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Anos 70. Quando a droga deixou de ser um vício de artistas e passou a ser o flagelo da juventude

De repente, nos anos 70, a droga deixou de ser um vício de artistas para se transformar no “flagelo da nossa juventude". Prisões e julgamentos sucedem-se. Acusam-se os pais. E também o rock.

17 de Fevereiro de 1972. Na sede da Polícia Judiciária em Lisboa tem lugar uma conferência de imprensa. O facto em si nada tem de invulgar: regularmente a PJ convocava os jornalistas para lhes dar conta das investigações que tinha entre mãos. Só que nesse dia não se estava perante mais uma conferência em que se anunciava o desvendar de um envenenamento passional ou a descoberta de uma nova burla. A presença do director da PJ, o juiz Adelino Robalo Cordeiro, confirma a importância das informações que vão ser transmitidas aos jornalistas ali presentes. As referências à Brigada Especial de Estupefacientes tornam evidente o assunto de que se vai falar: droga.

Durante a conferência, fica a saber-se que 48 pessoas repartem entre si acusações tão diversas quanto consumirem drogas ou trazerem-nas de Inglaterra, Holanda e Marrocos. Mas não só: alguns dos detidos são também acusados de terem mantido uma plantação de marijuana na zona da Nazaré. Há também referências a uma plantação em plena Lisboa, no quintal de uma casa na Calçada dos Mestres.

As declarações dos detidos traçam também um roteiro lisboeta para quem vende e para quem compra droga: Praça de Londres, o café Galeto, na Avenida da República, e a galeria ITAU, na Alameda D. Afonso Henriques, são alguns dos locais onde os réus dizem ter obtido droga em Lisboa. 

As declarações dos detidos traçam também um roteiro lisboeta para quem vende e para quem compra droga: Praça de Londres, o café Galeto, na Avenida da República, e a galeria ITAU, na Alameda D. Afonso Henriques, são alguns dos locais onde os réus dizem ter obtido droga em Lisboa. Para mais a presença de estrangeiros – dois franceses, dois americanos e quatro ingleses – entre os acusados pela PJ aumenta o alarme acerca da dimensão e das ligações internacionais desta rede.

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O facto de o consumo de drogas ser referido em alguns dos grandes casos internacionais da época – o assassínio de um guarda-costas dos actores Alain e Nathalie Delon e muito particularmente nos massacres levados a cabo pela chamada “família Manson” – aumenta o alarme social em torno das notícias que confirmam não só a presença de droga em Portugal mas também a alteração no perfil dos seus consumidores: em pouco tempo as drogas tinham deixado de ser um vício restrito a um pequeno círculo de artistas e excêntricos para se tornar no que vai ser definido como o flagelo da nossa juventude.

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Droga: de privilégio da fortuna a flagelo da nossa juventude

Escassos três anos antes desta operação da PJ, as toxicomanias em Portugal eram apresentadas como um vício a juntar aos muitos que aos olhos da opinião pública caracterizavam as vidas ora demasiado fáceis dos ricos ora sem regras dos artistas. Ou daqueles que acumulavam as duas condições. Em Dezembro desse ano de 69 os jornais faziam-se eco de um estudo de Fragoso Mendes, médico psiquiatra e presidente da Liga de Higiene Mental, que, após ter estudado os 162 casos de toxicómanos internados entre 1948 e 1968, concluíra que “os números citados demonstram-nos que as toxicomanias são mais frequentes nas classes sociais mais ricas, como um privilégio da fortuna, mostrando a fraca capacidade de compra das classes proletárias entre nós.” Ao consumo de drogas enquanto consequência dos privilégios da fortuna juntavam-se também as excepções profissionais: os técnicos que tinham acesso mais facilitado aos estupefacientes, como os médicos, enfermeiras e farmacêuticos, eram os profissionais que neste estudo registavam casos mais graves de toxicodependência.

Em 1969 estávamos portanto face a uma abordagem sócio-económica das drogas: de um lado estava o povo consumindo livremente o chamado “tóxico dos pobres”, o vinho, e do outro tínhamos aqueles adultos que alguns privilégios sociais ou profissionais tinham tornado mais difíceis de satisfazer e que portanto tinham no muito restrito consumo de drogas um prolongamento desse estatuto já de si excepcional

Em 1969 estávamos portanto face a uma abordagem sócio-económica das drogas: de um lado estava o povo consumindo livremente o chamado “tóxico dos pobres”, o vinho, e do outro tínhamos aqueles adultos que alguns privilégios sociais ou profissionais tinham tornado mais difíceis de satisfazer e que portanto tinham no muito restrito consumo de drogas um prolongamento desse estatuto já de si excepcional.

