Professor universitário, crítico literário, ensaísta e escritor, Eduardo Lourenço era um dos grandes pensadores do século XX português. Autor de uma vasta obra, focada na literatura portuguesa mas abrangendo muitas outras áreas, ganhou o Prémio Camões, o mais importante galardão de língua portuguesa, em 1996. Em 2011, recebeu o Prémio Pessoa. Morreu esta terça-feira, 1 de dezembro, aos 97 anos.
Nascido em 1923 numa aldeia do concelho de Almeida, na Guarda, concluiu o curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra a 23 de julho de 1946, com a dissertação O Sentido da Dialéctica no Idealismo Absoluto. Primeira parte. Foi professor nessa mesma faculdade de 1947 a 1953, mudando-se depois para França, onde exerceu vários cargos em diferentes universidades francesas e também alemãs. Publicou o seu primeiro livro, Heterodoxia I, em edição de autor, em 1949, mantendo um ritmo de publicação muito regular a partir dos anos 70.
Lourenço foi condecorado quatro vezes pelo Estado português (a última em junho de 2014, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade) e três pelo governo de França, onde viveu durante várias décadas. Por altura dos seus 96 anos, em maio de 2019, foi inaugurada uma estátua em sua honra, nos jardins da sede União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Lisboa.
Um pequeno mundo antigo
Eduardo Lourenço de Faria nasceu a 23 de maio de 1923, em São Pedro do Rio Seco, na Guarda. Como era habitual naquele tempo, Lourenço só foi registado vários dias depois. Por causa disso, era o dia 29 que aparecia na sua cédula de nascimento. Filho de Abílio de Faria e Maria de Jesus Lourenço, era o mais velho de sete irmãos e talvez por isso admitisse que tinha tido uma infância solitária. “Tive também de inventar os meus heterónimos, de descobrir maneiras de me divertir comigo mesmo, de combater a minha solidão”, admitiu numa entrevista em 2009.
Os primeiros dez anos de vida foram passados entre a aldeia do concelho de Almeida e a Guarda porque o pai, Abílio, era militar. Os “militares deslocam-se” e, por vezes, “as famílias deslocam-se com eles”, explicou a José Eduardo Franco. Era, contudo, de São Pedro do Rio Seco que guardava as maiores recordações. Na década de 1920, a aldeia, como muitas do interior do país, “era o último estádio da civilização”. Não havia comunicação com os povoados em redor e “praticamente quase só se vivia do que se produzia na aldeia e não havia trocas. Apenas uma pequena troca que permitia às pessoas comprarem alguma coisa, vestirem-se, calçarem-se”. A maioria das pessoas não sabia ler nem escrever, e nem lhes passava pela cabeça mandar os filhos para a escola, até por questões económicas.
“Ninguém pensava mandá-los para a Guarda para fazer o Liceu, o quinto ano, e muito menos para a Universidade. […] Era um mundo muito arcaico que eu chamo Piccolo Mondo Antico, título de uma novela célebre de Antonio Fogazzaro, que é um título que eu acho admirável. Se algum dia escrevesse memórias sobre S. Pedro, teria um título parecido. Um pequeno mundo morto, ou coisa parecida”, disse Lourenço em entrevista a Maria Manuel Baptista, publicada na edição de 2005 de O Outro Lado da Lua. A Ibéria segundo Eduardo Lourenço.
As “ilusões” de Coimbra e a partida para França, o “país da liberdade”
Depois de ter completado o ensino básico em São Pedro e de ter frequentado, durante um ano, o Liceu Afonso de Albuquerque, na Guarda, entrou para o Colégio Militar, em Lisboa. Foi aí que viveu dos 11 aos 17 anos, em regime de internato. A experiência foi para ele “um buraco negro”, que não gostava de recordar. A memória mais traumática que lhe ficou foi a de passar as férias da Páscoa na escola, porque a casa dos pais ficava demasiado longe. Completado o curso em 1940, foi admitido, ainda no mesmo ano, na Universidade de Coimbra. Ainda ponderou entrar para a Escola do Exército, mas acabou por prestar provas para entrar na licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas.
Anos mais tarde, lembrou que entrou para a faculdade cheio de ilusões como muitos outros estudantes. Estava “convencido de que a Universidade” lhe abriria “um futuro”, dar-lhe-ia “horizontes pelos quais inconscientemente todo o adolescente suspira”. “Descobri cedo que, com uma ou duas exceções, que sempre existem no sistema universitário, me encontrava dentro de um sistema pedagógico e de um discurso extremamente fossilizados”, disse a Mário Mesquita, durante uma entrevista conduzida em 1996, explicando de seguida que o problema era que as aulas eram um “eco de livros mais ou menos reconhecidos e em voga no plano internacional. Não havia, portanto, nesse capítulo, verdadeira inovação ou verdadeiro trabalho pessoal”.
