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Eça de Queirós ainda explica Portugal?

Com as novas edições pela Guerra & Paz e um prémio SPA para "Os Maias" em versão televisiva, tentamos saber se o autor ainda explica o país ou se precisamos de quem faça um retrato sem piedade.

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Numa entrevista recente dada ao Observador, José Rentes de Carvalho perguntou como é que nenhum escritor português recriou José Sócrates em termos ficcionais. “Como personagem romanesco é uma mina de ouro. Mas nenhum escritor pegou ainda nele. Nem os mais jovens. Eu faria dele um Rastignac como o de Balzac.”

O colunista João Pereira Coutinho crê que Sócrates não seria uma boa personagem, optando por banhar o seu comentário num caldo de ironia: “Para que um personagem resulte, é preciso um grau de adesão mínimo à realidade. Sócrates e as suas histórias — o amigo do dinheiro, a condessa de Paris, etc. — são demasiado irreais para um personagem realista.”

Maria Filomena Mónica, socióloga e historiadora, vai no sentido da opinião de Rentes de Carvalho: “Sócrates é um político desprezível e uma fonte de inspiração soberba para um romancista contemporâneo.” Em todo o caso a autora de, entre vários livros, uma conhecida biografia de Eça de Queirós assume que vive num universo mental distante destes anos políticos. Habita o século XIX, rodeada das suas figuras, o que lhe causa situações divertidas como a que viveu há tempos. Num grupo, falando com um político importante do PSD, ele mencionou o Marco António. Filomena Mónica fez a pergunta: “O de Roma?”.

Manuel S. Fonseca, editor da Guerra & Paz, editora que recolocou por estes dias nas livrarias Os Maias e A Cidade e As Serras, considera que justamente Rentes de Carvalho talvez seja o escritor que mais se assemelha ao autor de “O Conde de Abranhos”. “Não percebo nada de heranças, mas um notário meu amigo fez o favor de me chamar a atenção para ele.” Talvez por ser estrangeirado tenha, como Eça, “uma visão desassombrada de Portugal e invista nas personagens”.

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a cidade e as serras

Capa da nova edição de “A Cidade e as Serras”, pela Guerra & Paz

É legítimo pensar-se que de facto José Sócrates poderia ser um petisco para a pena de um Eça de Queirós. Tal como um Miguel Relvas. Um Duarte Lima. Um Oliveira e Costa. Mas, como diz Rentes, falta quem revele apetência por escrever um romance baseado em figuras que poderiam dar um retrato possível de um certo Portugal político, económico e social – já não o do século XIX mas o do século XXI.

Sombra de nós mesmos

Continua a dialogar-se com o autor de A Capital! mas por via da ficção. Como se ainda fosse uma necessidade conversar com o seu espírito agudo para perceber um presente português que vai escapando à atenção dos autores. No terceiro conto do último livro de João de Melo, Os Navios da Noite, editado pela Dom Quixote, ficciona-se um reencontro, hoje, entre João da Ega e o autor que lhe deu vida.

O texto chama-se “O Regresso de João Maria” e aí se escreve que o país entretanto se engravatara mas que continua com “a mesma raça de indolentes cheios de lábia, uma gente provinciana que o poder arrebanhara e fora tosquiando a seu estrito critério”. Mantêm-se “os mesmos padres santos ou pecadores, os políticos de carreirinha que hoje prometem o que amanhã deixarão por cumprir”.

Diz Maria Filomena Mónica que não foi Eça que “contaminou” a visão que os portugueses têm do seu país, mas a realidade. “Esta imagem está em todo o lado, mas nenhuma figura a ilustra melhor do que o Zé Povinho, um saloio patético que faz manguitos nas costas do patrão, porque, à sua frente, não tem coragem de dizer o que pensa.”

