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Rui Oliveira/Observador

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Aurora Pinto, administradora da Livraria Lello: “Estamos a pensar ter no Porto as três livrarias mais bonitas do mundo”

No dia em que a Lello faz 115 anos, Aurora Pinto, administradora da livraria, fala da cultura enquanto negócio, do mito do Harry Potter, da ausência de turismo e dos projetos que tem para o futuro.

Conheceu a Lello, considerada por muitos uma das livrarias mais bonitas do mundo, quando estudava na faculdade, longe de imaginar que um dia iria ser administradora daquele negócio. Licenciou-se em direito e, apesar de nunca ter exercido, deu aulas durante quase 30 anos. Em 2015, tornou-se, com o marido, sócia maioritária do projeto e encontrou uma livraria bonita, mas desatualizada, com dificuldades económicas e onde chovia dentro de portas. Formou uma equipa, delineou uma estratégia financeira, fez obras de recuperação e transformou a Lello num dos maiores pontos turísticos da cidade do Porto.

Numa altura em que o espaço, classificado como monumento de interesse público, comemora 115 anos de vida, Aurora Pinto defende a importância de a cultura ser também um negócio rentável, da importância do público local, apesar da maioria dos visitantes serem turistas, e do mito, “maior que a verdade”, que associa a livraria a Harry Potter.

Nos últimos anos, o casal adquiriu vários espaços históricos e com interesse patrimonial na cidade, como o Teatro Sá da Bandeira, a casa de espetáculos mais antiga do Porto, ou a Confeitaria Serrana, famosa pelos painéis do pintor Acácio Lino. O objetivo? “Contribuir para que a cidade seja procurada por ser um polo cultural e não apenas por ter umas tascas simpáticas e umas pessoas friendly.”

A pandemia levou grande parte da faturação da Lello, mas, em contrapartida, permitiu que se desenvolvessem outros projetos para o futuro. Uma aplicação móvel interativa, uma sala dedicada a Saramago, um piso recheado com o espólio dos autores que ganharam o prémio Nobel da Literatura, uma área dedicada a exemplares de negócios livreiros que não sobreviveram e um novo edifício assinado pelo arquiteto Siza Vieira são algumas das novidades.

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"A maior parte dos livros são efetivamente comprados pelo público internacional porque ele é o nosso maior visitante"

Rui Oliveira/Observador

Muito pouco se sabe sobre si.
Nasci em Vizela, vim para o Porto com sete anos, para a primeira classe, e depois fiz o meu percurso todo cá. Comecei por cursar engenharia, muito por influência dos meus pais, mas não gostava nada daquilo. Acabei por tirar a licenciatura em direito, não cheguei a exercer porque me convidaram para dar aulas na universidade e foi a minha vida durante quase 30 anos. Quando eu e o meu marido [Pedro Pinto] comprámos a maioria do capital da Lello ainda dava aulas, mas depois, por um lado, estava cada vez mais apaixonada pela livraria e pelo trabalho que tínhamos aqui para desenvolver, por outro lado, a vida de professor estava demasiado administrativa. Perdi o encanto pela professou e acabei por me dedicar à livraria a tempo inteiro.

Recorda-se da primeira memória que tem da Lello?
Sim, foi no tempo de estudante na faculdade. Tinha várias amigas na faculdade de ciências, reuníamo-nos muitas vezes no Piolho e lembro-me de vir à livraria com elas. Era um sítio bonito, mas estava longe de imaginar que o meu futuro passaria por aqui.

Quando chega à administração, em 2015, o que encontra?
Nessa altura a cidade começava a viver um pouco a influência do fluxo turístico, a baixa saiu daquele marasmo em que sentíamos medo de sair à noite, havia mais gente, o património edificado histórico estava a ser cuidado, a cidade começou a ficar mais bonita. A Lello mantinha-se bonita, mas muito decadente. Estava muito necessitada de obras, chovia dentro da livraria, lembro-me de entrar e ver uma bacia em cima de uma mesa com a casa aberta. Foi uma imagem bastante decadente e pouco feliz. Não estava bem economicamente, mas pior do que isso, estava muito má em termos de edificado.

Como surgiu a oportunidade de negócio?
Surgiu porque ela estava no mercado. Tudo o que seja um negócio relacionado com valorização de património edificado e imaterial, é um desejo para nós.

