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Os transportes públicos são um dos locais onde os especialistas alertam que o risco de transmissão por aerossol é maior
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Os transportes públicos são um dos locais onde os especialistas alertam que o risco de transmissão por aerossol é maior

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Os transportes públicos são um dos locais onde os especialistas alertam que o risco de transmissão por aerossol é maior

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Afinal o novo coronavírus transmite-se pelo ar? 6 respostas para perceber o último anúncio da OMS

Carta de 200 cientistas alertou que há provas de que a Covid-19 se transmite por aerossóis e OMS confirmou. Mas isso não é novidade e não muda muito do que já fazemos. Como? Os especialistas explicam.

“Especialmente nos últimos dois meses, temos afirmado várias vezes que consideramos que a transmissão por aerossóis é possível, mas não é sustentada por evidência sólida ou clara”. Foi assim que Benedetta Allegranzi, especialista técnica em prevenção e controlo de infeções da Organização Mundial da Saúde (OMS), se referiu na segunda-feira à possibilidade de o novo coronavírus se transmitir por aerossóis (e não por via aérea, como por vezes é traduzida a expressão original no inglês, airborne transmission).

Ainda não tinham passado menos de 24 horas desde que Allegranzi desvalorizou a forma de transmissão por aerossóis quando, na conferência de imprensa diária da OMS do dia seguinte, a especialista fez declarações em sentido contrário: “A possibilidade de transmissão por aerossóis em locais públicos — especialmente em condições muito específicas como em locais sobrelotados, fechados e com má ventilação — não pode ser excluída.”

O que aconteceu? Pelo meio, foi publicada uma carta assinada por 239 cientistas, de 32 países diferentes (incluindo Portugal), instando a OMS a reconhecer que há, de facto, evidência científica que sustente esta possibilidade — até agora sempre negada pela organização, que foi afirmando que o único meio de transmissão era através de gotículas expelidas por uma pessoa infetada, que não atingiriam ninguém que estivesse a mais de dois metros de distância.

“Queremos que eles reconheçam as provas”, resumiu à agência Reuters Jose Jimenez, um dos signatários da carta. “Este não é um ataque à OMS. É um debate científico, mas sentimos que devíamos torná-lo público, porque eles estavam a recusar-se a reconhecer as provas científicas, depois das várias conversas que fomos tendo.”

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A transmissão do SARS-CoV-2 por aerossóis passa assim a ser oficialmente reconhecida pela OMS, pelo menos, por enquanto, como uma via possível de transmissão do vírus entre pessoas. Mas o que é que isso significa? O vírus afinal anda suspenso no ar? Teremos de adotar medidas ainda mais restritivas? E porque é que só estamos a falar disto agora? O Observador falou com vários especialistas para tentar perceber.

O que é a transmissão por aerossóis?

Os aerossóis são partículas que expelimos quando fazemos ações como espirrar, tossir, rir ou falar.

Manuel Gameiro da Silva, professor da Universidade de Coimbra e um dos signatários da famosa carta que levou a OMS a mudar de ideias, explicou esta quarta-feira à rádio Observador que as partículas que expelimos se dividem entre três tipos: os aerossóis (de tamanho inferior a 10 mícrons), as gotículas (entre 10 a 50 mícrons) e as partículas maiores, que ultrapassam os 50 mícrons. “Por exemplo, nós no inverno, quando exalamos, podemos ver aquela nuvem no nosso bafo. Isso são aerossóis”, explicou.

Cientista português alerta: “Devemos usar máscara mesmo no exterior”

Já sabíamos que o SARS-CoV-2 se podia transmitir por grandes partículas e por gotículas. Agora, o que ficamos a saber, é que tal também pode acontecer por aerossóis, que se mantêm no ar durante algum tempo, em vez de caírem diretamente sobre as superfícies. “Há estudos que apontam para permanecerem viáveis durante 3 horas e em espaços fechados e mal ventilados as pessoas podem ficar infetadas. Isto não é novo, já era assim para o SARS 1, para o MERS, etc.”, aponta o professor Gameiro da Silva.

