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E se Tiananmen fosse agora? Entrevista a quatro ativistas chineses

Em 1989, os estudantes lideraram os protestos em Pequim. Trinta anos depois, ainda vale a pena ser ativista na China de hoje? E como? As respostas de quatro chineses que sentiram na pele a repressão.

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Liu Xiaobo estava a cumprir uma pena de 11 anos de prisão quando morreu. Menos de 30 anos antes, Xiaobo tinha sido um dos milhares de estudantes chineses que se mobilizaram para protestar ao longo de meses na Praça Tiananmen — e que acabaram por ser expulsos à força de tanques. O ativismo, contudo, continuaria a correr-lhe no sangue toda a vida. Em 2008, fez parte do grupo que assinou o chamado Charter 08, um manifesto que pedia eleições democráticas, liberdade de expressão, respeito pelos direitos humanos. Dois anos depois, seria condenado pelo crime de “incitamento à subversão contra o poder do Estado”. Nem o nobel da Paz, atribuído em 2010, comoveu as autoridades chinesas. Liu Xiaobo morreu num hospital, menos de dois meses depois de as autoridades chinesas o libertarem devido ao cancro no fígado que o corroía. A sua mulher, Liu Xia, conseguiu finalmente libertar-se da vigilância constante que a fez prisioneira na sua própria casa durante todo o cumprimento da pena do marido. Vive agora em Berlim.

O caso de Liu Xiaobo é talvez o mais conhecido, mas o seu destino está longe de ser único. Todos os dias, na China, ativistas são vigiados, encerrados nas suas próprias casas, detidos, condenados — ou pior. Os mais afortunados exilam-se. Trinta anos depois do massacre de Tiananmen, as autoridades chinesas continuam a apertar o garrote. Não há tanques nas ruas, é certo, mas não é preciso: a contestação é estancada antes de chegar lá.

Em 1989, os estudantes ocuparam a Praça Tiananmen durante meses em protesto (CATHERINE HENRIETTE/AFP/Getty Images)

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A situação é denunciada pelas organizações de defesa dos direitos humanos. “Os ativistas e os defensores de direitos humanos foram detidos, perseguidos e condenados com base em acusações vagas e amplas como ‘subversão do poder do Estado’ e ‘incitamento a lutas e criação de problemas’. A polícia detém-nos fora das instalações formais e por vezes deixa-os incontactáveis durante longos períodos, o que aumenta o risco de tortura e outros maus-tratos sobre os detidos. Os controlos na internet foram reforçados. A repressão das atividades religiosas fora das igrejas sancionadas pelo Estado aumentou”, resume a Amnistia Internacional na sua última avaliação sobre a China.

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[Veja no vídeo como os sobreviventes viveram as seis semanas de ocupação de Tiananmen]

A Human Rights Watch corrobora o relato e acrescenta que as autoridades “aplicaram sistema de vigilância em massa para apertar o controlo sobre a sociedade”, muitas vezes sem proteção da privacidade nem enquadramento jurídico. “Muitas vezes as pessoas não têm noção de que os seus dados estão a ser recolhidos ou para que é que estão a ser utilizados”, resume a organização.

Apesar de tudo isto, muitos vão resistindo. Alguns dentro da China, como “Charlie Smith”, o ativista digital que prefere não se identificar, com medo do que lhe possa acontecer. A maioria dos que estão dentro do país, contudo, tem dificuldades em contactar com o resto do mundo. É por essa razão que os ativistas chineses exilados no estrangeiro têm mais capacidade de chamar a atenção para o que se passa no seu país e de contar a sua história. Foi o caso de Chen Guangcheng, o mediático advogado cego que protagonizou um pequeno incidente diplomático, ao procurar abrigo na embaixada norte-americana na China, em 2012. Mas é também o caso de outros, menos conhecidos. Como do seu próprio advogado, Teng Biao, que foi sujeito ao isolamento e à tortura. E de Halmut Harri, o homem que sofreu à distância com a detenção dos pais, levados para um campo de trabalho pelo simples facto de serem muçulmanos, da minoria Uyghur.

Todos partilharam com o Observador as suas histórias. Todos refletiram sobre a dificuldade de ser um ativista na China de hoje, 30 anos depois de as manifestações dos estudantes em Tiananmen terem sido reprimidas. Numa coisa, todos são unânimes: ser ativista na China de hoje é mais difícil do que nunca.

Chen Guangcheng, o “advogado descalço” que chegou à Time

Chamaram-lhe “o advogado descalço”, o termo usado para descrever um jurista auto-didata. Chen Guangcheng não pôde ir à Universidade, pelo facto de ser cego — só em 2014 o regime permitiu, pela primeira vez, que o gaokao, o exame de acesso ao ensino superior, pudesse ser feito em braille. Isso não o impediu, contudo, de se tornar conhecido na província de Shandong pelo seu trabalho em defesa dos habitantes das aldeias da região.