Em 2015, a Lello passou a cobrar um valor de entrada dedutível em livros. Fale-me desta estratégia.
Chegámos em fevereiro ou março e começámos a cobrar a entrada no verão desse mesmo ano, claro que tudo isso partiu de uma estratégia que delineámos. Após um mês de aqui estarmos, percebemos logo que era necessário organizar a própria empresa, que nem e-mail tinha, depois eram necessárias obras urgentes e, finalmente, precisávamos de definir o que queríamos em termos de negócio para este espaço. A cidade começava a ter turistas e a livraria já era visitada por esse público, mas eles entravam e saiam, ou seja, não deixavam história nem levavam história da livraria com eles. Entravam, sem que ninguém lhes explicasse a história do espaço, e nem uma fotografia podiam tirar, porque a certa altura os responsáveis proibiram que se fotografasse a livraria. Isso foi uma das primeiras coisas que alterámos. A nossa vontade foi que o espaço estivesse atento ao fluxo turístico na cidade e que permanecesse uma livraria, não porque sejamos especialmente voltados à leitura. Quando vejo alguém entrar e a dizer ‘uau’, fico feliz, mas quando essa pessoa sai com um livro na mão, fico ainda mais feliz. Não é uma questão de faturação, é transformar um visitante num leitor, é para isso que a Lello existe. Vemos editoras e livraria a fechar, felizmente não é o nosso caso porque recebemos panóplia grande de pessoas, o que faz com que o negócio seja mais próspero. Estamos aqui também pelo negócio, mas se pudermos extrair dele uma parte mais imaterial é ouro sobre azul.

"A fila da livraria Lello, e não temos vergonha de o dizer, é o barómetro turístico do Porto. Isso honra-nos muito e não é nada incomodativo. Se quero menos turistas e mais viajantes, então tenho que fazer de tudo para os transformar e não para os expulsar."

Ao longo dos últimos anos, a Lello tornou-se um ponto turístico quase obrigatório. Isto faz sentido? Fazia falta na cidade?
Fazia falta, claro. É óbvio que a livraria já era visitada por estrangeiros antes, mas as pessoas não entravam num edificado impecável, não lhes eram contadas histórias, que vai desde a tipologia da arquitetura do próprio edifício até às pessoas que passaram por aqui.

A cultura é essencialmente um negócio para vocês? Existe um equilíbrio entre o respeito pelo património e o facto de ele ter que ser rentável e sustentável?
A cultura deve ser rentável e sustentável, o problema é que a generalidade das entidades que estão ligadas à cultura entendem a cultura como um subsídio, ou seja, tudo o que é cultura parece que tem de ser custeado pelo Estado. Nós entendemos que a cultura quando passa por período difíceis deve ser ajudada, aliás, é o que dizemos hoje relativamente a livrarias, editoras e alfarrabistas que vivem em grande dificuldade. Não é o nosso caso, felizmente, não estamos necessitados disso, mas a generalidade das livrarias estão a morrer e amanhã podemos acordar e elas não existirem, isso será algo irreparável, pois elas são polos de cultura e o livro é o elemento mais relevante na história do conhecimento. O cobrar os três euros não só nos permitiu ganhar algum dinheiro para as obras de recuperação da livraria, onde ainda gastamos dois milhões de euros, como permitia também que a pessoa que pagava sentisse vontade de gastar esse valor. Quando cá chegamos, em 2015, menos de 10% dos visitantes compravam um livro e conseguimos passar para os 60%.

Há a ideia de que o negócio é pensado e direcionado mais para turistas do que para o público local. Isto tem fundamento?
A maior parte dos livros são efetivamente comprados pelo público internacional porque ele é o nosso maior visitante. Recebemos 2500 a 3000 pessoas por dia e os portugueses representam um número muito reduzido, no entanto, a livraria continua a ter mais livros portugueses do que em língua estrangeira. Se há coisa que a pandemia nos trouxe foram os portugueses, hoje são eles o nosso principal visitante e isso é um motivo de alegria para nós. Muitos dos que diziam que a Lello estava direcionada para os estrangeiros, recentemente perceberam que a livraria tem um papel fundamental ao dar a conhecer os estrangeiros que a cidade tem história, tem cultura para oferecer e é por isso que deve ser conhecida, não apenas por ter boa gastronomia ou boas pessoas. O Porto é uma cidade tradicionalmente livreira e é uma pena não existir mais gente como nós a fazer força nisso. Temos que manter o livro como um ponto fulcral na cultura do Porto.