Lê-se no conto que no Largo de Camões, em Lisboa, misturados com nórdicos, passam por ali “os amigos janotas” da família Maia, assim como os Gouvarinho, os Palma Cavalão, os Jacintos, os Pachecos de grande e inútil talento, os Curvelo, os Macários, os Matias que iam a enterrar. (…)”. Pergunta-se: “Como isso era possível – nada ter mudado, continuar-se no mesmo marasmo social, país de castas e tribos, numa seca tremenda, uma tão excelentíssima e reverendíssima sensaboria?”

Segundo João de Melo, Eça fixou “uma sombra ou uma silhueta de nós mesmos”. Não necessariamente rostos ou fisionomias concretas. Tudo o que habitualmente designamos por “tipos” — comportamentos e modos de pensar típicos e caracterizadores de uma “condição” portuguesa. Os clérigos de Eça são, no entender do último Prémio Vergílio Ferreira, “sombras dos antigos inquisidores do Santo Ofício”. Condição patente em O Crime do Padre Amaro, personificado tanto no cónego Dias, da primeira geração eclesiástica, como no próprio Amaro, seu ex-discípulo e, portanto, representante da segunda geração. “Mas não devemos esquecer as grandes figuras do Conde de Abranhos, deputado oco, vazio, pesporrente, de que sempre abundam muitos dos nossos eleitos de hoje, ou a do Conselheiro Acácio, versão negativa do administrador de justiça, cujo pensamento social, por retrógrado e estereotipado, denuncia bem o sistema filosófico em que assentava a noção de cidadania.”

Mais há mais: o cidadão Pacheco, descrito na Correspondência de Fradique Mendes como “homem de grande talento” é, para o autor de O Meu Mundo Não é Deste Reino, alguém que continua no meio de nós. Criaturas, ainda hoje, cuja aura não encontra sustento em obra feita nem em mérito reconhecido. Cita Melo uma famosa passagem queirosiana: “Pacheco não deu ao seu país nem uma obra, nem uma fundação, nem um livro, nem uma ideia. Pacheco era entre nós superior e ilustre unicamente porque tinha um imenso talento.” No entanto este talento, que duas gerações festejaram, “nunca deu, da sua força, uma manifestação positiva, expressa, visível”.

Condes de Gouvarinho

Pululam muitos por aí, de facto – e muitos reúnem-se pela noite dentro, à volta das mesas de bares decadentes ou em higiénicos chats de facebook, para discorrer sobre os seus “projectos”. Não é difícil, hoje em dia, descobrir Pachecos do Norte ao Sul do país. Mas, sublinha João de Melo, é em Os Maias que mais abunda a chamada “galeria de tipos lusitanos”.

os maias

Nova capa para “Os Maias”

Nem é pelo facto de as suas personagens estarem construídas à medida de uma concepção monárquica do poder que, no entender do escritor, deixam de ser eternas à sua medida. “Estes é, de algum modo, o Portugal dos condes de Gouvarinho, dos banqueiros ociosos, dos jornalistas venais, dos ‘dandies’ pretensiosos e inúteis, mas também dos Joões da Ega e dos Carlos da Maia inconsequentes e igualmente inúteis.”

Manuel S. Fonseca pensa que é grande a tentação de usarmos Eça como se fosse uma kalashnikov. “Ele disse coisas sobre políticos e fraldas e outras muito pouco platónicas sobre a Grécia que parecem quase ser respostas directas – e directas já – a situações políticas actuais”. Mas Fonseca prefere fazer justiça à “bela cabeça de Eça” e o que vê nessa mesma cabeça é “desenhar-se um humaníssimo teatro do mundo de fantasia e ficção universais, que vão além da urgência política”.

No feminino, por exemplo, vê muitas diferenças: “É provável que ainda haja Padres Amaros a seduzir Amélinhas. Mas quero acreditar que sobretudo as mulheres portuguesas mudaram muito, para não dizer tudo.” Hoje, a mulher portuguesa urbana é, nas palavras de Fonseca, “senhora de si, do seu destino e faria morrer de inveja a loiríssima beleza da Maria Eduarda de ‘Os Maias’”. Ou talvez não, nota Manuel. Talvez a mulher portuguesa moderna seja hoje uma irmã de Maria Eduarda, com “o mesmo passo de deusa”, “o resplandecente decote” que o vestido preto realça.