O quadro legal sobre os estupefacientes confirmava esta visão do consumo de drogas enquanto fenómeno de um mundo de excepção: até ao final dos anos 60, Portugal regia-se em matéria de drogas por um decreto de 1926, contemporâneo do tempo em que Almeida Amaral e Cruz e Sousa versejavam sobre a “Maldita Cocaína”, enquanto “pó de maldição” que a par da morfina deixava o seu rasto mortal entre artistas, marginais e jornalistas.

Como é que desse quadro do consumo de drogas por artistas e excêntricos que pouco parecia ter mudado desde os anos 20 se chega à droga enquanto vício não só capaz de entrar em qualquer casa como até nas escolas? Não tinha declarado um dos detidos em Fevereiro de 1972 ter-se iniciado no consumo de drogas na escola secundária António Arroio?

Quer pela dimensão da operação – 48 visados, 45 dos quais foram detidos, apreensão de várias drogas entre as quais haxixe, marijuana e 6679 comprimidos de LSD – quer pela diversidade de locais em que a PJ detectara a actividade da rede – Caminha, Estoril, Nazaré, Lisboa, Cascais, Costa da Caparica, Albufeira – não só se estava perante um caso de uma dimensão até aí invulgar como se tornava evidente que no início da década de 70 algo tinha mudado drasticamente em Portugal no que respeitava ao consumo de drogas: o seu consumo pelos jovens não era mais um problema restrito desse ‘lá fora’ de que Portugal, para o melhor e para o pior, se acreditava longe.

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Falar de droga nestes anos é como assistirmos a um filme cuja acção acelera vertiginosamente entre 1970 e 1972: dados apresentados na Assembleia Nacional durante o debate sobre toxicomania que tem lugar em 1973 indicam ter sido detectados 137 novos casos de consumidores de droga em 1971 e 1972. Quase metade desses consumidores tinham entre 16 a 20 anos. 82 por cento tinham menos de 30 anos. Ou seja em dois anos o número de casos –137 – aproximara-se dos 162 referidos pela Liga de Higiene Mental para o período 1948-1968. Nesta mudança há de tudo um pouco. E um acontecimento incontornável: o festival de Vilar de Mouros de 1971.

Antes e depois de Vilar de Mouros

Para as autoridades o Verão de 1971 marca em Portugal um antes e um depois nesta matéria. Ou mais exactamente, nas investigações policiais ao consumo e tráfico de drogas em Portugal existe um antes e um depois de Vilar de Mouros.

Como revela a PJ na conferência de imprensa de 17 de Fevereiro de 1972: “As investigações iniciaram-se a partir do conhecimento de que alguns elementos «hippies» consumiam drogas numa «comunidade» radicada em Vilar de Mouros, onde se haviam reunido para assistir ao festival de música «pop» ali realizado em Agosto passado, e onde continuaram a residir em casebres arrendados.”

Naturalmente zonas como a Nazaré, Costa da Caparica, Estoril, Carcavelos, São Pedro de Moel e Cascais não precisaram que o festival de Vilar de Mouros acontecesse para descobrirem a droga. De igual modo as discotecas de Albufeira “Sylvia’s” e “Sete e Meio” já eram frequentadas pelos dealers antes que no outro extremo de Portugal milhares de jovens se concentrassem em Vilar de Mouros. Mas o festival não só tornou óbvio o que até então se passava de forma mais discreta como, não menos importante, colocou na mira das autoridades grupos de consumidores e traficantes. Como revela a PJ na conferência de imprensa de 17 de Fevereiro de 1972: “As investigações iniciaram-se a partir do conhecimento de que alguns elementos «hippies» consumiam drogas numa «comunidade» radicada em Vilar de Mouros, onde se haviam reunido para assistir ao festival de música «pop» ali realizado em Agosto passado, e onde continuaram a residir em casebres arrendados.”

À luz destas declarações da PJ entende-se melhor o sentido do despacho enviado aos governadores civis de todos os distritos no início de Dezembro de 1971 pelo ministro do Interior, Gonçalves Rapazote, sobre o “magno problema da disseminação da droga no nosso país”, instando-os a “recolher uma informação cuidadosa sobre os lugares onde se suspeita o seu uso – nomeadamente boîtes e cafés.”

