Emília tem medo de falhar, mas quer muito ser bailarina. Bernardo despede-se de uma hamburgueria e decide entrar num grupo de amigos que cozinha drogas. Estas duas frases podiam ser títulos de reportagens na imprensa portuguesa, como retratos sociais. Ansiedade do futuro, frustração com o presente, precariedade, laços familiares quebrados, falta de habitação, salários baixos, toxicodependência, “país para velhos”. É um raio-x que está mais que feito, falta a solução, dizem. Lá fora, séries como “Euphoria”, “Normal People”, “Fleabag” ou “Better Things”, para públicos diferentes mas muito iguais nas preocupações, tendem a dar ao espectador uma ideia de representatividade que não resolve problemas, mas assegura empatia. Assinalam os tempos de quem os estará a ditar num futuro bem próximo.
Em Portugal é mais raro. Bem mais raro, especialmente para os tais que estão à rasca mas “mais preparados do que nunca”. É por isso que esta segunda-feira a estreia de “Emília” e “Capitães do Açúcar”, duas séries cujos primeiros episódios passam às 22h30 e 23h (respetivamente) — integralmente disponíveis na RTP Play -, é um momento, a todos os níveis, especial. Para os autores, para os espectadores desses autores e para um canal em sinal aberto que tem tudo isto para revelar. São dois projetos que não vieram do RTP Lab, gerador de novos talentos. Foram colhidos pela produtora Maria & Mayer (“Diamantino”, “São Jorge”, “Montanha”) e aplaudidos por José Fragoso (diretor de programas da estação pública) na apresentação das séries. Falta saber o que pensa o público geral.
[o trailer de “Emília”:]
Fiquemos, desta vez, pelos autores. O Observador foi conversar com Filipa Amaro, realizadora e guionista de “Emília”, e com Tiago Sarmento e Ricardo Leite, autores de “Capitães de Açúcar” para perceber o que lhes vai na cabeça. Como é trabalhar com orçamentos muito inferiores por episódio ao que se faz a nível internacional. O que está por detrás desta vontade quase obsessiva em querer entrar na piscina dos grandes do audiovisual. Em querer tentar, com medo de falhar, mas tentar na mesma. E como é saber que, apesar do menu excessivo de oferta de séries das plataformas de streaming, ainda é possível, num país pequeno, encontrar uma identidade. Ou será que não?
Escrever a sós, procurar uma identidade e uma representatividade em ficção
Filipa Amaro sempre soube que queria escrever. Para si própria e para entreter os outros. Estudou em Belas Artes em Turim, andou pelo Teatro do Bairro a estudar métodos para dirigir atores, tornou-se atriz “com pouco interesse”, trabalhou e ainda trabalha em publicidade. Afinal, é aí que ainda está o dinheiro para se atirar para estes projetos. Porque antes de ter um orçamento de uma série na carteira, tem de escrever para ter um orçamento. Esta é a sua segunda série, depois do seu “Frágil” (2019), trágicomédia sobre o pânico de existir e sobreviver no meio de Lisboa. Em jeito de velho do Restelo, pergunta-se: o que é que uma pessoa com 29 anos tem para dizer? Tem muito. Sobre identidade. Sobre o desconforto, o que se diz em segredo e a ideia de que um talento desperdiçado tem tanto ou mais para contar do que um corpo perfeito. Situação que, para a autora, apesar de guardar um sofrimento em forma de sufoco, pode ser “hilariante”. “Gosto de escreve sobre identidade, sobre as contradições de que somos feitos. No primeiro guião, perdi imenso tempo a escrever sobre a Emília não ter dinheiro para umas pontas antes da audição. Rescrevi. Essa não é a razão para não ir. É porque tem medo”, começa por dizer a autora.