Uma aldeia chamada Chiado

Eça de Queirós ainda explica Portugal? “Sim e não”, diz Maria Filomena Mónica. “A sociedade da segunda metade de Oitocentos era diferente da de hoje”. Recorda a presença significativa de padres e de beatas, personagens ao tempo com poder, mas que passaram à História. “Leia-se o esplendoroso início de ‘O Crime do Padre Amaro’ sobre a morte do pároco da Sé de Leiria. Figuras como esta não poderiam surgir num romance contemporâneo porque já não existem”. Lembra ainda que, numa era em que as adolescentes tomam a pílula, não teria ocorrido ao padre Amaro a ideia do infanticídio nem a Amélia teria morrido. “Há finalmente as cenas sacrílegas que deixaram de poder ser compreendidas pela maioria da população contemporânea.”

Lisboa, para o editor da Guerra & Paz, nunca existiu. “É uma dessas cidades muralhadas que constam do ‘Dicionário dos Lugares Imaginários’ de Alberto Manguel e Gianni Guadalupe. E tal como descobriram o Yoknapatawpha County nos livros de William Faulkner, Manguel e Guadalupe descobriram essa imaginária cidade de Lisboa nos romances de Eça.” Essa cidade de luz límpida tem no seu centro “uma aldeia chamada Chiado”, pela qual se passeiam insólitos homens de fraque contrastando com o pano de fundo de uma população anémica. Há um grande Terreiro, ao qual o escritor de monóculo chama Arcada. “O olhar dele perde-se, desliza, flutua sobre um rio como é impossível haver um rio assim na prosaica realidade”.

Mário de Carvalho é um dos raros autores, num país muito dado ao lirismo mesmo na prosa, que, através de uma linguagem escolhida com esmero, fazem uso do humor satírico e da ironia nos seus romances. Para responder à pergunta “considera-se influenciado pelo tom de Eça?, Mário de Carvalho recorda uma conversa com um escritor seu amigo, António Torrado. “O Eça pega-se”, disse-lhe Torrado.

Lisboa, 13/06/2015 - Realizou-se esta tarde na Feira do Livro de Lisboa entrevistas com escritores e editores. Mário Carvalho (Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens)

O autor de Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde assume os perigos do vírus queirosiano: “De facto, se não nos acautelarmos, a maneira queirosiana vai-se insinuando, subtilmente, entre as nossas linhas”. Mas o perigo de contágio advém de uma pesquisa necessária do cânone literário que nos trouxe até aqui. “Há uma literatura secular em Português com que temos de nos confrontar. Eça está lá. Desafia-nos. Ainda que se deteste, o que tem acontecido, aliás com jactância, não há que fugir-lhe. Ou então paga-se um preço bem alto.”

O também autor de “A Sala Magenta” crê que a excelência do artifício de um autor como Eça está em fazer crer que o mundo é realmente assim. “Mas trata-se de puro fingimento. Eficaz, sem dúvida”. Relembra “A Relíquia”, romance que, ainda hoje, há quem prefira, a seu ver, ocultar. “Anda por lá um Alpedrinha, português trota-mundos encontrado em Alexandria, que vai ‘carregando fardos alheios’ por casa do Diabo Mais Velho, sempre prestável, disponível e saudoso da Pátria: ‘-E o cavalheiro recebeu alguns jornais da nossa Lisboa? Gostava de saber como vai por lá a rapaziada…’ O ‘derradeiro lusíada’, chama-lhe Eça”.