Em 2006, foi preso pela primeira vez. O seu caso mobilizou as atenções internacionais: governos estrangeiros pronunciaram-se a seu favor, ONG de todo o mundo definiram-no como um preso político, a revista Time chamou-lhe “herói” e incluiu-o na sua lista de 100 pessoas inspiradoras desse ano.

Chen Guangcheng, o "advogado descalço", vive atualmente nos Estados Unidos (LIONEL BONAVENTURE/AFP/Getty Images)

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Mas foi em 2012 que o rosto de Chen inundou os noticiários internacionais. Fechado em casa, vigiado pelas autoridades a toda a hora, o advogado engendrou um plano para conseguir escapar, com a ajuda de outros ativistas. Fingindo estar doente, acabou por fugir de casa na escuridão da noite. Partiu o tornozelo ao saltar pela janela, mas, mesmo assim, continuou — até atravessando um rio pelo caminho. Acabou por conseguir chegar aonde pretendia, à embaixada dos Estados Unidos em Pequim. Aí enfrentaria novo obstáculo, com a relutância dos norte-americanos em dar-lhe asilo, por temerem complicar as relações com o governo chinês. A saída de Chen foi negociada e o advogado acabou por ir para um hospital, temporariamente. Um mês depois, chegava o entendimento, com a atribuição de vistos para os EUA para si e para a sua família.

É precisamente a partir daqui, mais concretamente de Washington DC, que Chen Guangcheng comunica com o Observador. O seu inglês, confessa, “não é ainda bom o suficiente”, razão pela qual pede para responder às perguntas por email, com a ajuda de uma amiga que serve de tradutora e que coloca por escrito as suas palavras. O desejo de falar, contudo, continua a existir. Mesmo a muitos quilómetros de distância, continua a ter vontade de denunciar o que se passa no seu país natal.

Tem um extenso passado como advogado de direitos humanos na China, defendendo direitos de pessoas com deficiência até ao direito de propriedade de pequenos agricultores. Mas o tema que chamou mais à atenção foi a sua defesa de mulheres que tinham sido sujeitas a abortos e esterilizações forçadas, relacionados com a política do filho único. Por que razão crê que este tema era tão delicado para as autoridades chinesas a ponto de terem feito de si um alvo?
Há duas razões principais para que o Partido Comunista Chinês (PCC) tenha feito isso. Uma é o facto de que eu já tinha aceitado uma série de casos no meu trabalho em defesa dos direitos humanos que irritaram muito o PCC. Para além disso, a política do filho único foi o um caso flagrante de desumanidade, de violação de direitos humanos básicos e de perseguição à vida. O PCC andava a enganar a comunidade internacional há muito, a dizer que não havia abortos forçados na China. Por isso, quando se tornou conhecida a violência desta política, ela não batia certo com o que a comunidade internacional pensava que se estava a passar. As pessoas não conseguiam aceitá-la. Isto levou a muita pressão sobre o PCC. As mentiras deles foram expostas e eles ficaram muito nervosos.
A outra razão é que durante estas campanhas, na China, morreu muita gente — não só adultos, mas também crianças, que às vezes eram espancadas até à morte. Se me tivessem dado tempo eu teria exposto as circunstâncias em que essas mortes ocorreram e isto também teria sido algo influente dentro da China.

Acabou por ser detido, condenado e colocado em prisão domiciliária. O seu caso tornou-se muito conhecido internacionalmente, mas isso não teve qualquer efeito na sua sentença. Acabou por fugir e pedir asilo na embaixada dos EUA. Como foi estar no centro da tempestade e tomar a decisão de sair do país — e de forma tão arriscada? Sentiu que não tinha outra hipótese?
A sensação mais nítida que tenho quando me lembro de estar no centro da tempestade é a de que me senti muito próximo da natureza humana. Nessa altura, era como se eu sentisse que estava muito próximo do que se passava dentro das pessoas, no seu íntimo, tanto as partes boas como as partes más da sua natureza, a retidão e o egoísmo. É claro que, estando nessa situação, tomar uma decisão era extremamente arriscado. Mas acabei por sentir que a justiça que existe no mundo tinha de ser mais forte do que o mal do Partido Comunista. Pelo menos, nessa altura, senti que tinha de arranjar forma de escapar às garras do PCC. No final acabei por não ter escolha: ficou claro que a administração Obama tinha uma espécie de acordo com eles. Não sabia exatamente qual, mas sabia que teria de abandonar a embaixada dali 24 ou 36 horas. Portanto, pensei, vou ter de enfrentar isto sozinho.