O facto de tal já ter sido detetado noutro tipo de coronavírus como o SARS e o MERS faz com que a maioria dos especialistas contactados pelo Observador não se sintam surpreendidos com este anúncio. “As pessoas estão a fazer um grande alarido, mas isto não é nada de novo”, diz ao Observador o médico Fernando Maltez, diretor do serviço de doenças infecciosas do Hospital Curry Cabral. “Já sabíamos que o vírus muito provavelmente se transmitia por aerossol.”

No mesmo sentido aponta Celso Cunha, virologista do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa: “Já havia estudos de há vários meses que alertavam para isso. Por exemplo, um estudo chinês fala num restaurante que tinha duas filas de mesas e onde uma pessoa da ponta de uma fila infetou a fila toda onde ele estava. E a outra fila não ficou infetada por haver ali ar condicionado”, aponta.

“Já havia estudos de há vários meses que alertavam para isso. Por exemplo, um estudo chinês fala num restaurante que tinha duas filas de mesas e onde uma pessoa da ponta de uma fila infetou a fila toda onde ele estava. E a outra fila não ficou infetada por haver ali ar condicionado”
Celso Cunha, virologista do Instituto de Higiene e Medicina Tropical

“Já havia várias evidências disso e é uma questão de aplicação das leis da física: as partículas mais pequenas têm tendência a manter-se mais tempo no ar e, de acordo com a força do vento, podem ser levadas mais longe”, acrescenta. “Estima-se que podem permanecer no ar durante cerca de 8 a 10 minutos, enquanto as gotículas caem mais depressa na superfícies.”

É também por isso que outro virologista, Pedro Simas (do Instituto de Medicina Molecular), afirma que tanto a carta dos especialistas como as mais recentes afirmações da OMS são “legítimas”. “Nós sabemos que a proximidade entre as pessoas favorece a disseminação do SARS-CoV-2 porque é um vírus respiratório”, começa por destacar. “É óbvio que num espirro, em que se formam gotículas mais pequenas, algumas fiquem no ar. E eles têm razão ao dizer que há uma possibilidade de infeção maior quando os espaço são confinados, têm muita gente e têm pouca distância.”

Isso significa que o vírus pode ficar permanentemente no ar ou voar para longe?

Não. E é aqui que Pedro Simas destaca que é importante fazer a distinção entre vários vírus habitualmente classificados como sendo de transmissão por via aérea, geralmente coberta pelo termo em inglês airborne transmission, e a transmissão por aerossóis que se aplica neste caso: “Em virologia, quando se fala em airborne transmission quer dizer que os vírus são deslocados em partículas de aerossol, em longas distâncias e no tempo. Ou seja, podem avançar quilómetros e podem manter-se no ar durante um dia ou até dias.” Como exemplo, Simas dá até o caso do vírus da febre aftosa, que “tem a capacidade de viajar com o vento e já no passado conseguiu até atravessar o Canal da Mancha”.

“É importante que as pessoas não vão à internet e fiquem em pânico a achar que o vírus se espalha durante quilómetros porque escreveram 'airborne transmission'. (...) A possibilidade de este coronavírus se transmitir por quilómetros de distância é muito baixa."
Pedro Simas, virologista do Instituto de Medicina Molecular

Neste caso, contudo, o SARS-CoV-2 não é um vírus desse tipo, mas sim um vírus respiratório como outros como o MERS. E, portanto, o virologista sublinha que “é importante que as pessoas não vão à internet e fiquem em pânico a achar que o vírus se espalha durante quilómetros porque escreveram airborne transmission”. “A possibilidade de este coronavírus se transmitir por quilómetros de distância é muito baixa. Agora, esta possibilidade de passar no contacto próximo é real — mas já o era antes”, acrescenta.

Quais os locais onde há maior possibilidade de transmissão por aerossóis?

A OMS destaca os “locais sobrelotados, fechados e com má ventilação” como aqueles onde é mais provável haver transmissão por aerossóis. Mas Simas relembra que “num ambiente fechado está-se sempre a correr um risco”. Como forma de proteção, recomenda que nos guiemos pela regra dos “três C’s”: evitar os close contacts [contactos próximos], closed places [sítios fechados] e crowded places [sítios sobrelotados]. “Todos estes são de evitar”, recomenda.