"Queremos que aquele espaço [Teatro Sá da Bandeira] esteja relacionado com o livro, mas que continue a ser um teatro, portanto será uma mistura, onde durante o dia possa funcionar como uma livraria e à noite possa ser uma sala de espetáculos."

Que balanço faz destes seis anos à frente do projeto?
Quando cá chegámos, existiam apenas oito funcionários, não havia um e-mail e chovia dentro de portas. Hoje somos mais de 50 colaboradores, vendemos mais de 700.000 livros por ano, quase dois mil livros por dia, retomamos a nossa editora, temos um programa cultural abrangente, comprámos, com o dinheiro que continuamos a amealhar, o Teatro Sá da Bandeira e um edifício vizinho da livraria. Fomos sempre amealhando, nunca tiramos um tostão da empresa, tudo o que ganhámos foi investido na empresa, hoje em dia nem ordenado tenho. Em março, a administração reduziu dois terços do seu ordenado e em junho deixámos mesmo de receber. Tudo aquilo que comprarmos e que possam ser novos espaços culturais na cidade são importantes, porque queremos estar sempre ligados à cultura. Entendemos que o Porto é uma cidade que pode dar-se ao luxo de poder transformar-se num destino cultural. Não tenhamos dúvidas de que o futuro está nos destinos culturais.

Porque razão considera ser essa a tendência?
Qual é a diferença entre um turista e um viajante? Um turista vai para sentir prazer, o viajante vai para conhecer e ter prazer no conhecimento. Cada vez mais se começa a perceber que há turistas a transformarem-se em viajantes. Um dos nosso sonhos no futuro é que na livraria entrem viajantes e hábitos de conhecimento. A fila da livraria Lello, e não temos vergonha de o dizer, é o barómetro turístico do Porto. Isso honra-nos muito e não é nada incomodativo. Se quero menos turistas e mais viajantes, então tenho que fazer de tudo para os transformar e não para os expulsar.

Em 2020, J.K. Rowling, autora da saga Harry Potter, revelou que nunca esteve na Lello. Existiu um aproveitamento da livraria ao associar-se durante tantos anos a esta história?
Existe muito a ideia de que vivemos às custas do Harry Potter e existe muito a mania de dizer que nos aproveitamos disso. Ora, quando cheguei à administração da livraria, ouvimos essa história e fizemos um estudo com uma entidade internacional para perceber se havia algum fundamento. Desse estudo, verificamos que apenas 8% das pessoas que nos visitavam vinham à boleia do Harry Potter.

Calculo que esse número tenha aumentado nos últimos anos.
Bem, em 2019 fizemos um novo estudo e a percentagem não chegou aos 11%, ou seja, nunca foi muito relevante. De facto, há muito essa sensação de que a livraria está associada e vive às custas do Harry Potter, mas não.

No entanto, promoveram diversos eventos onde se deram a conhecer muito associados a esta personagem.
Sim, isso é verdade. A autora disse que nunca esteve aqui e temos de acreditar, mas achamos um pouco estranho porque sabemos que ela visitava uma livraria geograficamente muito perto da Lello. Mas se a senhora diz, nós acreditamos. A verdade é que o mito é muito mais importante do que a verdade, mesmo depois da autora vir dizer que não esteve aqui, muitas pessoas continuam a associar a livraria ao Harry Potter. Os nossos funcionários esclarecem que não, mas as pessoas identificam a escadaria nesse imaginário. Acho que a J.K. Rowling só pode estar feliz porque num sítio que ela nunca conheceu, os seus leitores reveem-se nele. Ela conseguiu algo que todo o criador deve aspirar, que a sua obra seja vista e reconhecida.

Mas há um descolar da livraria deste mito?
Não negávamos a importância que o Harry Potter poderia ter para a livraria, para nós todos os autores são importantes, mas nunca mais dissemos que havia qualquer relação entre este espaço e a história. Quando em 2015 comprámos a livraria, as pessoas disseram-nos que a senhora frequentou o espaço e há funcionários antigos que o continuam a dizer. A verdade é que toda gente fazia essa associação, mas isso não nos trouxe mais procura, aliás, não houve qualquer mudança em termos de procura ou de comunicação. No início até acho que existiu mais curiosidade, mas continuamos a vender livros do Harry Potter sem qualquer problema.