Chen Guangcheng recebeu vários prémios internacionais. Aqui, na entrega de um deles, junto da secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton (Win McNamee/Getty Images)

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Como descreveria a situação dos direitos humanos na China atualmente?
Acho que a maior parte das pessoas sabe como está… Há dois pontos importantes. O primeiro é que o PCC está aterrorizado, com medo de perder o poder, e utiliza todas as formas que tem para perseguir os ativistas de direitos humanos e as pessoas que estão a acordar para a realidade na China. Ao mesmo tempo, porque essas pessoas estão a acordar — em parte porque o desenvolvimento da tecnologia está a fazer com que vejam mais do mundo —, cada mais e mais pessoas estão a levantar-se e a exigir os seus direitos. Isto cria uma situação em que a repressão é mais estridente, mas a revolta que cresce também é mais pronunciada. Os números estão a aumentar. Mesmo que haja pessoas com medo de se manifestar abertamente, nos seus corações já não têm dúvidas do que está certo.
Portanto, acho que a curto-prazo a situação de direitos humanos na China irá piorar e as lutas irão tornar-se cada vez mais intensas, à medida que a batalha entre a justiça e o mal continuam.

Trinta anos depois do massacre de Tiananmen, diria que o Estado chinês está mais ou menos repressivo agora? Por outras palavras, hoje em dia é mais fácil ou mais difícil ser um ativista na China?
O PCC nunca deixou de perseguir as pessoas. Simplesmente agora fazem o que querem e a tecnologia de vigilância permite-lhes controlar a população. Por exemplo, o sistema Sky Eye e o sistema de reconhecimento facial, bem como os controlos online, são mais apertados do que nunca. Contudo, quando a água sobe, o barco sobe com ela. À medida que a tecnologia avança, as pessoas começam a encontrar formas de contornar a censura e estão a usar a tecnologia para espalhar informação e é mais fácil agora partilhar a verdade. É claro que partilhar a verdade e lutar contra a tirania vem com um preço. É necessário encontrar os métodos certos em vez de andarmos às turras. Temos de pensar numa estratégia — se utilizarmos uma estratégia certa e com ética, será mais fácil usar a tecnologia. Mas ultrapassar o medo e ousar fazer isto é muito difícil. Visto de outro ângulo, por causa da vigilância, as coisas tornaram-se mais difíceis.

"Quando a água sobe, o barco sobe com ela. À medida que a tecnologia avança, as pessoas começam a encontrar formas de contornar a censura e estão a usar a tecnologia para espalhar informação."
Chen Guangcheng, o "advogado descalço"

Tem esperança de que a situação venha a mudar? E o que acha que pode ser mais eficaz a conseguir uma mudança: a pressão internacional ou o trabalho dos ativistas chineses, dentro e fora do país?
Nunca perdi a esperança no futuro. Sempre acreditei que em todas as situações há esperança. Nada é impossível — simplesmente às vezes não pensámos num método eficaz para o conseguir. Quanto à mudança na China, as pessoas começam a acordar e estão a arranjar novas formas de resistir. Isto será uma excelente base para a democracia, para o Estado de Direito e para um governo constitucional na China. Quanto ao PCC, precisamos da ajuda da comunidade global para lutar contra ele. Precisamos que os ativistas de todo o mundo se unam ao povo chinês e que os governos dos países democráticos fiquem ao lado do povo chinês para o apoiar na sua luta contra um regime autoritário e violento. Num momento-chave, quando chegar a altura de escolher que futuro quer, acho que a China irá fazer a escolha certa. Mas isto assenta em trabalho feito em conjunto e de vários ângulos. Se estivermos dependentes de um só lado ou de uma só coisa para avançar, não alcançaremos nada.

Halmut Harri, o Uyghur tornado ativista depois da detenção dos pais

Não tem o passado típico de um ativista. Nunca esteve preso, nem foi ameaçado. Há anos que vive no estrangeiro, não por fuga política, mas sim para ter uma vida melhor, como tantos outros imigrantes. A vida, contudo, ficaria virada do avesso há dois anos, quando os seus próprios pais foram detidos e levados para os chamados “campos de re-educação” em Xinjiang, como milhares de outros muçulmanos da etnia Uyghur, sem direito a qualquer julgamento. O motivo? Para as autoridades chinesas, os Uyghur têm promovido o “separatismo” e o “extremismo”. Os campos, garantem, servem apenas para “educar”.

Ao ser confrontado com isto, Halmut decidiu falar publicamente. Publicou um vídeo a perguntar pelo paradeiro dos seus pais e partilhando-o com as hashtags #MeTooUyghur e #FreeMyParents. A expressão inicial foi agarrada por outros, que partilharam vídeos a denunciar o desaparecimento de familiares seus, criando uma onda que chegou aos media internacionais, como a BBC e o New York Times.