“Quanto à Filosofia, havia, no meu tempo, uma espécie de clivagem que, se fosse abertamente cultivada, e confessada como tal, teria sido interessante (…). A filosofia era praticamente sempre a filosofia dos outros. Havia naquele tempo um semestre de História da Filosofia em Portugal, mas era uma cadeira menor e mesmo essa matéria era perspetivada de um ponto de vista da erudição mais do que de um ângulo em que se pudessem realmente discutir os problemas profundos da realidade portuguesa”, disse ainda.
Em Coimbra, começou por frequentar o Centro Académico de Democracia Cristã — porque o abade de São Pedro do Rio Seco tinha recomendado à sua mãe que “não deixasse de o frequentar” –, onde fez alguns amigos, como Henrique Barrilaro Ruas. Mais tarde, conheceu na Faculdade de Letras de Coimbra os neo-realistas Rui Feijó, Carlos de Oliveira, Egídio Namorado e Raul Gomes. O neo-realismo haveria de ser tema de alguns dos seus trabalhos, nomeadamente Sentido e Forma da Poesia Neo-Realista, publicado em Lisboa em 1968. A sua abordagem crítica da liberdade começou, aliás, por ser inspirada por esta corrente, aproximando-se depois do existencialismo devido ao contacto com a obra dos pensadores franceses, como foi apontado na sua biografia disponível no site da biblioteca municipal da Guarda, batizada com o seu nome. “Não se deixou, no entanto, condicionar por estas influências, filtrando e analisando as motivações menos evidentes no comportamento dos portugueses como povo.”
Seis anos depois de ter sido admitido em Coimbra, Lourenço concluiu o curso a 23 de julho de 1946, com 18 valores, com a tese O Sentido da Dialéctica no Idealismo Absoluto. Primeira parte. No ano seguinte, foi convidado pelo professor Joaquim de Carvalho para assistente do curso de Filosofia da Faculdade de Letras de Coimbra, cargo que ocupou desde 20 de outubro de 1947 a 20 de outubro de 1953, quando se estabeleceu em França. Da partida de Portugal e da chegada a um país estrangeiro, recordava sobretudo o ar de liberdade que se respirava: “Imagine o entusiasmo e o espanto de chegar a Bordéus e, na rua principal, ver uma grande faixa de propaganda do Partido Comunista Francês. Veja o que é sair do país de Salazar, atravessar o de Franco, que ainda era bem pior, e chegar a um sítio onde aquilo era uma coisa normal. Naquele momento, a França era o país da liberdade”, disse numa entrevista para a revista Pública, em 2007.
Depois de uma estadia de dois meses (entre janeiro e fevereiro de 1953) na capital francesa, com uma bolsa atribuída pelo Instituto de Alta Cultura para prosseguir a investigação sobre Malebranche que tinha iniciado em 1949 a convite do reitor da Faculdade de Letras da Universidade de Bordéus, partiu para Hamburgo, onde exerceu funções de leitor de Língua e Cultura Portuguesa na universidade da mesma cidade. Ocupou o mesmo cargo em Heidelberg, também na Alemanha, e Montpellier, de 1953 a 1958. Até 1959, foi responsável, na qualidade de professor convidado, pela disciplina de Filosofia na Universidade Federal da Baía, no Brasil. Voltou depois a França, lecionando nas universidades de Grenoble e, finalmente, de Nice. Nesta, desempenhou posteriormente as funções de maître-assistant, cargo que manteve até à sua jubilação, no ano letivo de 1988-1989.
O regresso (quase) definitivo a Portugal
Eduardo Lourenço só voltou a dar aulas em Portugal nos anos 70, quando se tornou responsável por um seminário de Literatura Contemporânea na Universidade Nova de Lisboa. Foi, contudo, nos Alpes Marítimos, mais precisamente na localidade de Vence, que decidiu fixar residência a partir de 1974. A escolha da cidade aconteceu por acaso, como o próprio admitia: “Na minha vida há poucas escolhas. Deixei-me escolher. Não tenho a pretensão de ter sido escolhido. Estou em Vence por força do acaso. Ao tempo era leitor de português, havia casado em França, a minha mulher já tinha o seu lugar e eu fui para o sítio onde me ofereceram a possibilidade de ganhar, modestamente, a minha vida”, explicou durante uma entrevista concedida ao Diário de Notícias em 1998. Mas o acaso deve ter-se enraizado dentro dele, pois só abandonou a região várias décadas depois, já depois da morte da mulher, a francesa Annie.