Mário de Carvalho usa de uma formulação curiosa para trocar umas ideias sobre o assunto: “Sem querer ser desmancha-prazeres, nem frustrar um interessante exercício lúdico, eu era capaz, tomando o apelo de Eça a Bulhão Pato, de pedir aos ‘portugueses’ que saíssem de dentro das personagens dele.” Tal como defende o editor da Guerra & Paz, considera que a Lisboa de Eça, como Jerusalém, ou Leiria, são criações do autor, a partir de referentes reais. Mas, alega, é inegável que Eça criou tipos universais que evocam “comportamentos”, “atitudes”, “falas do mundo real” dos nossos tempos. “Quando comentamos um certo discurso ‘acaciano’, dizemos que tal ou tal fulano é um ‘Zé Matias ou um Gouvarinho’, ou reproduzimos falas como ‘há talento, há saber…’, ‘ainda o apanhamos’, ou ‘a inveja da Europa’, damos testemunho da genialidade criadora de Eça.”

A choldra

Há quem ache que o desdém queirosiano pelo país da “choldra” está disseminado, revelando-se no português comum, em todas as oportunidades que encontra. Por exemplo, naquele taxista que destrata o Portugal dos “tachos” quando passa perto da Assembleia da República. As palavras são de Manuel S. Fonseca: “Faça-se o taxista português num almofariz, pisando-se muito bem o cebolinho que é o Eça e o alho que é o Camilo. Há nele um desmesurado e avassalador ódio ao mundo e o gosto pelas Marias que matam a sua mãe”. E acrescenta: “Seja como for, o país, hoje, já apanhou um táxi que o Eça do ‘americano’ desconhecia.”

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“Os Maias”, na adaptação de João Botelho

João de Melo defende que é preciso afastar a ideia de que Eça era um “estrangeirado” e de que “não gostava de Portugal”. “Não é verdade: por o ter amado tanto é que ele o quis projectado sobre a ideia do progresso e da República”. Para Maria Filomena Mónica, o que leva grande parte dos portugueses, especialmente os que nunca leram Eça, a considerar que tudo quanto ele escreveu se aplica ao Portugal de hoje são factores estruturais: a incompetência dos políticos, a pobreza do país e a dependência do Estado.

“É sobretudo em ‘As Farpas’ que a magnífica raiva do jovem Eça é mais notória.” O inimigo principal são os políticos. Cita três pequenos extractos: “O corpo legislativo há muitos anos que não legisla. Criado pela intriga, pela pressão administrativa, pela presença de quatro soldados e um senhor alferes, e pelo eleitor a 500 réis, vem apenas a ser uma assembleia muda, sonolenta, ignorante, abanando com a cabeça que sim.”

Sobre o governo do dia (1871): “Não governa, não tem ideias, não tem sistema; nada reforma, nada estabelece; está ali, é o que basta”. A conclusão era, para ele, óbvia: “E assim se passa, defronte de um público enojado e indiferente, esta grande farsa que se chama a intriga constitucional. Os lustres estão acesos; o país distraído; nada tem de comum com o que se representa no palco; não se interessa pelos personagens e acha-os impuros e nulos”.

Pereira Coutinho identifica os portugueses como sendo assim: a oscilação permanente entre o dramático e o indolente. “Ora nos matamos ora chegamos à conclusão que não vale a pena e o melhor é fazer uma jantarada.” Nada é sério porque nada é levado a sério. O que parece ser um defeito é, para o autor de Vamos ao Que Interessa, a nossa maior virtude. “E Eça captou-a.”

Eça chamava a atenção para o facto, “triste”, de os portugueses não se poderem dar ao luxo de ter princípios: “Fomos outrora o povo do caldo da portaria, das procissões, da navalha e da taberna. Compreendeu-se que esta situação era um aviltamento da dignidade humana: fizemos muitas revoluções para sair dela. Ficámos exactamente em condições idênticas. O caldo da portaria não acabou. Não é já como outrora uma multidão pitoresca de mendigos, beatos, ciganos, ladrões, caceteiros, carrascos, que o vai buscar alegremente, ao meio-dia, cantando o Bendito; é uma classe inteira que vive dele, de chapéu alto e paletó. Este caldo é o Estado”.