Halmult Harri numa manifestação pelos direitos dos Uyghurs, em Helsínquia, na Finlândia (D.R. HALMUT HARRI)

As Nações Unidas estimam que cerca de um milhão de muçulmanos desta minoria estarão detidos em campos “secretos”. Halmut promete continuar a falar sobre o assunto à distância, razão pela qual criou uma organização, a UyghurAid. Mas, mesmo estando num país tão distante da China como a Finlândia, continua a ter medo, como confessa ao Observador pelo telefone. As pressões existem, garante.

É o autor da hashtag #MeTooUyghur, que reúne vídeos de Uyghurs que procuram saber o paradeiro de familiares na China. Como é que teve esta ideia e por que razão se tornou um ativista?
É uma longa história. Comecei este movimento porque quis dar voz aos Uyghurs normais que não tem a oportunidade de falar com jornalistas. Tinha esperança de que os media se focassem assim nos Uyghurs que estão a sofrer em campos de concentração e não nas mentiras. Começámos isto há dois anos, altura em que não tinha sido feito nada para pressionar as autoridades chinesas, para acabar com estas atrocidades, para libertar imediatamente os detidos. Queria que o foco estivesse nessas pessoas, que são seres humanos, têm nome, têm família.
Centenas de pessoas juntaram-se ao movimento, pessoas que nunca antes se tinham exposto. Acho que isso foi um sucesso, porque assim pudemos chegar a uma audiência maior. Havia muita gente que tinha medo de falar, ou por razões políticas, ou porque tinham medo de que houvesse represálias para os seus familiares. Mas este movimento deu-lhes a oportunidade e a plataforma — e falaram.

A campanha teve efeitos na China?
Sim. Não foi uma resposta direta, é claro, porque as autoridades chinesas não querem dialogar diretamente connosco. Não querem comigo, que sou apenas uma pessoa normal, por exemplo. Mas desde que começámos o movimento, muitos dos Uyghurs cujos familiares falaram em vídeos foram libertados, incluindo os meus pais. Da última vez que contei, mais de 60 pessoas já tinham sido libertadas. Acho que isto é uma espécie de reação. Recordo-me que, no início, um jornalista da Associated Press perguntou a Hua Chunying, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, como reagia ao #MeTooUyghur. Ela disse “temos uma população com mais de mil milhões de pessoas, não temos recursos para andar a ver vídeo a vídeo”. Mas isso não é verdade; eles utilizam a censura, portanto têm essa capacidade. É isso que andam a fazer com a sua tecnologia de vigilância, sobretudo em Xinjiang. Ali há mais câmaras de vigilância do que população. É assustador, mas é a realidade.

A região de Xinjiang, onde vivem a maioria dos Uyghurs na China, é das zonas mais vigiadas do país (China Photos/Getty Images)

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Os seus pais acabaram por ser detidos. E o Halmut, saiu da China quando?
Nasci em Turpan (Xinjiang), uma cidade que fica na zona leste da região. Ali os Uyghurs são uma minoria, porque é uma cidade onde vivem muitos responsáveis do partido e pessoas que trabalham para o governo, por isso a maioria é etnicamente chinesa. Estudei numa escola bilingue, sempre vivi nesse ambiente. Depois fui estudar Medicina para outra cidade na China e acabei por ir trabalhar e estudar para fora, primeiro para a Tailândia e depois para a Finlândia. Aqui acabei por começar a minha família e cá fiquei.
Em 2017 soube que a minha mãe tinha sido detida. Faço anos em abril e nós temos uma tradição de família, em que eu lhe ligo e agradeço por me ter dado à luz. Nesse ano, não consegui, ligava e ela não atendia. Depois liguei ao meu pai, que me disse “a comunidade meteu-a numa espécie de escola, ela não pode atender”. Temi o pior. Telefonei para vários sítios e para várias pessoas e acabaram por explicar-me que a tinham enviado para um sítio para ela estudar mandarim para ajudar no esforço de propaganda. Isso não fazia sentido: a minha mãe tirou um mestrado em Pequim, trabalhava para um jornal do Partido em Turpan… Ela sabe bem chinês e já trabalhava para a máquina de propaganda, não precisa de ser ensinada. Foi então que telefonei à polícia local e fui muito insultado. Pensei: se a mim me fazem isto ao telefone, o que lhe farão a ela? Não conseguia imaginar.
Depois cortaram o aquecimento ao meu pai, numa cidade onde as temperaturas chegam aos dez graus negativos. Em janeiro, levaram-no também. A minha avó faleceu entretanto e eles não o deixaram ir ao funeral. Foi aí que não aguentei mais e decidi falar em público. Criei a hashtag, pedi ajuda aos meus amigos na Finlândia e acabei por criar a UyghurAid. Entretanto, os meus pais foram libertados.