Pouco depois a PJ e a GNR fazem detenções em Caminha. Seguem-se novas prisões. Desta vez na Nazaré, Estoril e Algarve. E a 17 de Fevereiro de 1972 a PJ fazia a conferência de imprensa em que confirmava o que era mais ou menos óbvio: o consumo de drogas mudara em Portugal.

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Isto se pensarmos em Portugal continental, que então se chamava metrópole. Porque se passarmos para os então territórios ultramarinos a realidade era outra. E muito mais complexa.

E África?

A descoberta no fim de Julho de 1970 de uma plantação de marijuana em Luanda, na ilha do Mussulo, gerou várias notícias em que para lá dos detalhes sobre essa plantação e o seu sistema de redes protectoras se constatava que outras plantações tinham sido anteriormente detectadas e destruídas em Angola. No “Diário Popular”, o jornalista Agnello Paiva, numa reportagem publicada a 5 de Agosto de 1970, dá conta duma Luanda onde diz serem “às centenas” os vendedores de marijuana – 20 gramas custavam 5$00. Mas diz também que os compradores não se limitavam aos jovens de Luanda: estrangeiros de passagem, como os tripulantes de cargueiros, compravam marijuana em Luanda para a depois a revenderem nos EUA, Suécia, Noruega etc…

Em Março de 1973, mês em que na Assembleia Nacional teve lugar um importante debate sobre o que se designava como toxicomania, a deputada por Angola, Sinclética Torres, apresentou números: em 1971 tinham sido detectados mais 376 casos de toxicomania em Angola. Em 1972 o número cresceu para 461. Embora estes números sejam muito superiores aos 137 casos detectados em igual período no então território metropolitano há que ter em conta que eles ilustram apenas uma pequena parte da realidade que então se vivia em Angola.

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Não só porque era crescente a popularização do consumo de marijuana entre os jovens mas também porque havia que lidar com a questão dos consumos tradicionais efectuados pelas populações nativas. Sinclética Torres leva este problema ao debate que em Março de 1973 tem lugar na Assembleia Nacional. Explica Sinclética Torres: «Tanto a liamba ou marijuana como a cola são utilizadas pelos nativos tradicionalmente desde sempre; entretanto, de há uns anos para cá, a marijuana passou a ser largamente consumida sob a forma de cigarro por uma população civilizada, quer de etnia africana, quer de etnia europeia. (…) Já cometemos um erro em relação às bebidas fermentadas, que os tradicionais sempre usaram e nunca provocaram os efeitos que certos fermentados industrializados produziram, para as quais, em boa hora, o Governo tomou as medidas que se impunham. Se alguma coisa havia a fazer com os produtores autóctones, seria uma vigilância mais apertada às condições de higiene na manipulação do produto, ou talvez nem isso. De resto, não passava de uma inofensiva bebida, negócio de gente humilde para servir humildes como eles. Espero que em relação aos tradicionais fumadores de liamba haja um certo cuidado na maneira de actuar.”

Sinclética Torres não é a única dos intervenientes a quem o contacto com a realidade fora da Europa dá uma mais valia incontornável. Entre os outros participantes destaca-se o nome do deputado macaense Delfino Ribeiro, especialista nesta área, que a 2 de Março de 1973 faz na AN uma descrição exaustiva dos diversos tipos de drogas, como e onde se produziam, os seus efeitos, os perfis dos consumidores de drogas…

Outro aspecto – este político – do consumo dos estupefacientes abordado nesse debate parlamentar prende-se com o facto de Portugal ser um país em guerra: “Todos lemos ou ouvimos dizer da acção da droga no Vietname sobre os militares americanos, utilizando os meios mais subtis e atraentes para minar o seu moral. (…) O célebre morticínio de My Lai não deixou de ser explorado como resultado da droga. No nosso caso, perante a situação que nos forçam a enfrentar em África, é lícito e humano estar inquieto.”

Outro aspecto – este político – do consumo dos estupefacientes abordado nesse debate parlamentar prende-se com o facto de Portugal ser um país em guerra: “Todos lemos ou ouvimos dizer da acção da droga no Vietname sobre os militares americanos, utilizando os meios mais subtis e atraentes para minar o seu moral. (…) O célebre morticínio de My Lai não deixou de ser explorado como resultado da droga. No nosso caso, perante a situação que nos forçam a enfrentar em África, é lícito e humano estar inquieto.” – declara o deputado Roboredo e Silva. Para lá da informação a que como militar o deputado poderia ter eventualmente acesso algumas notícias publicadas nos jornais fundamentavam junto da opinião píblica esta inquietação de Roboredo e Silva: em Luanda, desaparecera cocaína de um laboratório militar e não eram raras as notícias dando conta da condenação por tráfico de drogas de militares regressados de África.

