Exercitar os ossos, mas com peso e medida. Este é o conselho de Rubens Meggetto, especialista em treino de resistência, personal trainer e diretor técnico do CEMP, e que deu mote ao tema de mais um webinar promovido pela Associação Portuguesa de Osteoporose (APO), no âmbito do programa que pretende assinalar o Dia Mundial da Osteoporose, que se celebrou a 20 de outubro. “Exercitar os ossos é uma consequência de exercitar os músculos”, disse o profissional, explicando que o exercício é a aplicação de força no corpo. Força essa que é administrada e controlada pelos músculos que, por sua vez, presos ao esqueleto, transmitem a força para os ossos. “Quando nos exercitamos, além de trabalharmos os músculos, acabamos também por exercitar os próprios ossos. Por isso é tão importante a inteligência, a estratégia e escolher os estímulos.”
Rubens Meggetto alertou para o facto de, normalmente, pensarmos no esqueleto como uma entidade estática, imutável, quando na verdade a dinâmica diária “faz com que o osso se modifique. Claro que a nível microscópico, mas que acaba por continuamente ser alterado”. Uma das causas dessa modificação é precisamente a mecânica e a direção da força, tornando a atividade e o exercício físico ao longo de toda a vida, no entender do especialista, particularmente importante. “Os ossos respondem ao estímulo mecânico, e isso tem de ser continuamente aplicado, na infância, adolescência, início da vida adulta, vida adulta e envelhecimento, para garantir a saúde dos ossos”.
A importância de uma primeira avaliação
O processo de triagem, quando pensamos iniciar uma atividade física, é muito importante, defende Rubens Meggetto. Cada pessoa tem o seu historial, capacidade, e pode ter fatores de risco que têm de ser levados em conta no exercício físico. “O objetivo do exercício é criar adaptações positivas para a saúde, tendo por isso que ser sempre pesado o risco-benefício. Uma avaliação inicial bem feita vai ajudar, em muito, o profissional que vai dar conduzir esse processo a tomar as tais decisões inteligentes e estratégicas.”
Os protocolos de avaliação, no que diz respeito por exemplo a força muscular ou flexibilidade, estão relativamente estandardizados, mas são apenas ideias e informação. “Não nos conseguem informar qual é a tolerância das pessoas. Ou seja, não consegue informar como a pessoa consegue fazer bem o desafio. E não se consegue saber com muita clareza até experimentar. Por isso os protocolos de avaliação são muito importantes, mas é apenas um ponto de partida. O dia a dia do treino não deixa de ser avaliação”.
Há idade limite para fazer exercício?
Esta é uma questão bastante prática e que muitas vezes assola a mente de quem quer começar a praticar, sobretudo a partir de certa idade. Rubens Meggetto esclarece que, salvo indicação médica, a evidência científica demonstra que para cada fase da vida, o exercício contribui muito para a saúde dos indivíduos. “Convém distinguir exercício de atividade física. A atividade física é quando gastamos mais energia do que a necessária para viver; o exercício é um pouco mais sistematizado, repetido. O exercício propositado, planeado e repetido é essencial nas várias fases da vida. Temos é de garantir que estamos adaptados a fazer as mais diversas atividades, e que o corpo tolera a natureza das atividades.” Neste processo, Rubens Meggetto diz que o próprio praticante deverá estar atento aos sinais que o corpo lhe vai dando. E sendo claro que o acompanhamento por um profissional da área é vital em todas as fases da vida, com o avançar da idade essa monitorização é ainda mais importante. “O risco de lesão é maior, que pode ser diminuído se houver um bom acompanhamento, além de que aumenta a motivação e os níveis de segurança”, aconselha. Rubens Meggetto reitera ainda a importância de adequar o tipo de exercício à condição do indivíduo. “O exercício deve ser progressivo, adequado e monitorizado.”
Sobre a “moda” que a corrida, por exemplo, tem vindo a despertar nos últimos anos, o profissional insiste que é complicado definir o tipo de exercício para cada indivíduo, dado a sua singularidade, colocando o foco na avaliação por um profissional de saúde.
Treino de força é basilar
O treino de força não é só para culturistas, diz Rubens Meggetto; “é basilar”, insiste. “Trabalhar os músculos no treino de força, de musculação, não é mais do que levar o carro à oficina. É dar condições aos músculos para trabalharem bem quando lhes é pedido. Seja nas nossas atividades do dia a dia, seja na prática desportiva. Do ponto de vista funcional, é muito importante.”
Por isso, e para que tenha ossos fortes, comece já hoje a praticar exercício. E não se esqueça: segundo a Organização Mundial da Saúde, o ideal é fazer 150 minutos semanais de exercício em intensidade moderada.
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