Pode descrever um pouco a perseguição de que os Uyghur têm sido alvo na China? Isto é algo novo ou sempre aconteceu?
Não é novo. O que se passa é que nos últimos anos se agravou, com esta nova revolução cultural… Os Uyghur sempre foram acusados de “separatismo”, o que não é um crime, é um desejo político legítimo. Após o 11 de setembro, a estratégia mudou: passaram a acusar-nos de extremismo e terrorismo. Lembro-me que em Turpan as pessoas sempre foram muito pouco religiosas, quase nem iam à mesquita. A primeira vez que vi um hijab foi em 1997 e pensava que a senhora era estrangeira! Mas mais recentemente, após a repressão, isso tornou-se mais comum. Os Uyghur passaram a ter uma identidade étnica e nacional muito mais forte.
O massacre de Ürümqi, em 2009, fez com que muitos passassem a sentir mais isso. Tudo começou com uma série de protestos a pedir melhor tratamento para os Uyghur que vão trabalhar para o leste da China e que são muitas vezes vítimas de crimes de ódio. Houve repressão policial contra as manifestações e as manifestações tornaram-se motins. Para muitos Uyghurs, esse foi um ponto de viragem. Até aí, muitos achavam que a repressão era coisa do governo local ou de alguns responsáveis corruptos, mas não do governo central. Com a morte de centenas de Uyghurs e a detenção de milhares na sequência dos protestos, essa perceção mudou.

Os protestos de Uyghurs em Urumqi foram reprimidos, em 2009 (Guang Niu/Getty Images)

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Trinta anos depois do massacre de Tiananmen, diria que o Estado chinês está mais ou menos repressivo agora? Por outras palavras, hoje em dia é mais fácil ou mais difícil ser um ativista na China?
Creio que hoje em dia é mais difícil. Antes, os Uyghurs conseguiam fazer campanhas, em Xinjiang e não só, por escolas com aulas em Uyghur, contra as políticas discriminatórias aplicadas aos nossos agricultores… E eles podiam sair do país. Agora, sinto-me assustado até aqui na Finlândia. Sinto pressão, sinto que querem silenciar-me, a mim e a outros ativistas Uyghur. Agora, os livros em Uyghur foram banidos, as escolas deixaram de dar aulas na nossa língua. Está mais difícil. As autoridades chinesas estão mais arrogantes do que nunca. Em 2005, por exemplo, libertaram a Rebiya Kadeer [ex-deputada Uyghur, vive atualmente nos EUA]. Agora veja o que aconteceu ao Ilham Tohti. Ele é um economista da Universidade de Minzu. Não é um separatista, nem sequer tem essa agenda, só tem alertado para o que está a acontecer com os Uyghurs. O que ele diz é que o que está a acontecer cria tensões étnicas e aumenta a distância entre chineses e Uyghurs. E condenaram-no a prisão perpétua, só por ele dizer que há injustiças a acontecer. Um homem que só queria resolver as coisas de outra forma, mas dentro do enquadramento chinês, sob o Partido Comunista Chinês.
Para além disso, agora não há reação à pressão internacional. A China está mais confiante e mais disposta a ignorar essa pressão. O poderio económico chinês funciona como uma espécie de bênção no estrangeiro. Portanto, a situação só pode estar pior.

"Hoje em dia ensinam na escola que a Revolução Cultural foi um erro. Quem sabe se um dia não poderão dizer também que o massacre de Ürümqi foi um erro? O que espero é que um dia o governo chinês admita que o que fez aos estudantes em Tiananmen foi um erro. E espero que mudem a sua política e comecem a respeitar os direitos humanos, para que os Uyghur possam gozar da liberdade, sem discriminação."
Halmut Harri, chinês Uyghur e criador da campanha #MeTooUyghur

Tem esperança de que a situação venha a mudar? E o que acha que pode ser mais eficaz a conseguir uma mudança: a pressão internacional ou o trabalho dos ativistas chineses, dentro e fora do país?
Não sei. O sistema de governo chinês é complexo, não podemos simplesmente dizer que é uma ditadura, porque há grupos diferentes dentro do governo. É impossível prever o que vai acontecer. Durante a Revolução Cultural, ninguém esperava que viesse uma nova era de política aberta, com um novo sistema económico, e aconteceu. Hoje em dia ensinam na escola que a Revolução Cultural foi um erro. Quem sabe se um dia não poderão dizer também que o massacre de Ürümqi foi um erro? O que espero é que um dia o governo chinês admita que o que fez aos estudantes em Tiananmen foi um erro. E espero que mudem a sua política e comecem a respeitar os direitos humanos, para que os Uyghur possam gozar da liberdade, sem discriminação. Talvez um dia até possam vir a ter um referendo e tornar-se independentes, de forma pacífica. Quem sabe?