Outra das constantes nas intervenções na Assembleia Nacional é a convicção enraizada entre os parlamentares de que a droga afectava quase exclusivamente o mundo ocidental. A imagem dos jovens afectados pelo consumo de drogas é vista nesta época, e as intervenções na Assembleia Nacional são disso um exemplo, como o atestado do falhanço senão total pelo menos parcial do Ocidente. Falhanço ainda mais acentuado pelo contraste que os jovens drogados ofereciam com as imagens duma juventude sadia e patriótica provenientes do mundo comunista.

“Se o seu pai e a sua mãe nunca se tivessem separado, alguma vez teria tomado drogas?”

Ao mesmo tempo que a droga se transformava no “flagelo da nossa juventude” tinha lugar na Boa-Hora um julgamento em que, por momentos, parecia que se tinha recuado aos tempos em que a droga era um vício restrito ao mundo dos artistas. Entre os 42 réus sobram nomes conhecidos do meio teatral e das belas-artes, como eram os casos dos actores João Perry, Eunice Muñoz e do escultor Lagoa Henriques. À notoriedade de alguns dos réus acresce a das suas testemunhas: juízes, membros do Governo, figuras públicas como Ary dos Santos ou a actriz Amélia Rey Colaço. A maior parte dos acusados está perto dos trinta anos ou já os fez. Quatro dos réus têm mais de 40. Muitos são casados e pais ou mães de família…

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Quase tudo neste caso – até a presença de um médico e de uma farmacêutica entre os acusados – remete para aquele tempo em que a droga era um problema restrito a gente com vidas excepcionais. Mas se casos como este aguçavam a curiosidade dos leitores, a verdade é que as preocupações destes últimos com o consumo de drogas cresciam quando os réus deixavam de ser os boémios-suspeitos do costume para passarem a ser os seus filhos, ou os amigos dos seus filhos. Para mais. os grandes julgamentos por tráfico e consumo de drogas estavam a sentar no banco dos réus outros protagonistas: os pais.

“Se o seu pai e a sua mãe nunca se tivessem separado, alguma vez teria tomado drogas?” – pergunta a 26 de Junho de 1972 o advogado de defesa Serra Lopes ao jovem Francisco G.. É a segunda vez que Francisco, um dos envolvidos na operação revelada pela PJ em Fevereiro de 1972, é ouvido naquela sala do Tribunal da Boa Hora. O advogado Serra Lopes ocupara a primeira parte das declarações a tentar provar que Francisco nunca obteve lucros com a venda dos estupefacientes, ilibando-o assim da acusação de tráfico. A fase seguinte é explicar o que levou aquele jovem, em 1969, quando contava apenas 14 anos, a fumar liamba pela primeira vez. E é aí que se ouve Serra Lopes perguntar: “Se o seu pai e a sua mãe nunca se tivessem separado, alguma vez teria tomado drogas?”

A resposta de Francisco é ouvida como uma acusação: “Não.” Uma acusação à sua família e a tantas outras atravessadas pelas separações e divórcios: as famílias dos jovens envolvidos neste processo do “caso das drogas” e noutros que se vão seguir vão ser também elas julgadas, muito particularmente nos casos em que o casamento dos pais falhara.

Paradoxalmente os pais dos anos 70, cujas regras serão contestadas pelos seus filhos duma forma tão activa, serão culpabilizados por terem eles mesmos falhado no cumprimento dessas regras: um jovem que consumia drogas era também um jovem cujos pais se tinham separado, uma adolescente cuja família fracassara...

Paradoxalmente os pais dos anos 70, cujas regras serão contestadas pelos seus filhos duma forma tão activa, serão culpabilizados por terem eles mesmos falhado no cumprimento dessas regras: um jovem que consumia drogas era também um jovem cujos pais se tinham separado, uma adolescente cuja família fracassara…

Num sinal de como tudo estava a mudar neste domínio, rapidamente outro “caso das drogas” deu que falar. E depois outro e mais outro. Mas para lá da história dramática de cada um dos seus protagonistas, eles são os símbolos da transformação no consumo de estupefacientes, em Portugal no início dos anos 70, os anos em que as drogas deixaram de ser um  segredo de artistas, boémios e de alguns médicos para  se tornarem no vício capaz de entrar em cada casa, franquear a porta das escolas e roubar a nossa juventude. Ou seja os filhos de cada um.

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