O ritual é sempre, ou quase sempre, o mesmo. Tiago Barbosa Ribeiro tem uma mesa reservada no restaurante Barril, nas Antas. Senta-se no lugar do costume, mas desta vez atrasado. Uma ação de campanha que derrapou no horário impediu Barbosa Ribeiro de assistir à primeira parte do jogo, mas não de ir a casa buscar o cachecol de sempre.
Ainda que a importância do jogo fizesse antever um candidato nervoso, as constantes solicitações fizeram-no, inclusivamente, perder momentos importantes da partida entre o Atlético de Madrid e o Futebol Clube do Porto. Mas como dificilmente a corrida autárquica terminará com um empate igual ao do jogo da Champions, há mais assunto além do futebol. Os problemas vividos nos bairros sociais, as vias estruturantes da cidade, os acessos rodoviários e a rede de transportes públicos também são tema na penúltima mesa da sala do Barril onde até os bancos são azuis.
Os clientes são tão habituais que já nem é preciso dizer qual a escolha antes de ser servida. Com um pormenor que já toda a gente conhece: Tiago Barbosa Ribeiro só janta mesmo depois do apito final, antes disso não consegue, mesmo que depois jante sozinho.
Depois do rabo de boi com puré, tempo para abrir o computador e terminar ainda um infomail que tinha ficado pendurado. Acompanhado por outros candidatos — e amigos de longa data — socialistas, Barbosa Ribeiro lá vai respondendo às solicitações no WhatsApp e ignorando tentativas de roubo da conta de Facebook. Enquanto o Observador esteve à mesa foram várias, com o telefone a tocar insistentemente.
Longe de ser a mesa mais ruidosa da noite, na conversa durante o jantar há lamentos da falta de exigência de quem vive na cidade ao longo dos últimos anos e que parece não pedir mais que “uma simples obra” em quatro anos de mandato.
Com sondagens a dar resultados bastante diferentes, para os segundos lugares na corrida à autarquia do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro não esquece as “surpresas” que já se viveram em noites eleitorais a norte. “Muitas vezes as sondagens com um líder muito destacado acabam inclusivamente por o prejudicar”, aponta Barbosa Ribeiro ainda que ao lado se reconheça que a “esquerda no Porto não tem a vida fácil”.
Para já o balanço é positivo, “a campanha é de afirmação e tem corrido bem, sem contratempos” e, considera o candidato socialista, tem conseguido alcançar a “projeção mediática”. Questionado sobre se é uma candidatura para preparar a próxima daqui a quatro anos já com um ponto de partida mais favorável Barbosa Ribeiro não nega, mas lembra que “na política em quatro anos pode acontecer muita coisa” embora deixe escapar que dos atuais candidatos na corrida, daqui a quatro anos poderá ser o único a recandidatar-se que “as pessoas conheçam”.
Mas dá apenas as garantias que pode dar: na segunda-feira seguinte às eleições estará a trabalhar no gabinete na câmara do Porto. Tem certezas: vai ficar os quatro anos do mandato na autarquia, contactando com a população nas ruas a cada duas semanas e aos fins de semana. “Não vou ficar fechado no gabinete”, assegura Barbosa Ribeiro consciente que ainda há quem não o conheça no Porto.
Já com algum cansaço acumulado das últimas semanas, sabe que os próximos dias são fundamentais e o plano é intensificar o ritmo. Estar mais tempo na rua, contactar com mais pessoas e, claro, contará com alguns trunfos socialistas bem conhecidos de todos para os próximos dias na rua. Com uma agenda que só é divulgada diariamente o Observador sabe que ainda esta semana estarão no Porto alguns ministros socialistas para acompanhar o candidato em ações de campanha.
Com o “moreirismo” já com data marcada para o final — já que, caso vença a eleição será o último mandato à frente da autarquia — Tiago Barbosa Ribeiro nota que “não se antevê um sucessor óbvio” do atual edil e a hipótese de um regresso de Rui Rio também não lhe parece possível. Com uma semana ainda de campanha pela frente e, caso consiga, um cargo na vereação Tiago Barbosa Ribeiro pode ter apanhado já a onda que vai seguir nos próximos tempos.