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Bolsonaro Debates Without Lula As They Show Different Strategies in the Final Stretch of The Campaing
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Todos os seus adversários presentes no debate (Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Simone Tebet, Felipe D'Ávila, Soraya Thronick e Padre Kelmon) aproveitaram naturalmente para criticar a ausência de Lula da Silva

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Todos os seus adversários presentes no debate (Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Simone Tebet, Felipe D'Ávila, Soraya Thronick e Padre Kelmon) aproveitaram naturalmente para criticar a ausência de Lula da Silva

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Corrupção, aborto, orçamento secreto. Os temas de um debate em que (quase) todos atacaram Bolsonaro — e a que Lula faltou

Lula faltou ao debate da CNN/SBT e os candidatos não perderam oportunidade de o criticar: "Desrespeito. Não gosta de trabalhar". Bolsonaro também foi um dos alvos — e é acusado de "ressuscitar" o PT.

Naquele estúdio, houve um palanque que esteve sempre vazio durante as duas horas de debate. “Desrespeito pelos adversários”, “não gosta de trabalhar”, “está convencido de que vai ganhar” e “covarde”. No debate deste sábado transmitido pela SBT/CNN Brasil que opunha (quase) todos os candidatos à presidência brasileira, o alvo mais fácil a atacar foi o atual favorito nas sondagens e ex-Presidente brasileiro, Lula da Silva, que decidiu não comparecer por “motivos de agenda”.

Todos os seus adversários presentes no debate (Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Simone Tebet, Felipe D’Ávila, Soraya Thronick e Padre Kelmon) aproveitaram naturalmente para criticar a ausência de Lula da Silva, mas também se atiraram ao atual Presidente brasileiro, trazendo para cima da mesa temas polémicos como a corrupção, o orçamento secreto e a fome. No entanto, houve uma exceção no ataque ao chefe de Estado: o Padre Kelmon, um estreante nestas andanças, chegou a desabafar que o combate se fazia na proporção de “cinco contra um” naquele estúdio de televisão — ele, “de direita”, como muitas vezes sublinhou, esteve sempre mais disponível para alinhar com Bolsonaro que para criticar o incumbente.

“Ofendo as mulheres? Digo palavrões? Mas não sou ladrão”, justifica-se Bolsonaro

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Este debate marcou o início da última semana de campanha, fundamental para ganhar votos. Se o Presidente usou a seu favor a ausência de Lula, os restantes seis candidatos também o fizeram — e procuraram reforçar que são uma alternativa à dicotomia PT-Bolsonaro.

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Padre Kelmon saiu em defesa de Bolsonaro

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Os ataques a Bolsonaro: as comparações com o Pinóquio e o Presidente que só “anda de moto e jet ski”

O debate arrancou com ataques a Jair Bolsonaro. A candidata do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Simone Tebet, questionou diretamente o motivo pelo qual o Presidente tem, ao longo do mandato, dito tantos “palavrões” e por que motivo continuava a ofender as mulheres. Se no primeiro assunto o chefe de Estado até concedeu que “dizia alguns palavrões”, no último garantiu que “defende as mulheres e não é da boca para fora”. “Ofender mulheres? Dizer palavrões? Ao menos não sou um ladrão”, atacou, aludindo a Lula da Silva. Essa seria uma das tiradas a marcar o confronto.

“É rico, anda de jet ski e moto”, prosseguiu Simone Tebet, que, mais à frente no debate, classificou como “lamentável” que o Brasil “tenha um Presidente que não conhece a realidade do Brasil”. “Não está preparado”, defendeu, acrescentando que Jair Bolsonaro “mente descaradamente”, comparando-o mesmo ao Pinóquio.

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Simone Tebet acusou Bolsonaro de "mentir descaradamente" e comparou-o ao Pinóquio

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Em vez de hostilizar a candidata, Jair Bolsonaro preferiu responder com as medidas que tomou durante estes “três anos e oito meses” de mandato, tais como os apoios concedidos aos mais carenciados durante a pandemia e o impacto do orçamento secreto nas contas públicas.

