniciais colocadas a concurso, sobraram 6.225 vagas para a segunda fase de candidaturas. No ano passado, na fase correspondente à atual, havia quase mais 2.000 vagas disponíveis. É preciso recuar até 2009 para encontrar um número de vagas sobrantes tão baixo (6.102).

Das mais de seis mil vagas que ainda se encontram à disposição dos alunos, a maioria encontra-se no interior do País e em institutos politécnicos (5.055). Contudo, “o número de colocados nesta fase em instituições localizadas em regiões de menor densidade demográfica” aumentou 13% face ao ano anterior, “crescendo 20% nos politécnicos dessas regiões”.

Um terço das vagas no interior estão concentradas em três institutos politécnicos: no de Bragança — que à semelhança do ano passado é onde sobram mais vagas, num total de 1.201 — no de Viseu (488) e no de Castelo Branco (395). No que diz respeito ao ensino universitário, é na Universidade do Algarve (251) e dos Açores (209) que restam mais lugares para preencher.

Entre as universidades mais procuradas, a de Lisboa colocará um maior número de vagas a concurso nesta segunda fase: 111. Já na do Porto restam apenas 16 e na Nova de Lisboa ainda menos (3). O Politécnico do Porto, também bastante procurado, abrirá apenas 21 vagas.

Olhando para a oferta formativa, 44 cursos continuam completamente vazios (sobretudo na área das engenharias em politécnicos) e 205 têm mais de metade das vagas ainda livres. Em termos de grandes áreas de estudo, é possível verificar que na área das engenharias e técnicas afins (1.412), nas ciências empresariais (758) e na arquitetura e construção (635) é onde há mais vagas por ocupar.

É certo que estas 6.225 que restam não chegam sequer para o total de candidatos que não obtiveram colocação nesta fase: 7.520. Mas é preciso lembrar que a estes lugares poderão ainda acrescer eventuais vagas ocupadas na 1ª fase e em que não se concretizem matrículas e as vagas libertadas fruto de recolocação de estudantes colocados na 1ª fase ou em consequência de retificações.

Se te candidataste na primeira fase poderás perceber nesta tabela se conseguiste entrar em alguma das opções que assinalaste, verificando a média do último aluno a entrar. Se não conseguiste entrar ou se és daqueles que só se vai candidatar nesta segunda fase poderás perceber também quantas vagas ainda restam em cada curso, para perceber quais as melhores opções e que hipóteses tens.