Ainda se este fosse rico, diz, talvez as coisas se compusessem. Não sendo esse o caso, logo surgia o abatimento geral: “Ora, como o Estado, pobre, paga tão pobremente que ninguém se pode libertar da sua tutela para ir para a indústria ou para o comércio, esta situação perpetua-se de pais a filhos como uma fatalidade.” O resultado não podia ser mais confrangedor: “A pobreza geral produz um aviltamento na dignidade. Todos vivem na dependência: nunca temos por isso a atitude da nossa consciência, temos a atitude do nosso interesse.” Um retrato deprimente muito distante do que se pode fazer do país nos dias de hoje?

Conclui Maria Filomena Mónica que não foi Eça que “contaminou” a visão que os portugueses têm do seu país, mas a realidade. Em Portugal, sempre se imaginou o mundo dividido entre “nós”, as vítimas inocentes, e “eles”, os que mandam. “Esta imagem está em todo o lado, mas nenhuma figura a ilustra melhor do que o Zé Povinho, um saloio patético que faz manguitos nas costas do patrão, porque, à sua frente, não tem coragem de dizer o que pensa.”

Temperamento nacional

João Pereira Coutinho crê que Eça não é um taxista avant la lettre. “O discurso da choldra sempre fez parte da visão que os portugueses têm de si próprios.” Correndo assumidamente o risco de cair num paradoxo, reflecte que essa auto-flagelação permanente é um dos grandes traços da nossa megalomania. “Dizer que Portugal ‘é o maior do mundo’ ou ‘o pior do mundo’ revela o mesmo tipo de narcisismo, embora retratado de perspectivas distintas.”

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João Pereira Coutinho

Segundo Coutinho, cronista e professor universitário, Eça explica bem Portugal e os portugueses mas não pelas razões usualmente citadas: a crítica aos políticos, à nossa pequenez mental, ao provincianismo de uma cultura que se limita a imitar o que vem de fora. “Mais importante do que isso é a capacidade que Eça tem de captar o temperamento nacional”. Nos seus romances acontecem aos maiores torpezas: situações como um irmão que dorme com uma irmã e como um padre que engravida “uma donzela” e depois manda matar o filho. Mas esses momentos trágicos acabam sempre em “pilhéria” — anos depois, o padre passeia-se por Lisboa e confessa que agora só se envolve com casadas.

Pereira Coutinho identifica os portugueses como sendo assim: a oscilação permanente entre o dramático e o indolente. “Ora nos matamos ora chegamos à conclusão que não vale a pena e o melhor é fazer uma jantarada.” Nada é sério porque nada é levado a sério. O que parece ser um defeito é, para o autor de Vamos ao Que Interessa, a nossa maior virtude. “E Eça captou-a.”

Quem é que herdou a voz de Eça no Portugal de hoje? A resposta é logo disparada: “Os nossos melhores cronistas. A grande prosa do século XX, em Portugal ou no Brasil, está nos cronistas de jornal.” A razão, no entender do colaborador da Folha de São Paulo, é simples: o romancista nacional está essencialmente apaixonado pelo seu “mundo interior” e não pelo “mundo exterior” que ocupava a pena de Eça.

Quando pensamos no século XIX, pensa-se em Eça e, mesmo que o seu retrato social seja apenas uma interpretação do próprio sobre o país que muitos historiadores contestam, pelo menos há essa ambição: “retratar Portugal”. Mas se as gerações vindouras quiserem saber o que era Portugal em 2016, elas lerão quem?, pergunta Coutinho: “Ninguém. Os nossos escritores estão demasiado apaixonados por eles próprios para concederam à realidade qualquer tipo de importância”, o que, para o próprio, tem como resultado uma “prosa estéril e que não deixará rasto”. Será que Portugal precisa de um novo Eça?

Nuno Costa Santos, 41 anos, escreveu livros como “Trabalhos e Paixões de Fernando Assis Pacheco” ou o romance “Céu Nublado com Boas Abertas”. É autor de, entre outros trabalhos audiovisuais, “Ruy Belo, Era Uma Vez” e de várias peças de teatro.

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