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"Havia algo naquele fato de banho e no facto de recriar aquele momento que me pareceu muito sagrado. Era importante que o fizéssemos bem", disse a atriz Elizabeth Debicki, que interpreta Diana
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"Havia algo naquele fato de banho e no facto de recriar aquele momento que me pareceu muito sagrado. Era importante que o fizéssemos bem", disse a atriz Elizabeth Debicki, que interpreta Diana

Daniel Escale/Netflix

"Havia algo naquele fato de banho e no facto de recriar aquele momento que me pareceu muito sagrado. Era importante que o fizéssemos bem", disse a atriz Elizabeth Debicki, que interpreta Diana

Daniel Escale/Netflix

As perseguições dos paparazzi, os amuletos da rainha e "aquele fato de banho azul": o que traz a última temporada de The Crown?

Depois de 60 episódios e mais de 300 milhões de euros, chega ao fim a série sobre a família real britânica. A primeira parte da sexta temporada fica disponível na Netflix a 16 de novembro.

O princípio do fim está marcado para 16 de novembro. Nesse dia ficam disponíveis os quatro episódios da primeira parte da sexta e última temporada de The Crown. Os restantes seis chegam a 14 de dezembro. Esta é a fase mais aguardada da série, já que cobre o período mais conturbado da família real britânica: a morte da princesa Diana em 1997, a revolta e a tristeza da população e a forma como a rainha Isabel II teve de lidar com a opinião pública, enquanto em privado havia duas crianças, William e Harry, que tinham acabado de perder a mãe e precisavam de apoio.

Foi uma temporada de “lágrimas” para Carlos, revelou o ator Dominic West, que interpreta o agora rei na ficção; enquanto Elizabeth Debicki se esforçou por honrar momentos “sagrados”, que seriam os últimos da princesa Diana. O acidente fatal de agosto de 1997, em Paris, ficou fora da ficção, mas há muitas cenas de perseguições de paparazzi que foram física e mentalmente difíceis para os atores. A somar a isso, o criador de The Crown, Peter Morgan, teve de vir clarificar uma cena que já foi classificada como sendo de “mau gosto”.

[o trailer da primeira parte da sexta e última temporada de “The Crown”:]

Além das tragédias, os últimos capítulos terão o casamento de Carlos e Camilla e o início da relação de William e Kate. Essas cenas foram das poucas gravadas exatamente onde aconteceram na vida real. Ao longo das seis temporadas, foram construídos 2448 cenários em vários pontos do mundo. Se a média fosse calculada, cada um teria tido direito a 75 segundos no ecrã. A série custou cerca de 344 milhões de euros, muito mais do que os iniciais um milhão que estavam previstos para cada episódio (no total, são 60). Teve vários atores a interpretarem a mesma personagem em diferentes fases da vida e deu uma perspetiva íntima e inédita sobre aquela que é, provavelmente, a família real mais conhecida do mundo.

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Antes da estreia da primeira parte da sexta temporada, estes são alguns dos detalhes dos bastidores que a equipa de atores, responsáveis de diversos departamentos e criador foram partilhando.

Uma réplica quase exata do Hotel Ritz

Diana estava instalada no Ritz, em Paris, quando sofreu o acidente no qual acabaria por morrer a 31 de agosto de 1997. As imagens das câmaras de vigilância dos elevadores do hotel, as últimas da princesa em vida, foram reproduzidas em todo o lado até à exaustão.

Filmar no verdadeiro hotel nunca foi uma possibilidade. Então, as 24 pessoas responsáveis pelos sets reproduziram os espaços de raiz. “Tivemos de juntar muitos bocados. Parte [gravámos] nos cenários, parte num terreno das traseiras, partes em Paris”, explicou Alison Harvey, uma das responsáveis pelos cenários, à revista Elle Decor.