Noutra frente, a antiga aliada de Bolsonaro, Soraya Thronicke, confessou ter um “sentimento de deceção e tristeza” com o mandato do Presidente. “Acreditei com veemência, mas entretanto abandonou as bandeiras, traiu o meu partido.” A candidata defendeu que princípios como o “combate à corrupção”, o incentivo a “uma economia de mercado liberal” e o “respeito às instituições” foram ignorados durante estes três anos.

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Soraya Thronick manifestou-se desiludida com o mandato de Bolsonaro

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Por sua vez, Ciro Gomes aproveitou para recordar as eleições de 2018, numa altura em que o Brasil se quis ver livre da “corrupção” associada ao Partido dos Trabalhadores (PT). A escolha recaiu sob Bolsonaro, ainda que o candidato argumente que não foi a melhor escolha. A prova? “Deu uma oportunidade para ressuscitar Lula da Silva” — ataque certeiro num momento em que Bolsonaro surge 14 pontos atrás de Lula nas sondagens (47% contra 33%).

Jair Bolsonaro insistiu na ideia de que o seu mandato representou um progresso significativo para o país. “Melhorou imenso”, vincou, frisando que o “Brasil vai muito bem”. Após uma questão de Felipe D’Ávila, o Presidente também disse que se orgulhava “muito” de não “ter qualquer escândalo de corrupção” no governo, tendo, para o efeito, “escolhido as pessoas certas”. “Nós tirámos a corrupção dos jornais. Não se vê escândalo de corrupção de governo”, assegurou o chefe de Estado, que assinalou que o que se lê na imprensa não passa de “suposições”.

“Nós tiramos a corrupção dos jornais. Não se vê escândalo de corrupção de governo”
Jair Bolsonaro

Mas o momento que mais irritou Jair Bolsonaro não se deveu aos seus adversários do debate. Foi uma pergunta de uma jornalista da Veja, Clarisse Oliveira, que o questionou sobre os episódios violentos das últimas semanas que têm envolvido os seus apoiantes. “Foi lamentável”, começou por caracterizar o Presidente brasileiro, que depois sublinhou que, se algum apoiante “briga”, não pode “ser culpabilizado” por isso. Ainda assim, o chefe de Estado sublinhou que a questão colocada tinha sido “lamentável”, fugindo “do jornalismo minimamente sério”.

Lula da Silva: o ausente mais presente que foi atacado por todos

Se Jair Bolsonaro ainda conseguiu escapar às críticas do Padre Kelmon, nenhum dos candidatos teve piedade de Lula da Silva. O Presidente foi o primeiro a criticar a ausência do “ex-presidiário”, mas Soraya Thronicke foi bem mais dura nas palavras. Comparando o debate a “uma entrevista de emprego”, a senadora acusou o candidato do PT de “ser covarde”. “Não merece o seu voto. Não gosta de trabalhar.”

Assim que teve a palavra, Ciro Gomes também criticou o ex-Presidente brasileiro. “Pensa que já ganhou”, atirou, acrescentando que é um “desrespeito para os outros candidatos”. Sobre um futuro apoio à segunda volta das eleições ao Partido dos Trabalhadores, o candidato manteve o silêncio, aproveitando para denunciar a tentativa “do regime lula-petista corrupto” em criar uma “onda de propaganda” que acusa todos aqueles que não estão a favor dele de serem “fascistas”. “Mas foge [ao debate], desrespeitando-nos.” 

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Ciro Gomes considera a ausência de Lula um "desrespeito"

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O rol de críticas seguiu-se. Felipe D’Ávila apontou o dedo ao Supremo Tribunal Federal, instituição que permitiu ter “um criminoso enquanto candidato a Presidente da República”, que “desrespeita o povo brasileiro ao não comparecer ao debate”. “Chega de Lula, chega de ladrão.”