“Charlie Smith”, o ativista que ajuda a contornar a Grande Muralha na internet

A página da Wikipedia sobre o massacre de Tiananmen é inacessível para qualquer pessoa que tente lá chegar a partir de uma rede comum de internet na China continental. É uma das 880 páginas da Wikipedia que estão bloqueadas, bem como 26 mil termos de pesquisa no Google, desde que Xi Jinping chegou ao poder, em 2012. Para a Freedom House, não há dúvidas: a China é o país que mais viola a liberdade online. Foi essa a classificação que a organização lhe deu em 2018, à semelhança do que tinha feito nos quatro anos anteriores.

“Charlie Smith” está na China, mas sabe disso. Juntamente com outros dois amigos, criaram o Great Fire, organização que pretende contornar a censura apertada que existe online na China, dando aos chineses instrumentos para contornar a chamada Great Firewall — nome que pega no termo da Grande Muralha da China (Great Wall) e a adapta a este sistema de monitorização estatal, uma firewall.

O ativista digital pede para não ser identificado pelo seu verdadeiro nome, por razões de segurança. Pede também para comunicar por email. “Não posso fazer telefonemas”, explica telegraficamente. Mas não se escusa a falar sobre o tema e deixa uma certeza: “A mudança virá de dentro.”

Sabemos que a Great Fire opera dentro da China, razão pela qual não pode divulgar a sua identidade. Sem pôr isto em causa, pode explicar porque razão decidiram criar o grupo e porque sentiram que o ativismo digital era algo importante na China de hoje?
Criámos a Great Fire há oito anos, porque queríamos ajudar a educar as pessoas sobre como funciona a Great Firewall e também queríamos reunir dados que demonstrassem isto. O nosso primeiro site até foi o Analyzer. Depois começámos a perceber que era necessário outro tipo de soluções para combater a censura na China, por isso criámos novos projetos para contornar esses problemas.

O acesso à internet na China é limitado e altamente vigiado pelas autoridades, que atuam quando acham que foram ultrapassados certos limites (China Photos/Getty Images)

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Lembra-se do que sentiu quando percebeu que o acesso à internet na China para um cidadão comum era diferente do acesso que têm as pessoas noutras partes do mundo? Ou seja, recorda-se que reação teve ao perceber que existia esta Great Firewall?
Só posso falar por mim, mas recordo-me quando a internet nem sequer existia e lembro-me quando ela apareceu e se podia aceder a tudo livremente, porque os líderes ainda não tinham medo de coisas como o Winnie the Pooh [o boneco tem sido banido por ter sido comparado ao Presidente Xi Jinping]. Acho que ninguém ficou surpreendido quando o primeiro site foi bloqueado, porque na China existem regras e às vezes essas regras não fazem sentido nenhum. O que foi mais surpreendente é que empresas estrangeiras, como a Cisco, tenham ajudado a construir essa Great Firewall. Lembro-me quando Jerry Yang permitiu às autoridades chinesas que acedessem à conta de email da Yahoo de Shi Tao [jornalista que foi preso por ter divulgado um documento do Partido]. E, desde então, tem sido uma história sobre como as empresas estrangeiras têm ajudado as autoridades chinesas a controlar o fluxo de informação na China.

Como descreveria a situação atual no que diz respeito aos direitos digitais? Este é um tópico que preocupa as pessoas na China? 
Os chineses sentem-se desamparados. A China é um país tão grande, onde acontecem tantas coisas, que é certo que toda a gente, a determinado ponto da sua vida, irá encontrar uma injustiça. Tomar a decisão de expressar o seu descontentamento com a situação depende muito das circunstâncias da vida de cada um. Neste momento, há um clima de medo, embora não seja falado. A maioria das pessoas não põe nada nas redes sociais que possa provocar a ira das autoridades. Há um processo de tomada de decisão complexo quando os chineses decidem falar de algo, antes perguntam a si mesmos “discutir este tema ultrapassa os limites?”.
Mas o mesmo processo de decisão existe para as autoridades chinesas quando decidem reprimir. As autoridades reconhecem que existe um descontentamento legítimo e às vezes deixam essas conversas acontecer. A pesquisa mostra-nos que quando esse descontentamento ameaça verter para as ruas, é aí que as autoridades intervêm para silenciar essas conversas. Mas estão a fazer um equilíbrio muito difícil. Uma coisa é censurar imagens do Winnie the Pooh; outra é censurar histórias sobre a bolha imobiliária, que é real.

"Hoje em dia, a maioria dos chineses provavelmente pensa que seria impossível organizar uma manifestação na Praça Tiananmen. Por outro lado, o nível de descontentamento atual é muito maior do que em 1989. É mais fácil ser-se atraído para o ativismo hoje em dia, mas é muito mais difícil conseguir ter impacto."
"Charlie Smith", ativista digital e fundador do site Great Fire

Trinta anos depois do massacre de Tiananmen, diria que o Estado chinês está mais ou menos repressivo agora? Por outras palavras, hoje em dia é mais fácil ou mais difícil ser um ativista na China?
Hoje em dia, a maioria dos chineses provavelmente pensa que seria impossível organizar uma manifestação na Praça Tiananmen. Por outro lado, o nível de descontentamento atual é muito maior do que em 1989. É mais fácil ser-se atraído para o ativismo hoje em dia, mas é muito mais difícil conseguir ter impacto.