O médico Fernando Maltez acrescenta que, com esta notícia, as medidas de distância social e lavagem de mãos poderiam ser suficientes para controlar a transmissão do vírus, mas que assim são necessários “outros cuidados de prevenção em áreas fechadas, que não estejam ventiladas e que estejam sobrelotadas”. Exemplos concretos? “Transportes públicos, escolas, salas de espera de hospitais…”, aponta. “Quaisquer locais com muitas pessoas, é recomendável que sejam evitados. Se tal não for mesmo possível, é usar máscara.”

E numa ida a um restaurante, por exemplo, existe maior risco agora que sabemos que o vírus se mantém algum tempo suspenso no ar? “Há risco, mas já existia antes”, responde. Celso Cunha relativiza: “Num restaurante, pelo afastamento das mesas, e embora o contágio através de alguém que esteja numa das mesas seja possível (como aconteceu no caso do estudo chinês), é menos provável do que se uma pessoa perto de nós espirrar.” Ou seja, o risco de infeção é maior perante a pessoa que come à nossa frente, sem máscara, e que pode expelir gotículas a falar, do que relativamente a um desconhecido que esteja na mesa do lado. “Agora, ao levantar-se para ir à casa de banho o risco é maior. No caso de uma pessoa espirrar quando passa, por exemplo. Daí que se deva ir de máscara à casa-de-banho num restaurante.”

Os sítios piores para a transmissão do vírus por aerossol? “Transportes públicos, escolas, salas de espera de hospitais… Quaisquer locais com muitas pessoas, é recomendável que sejam evitados. Se tal não for mesmo possível, é usar máscara.”
Fernando Maltez, diretor do serviço de Infecciologia do Hospital Curry Cabral

Quanto aos transportes públicos, também apontados por Fernando Maltez, Celso Cunha sublinha que podem ser locais críticos: “Há até um perigo acrescido, por não ser mantida a distância necessária. A higienização dos transportes é feita uma vez ao dia, tanto quanto sei, e acho que até podia ser mais frequente”, afirma, destacando ainda que gostaria de ter acesso ao estudo mencionado pelo Presidente da República à saída da reunião no Infarmed.

Aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa mencionou um estudo nacional mostrado na reunião que dará conta de que o número de contágios por SARS-CoV-2 nos transportes públicos é “negligenciável”. “Não vi o estudo e gostava que fosse tornado público, porque é informação científica”, aponta o virologista. “Em todo o caso, o que me parece é que é inequívoco que a maior parte dos contágios acontecem em contexto habitacional, mas o primeiro caso não começa em casa ou num lar. Não cai uma estrela do céu e começa toda a gente a ficar infetada — a infeção vem de fora.” Razão pela qual ambientes sobrelotados como os transportes públicos são dos mais fulcrais para tentar evitar a transmissão por aerossol.

O que dizem as autoridades portuguesas?

Por enquanto, ainda pouco. Na conferência desta quarta-feira sobre a situação da Covid-19 em Portugal, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, limitou-se a constatar o óbvio quando questionada sobre esta nova afirmação por parte da OMS: “A OMS fez uma declaração em que disse que recebeu um documento de vários cientistas a nível mundial, que põem de facto a hipótese de existir transmissão aérea e a OMS não rejeita essa hipótese, está a analisar o documento”, disse.

Concretizando, Graça Freitas acabou por explicar que o termo “transmissão aérea” se refere na verdade a “pequenas partículas que ficam em suspensão no ar”. “Sempre dissemos que esta é uma epidemia nova. Todos os estudos fazem parte de uma base de conhecimento maior e têm de ser contextualizados”, acrescentou. Mas sobre medidas concretas, nada foi dito na conferência.

Devemos adotar medidas de segurança adicionais?

Para os especialistas ouvidos pelo Observador, não há grandes alterações de fundo a adotar a não ser o reforço da utilização de máscara e a melhor ventilação em espaços fechados. O exemplo? “A transmissão por aerossóis também acontece com a gripe e com outros coronavírus. Tanto que as medidas desta pandemia são decalcadas das medidas que tomamos para evitar o contágio da gripe”, relembra Celso Cunha.