Já Simone Tebet apontou que o candidato do PT “não tem coragem para apresentar propostas”. Por isso, questionou os telespetadores se valia pena “dar um cheque em branco ou um tiro no escuro” ao votar em Lula da Silva. “É uma covardia não tomar parte na democracia. Não podemos decidir antes da hora”, afirmou, numa mensagem destinada a evitar o voto útil.

Num tom diferente, o Padre Kelmon comparou o Presidente da Nicáragua, Luís Ortega, a Lula da Silva, receando um cenário de “perseguição religiosa”. “Corremos os mesmos riscos que a Nicarágua que foi tomada por um ditador há 20 anos e que persegue freiras e padres.” “Estou preocupado com o futuro e o rumo da nação”, lamentou, prometendo que — se houver alguma perseguição — vai “reagir”.

"Corremos os mesmos riscos que a Nicarágua que foi tomada por um ditador há 20 anos e que persegue freiras e padres"
Padre Kelmon

Aborto, orçamento secreto e o Supremo Tribunal: os outros temas que marcaram o debate

No meio das acusações, os candidatos discutiram assuntos como o aumento de custo de vista, o orçamento secreto e o papel do Supremo Tribunal Federal. Elegendo como uma das suas bandeiras a Educação, Simone Tebet denunciou que milhões de crianças passam fome no Brasil: “As crianças comem bolachas e sumo em pó na escola”, denunciou, criticando as medidas tomadas pelo Presidente.

A resposta de Jair Bolsonaro foi trazer para cima da mesa a questão do orçamento secreto, expressão com que foi batizado um esquema de alocação de uma parte significativa do orçamento brasileiro à decisão direta do Congresso Nacional, que pode decidir sobre a atribuição de verbas.

Ora, de acordo com o Presidente, Simone Tebet bloqueou o poder de veto, o que fez com que a lei não pudesse ser alterada pelo chefe de Estado. Felipe D’Ávila também tentou atacar com o assunto, mas Jair Bolsonaro escudou-se sempre com o argumento de que “não sabia para onde ia o dinheiro”.

O aborto foi outro dos temas várias vezes mencionado durante o debate, quase sempre pela iniciativa do Padre Kelmon. Primeiro, perguntou a Ciro Gomes a sua opinião sobre o assunto, ao que o candidato respondeu que considerava a prática uma “tragédia”, mas disse que o Presidente brasileiro não tem poder suficiente para legislar nessa matéria, devendo ser o encarregue o Congresso.

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Felipe D'Ávila tentou confrontar Bolsonaro com orçamento secreto

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Seguidamente, o Padre Kelmon fez a mesma questão a Simone Tebet, com a nuance de aquela se assumir enquanto feminista. “O meu conceito de feminista é defender o direito das mulheres para que ganhem o mesmo salário dos homens. O meu conceito de feminista é exigir leis mais severas para homens que batem covardemente nas mulheres”, sinalizou a candidata, que admitiu, ainda assim ser contra o aborto. “Mas isso não faz de mim menos feminista.”

A Justiça, mais concretamente o Supremo Tribunal Federal, foi outro dos tópicos abordados durante o debate, principalmente devido à insatisfação do Presidente com o funcionamento da instituição. Jair Bolsonaro queixou-se de que o órgão aceita, por exemplo, pedidos de “partidos sem qualquer representação” que se “socorrem” do órgão jurídico para tentarem “atrapalhar” a governação. “Decisões são monocráticas e não deixam o país andar para a frente.”

Bolsonaro criticou o Supremo Tribunal Federal

Mercia Goncalves/LUSA

Ciro Gomes interveio e decidiu apoiar as decisões do Supremo: “Tem de ter a última palavra num Estado democrático”. Ainda assim, o candidato apontou que os últimos Presidentes em funções “têm problemas com justiça”, lembrando o caso Lula e o do filho de Bolsonaro, o que naturalmente aumenta a discórdia entre o sistema judicial e o executivo.

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