Filmaram no norte de Londres, em Oxford, e a receção do hotel foi construída num estúdio. Nos espaços interiores há painéis pintados à mão, estofos feitos à medida, alguns candeeiros foram comprados em leilão e tudo tem monogramas. A William Sugg & Co, responsável pela iluminação do pátio do verdadeiro Palácio de Buckingham, foi uma das empresas contratadas. A empresa que fez os toldos do exterior do Ritz, em Paris, produziu réplicas para completar as fachadas.

Amuletos escondidos em gavetas e malas

Os atores nem sempre sabiam o que os esperava quando, por exemplo, abriam uma gaveta durante uma cena. “Adoramos deixar coisas em gavetas”, revelou Alison Harvey.

O ator que interpreta o príncipe Filipe teve direito a “postais marotos”, já que era conhecido pelo sentido de humor e pelas piadas “impróprias”. A rainha Isabel II carrega lembranças dentro da mala.

“Tem um cavalo em miniatura para dar sorte [algo que teria também na vida real], além de um gancho de mesa para pendurar a mala.”

A estreia do casal William e Kate

Nesta última temporada, William cresce (é agora interpretado por Ed McVey) e vai para a faculdade. É lá que conhece Kate Middleton (Meg Bellamy). Se muitas outras localizações tiveram de ser recriadas em estúdio ou substituídas por espaços semelhantes, neste caso, a Universidade de St. Andrews, na Escócia, foi mesmo invadida pela equipa da Netflix.

Justin Downing/Netflix

Prova disso são os vídeos feitos por estudantes atuais, que começaram a circular no TikTok. Além das selfies que os atores tiraram com alguns alunos, uma utilizadora do TikTok partilhou várias imagens do seu quarto, onde a equipa de produção instalou luzes e materiais de filmagem. Lucro para ela: 57€.

A transformação de Elizabeth Debicki

Aos 33 anos, calhou a Elizabeth Debicki a tarefa de interpretar a fase mais caótica da vida de Diana. Transformar a atriz australiana na princesa britânica foi uma tarefa demorada para a equipa de cabelos e maquilhagem. “Tivemos pelo menos quatro sessões de quatro horas a experimentar o guarda-roupa até estarmos prontos para dizer: ‘OK, é isto que vamos fazer’”, confessou Cate Hall, do departamento de figurinos, ao programa Entertainment Tonight.

Tal como na temporada anterior, além de usar perucas para copiar o famoso cabelo curto da princesa Diana, Elizabeth Debicki pintou as sobrancelhas e fez sessões de bronzeamento.

Nos trailers da última temporada é possível ver a atriz com um fato de banho leopardo e outro azul, imagens que toda a gente já tinha visto de Diana, por corresponderem às suas últimas férias. Essas peças não foram difíceis de copiar. Porém, os momentos mais privados que os produtores pediram à equipa de Hall para idealizar, sim.

“Quando a Diana acaba de nadar e se deita ao lado dos filhos, a tentar encontrar um lado mais credível e íntimo, isso foi desafiador.”

Uma cena sagrada

Em 1994, no dia em que Carlos e Camilla assumiram o seu caso amoroso, Diana foi fotografada num evento. Usava um vestido preto, justo, que ficaria conhecido para sempre como o “vestido da vingança”.

Após o divórcio de Carlos, foi fotografada de férias com Dodi Al-Fayed, em 1997, poucas semanas antes de morrer. Sentada na prancha de um iate, sozinha no meio do oceano, parecia o espelho do isolamento e da solidão que estaria a viver na sua vida pessoal. A imprensa não tardou a fazer esse paralelismo, sobressaindo nas imagens o fato de banho azul hipnotizante que usava. Esse instante foi recriado para a sexta temporada de The Crown.

“Havia algo naquele fato de banho e no facto de recriar aquele momento que me pareceu muito sagrado. Era importante que o fizéssemos bem. Como atriz, entro nesse espaço e descubro que emoções há nesse momento. […] Não sabia realmente até estar sentada com o mar debaixo de mim”, disse Elizabeth Debicki ao site australiano news.com.au.

