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dpa/picture alliance via Getty I

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Com ou sem costuras, como fazer uma máscara em casa e que materiais são mais eficazes

EUA são o mais recente país a recomendar o uso de máscara e Portugal não exclui essa possibilidade. Mas, para que não faltem aos médicos, há exemplos de versões caseiras que podem ajudar.

É uma das questões que mais tem dividido as políticas de vários governos para travar a evolução do surto do novo coronavírus: as máscaras devem ou não ser usadas por todos, sobretudo quando estou em espaço fechados ou em contacto com outras pessoas?

Vista como natural nos países orientais — onde o uso da máscara é comum, mesmo que não em situações de epidemia —, a máscara tem passado de não recomendada a proteção obrigatória também em países ocidentais. Em algumas regiões de Itália, sobretudo no Norte, não ter a boca e o nariz tapados em espaço público pode valer multas de várias centenas de euros. Na Áustria, na República Checa e em Israel, por exemplo, o uso generalizado — em qualquer circunstância ou em locais com maior concentração de pessoas — também passou a ser obrigatório. E o facto de não haver máscaras cirúrgicas disponíveis para toda a população fez com que esses países lançassem campanhas que ensinam a fazê-las em casa, com vários tipos de tecido.

Nestes países europeus, usar máscaras de proteção tornou-se obrigatório

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O mesmo aconteceu mais recentemente nos Estados Unidos, com o próprio Centro de Controlo de Doenças a emitir tutoriais e vídeos explicativos de como produzir máscaras caseiras.

https://www.youtube.com/watch?v=tPx1yqvJgf4

Estes países decidiram não esperar por novas recomendações da OMS que, ainda esta semana, anunciou que estava a estudar a questão das máscaras para decidir se deve mudar a sua recomendação. O que a OMS defende, neste momento, é que pessoas aparentemente saudáveis e sem sintomas só devem utilizar máscara “se estiverem a tomar conta de alguém que se suspeita estar infetado” com Covid-19. A decisão é justificada com custos (já que uma corrida às mascaras poderia agravar a falta de material para profissionais de saúde) e com a “falsa sensação de segurança” que pode provocar, já que de nada serve usar máscara se não for corretamente utilizada — à semelhança do que já acontece com as luvas, por exemplo.

É esse o argumento que mais tem sido repetido também em Portugal. No fim de semana, a ministra da Saúde lembrava que o tema tem estado em evolução “dinâmica” e admitia que o Governo estava “a equacionar é uma alteração possível — possível — do contexto em que uma necessidade de uma maior circulação social possa ser adequadamente mais protegida de máscara”.

Ministra da Saúde admite alargar uso de máscaras. E diz que não nos deve haver entusiasmo “excessivo” com os números

Nessa ponderação, a DGS pediu um parecer sobre a questão das máscaras, que recomendou o uso generalizado, somando-se a apelos semelhantes feitos pela Ordem dos Médicos ou pelo Conselho de Escolas Médicas. Mas, na segunda-feira, Graça Freitas mantinha a mesma posição: a diretora-geral da Saúde diz que “continuamos alinhados, à data – sublinho, à data – com as recomendações da Organização Mundial de Saúde [OMS]”. Por isso, não é certo que essa decisão vá ser tomada em Portugal.

Se for, colocar-se-á a questão da disponibilidade do material, sabendo-se que as máscaras estão esgotadas nas farmácias e a sua distribuição tem sido feita, prioritariamente, aos grupos de risco. Nesse cenário, as recomendações de outros países sobre como fazer as próprias proteções em casa — e com que materiais — podem ajudar. Mesmo tendo sempre em conta que é determinante saber usar bem as máscaras e que o seu uso não deve, em qualquer circunstância, eliminar as outras medidas de auto-proteção, sobretudo o distanciamento social — o mais eficaz para evitar a propagação da doença.

O uso de máscaras na Ásia já é uma realidade desde o primeiro surto de SARS, em 2003

AFP via Getty Images

Como fazer uma máscara em casa

O Center for Disease Control (CDC), organismo público dos EUA, não só passou a sugerir o uso de máscaras feitas de tecido à população em geral, como deu a conhecer várias formas — umas mais elaboradas, outras mais simples — de cada um criar a sua própria máscara. Aqui ficam os três exemplos dados por este órgão, com níveis de dificuldade diferentes.

Adaptar dois retângulos de algodão

A fórmula mais difícil envolve alguma habilidade na costura, mas garante uma máscara com duas camadas e elásticos bem presos. É, por isso, aquela que provavelmente terá mais durabilidade — mas também a que implica mais trabalho.

Figura 1

Criar uma máscara a partir de uma t-shirt

Com um nível de dificuldade intermédio, é possível improvisar uma máscara apenas com uma t-shirt velha e uma tesoura.

Figura 2

Adaptar um lenço ou quadrado de tecido

A forma mais fácil e rápida de criar uma máscara caseira é utilizando um lenço e alguns filtros de café, já que este tipo de tecido é geralmente menos eficaz a impedir a transmissão de gotículas do que os tecidos de algodão. Mas, com a ajuda de elásticos de cabelo, é possível criar uma máscara improvisada em poucos segundos.

