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Naomi Gleit, Meta
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Naomi Gleit, executiva da Meta, veio a Portugal falar sobre os planos para este "futuro da internet".

Sportsfile

Naomi Gleit, executiva da Meta, veio a Portugal falar sobre os planos para este "futuro da internet".

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Amado por uns e desvalorizado por outros, o metaverso vai acontecer. Resta saber é como e quando

Algumas das centenas de sessões da Web Summit foram dedicadas ao metaverso. O retrato que sai do evento é o de uma “buzzword” que gera, pelo menos por agora, mais dúvidas do que certezas.

O metaverso foi um tema quente na Web Summit – para alguns até demasiado quente. “Desculpem, vou ter de ser o primeiro a falar sobre metaverso hoje neste palco”, disse um dos moderadores de uma das dezenas de sessões dedicadas ao tema na cimeira tecnológica.

Na edição de 2022, tentou medir-se o pulso às muitas promessas e às tão faladas oportunidades que o metaverso acarreta. Mais frequentes foram as questões sobre as dúvidas e os entraves que ainda é preciso ultrapassar até aos tão ambicionados mundos digitais, que estão a ser apresentados como oportunidades para o entretenimento e mundo do trabalho, se materializarem.

Nos palcos distribuídos pela FIL, houve discussões sobre a tecnologia necessária, o que está em jogo e se efetivamente há sequer público para embarcar nesta viagem dos mundos digitais. O facto de o Facebook ter mudado há um ano de nome para Meta e definido que este podia ser o futuro da companhia, também ajudou a pôr o tema nas bocas do mundo.

365 dias de Meta. O nome pode não fazer diferença, mas a ambição do metaverso sai cada vez mais cara a Zuckerberg

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Mas há quem já trabalhe nesta lógica do metaverso há anos, como a britânica Improbable Worlds, liderada por Harman Narula, que até já se debruçou sobre o tema das sociedades digitais em livro. No palco da Web Summit, até deixou um pedido de desculpas. “Lamento a informação que está a ser transmitida à volta do metaverso”, disse, a propósito das “dificuldades da Meta e sobre as dúvidas de se vale a pena investir ou não”.

“O Facebook transmitiu a ideia de que isto tem tudo a ver com realidade virtual, com avatares sem pernas. Para muitos de nós, esta é uma ideia ingrata daquilo que é possível fazer.” Para Narula, o metaverso não vai servir para tudo. É preciso perceber “que experiências e interações é que vale a pena aproveitar no metaverso”.

Narula trouxe na manga um vídeo para mostrar aquilo que acredita ser um dos usos que mais poderá tirar partido do metaverso: os eventos de larga escala. No ecrã eram visíveis avatares com corpo a jogar ou a partilhar um concerto, numa sucessão rápida de exemplos. “Em vez de 100 pessoas num espaço, conseguimos ter 20 mil pessoas de todo o mundo e a falar com as suas próprias vozes”.

Herman Narula, CEO Improbable

Herman Narula, CEO Improbable.

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“Não estou a dizer-vos que o metaverso vai ser só composto por experiências de larga escala – mas acho que é isto que está a faltar no conceito”, pelo menos como está a ser divulgado até agora, reconheceu Narula. Para o responsável da Improbable, está a faltar algo aos planos que temos visto até agora do metaverso: um “sentimento de satisfação, de realização.” E, defendeu, “se não derem isto às pessoas não irá funcionar”.

O caminho para o metaverso não deverá ser só para quem é fã de jogos de vídeo, considerou Narula. Admitiu que, “em parte é tendencioso”, mas que “existe uma maior oportunidade além do já saturado mercado dos videojogos”, dando como exemplos experiências no metaverso na área do desporto ou da cultura. “Pensem no Manchester United. Há fãs em vários sítios, mas que podem não conseguir comprar bilhetes, viajar para ver um jogo. Se conseguirem ter um espaço onde é possível juntar os fãs, os jogadores… Isso é uma oportunidade.”