Tem esperança de que a situação venha a mudar? E o que acha que pode ser mais eficaz a conseguir uma mudança: a pressão internacional ou o trabalho dos ativistas chineses, dentro e fora do país?
Não estaríamos a fazer o que fazemos se não tivéssemos esperança. A mudança vai chegar e virá de dentro, virá dos próprios chineses.

Teng Biao, o homem que foi torturado por defender casos em tribunal

É uma voz muito suave, num tom baixo, que se ouve quando alguém atende o telefone do outro lado. “Obrigado por ter ligado”, diz Teng Biao, simplesmente. É tarde em Taiwan, onde está temporariamente, mas isso não o impede de fazer à mesma a entrevista por telefone. A partir de Nova Jérsia (EUA), onde vive atualmente, Teng Biao tem aproveitado todos os momentos para denunciar as violações de direitos humanos que ocorrem na China de hoje — uma situação que, crê, piorou e muito com a chegada ao poder de Xi Jinping. Em abril de 2018, escreveu um artigo onde deixou claro o que pensa: “O novo totalitarismo de Xi Jinping e o velho estilo de totalitarismo de Mao não diferem assim tanto”, declarou.

Não é para menos se se tiver em conta aquilo por que Teng Biao passou, a nível pessoal. Advogado, defendeu gente conhecida como o colega “descalço”, Chen Guangcheng. Mas defendeu também gente anónima e quase proscrita na sociedade chinesa: um trabalhador migrante, separatistas do Tibete, muçulmanos Uyghur e ativistas que pediam proteção para os doentes com VIH. Ao mesmo tempo, sempre se manteve uma voz política: nas aulas que dava, nos artigos que publicava, no facto de ter assinado o manifesto 08 de Liu Xiaobo.

Teng Biao vive atualmente em Nova Jérsia, nos Estados Unidos (D.R. TENG BIAO)

Mas as repercussões chegaram, e com toda a força. Primeiro foi suspenso de dar aulas na Universidade de Política e Direito de Pequim, por três vezes. Em 2008 foi-lhe retirada a licença para exercer como advogado. Pouco depois, viria a força bruta: um dia, puseram-lhe um capuz a tapar a cara e levaram-no à força para um lugar que não sabe onde fica. Em 2011 seria novamente detido. Esteve 70 dias em isolamento. Após ser libertado, foi dar aulas para Hong Kong, na esperança de que ali não teria de olhar por cima do ombro tantas vezes. Só que a repressão generalizada em 2015, quando 300 advogados de direitos humanos e ativistas foram detidos, insuflaram o medo em Teng Biao, que decidiu abandonar a China.

É por isso que, garante ao Observador, a situação vai piorar antes de melhorar. Mas a única opção que lhe resta, diz, é continuar a tentar. Tal como fizeram os sobreviventes de Tiananmen, que o inspiraram quando era um jovem estudante de Direito.

Como e porque se tornou advogado de direitos humanos?
Antes de ir para a Universidade, eu tinha sido vítima de uma espécie de lavagem cerebral. Foi só quando fui para a Universidade de Pequim e conheci professores pró-democracia que as coisas começaram a mudar. Tive a oportunidade de ler publicações clandestinas e de ouvir falar do massacre de Tiananmen. É preciso também dizer que fui muito influenciado pela geração de dissidentes de Tiananmen.
Aos poucos, comecei a aceitar que a democracia liberal era o melhor sistema. Foi depois de tirar o meu doutoramento e de começar a dar aulas em Pequim que passei a trabalhar como advogado. Aí, comecei a defender vários casos de direitos humanos, a defender sobretudo os promotores do movimento democrático. Os direitos humanos são muito, muito importantes, mas na China praticamente não existem. Não há qualquer respeito pelos direitos humanos e é muito importante que alguém os defenda.