Figura 3

Estas máscaras são laváveis, mas se perderem a forma no processo é melhor fabricar outras.

Que tecidos deve ou não usar

Calma. Seja qual for o método escolhido, algumas regras devem ser tidas em conta para garantir máxima eficácia. Em primeiro lugar, o tipo de tecido utilizado pode ser mais ou menos resistente à passagem das gotículas por onde o novo coronavírus circula. “O maior desafio ao fazer uma máscara caseira é escolher um material que é suficientemente denso para capturar as partículas virais, mas respirável o suficiente para que o possamos utilizar. Alguns dos itens vendidos online dizem ter alta capacidade de filtrar o vírus, mas o material de que são feitos torna-os inutilizáveis”, explica o The New York Times.

Com agulha e linha ou até com uma máquina de costura, é possível fazer uma máscara em poucos minutos

Getty Images

A Universidade de Stanford, nos EUA, dá uma ajuda sobre quais os materiais que devem ser utilizados, recorrendo a um artigo científico publicado em 2013, onde se comparou o uso de máscaras caseiras com as máscaras cirúrgicas N95 ou PFF2 (de acordo com as normas norte-americanas ou europeias, respetivamente) —  as mais profissionais e eficazes, que devem ser reservadas para profissionais de saúde. Nesse estudo, intitulado “Testando a eficácia de máscaras caseiras: poderiam elas proteger-nos no caso de uma pandemia de gripe?” foram estudados vários materiais e comparados com a eficácia das PFF2. A Stanford compilou essas conclusões, no seguinte gráfico, onde se pode ver que alguns dos materiais mais eficazes são filtros de aspiradores, toalhas de mesa e t-shirts de algodão.

Comparação da eficácia de vários materiais de máscaras caseiras (D.R. Stanford University)

Qualquer máscara feita a partir de um destes materiais deve, no entanto, ser sujeita a uma série de cuidados. O CDC recomenda que estas máscaras sejam regularmente lavadas, numa máquina de lavar comum com detergente, e que sejam respeitadas as regras de segurança ao remover a máscara, não tocando nos olhos, nariz e boca e lavando de imediato as mãos a seguir. Além disso, não devem ser usadas por crianças com menos de dois anos de idade, por pessoas com problemas respiratórios ou por pessoas que não sejam capazes de as retirar sozinhas. São “uma medida adicional e voluntária de saúde pública”.

Para que sejam mais eficazes, o CDC recomenda ainda que cubram toda a boca e nariz, mas que não estejam demasiado apertadas, que tenham várias camadas de tecido e que sejam feitas de um material que não encolha na lavagem.

Atenção: uma máscara não lhe garante proteção total

Mesmo que tenha seguido todas as recomendações, é importante lembrar que ter uma máscara não lhe garante que, a partir daqui, está completamente protegido da Covid-19. Aquilo que podemos saber é que estamos, provavelmente, a contribuir para a redução do risco de propagarmos o vírus, caso sejamos portadores dele sem o sabermos. E, mesmo isso, não é 100% garantido — é preciso saber usar a máscara e, sobretudo, não deixar de ter todas as outras medidas de proteção, sobretudo o distanciamento social.

“As máscaras, só por si, não travam a pandemia. Não há pretos e brancos, não há ‘balas mágicas’”, avisou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS, na tarde desta segunda-feira, dizendo que “há poucos dados disponíveis” sobre a eficácia das máscaras na contenção deste vírus e que devemos evitar que as máscaras faltem aos profissionais de saúde. Contudo, afirmou que a OMS vai emitir novas recomendações nesta matéria e apelou aos países que estão a adotar a medida que a estudem ao máximo.

A OMS, aqui representada pelo diretor Tedros Adhanom Ghebreyesus, continua a olhar com ceticismo para o uso de máscaras, mas vai criar orientações

FABRICE COFFRINI/AFP via Getty Images

É certo que uma máscara de tecido nunca terá a eficácia de uma máscara PFF2, mas essas devem ser mesmo deixadas para os profissionais de saúde. Mas, quanto à eficácia desta solução para a população em geral, alguns especialistas consideram que pode trazer mais benefícios do que riscos: “Não é como se elas não bloqueassem nada. Simplesmente não bloqueiam tanto como as que são equipamento médico”, resumiu Marybeth Sexton, professora de Medicina na Geórgia (EUA), à Vice.

A mesma ideia já tinha sido resumida pelos investigadores que fizeram a comparação entre máscaras de tecido e máscaras tradicionais em 2013. “As nossas conclusões sugerem que uma máscara caseira deve ser considerada como um último recurso para prevenir a transmissão por gotículas de indivíduos infetados. Mas é melhor do que não usar qualquer tipo de proteção.” Cumprindo sempre todas as regras, é claro, nomeadamente a distância social.

Neste vídeo, pode ver as recomendações da OMS sobre como usar a máscara de forma correta:

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