Com o 25 de Abril, tornou-se politicamente ativo, tendo mesmo chegado a ser convidado para assumir a pasta da Cultura pelo ministro da Educação do VI Governo Provisório, Vítor Alves, em 1975. Eduardo Lourenço recusou o convite. Em 1978, apoiou a candidatura do general Ramalho Eanes à Presidência da República e, cinco anos depois, a de Maria de Lourdes Pintassilgo. Quando esta não passou à segunda volta, tornou-se apoiante de Mário Soares. Nesse mesmo ano, isto é, 1985, subscreveu com mais doze intelectuais um documento que apoiava a formação de um novo partido político, o Partido Renovador Democrático (PRD).
O período de maior atividade política coincidiu também com o de maior produção intelectual. Até 1974, Eduardo Lourenço tinha publicado apenas uma mão cheia de livros, a começar por Heterodoxia I (1949). A este seguiram-se O Desespero Humanista na Obra de Miguel Torga (1955), Heterodoxia II (1967), Sentido e Forma da Poesia Neo-Realista (1968) e Fernando Pessoa Revisitado. Leitura Estruturante do Drama em Gente (1973). Após o 25 de Abril, contudo, passou a publicar com maior regularidade (um ritmo que manteve praticamente inalterado até ao final da vida), lançando material novo praticamente todos os anos.
Surpreendendo pela “capacidade de ser portador de um olhar sempre diferente e inquietante sobre os problemas de que se ocupa” e espantando pela “pluralidade de interesses, a imensidão de uma cultura que não se entrincheira em redutos de erudição, o jogo ilimitado das referências”, como referiu Eduardo Prado Coelho, Lourenço depressa conquistou o respeito e admiração da intelectualidade portuguesa.
Em 1989, já depois de ter deixado de dar aulas (jubilou-se da Faculdade de Letras da Universidade de Nice em 1989), foi nomeado, pelo Governo português, Conselheiro Cultural junto da embaixada portuguesa em Roma. Ocupou o cargo até 1991. Em 2002, tornou-se administrador não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, posição que manteve até ao fim da sua vida. A partir de 2010, passou a dividir a sua vida entre Vence e a capital portuguesa. Esta última tornou-se no seu único lugar de residência depois de 2013, quando a mulher morreu. Annie Salomon e Eduardo Lourenço tinham-se conhecido na Universidade de Bordéus, onde o filósofo esteve 1949 a 1950 com uma bolsa de estágio da Fundação Fullbright e onde Annie era estudante no Instituto Hispânico. Estavam casados desde 1954 e tinham um filho em conjunto, Gil, adotado em 1966.
Eduardo Lourenço recebeu inúmeros prémios e condecorações ao longo da vida, a começar pelo Prémio Casa da Imprensa, em 1974, graças a Pessoa Revisitado – Leitura Estruturante do Drama em Gente, uma das várias obras que dedicou ao poeta Fernando Pessoa. Fernando, Rei da Nossa Baviera, foi galardoado, em 1986, com o Prémio Nacional da Crítica. Em 1996, recebeu o mais importante galardão de literatura em língua portuguesa, o Prémio Camões, e em 2011, aos 88 anos, foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa pela “cidadania atenta e atuante”, a generosidade e a modéstia do saber. Na opinião do júri, Lourenço “nunca desdenhou a heterodoxia nem as grandes questões do nosso tempo e da nossa identidade”. Na altura, o grupo de jurados, presidido por Francisco Pinto Balsemão, salientou também “a intervenção na sociedade, ao longo de décadas de dedicação, labor e curiosidade intelectual”, e a “obra filosófica, ensaística e literária sem paralelo”.
Em 2016, recebeu o Prémio Vasco Graça Moura de Cidadania Cultural e foi convidado pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa para fazer parte do Conselho de Estado. No mesmo ano, o crítico e ensaísta português Eduardo Lourenço foi distinguido, em dezembro, na Academia Francesa, com o Prémio de Divulgação da Língua e Literatura Francesas, algo que descreveu à Lusa como um “conto de fadas”. O Prémio de Divulgação da Língua e Literatura Francesas, atribuído a Eduardo Lourenço, é destinado a personalidades francesas ou estrangeiras que tenham prestado serviços excecionais à divulgação da língua e da literatura francesa.