Foi advogado do Cheng Guangcheng, mas também de pessoas menos famosas: ativistas do Tibete, de minorias religiosas como a Falun Gong… Porque aceitou defender estas pessoas, sabendo que o julgamento provavelmente não seria livre?
Na China não há qualquer independência judicial, nem julgamentos livres. Os juízes não podem tomar uma decisão individual nos casos. Portanto, para além da defesa em tribunal, nós tentamos organizar campanhas públicas, montamos atividades de rua e manifestações. Às vezes planeamos greves de fome. Mas, na maior parte dos casos, não temos qualquer hipótese de ganhar, porque o governo controla o processo. Só que, através destes casos, ao longo do tempo vamos reunindo mais e mais apoio das pessoas normais, da sociedade. O movimento pelos direitos humanos tem-se desenvolvido ao longo dos últimos 15 anos, o que é incrível num regime tão repressivo. Mas esta é também a razão que está por detrás da repressão do governo.
Em geral, acreditamos que a defesa dos direitos humanos é importante, mas o Estado de Direito é impossível na China. É por isso que queremos avançar com a democratização, porque será uma forma de avançar com o movimento dos direitos humanos também. Só quando a China for democrática é que os direitos humanos dos chineses serão totalmente protegidos. Não é possível protegê-los num sistema de partido único. É necessário alterar a estrutura política, alterar o sistema.

Foi detido, esteve preso, foi torturado. Por que razão um advogado se torna alvo de tamanha repressão?
Comecei por ser ameaçado de várias formas por causa do meu trabalho, bem como os meus artigos a criticar o governo e o Partido Comunista Chinês. Primeiro proibiram-me de dar aulas e depois acabei por ser despedido da Universidade. Confiscaram o meu passaporte. Depois fui colocado em prisão domiciliária. Por fim, fui detido. Deixaram-me em isolamento e, mais tarde, fui torturado.
As ameaças a perseguição foram aumentando de tom ao longo do tempo porque eu nunca parei. Continuei sempre a trabalhar na área dos direitos humanos e isso enfureceu o governo. Queriam silenciar-me e travar-me, mas eu nunca parei.

E quando é que decidiu sair da China?
No final de 2013 vários dos meus colegas, advogados de direitos humanos, foram detidos. À altura eu estava a dar aulas em Hong Kong e tornou-se muito óbvio que, se regressasse à China continental, seria detido, julgado e condenado. Foi então que recebi uma proposta de bolsa da Harvard Law School e fui para os EUA em setembro de 2014. Mais tarde, o governo chinês prendeu vários advogados de direitos humanos, em 2015. Houve repressão sobre ativistas, grupos religiosos e cerca de 20 universidades, foi uma repressão bastante abrangente na sociedade. Tendo em conta isso, senti que não podia voltar à China.

Teng Biao testemunhou perante o Congresso norte-americano a situação dos direitos humanos na China (NICHOLAS KAMM/AFP/Getty Images)

AFP/Getty Images

Trinta anos depois do massacre de Tiananmen, diria que o Estado chinês está mais ou menos repressivo agora? Por outras palavras, hoje em dia é mais fácil ou mais difícil ser um ativista na China?
Muitos académicos têm questionado esta noção da China como um Estado autoritário. A China é um Estado totalitário, não é um agente simplesmente autoritário. Desde que Xi Jinping chegou ao poder, em 2012, que os direitos humanos têm sido travados e que têm sido cometidas atrocidades. Muitos ativistas continuam o seu trabalho em defesa dos direitos humanos, mas o risco é mais elevado do que nunca. Acho que com Xi Jinping, o governo não vai parar. Temo que muitos ativistas serão presos nos próximos anos. A comunidade dos direitos humanos na China enfrenta um momento muito difícil e precisamos da ajuda e do apoio da comunidade internacional.

"O problema é que, através de uma política de apaziguamento, os países ocidentais dão prioridade aos negócios e preocupam-se menos com os direitos humanos e com a democracia. Várias empresas ocidentais aceitaram a censura chinesa, alteram os seus softwares para que o governo chinês aperte o controlo à sociedade. Gostava muito que as empresas ocidentais revissem a sua atitude."
Teng Biao, advogado de direitos humanos

Tem esperança de que a situação venha a mudar? E o que acha que pode ser mais eficaz a conseguir uma mudança: a pressão internacional ou o trabalho dos ativistas chineses, dentro e fora do país?
O problema é que, através de uma política de apaziguamento, os países ocidentais dão prioridade aos negócios e preocupam-se menos com os direitos humanos e com a democracia. Várias empresas ocidentais aceitaram a censura chinesa, alteram os seus softwares para que o governo chinês aperte o controlo à sociedade. Gostava muito que as empresas ocidentais revissem a sua atitude.
À medida que a China se torna mais e mais poderosa, irá tornar-se cada vez mais urgente fazer algo, porque será uma ameaça cada vez maior à liberdade global e aos direitos humanos. Já vimos países como a Nova Zelândia, a Austrália e os EUA a reverem a sua política [cancelando contratos com a empresa tecnológica chinesa Huawei], porque entendem a ameaça que a China representa. Mas isto é apenas o início. No geral, o mundo inteiro ainda não percebeu como a ditadura chinesa está cada vez mais a violar direitos. Esta é uma questão essencial de humanidade, de direitos humanos. Os ativistas na China e fora dela continuarão apenas a viver, com esperança. Continuarão a tentar.

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