A responsável da Meta que veio reforçar que a empresa “não vai ser dona” do metaverso

Naomi Gleit, líder de produto da Meta, foi um dos nomes da empresa que passou pela Web Summit, já na tarde do último dia da cimeira. Antes disso acontecer, já as referências à empresa e à viragem para o metaverso tinham sido incluídas em várias conversas.

Gleit, uma das funcionárias mais antigas da tecnológica, veio a Portugal mostrar que a empresa continua a apostar nestes planos, apesar de todo o contexto desafiante que se vive atualmente e que pressiona o setor da tecnologia. Há 17 anos a trabalhar na empresa, fez questão de mostrar como esta já mudou ao longo dos anos – mas não se comprometeu com grandes detalhes sobre os planos da empresa no metaverso. Naomi Gleit preferiu jogar pelo seguro e dizer que, quando se fazem “exercícios para prever onde vamos estar daqui a 10, 15 anos, vamos errar algumas coisas”.

Naomi Gleit trabalha há 17 anos no Facebook/Meta.

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Ainda assim, partilhou qual é a sua definição para o metaverso, algo que ainda só está a dar os primeiros passos. “Gosto de definir o metaverso como o futuro da internet”. No futuro, disse que acredita que “as pessoas vão experienciar a internet, aceder através de dispositivos de realidade virtual ou óculos inteligentes.”

Naomi Gleit foi mais convicta em alguns pontos do que noutros, logo a começar pela negação de algumas ideias em torno do metaverso. “Há a ideia de que o metaverso vai ser sobre jogos”, algo de que Gleit discorda, notando que “nem sequer é uma grande jogadora”. Outra “concepção comum errada é a de que o metaverso vai substituir estarmos juntos pessoalmente. Acho que nada vai substituir isso e essa é uma lição que podemos tirar dos últimos anos.”

O metaverso, disse Naomi Gleit, “é uma grande aposta, acho que é importante corrermos estes grandes riscos de forma a inovar.” “A tecnologia está sempre a evoluir e estamos a criar para a tecnologia social do momento mas também temos de construir para o futuro, que acreditamos ser o metaverso.”

E, tal como Mark Zuckerberg fez em várias ocasiões e Nick Clegg, outro dos responsáveis da Meta, na edição da Web Summit de 2021, Gleit repetiu em 2022 que “a Meta não vai ser dona do metaverso”. “Acho que nenhuma empresa conseguirá. Tal como não aconteceu com a internet”, exemplificando que “também não há uma internet da Apple ou a internet da Microsoft.”

Meta garante que “não vai ser dona do metaverso”. “Acho que nenhuma empresa conseguirá”

“Acho que isto [metaverso] vai acontecer, quer seja com a Meta ou não. Já falámos sobre como o arco da tecnologia está a virar-se para ser cada vez mais imersivo.”

E notou que o facto de haver “tanta energia e investimento nesta direção” contribui para que o metaverso seja visto como a next big thing. “Algumas coisas vão funcionar, outras não, mas a direção geral aponta para algo mais imersivo.

Há tendência a vilanizar a Meta – mas também há apoiantes de Zuckerberg

A oradora da Meta, a empresa que é dona do Facebook e tem sérios planos para o metaverso, só falou no último dia da Web Summit. Mas, dada a dimensão da empresa e o facto de estar a canalizar milhares de milhões de dólares para o metaverso, algo que está também a sair caro a Mark Zuckerberg, fez com que se tornasse um nome recorrente ao longo dos vários dias de Web Summit.

Num dos painéis do evento, dedicado a como é que pode ser monetizado o metaverso, as três oradoras dividiram-se sobre estes planos da gigante de redes sociais. Maha Aboulenein, fundadora e CEO da Digital & Savvy, que ajuda a solidificar a estratégia digital de empresas a partir do Dubai, diz que até já falou “com o Mark [Zuckerberg] em algumas calls” sobre o tema. E recorda que o cenário em torno do metaverso é diferente do contexto de outros tempos.