Eduardo Lourenço, de 93 anos, disse que o prémio da Academia Francesa foi “uma surpresa absoluta”, porque nunca imaginou receber “um prémio dado por esta famosa academia — que é tão velha como o [rei] François I ou Luís de Camões”. “Não tenho palavras para comentar esta coisa: é uma honra. E também penso muito nos meus amigos — e toda a gente que eu gostaria que estivesse aqui neste momento –, para eu não ser sozinho a confrontar-me com este tipo de fantasmas”, afirmou.
Na hora de receber o Prémio de Divulgação da Língua e Literatura Francesas, Eduardo Lourenço lembrou também quem não está com ele “para partilhar esta espécie de honraria”. “Sobretudo a minha mulher, que é francesa e que não está comigo. Curiosamente, as coisas acontecem assim tão extraordinárias. É o dia do aniversário da sua morte”, explicou.
Em 2018, chegou aos cinemas o ensaio documental “Labirinto da Saudade”, uma adaptação da obra homónima, publicada originalmente em 1978. O filme, realizado por Miguel Gonçalves Mendes e narrado por Lourenço, percorre os espaços da sua memória, da história e identidade portuguesas em busca do que significa ser português. No ano seguinte, o filósofo e ensaísta recebeu mais um galardão — o Prémio Livraria Lello –, que recebeu o seu nome e que distingue personalidades vivas das áreas das Letras, Artes e Ciência.
[o trailer de “Labirinto da Saudade”:]
Eduardo Lourenço foi condecorado, em Portugal, com a Ordem de Sant’Iago d’Espada (1981), Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1992), Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2003) e Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (2014). Em 2008, recebeu a Medalha de Mérito Cultural atribuída pelo Ministério da Cultura português. Em França, recebeu os títulos de Oficial da Ordem Nacional do Mérito (1996), de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras (2000) e de Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra (2002). Lourenço era ainda Doutor Honoris Causa pelas universidades do Rio de Janeiro (1995), Coimbra (1996), Nova de Lisboa (1998) e Bolonha (2006). Entre os prémios recebidos contam-se:
- 1974: Prémio Casa da Imprensa por Pessoa Revisitado – Leitura Estruturante do Drama em Gente;
- 1984: Prémio Pen Club por Poesia e Metafísica;
- 1984: Prémio de Ensaio Jacinto Prado Coelho por Poesia e Metafísica;
- 1986: Prémio Nacional da Crítica por Fernando, Rei da Nossa Baviera;
- 1988: Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon por Nós e a Europa – ou as duas razões;
- 1992: Prémio António Sérgio;
- 1996: Prémio D. Dinis de Ensaio por O Canto do Signo;
- 1996: Prémio Camões;
- 2001: Prémio Vergílio Ferreira (da Universidade de Évora);
- 2003: Prémio “Trófeu da Latinidade”;
- 2006: Prémio Extremadura a la Creación (da Junta da Extremadura, Espanha), na categoria “Melhor Trajetória Literária de Autor Iberoamericano”;
- 2007: Premio Speciale Giuseppe Acerbi Saggistica (de Castel Goffredo, Itália);
- 2011: Prémio Vida e Obra da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA);
- 2011: Prémio Pessoa;
- 2012: Prémio Universidade de Lisboa;
- 2013: Prémio Jacinto Prado Coelho por Tempo da Música. Música do Tempo;
- 2016: Prémio Vasco Graça Moura de Cidadania Cultural;
- 2016: Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural;
- 2018: Prémio de Filosofia da Câmara Municipal de Abrantes;
- 2019: Prémio Livraria Lello – Eduardo Lourenço.
Uma das últimas grandes homenagens que lhe foi prestada, foi a inauguração de uma estátua em bronze nos jardins da sede União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Lisboa, no dia em que completou 96 anos. A peça, do artista Leonel Moura, foi feita a partir de protótipo construído a partir de uma digitalização de Lourenço, depois imprensa em 3D. Composta por mais de 100 peças e com mais de 2 metros de altura, foi fabricada na Fundição Lage, em Vila Nova de Gaia. Pesa cerca de 800 quilos.
Além da inauguração da estátua, foi realizada uma homenagem a Lourenço no Palácio Foz, também em Lisboa. O filósofo agradeceu a “homenagem siderante”, “de difícil de leitura, mesmo para quem é o objeto dessa manifestação de simpatia”. Referindo-se ao papel de Portugal na História, associou o país a uma vontade, “um pouco louca”, “de não abdicar do sonho”. “Portugal viajou uma viagem por conta própria, um sonho, e esse sonho não tem fim e não terá fim. Os portugueses atreveram-se tanto quanto podiam, talvez, e esse atrevimento é aquele que ficará realmente na história de nós”, afirmou o professor. Tal como o sonho que Portugal soube sonhar, também Eduardo Lourenço permanecerá sempre.