"A confeitaria Serrana há de ter algo de confeitaria, como o teatro Sá da Bandeira há de ter algo de teatro, como a livraria se mantém livraria"

Rui Oliveira/Observador

Em 2017, a Aurora e o marido adquiriram outros imóveis de interesse histórico e patrimonial na cidade, como a Confeitaria Serrana, a Casa Arcozelo ou a Pensão Douro De onde vem este interesse? Fazem-no com que objetivo?
Fazemo-lo essencialmente por paixão, queremos investir em negócios que sejam rentáveis, mas que tenham sempre qualquer coisa que mova essa nossa paixão de requalificar. Para nós, é muito mais importante requalificar do que criar de novo, dá-nos mais prazer e alegria. Pegar num edifício que está mal e ver nele aquele que muitos não viram, é espetacular. Pegar na Lello e saber que ela teve no mercado, que a adquirirmos e conseguimos fazer dela esta pérola, porque é uma pérola, é incrível. Não vou estar aqui com modéstias, fico feliz por ser dona da maioria do capital da livraria. Quem não ficaria? Não é uma questão de dinheiro, pois todo o dinheiro desta casa foi para investir nesta casa.

A intenção é sempre recuperar o património e devolvê-lo à cidade, mantendo a sua função original?
A intenção é preservar o que de melhor ele tem, mantendo sempre a sua vocação inicial. A confeitaria Serrana há de ter algo de confeitaria, como o teatro Sá da Bandeira há de ter algo de teatro, como a livraria se mantém livraria. O objetivo é contribuir, com responsabilidade e de forma séria, para que a cidade seja procurada por ser um polo cultural e não apenas por ter umas tascas simpáticas e umas pessoas friendly. O foco da procura deve ser a cultura.

E os portuenses?
São a nossa primeira preocupação, porque um local só recebe bem se for bem recebido e se perceber a importância de receber. Não renegamos os locais, antes pelo contrário. Na Lello fala-se, fala-se, mas implementamos o cartão Amigo, que a maioria das pessoas desconhece e que permite o acesso sem filas à livraria e a um livreiro especialista exclusivo. Os locais são muito importantes para nós, se reparar em toda a nossa comunicação escrevemos sempre que somos uma livraria do mundo, no Porto. Temos um sentimento de pertença pela cidade.

No ano passado adquiriram o Teatro Sá da Bandeira, a sala de espetáculos mais antiga do Porto, prometendo um projeto inovador. O que nos pode dizer sobre isso?
É muito triste, o projeto está na mesma, não avançou nada, ainda que em termos de brainstorming tenha evoluído. O teatro está neste momento arrendado, foi classificado como património de interesse público e foi também considerado loja histórica, isso depende muito mais da Câmara do Porto do que de nós. Enquanto o arrendatário puder e tiver direito a manter-se lá, não podemos fazer nada. Ninguém pode despejar um arrendatário que esteja num local considerado uma loja histórica, mas andamos preocupados. Em 2020, contratámos uma equipa que fez uma análise às infraestruturas do teatro e, segundo os relatórios que recebemos recentemente, aquilo não está bem em termos de segurança. Esse será o caminho que iremos começar a trilhar, conversar com a câmara e com o arrendatário, porque efetivamente não queremos ter qualquer responsabilidade do que ali possa advir. Aquilo não está, neste momento, a obedecer a regras de segurança, mão temos ainda um prazo para podermos intervir no teatro.

O que têm pensado para desenvolver em termos culturais e artísticos?
Queremos que aquele espaço esteja relacionado com o livro, mas que continue a ser um teatro, portanto será uma mistura, onde durante o dia possa funcionar como uma livraria e à noite possa ser uma sala de espetáculos.

