894kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

João Gomes Cravinho e Helena Carreiras protagonizaram uma audição inédita com dois ministros
i

João Gomes Cravinho e Helena Carreiras protagonizaram uma audição inédita com dois ministros

LUSA

João Gomes Cravinho e Helena Carreiras protagonizaram uma audição inédita com dois ministros

LUSA

Cravinho soube de intenção de contratar Capitão Ferreira meses antes de consulta a mais três juristas

Deputado do PSD sugeriu que tinha havido uma consulta feita à medida de Capitão Ferreira para os serviços que prestou à DGRDN e Cravinho confirmou que soube por email da intenção de o contratar.

A audição era incomum, ao juntar dois ministros para falar sobre o caso de corrupção na Defesa que uma tutela e o outro liderou até 2022. No centro de tudo, Marco Capitão Ferreira, figura que foi em crescendo na área até chegar a secretário de Estado e que acabou a demitir-se “com a PJ dentro de casa”, como fez questão de descrever André Ventura, do Chega. A sua contratação em 2019, como assessor da Direção-Geral de Recursos da Defesa, está envolta em suspeitas, entre elas a de um contrato feito à medida. E o ministro revelou ter sabido da intenção de contratar Capitão Ferreira para a função mesmo antes de ser consultado o mercado.

A dada altura da audição, na comissão Parlamentar de Defesa, o deputado do PSD Jorge Paulo de Oliveira perguntou ao atual ministro dos Negócios Estrangeiros se, quando estava na Defesa, recebeu um e-mail de Alberto Coelho, então diretor-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), a mostrar vontade de contratar Capitão Ferreira para assessorar a equipa de renegociação dos contratos de manutenção dos helicópteros EH-101. O ministro confirmou que o seu chefe de gabinete recebeu essa nota, mas que aquela informação não tinha de ser enviada e, no imediato, tentou sacudir responsabilidades relativamente ao que veio depois.

O deputado do PSD detalhou que esse e-mail foi enviado em fevereiro de 2019, mas que em março foi aberto um processo de consulta a três juristas que podiam ocupar o cargo para onde Coelho já tinha dito que queria Capitão meses antes. A sugestão era óbvia: de uma consulta feita à medida de Capitão Ferreira, que acabou por ser mesmo o escolhido. Na resposta, o ministro foi esquivo. Disse que o caso está em investigação, recusou-se a “especular” e garantiu que a responsabilidade “foi única e exclusivamente da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional e do seu diretor-geral, assim como os termos do contrato, seja a duração ou o valor”.

Cravinho confirmou a intenção prévia de Coelho em contratar Capitão, mas fez questão de se colocar à margem de qualquer negociação ou mesmo dos detalhes do processo de consulta: “O contrato não foi enviado pelo ministro nem pelo gabinete, não tenho mais nada a acrescentar.” Acusou mesmo o social-democrata de estar a entrar no “campo da insinuação” e de ter “desconhecimento da realidade do Ministério da Defesa”. “Se o ministro tivesse obrigação de policiar todos os contratos, não fazia mais nada”, atirou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O contrato tinha uma duração máxima de 60 dias e acabou por não durar mais do que uma semana, mas o pagamento foi integral: 61 mil euros. Um valor que levou a oposição a comparar Capitão Ferreira ao futebolista Cristiano Ronaldo e João Félix.

A atual ministra também foi confrontada sobre o conhecimento que tinha deste trabalho de Capitão Ferreira quando o escolheu — uma opção que assumiu ser sua e baseada na experiência do ex-governante — para secretário de Estado da Defesa. Helena Carreiras garantiu nunca ter “detetado qualquer indício de que não agia no estrito cumprimento das suas competências e no respeito pela lei”.

Além disso, também Gomes Cravinho elogiou o currículo de Capitão Ferreira. “Ao entrar em funções, rapidamente me apercebi de que ele era uma das raras pessoas com conhecimento aprofundado nesta área muito especializada. A sua designação para as funções de presidente da idD [Portugal Defence] ficou a dever-se exclusivamente à sua trajetória académica e profissional, com uma estreita ligação às indústrias de defesa, e o exercício de funções de responsabilidade”, assegurou.

Sobre o momento da saída do seu secretário de Estado, tudo o que Helena Carreiras disse foi que ele “deu as explicações que eram necessárias naquele momento” e que não voltou a falar com Capitão Ferreira, sublinhando que o ex-governante “assumiu a responsabilidade política por ter sido constituído arguido”. “Se houver algo a investigar será investigado”, atirou, frisando que deve esperar-se “mais do que especular” e “dar opinião”. Esta foi uma linha de argumentação também usada por João Gomes Cravinho, que não se cansou de atirar às “insinuações” que dizia virem da oposição.

E na frente socialista, Francisco César acabou mesmo a resumir tudo a um “rolo compressor sobre a presunção de inocência”, com perguntas em que se “induz” a ideia de que Capitão Ferreira é culpado, queixou-se o socialista referindo-se a um caso que ainda está em investigação. Esta intervenção levou a oposição a insurgir-se: Rodrigo Saraiva apelidou Alberto Coelho de “dono disto tudo” e uma “espécie de inimputável”; Joana Mortágua fez questão de usar números para explicar o que está em causa: “Um dirigente responsável pela derrapagem de uma obra no hospital militar de dois milhões de euros e também 180 mil nas obras para a sede da holding com um conjunto de empresas suspeitas de tudo menos de coisas boas.”

LUSA

Ministra atira reorganização da DGRDN para cima da mesa

O outro cartucho que o Governo socialista trazia como munição para esta audição era uma reorganização da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, cuja fusão em 2014 pela mão do PSD (era ministro Aguiar-Branco) classificou de “decisão cega” que representou “uma enorme sobrecarga para recursos humanos e criou riscos que importa mitigar”.

Apesar de não ter dado todos os detalhes, disse que era preciso corrigir “erros da troika” e reconheceu que é fundamental “mitigar riscos” resultantes da alteração anterior que representou uma “enorme sobrecarga sobre os recursos humanos e concentrou em poucos os poderes de direção” — em resumo, a ideia inverter “a fusão realizada no passado entre duas grandes direções-gerais, a de Pessoal e Recrutamento Militar”.

A reestruturação que Helena Carreiras quer levar a cabo tem como objetivo retomar “uma Direção e Controlo efetivos, ao nível dos serviços” em matérias como os recursos humanos, o desenvolvimento de capacidades militares e o património da Defesa Nacional”.

No seguimento do anúncio, o deputado do PCP João Dias ainda criticou o timing, sublinhando que há muito que havia avisos sobre o tema — mas Helena Carreiras acabou por defender que “há um processo de seguimento da lei de programação militar muito mais robusto do que havia” e assegurou que “a defesa funciona”. Porém, o deputado comunista também a tinha atacado por ter pedido as auditorias “a reboque da mediatização” — após a saída de Capitão Ferreira. A expressão de Helena Carreiras a abanar a cabeça em jeito de negação deixou claro que não concorda.

Cravinho autorizou negócio polémico na Defesa que envolve Marco Capitão Ferreira

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.