Artigo em atualização

A líder do CDS atira a artilharia toda contra o governo no Caso Tancos e ataca em quatro frentes a partir do Largo do Caldas, em Lisboa, onde reuniu a comissão executiva este sábado de manhã. Desde logo, o CDS ataca com uma arma de longo alcance: defende uma nova comissão de inquérito ao caso Tancos na próxima legislatura. E com outra de curto alcance: viabilizar a reunião comissão permanente ainda antes das eleições de 6 de outubro (PSD e PCP também o querem, o que significa que vai haver reunião).Desta forma, a líder do CDS demonstra que não só que não haverá cessar-fogo até ao fim da campanha como anuncia que o conflito vai continuar na próxima legislatura.

Assunção Cristas exigiu ainda a Ferro Rodrigues que envie ao Ministério Público as declarações prestadas pelo ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e por António Costa no Parlamento e propõe-se a provar publicamente que existem contradições no discurso do primeiro-ministro.

Ataque 1: Provar que há “inconsistências” nas declarações de Costa

Assunção Cristas, na declaração, tenta iniciar o xeque a António Costa. A líder do CDS começou por dizer que a “questão de Tancos é muito grave” e, por isso, “carece de uma leitura completa de ação consequente”. Após fazer um breve relato de vários factos deste caso, a líder do CDS afirma que “o primeiro-ministro tomou assumidamente conhecimento do memorando que explicou a ação ilegal da PJ Militar no dia 12 de outubro de 2018, razão pela qual terá demitido ou aceite a demissão do ministro da Defesa”. Ora, garante Cristas, “este facto é inconsistente com declarações prévias do primeiro-ministro no dia 26 de outubro de 2018, em que negou ter conhecimento do memorando, através do ministro ou de outra pessoa qualquer”.

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A lógica do CDS é que, se o primeiro-ministro disse que Azeredo Lopes lhe contou tudo e agora o Ministério Público acredita que o ministro sabia mais do que revelou, “a resposta que o primeiro-ministro deu à comissão parlamentar de inquérito agora não serve“. Neste sentido, o CDS entende que “este assunto está longe de estar esclarecido do ponto de vista político” e desafia o “primeiro-ministro a esclarecê-lo de uma vez por todas”.

Ataque 2: Ferro tem de enviar declarações de Costa e Azeredo para o Ministério Público

Assunção Cristas explica que o CDS vai ainda perguntar ao “presidente da Assembleia da República, número dois da hierarquia do Estado, a quem cabe proteger a insittuição parlamentar, e não o Partido Socailsista, se já garantiu que todas as declarações prestadas no Parlamento, em sede de Comissão da Defesam Nacional, bem como no plenário pelo primeiro-ministro, foram entregues ao Ministério Público”. A ideia aqui é pressionar Ferro, sugerindo que o próprio está, de alguma forma, a proteger o primeiro-ministro e o ex-ministro do governo socialista. Para a líder do CDS “é muito importante que seja esclarecido se houve ou não falsas declarações com relevância para o processo”.

Na fase de perguntas e respostas aos jornalistas, Assunção Cristas lembra que eventuais falsas declarações ao Parlamento em “alguns casos, pode constituir a prática de um crime”. A líder do CDS espera que Ferro tome a iniciativa de enviar essa declarações para o Ministério Público, mas, se não o fizer, o CDS vai exigir que o faça na “reunião da comissão permanente”.

Ataque 3: CDS viabiliza comissão permanente e terá participação ativa

Esse será outra via de ataque. Rui Rio tinha falado disso, o PCP já tinha dito que era favorável e agora Assunção Cristas diz que o CDS também está disponível para viabilizar uma reunião da comissão permanente no Parlamento ainda esta semana sobre o assunto (a reunião desta comissão estava marcada só para 11 de outubro, mas pode ser antecipada se houver consenso).

Cristas diz claramente que “o CDS viabilizará e participará ativamente numa reunião da comissão permanente do Parlamentao que venha a ser convocada”.

Ataque 4: Nova Comissão Parlamentar de Inquérito na próxima legislatura

A líder do CDS considera que será possível constituir uma “segunda comissão parlamentar de inquérito” sobre o caso Tancos na próxima legislatura. Cristas aponta que “tendo em atenção as declarações dos partidos mais à esquerda, que na primeira comissão nada fizeram para saber e tudo fizeram para branquear e ocultar as responsabilidades que já aí foram apuradas, era bom que esclarecessem se estão ou não disponíveis para mudar o seu comportamento numa próxima comissão parlamentar de inquérito e querem efetivamente apurar e assumir a verdade”.

Assunção Cristas acusa ainda o PS de continuar “igual a si próprio”, já que “sempre que confrontado com factos incómodos, primeiro declara o assunto encerrado, e, depois, verificando que assim não acontece, diz-se vítima de uma conspiração”.

A líder do CDS lembra que na anterior comissão, ao viabilizarem o relatório feito por um deputado do PS, a esquerda quis “ilibar o governo”.