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“Quando as redes sociais foram criadas já havia o iPhone e smartphones, estava a desenvolver-se uma aplicação para isso. Agora a visão dele é a de ter o software primeiro e depois o hardware. E estão no início”, explicou. Mas reconhece que “o mercado não está preparado ainda e os números estão a mostrá-lo.” Na semana passada, a Meta deixou mesmo o alerta de que a Reality Labs, a divisão que inclui os trabalhos no metaverso, deverá continuar a ter resultados negativos em 2023. O panorama é sensível, mas Maha Aboulenein diz que continua a “acreditar” no metaverso.

“É muito fácil vilanizar o Facebook”, reconhece Amy Peck, fundadora e CEO da empresa de consultoria de extended reality. A posição é mais moderada, ainda que tenha dado “graças a Deus por Mark Zuckerberg”. Não porque defenda que o empresário norte-americano está a resolver a charada do metaverso, mas “porque fez incidir uma luz naquilo que é esta oportunidade”. E notou que as grandes tecnológicas, incluindo a Microsoft, “estão todas a investir”. “Vai levar muito tempo, mas podemos apoiar [a ideia] e, enquanto consumidores, dizer o que queremos fazer.” Até este ponto do campeonato, diz que está preparada para demonstrar confiança na promessa de que o metaverso vai ser aberto, como já mostrou Zuckerberg. “Vamos acreditar nele até ao dia em que isso deixe de ser verdade.”

Já Amanda Cassatt, CEO da Serotonin, uma empresa de estratégia de marketing nascida no mundo das cripto, está do outro lado da barricada. “Vou vilanizar o Facebook. Acho que o metaverso é uma boa aposta”, começou por dizer, mas reconheceu ter mais dúvidas sobre se o investimento, os anúncios e o esforço da empresa de Zuckerberg são suficientes para garantir o estatuto de líder do pelotão. E lançou uma farpa, referindo que até podia não ser boa ideia “confundir o nome Meta com metaverso”.

O metaverso também pode ser para as crianças?

Jogos, trabalho, concertos, indústria, gémeos digitais… Até agora são estes muitos dos usos que têm sido falados em relação a planos e aplicações do metaverso. No entanto, foi num dos painéis, onde o tema principal nem sequer era o metaverso, que surgiu um alerta.

Enquanto debatiam o tema “Marketing em 2023”, o fundador e presidente executivo da S4 Capital, Martin Sorrell, e Julia Goldin, diretora global de produto e gestor de marketing do grupo Lego, acabaram por abordar a tendência do metaverso. “Há tanta discussão sobre o metaverso e sobre o que vai ser”, reconheceu Martin Sorrell.

Julia Goldin, diretor global produto Lego Group

Julia Goldin, do Lego Group, defendeu uma abordagem do metaverso que tenha as crianças em conta.

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“Temos de garantir que o metaverso é desenhado tendo em conta as crianças”, lembrou Julia Goldin. “A Web 2 [a atual fase da internet onde estamos] não o foi”, relembrou a responsável da Lego. Nesse sentido, disse que o grupo já está a desenvolver alguns trabalhos com a Epic Games, o estúdio de jogos conhecido pelo fenómeno do jogo Fortnite. A parceria entre as duas empresas foi anunciada em abril deste ano, com a premissa de uma parceria a longo prazo para o futuro do metaverso, com o intuito de “torná-lo seguro e divertido para as crianças e famílias”.

A responsável da Lego notou que a parceria estará focada na privacidade, moderação de conteúdos e também no desenvolvimento de controlos parentais. Enquanto Martin Sorrell vaticinou que o metaverso “vai demorar entre cinco a dez anos”, Julia Goldin apontou para algo mais expedito. “Acho que vamos ver alguma coisa a acontecer ainda em 2025”, disse, com um sorriso enigmático.

Volta ao metaverso. Quem quer ditar tendências num mundo digital onde já se compram casas e moda de luxo?

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