Para o virologista do Instituto de Medicina Tropical, o melhor a fazer é “usar máscara em ambientes fechados, quaisquer que eles sejam. Porque pode ter saído uma pessoa há 2 ou 3 minutos e entrar outra e pode haver aerossóis da pessoa infetada que ainda permanecem no ar.” Em espaços como restaurantes, acrescenta que, sempre que possível, “haja portas abertas, janelas abertas, para que o ar circule de dentro para fora, de fora para dentro. É melhor do que o ar condicionado”.

Isso mesmo já tinha sido apontado por Manuel Gameiro da Silva na entrevista à Rádio Observador, ao sublinhar que, para além das máscaras, é necessário assegurar a ventilação dos espaços fechados, “porque precisamos de diminuir claramente a concentração”. “Imaginemos: tenho um pouco de vinho; se lhe juntar muita água diminuo exatamente a concentração alcoólica”, exemplificou.

“Ainda há tempo li numa revista conceituada que não se podia extrapolar as experiências em laboratório com aerossóis para a vida real. Mas também já li o contrário. A verdade é que há aqui muita coisa que ainda não sabemos. Isto faz sentido, mas continuamos um bocadinho às escuras.”
Luís Varandas, professor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical

O professor, especialista em climatização, vai ainda mais longe do que os colegas e recomenda que o uso de máscara deve ser mantido até no exterior, sempre que haja concentração de pessoas. “As pessoas podem ser infetadas nas esplanadas, nas paragens de autocarro, etc.”, diz. “As máscaras fazem o seguinte: as partículas maiores e intermédias simplesmente não saem. Em relação aos aerossóis, passa a sair uma percentagem muito menor (cerca de 20%) e se tivermos a mascara do lado do recetor passa a haver uma redução ainda maior, porque ela é ainda mais efetiva na inalação do que na exalação”.

Mas porque na ciência não há absolutos, outros especialista — o professor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical Luís Varandas —, relembra que “é muito complicado fazer uma avaliação perentória”. Varandas não contesta a possibilidade de transmissão por aerossóis, mas destaca que ainda “não sabemos bem qual é a dimensão da transmissão via aerossóis por comparação por gotículas”, ou seja, qual o peso que cada uma delas tem na probabilidade de infeção. “Ainda há tempo li numa revista conceituada que não se podia extrapolar as experiências em laboratório com aerossóis para a vida real. Mas também já li o contrário. A verdade é que há aqui muita coisa que ainda não sabemos”, reconhece. “Isto faz sentido, mas continuamos um bocadinho às escuras.”

Perante o que ainda é desconhecido e a evidência científica que já existe, Pedro Simas relembra a regra dos três C’s (evitar contactos próximos, sítios fechados e locais sobrelotados) como forma de nos guiar no dia-a-dia: “Se as pessoas a seguirem e se usarem máscaras, estão bastante protegidas e podem ir à sua vida e desconfinar. Com regras, claro.” Celso Cunha reforça a mesma ideia: “Cabe-nos a nós irmos tendo consciência e adotarmos comportamentos certos”.

Porque não se falou deste tema antes?

O diretor de serviço do Curry Cabral, Fernando Maltez, foi o único dos especialistas ouvidos pelo Observador que arriscou uma explicação para esta afirmação só ter sido feita agora pela OMS, dizendo que apesar de já existirem vários estudos sobre a transmissão de SARS-CoV-2 por aerossol, talvez só mais recentemente tenham surgido estudos “mais consistentes e portanto mais afirmativos”, provavelmente pelo “maior número de doentes envolvidos”.

Alguns dos 239 signatários da carta aberta à OMS, contudo, sugerem outras hipóteses. O uso do termo “transmissão aérea” [airborne transmission] pode levar ao pânico entre os cidadãos, por ser mal compreendido, e isso levar ao esgotamento de stocks das máscaras FP2, aponta Jimenez.

Outro dos cientistas envolvidos na carta, Benjamin Cowling, reforçou isso mesmo à BBC: “Nos ambientes hospitalares, a transmissão por aerossol é um risco real e os profissionais de saúde têm de estar a usar o melhor equipamento de proteção possível”, começou por afirmar. “A OMS disse que uma das razões pelas quais não queria falar da transmissão de Covid-19 por aerossóis é porque não existem máscaras especializadas suficientes em muitas partes do mundo”.

 
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