Os outros três imóveis situados na Rua do Loureiro estão na mesma situação?
Sim, uns já estão devolutos, mas a Confeitaria Serrana tem essa classificação e estamos à espera que a dona de algum modo desbloqueie a situação. Convidamos a senhora a ficar lá e oferecemos dinheiro em função da faturação, mas ela não quis. Evidentemente que ela tem os direitos dela e nós temos os nossos, vamos respeitarmo-nos mutuamente, mas temos um projeto espetacular para lá. Estamos a pensar, e penso que vamos conseguir, ter no Porto as três livrarias mais bonitas do mundo. Uma será no teatro e outra será na Serrana.

Que marcas deixou o processo judicial de fraude que foi alvo com o seu marido em 2001?
Deixa sempre marca, caso contrário não me estaria a perguntar por ele. Permitiu-me sentir na pele um processo judicial e a dor que é ver-nos livre dele. Deixou apenas marcas emocionais.

"Não vou estar aqui com modéstias, fico feliz por ser dona da maioria do capital da livraria. Quem não ficaria? Não é uma questão de dinheiro, pois todo o dinheiro desta casa foi para investir nesta casa."

O que a pandemia trouxe e levou da Lello?
Levou a faturação, este momento temos 10 ou 15% do que tínhamos, levou toda uma dinâmica que existia dentro da loja e dispensámos funcionários com contratos a termo. No entanto, trouxe-nos alguma paz para poder fazer coisas que precisávamos muito de fazer, principalmente um projeto digital, que será muito mais do que uma loja online. Mais recentemente, fechámos o nosso espaços nos Armazéns do Castelo, que era arrendado. Ainda tentámos comprar o edifício, mas não nos deixaram. Estamos, neste momento, à procura de espaços para instalar a nossa loja de merchandising.

Essa quebra de faturação colocou em algum momento em causa a sobrevivência do negócio?
Não, porque sempre guardamos tudo o que ganhámos. Como não andamos aí a esbanjar, temos dinheiro. Se me disser que isto vai durar anos, sim, é assustador, mas vejo o futuro com otimismo. Acho que 2021 poderá ser o ano em que podemos tirar a máscara e trocar afetos, isso é o mais importante. Se formos genuínos, se recebermos bem e com carinho, as pessoas chegam e o dinheiro vem. Não quero que o dinheiro seja o objetivo, quero que ele seja a consequência.

O que têm preparado para celebrar os 115 anos da livraria?
Todos os aniversários apresentamos sempre uma instalação artística, este ano a nossa ideia passava por um grito de libertação de 2020 e um grito de esperança e otimismo a 2021. Olhando para a livraria, aquilo que ela tem de mais icónico é mesmo a sua escadaria, então decidimos que o espaço da intervenção seria ali. Decidimos mudar a sua cor, porque era algo que ninguém estaria à espera, falámos a Pantone, a entidade que dita a cor de cada ano. No inicio de dezembro, definiu a cor de 2021, que na verdade são duas, o cinza e o amarelo, dando a ideia de contraste que também pretendíamos passar. A escadaria da Lello ficará pincelada com estas duas cores até abril, altura em que iremos repor a cor original.

Existem outros projetos pensados para o futuro?
Sim, estamos desenvolver um projeto digita que será lançado na primavera, uma aplicação móvel com um livreiro digital a acompanhar as pessoas, através da inteligência artificial, e um espaço destinado para as crianças. Refizemos também o nosso site e teremos uma loja online. Além disso, comprámos o número 148 da Rua das Carmelitas, entrada vizinha da livraria, onde pretendemos criar um espaço de cultura, que permita fazer aquilo que muitas vezes não conseguimos fazer na livraria, como exposições, conferências ou debates com mais gente. Para isso, convidámos o arquiteto Álvaro Siza Vieira, que não tem projetos na parte histórica da cidade, para intervir neste edifício, demos-lhe carta branca e pensamos que o projeto possa estar concluído ainda este ano. Outra das coisas que queremos fazer, e que vem na sequência da carta aberta em dezembro, é criar um espaço na livraria para receber o espólio de negócios livreiros que não sobrevivam. Será uma forma de manter a sua história e preservar a sua memória. Ainda este ano, esperamos também dar a conhecer um projeto, em parceria com a revista Time, onde o primeiro andar da Lello será dedicado aos prémios Nobel da Literatura. Em breve, teremos também uma sala dedicada a José Saramago, com uma exposição permanente realizada em parceria com a Fundação José Saramago, em Lisboa.

 
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