As perseguições dos paparazzi

O acidente fatal em que o carro onde seguiam Diana e Dodi Al-Fayed se despistou num túnel parisiense não foi replicado na ficção. No entanto, há cenas em que os atores estão a ser perseguidos por paparazzi.

“É completamente insuportável. Há alturas em que, enquanto ator — quando estamos a saltar de um prédio, a saltar para a água ou seja o que for —, experenciamos algo muito físico e não há muito trabalho de representação que possa ser feito. Penso que foi o que aconteceu quando estávamos a recriar aquelas cenas. É realmente horrendo ter tanta gente a gritar-nos e a querer algo”, confessou Elizabeth Debicki.

Keith Bernstein/Netflix

Nesses dias, Khalid Abdalla, que interpreta Dodi Al-Fayed, não conseguia desligar-se da personagem quando ia para casa. “Claro que filmávamos as cenas uma e outra vez, o que simula um pouco daquilo que eles viviam uma e outra vez. […] Quando ia para casa, já com as minhas roupas e no meu carro, sempre que uma mota passava por mim, eu estremecia.”

“O pior período” de Carlos

Nunca foi dos membros da família real mais apreciados. Em 1997 já tinha no currículo uma traição muito pública e o divórcio daquela que era considerada a “princesa do povo”. Com a morte de Diana, as coisas não melhoraram para o filho de Isabel II — surgindo até teorias da conspiração que garantiam que ele teria mandado matar a ex-mulher.

“Houve cenas muito pesadas esta temporada e muitas lágrimas para o Carlos”, revelou o ator Dominic West em entrevista ao site Deadline.

“Tento apresentá-lo sob uma luz favorável e não consigo sempre. Mas penso que na parte da temporada em que o William está a fazê-lo passar um mau bocado, em que está muito zangado e não fala com ele, e o Carlos não consegue chegar até ele, ao filho, consigo entender como se sente”, disse o ator.

West assumiu que Carlos era alguém “emotivo” e foi dessa forma que o imaginou a ajudar os filhos a lidar com a morte de Diana. Porém, após o lançamento da biografia do príncipe Harry, Na Sombra, foi preciso repensar a interpretação.

“O Harry escreveu que ele [Carlos] nunca o abraçou, portanto tivemos de mudar isso um pouco. Mas eu de certa forma assumi — supus — que o Carlos era alguém emotivo e de coração aberto apesar do exterior aprumado, que obviamente tem de ter em público.”

As aparições de Diana

A algumas semanas da estreia, o Daily Mail revelou, de forma não autorizada, algumas cenas passadas nos dias após a morte de Diana. Nelas, a princesa fala com Carlos e a rainha como se estivesse a aparecer-lhes em sonhos.

A sequência foi classificada como uma escolha de “mau gosto”. A isso, o criador da série, Peter Morgan, respondeu durante uma entrevista à revista Variety.

“Nunca imaginei a Diana como um ‘fantasma’ na visão tradicional do termo. […] Era [uma forma de] continuar a viver de forma vívida nas mentes daqueles que deixou para trás.”

Um filme depois da série?

Os últimos momentos de The Crown serão sobre o casamento de Carlos e Camilla, em 2005. Muito aconteceu desde então e os dois são agora rei e rainha de Inglaterra. Também a opinião pública mudou, disse Peter Morgan, criador da série, numa conferência de imprensa.

“Ele parece um rei confiante e relaxado e ela uma rainha confiante e relaxada — ainda não deram um passo em falso. O que não significa que não tenham passado períodos muito difíceis — mais pela força do sentimento que havia por Diana e pela sensação de injustiça”.

Sobre a conclusão do projeto, o responsável tem um sentimento de perda. “A alegria e aquilo de que já sinto falta é escrever sobre uma família multigeracional. É a melhor coisa para um guionista: escrever sobre o que nos une, as experiências humanas e os desafios, a forma como as várias gerações interagem.”

Fala-se já de um filme que possa dar continuidade à história, desde 2005 até aos dias de hoje, mas, para já, ainda não há confirmação oficial.

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