O escrever e rescrever é um bom primeiro ponto de partida para perceber estas três cabeças. Diz-se que os grandes escritores são os que escrevem mais vezes mal. Filipa Amaro, antes de pegar no teclado, passou dois anos a pesquisar. Emília conta a história de uma jovem que sonha em ser bailarina, mas que nada fez para isso, até que um encontro imediato muda-lhe a perspetiva de futuro. Entrevistou bailarinos, explorou companhias de dança contemporânea dentro e fora de portas, tirou notas e notas, imprimiu-as (e pede desculpa por isso) para criar um verdadeiro mapa. “Emília” de nada tem de crime, mas tem uma detetive, a sua própria autora, que não parou até escrever personagens imperfeitas, mas empáticas. “O processo é procrastinar. E ser insegura, achar que o estou a fazer mal e fazê-lo. Estás a escrever quando estás a adiar escrever. A ‘Emília’ é sobre isto: se parares antes de fazer mal, não falhas. Eu tenho 30 anos, a vida agora é isto, já está a acontecer, tal como se diz na série: não há nenhuma versão do futuro com tudo resolvido de braços abertos. Muitos colegas da minha área ficam por aí”, conta.
Não é o caso de Tiago Sarmento (teatro, novelas e agora ficção) e Ricardo Leite (curtas-metragens, uma delas, “Instalação do Medo” esteve em Berlim e em Cannes). O primeiro, o idealista de “Capitães de Açúcar” e ator, o segundo, realizador. Amigos de outras vidas, partilham o gosto pelo teatro. Um seguiu à frente dos palcos, outro foi para as câmaras de filmar. Quando se fala da idade — Tiago tem 29 anos e Ricardo 31 anos — dão o exemplo de “Euphoria”, um dos fenómenos teen da HBO dos últimos anos (que não é assim tão teen), como prova de que a juventude é só um nome. Sam Levinson tinha 34 anos quando criou a série em 2019. Até se pode ir mais longe: Steven Spielberg tinha 27 anos quando fez o “Tubarão”.
Os autores de “Capitães de Açúcar”, que construíram esta trama a norte, em volta de um grupo de amigos de Belas Artes transformado em família numa intensa, mas íntima, viagem com as drogas como pano de fundo (incluindo o fabrico e venda de uma nova substância psicotrópica chamada — precisamente — “açúcar”), sabiam, portanto, que, apesar da idade, Portugal não é os Estados Unidos da América. Nem em número de espectadores. Nem nas contas das folhas de Excel dos orçamentos. Este “manifesto artístico”, como apelidam tanto os atores como as personagens, quis olhar, sem preconceitos, para um leque de temas, da habitação às questões LGBTQI+, que correspondesse à ausência já falada de conteúdos televisivos de uma certa geração. “Bem sei que ao aceitarmos um determinado valor, estamos a perpetuar a ideia de que em Portugal se trabalha muito bem com pouco, mas a outra opção é não fazer. Entre não fazer e fazer como achamos que deve ser feito, mesmo que isso implique dar mais de nós, prefiro fazer”, conta o realizador.
Ao contrário de Filipa Amaro, esta é a primeira série de Tiago Sarmento, escrita em tríade também com Tiago Correia. E, ao contrário da autora, este grupo não vem de Lisboa. Aliás, este projeto quer mostrar que o talento e a narrativa portuguesa passa por todas as regiões. “Sabemos que há muito medo de ouvir sotaques e de incluir toda a beleza que o nosso país tem. Mas se queríamos retratar um grupo de jovens de Belas Artes, falar de cidades como o Porto, desta crise destas personagens, o problema tinha de ser real e próximo. Tínhamos de chegar onde não se chega habitualmente em audiovisual quando falamos destes temas: à pessoa”, diz Tiago Sarmento.
Os três juntaram-se para abraçar esse desafio e começar a escrever, mas logo perceberam que não tinham tempo. A pandemia trocou-lhes as vontades e originou a narrativa perfeita para que, durante vários dias, com reflexões que acabavam às 4h00 da manhã e recomeçavam às 10h00, escrevessem os guiões. Dia e noite ao telefone. “Não fazíamos mais nada”, dizem. A série teve de ser gravada em menos de um mês com uma equipa que nunca tinha feito um projeto de ficção desta dimensão. Uma “bolha” que favoreceu tudo, no meio de uma tragédia no mundo real. “Em Portugal não há este tempo, entras no set, cumprimentas o ator e trinta minutos depois estás a beijá-lo. Aqui, não. Todos estivemos a viver naquela utopia criada pelos capitães”, conta Tiago Sarmento.
A dor do financiamento público e a eterna comparação com séries internacionais
Seguindo o chorrilho de ideias feitas sobre esta geração, será necessário falar do habitual queixume. O realizador Leonel Vieira, em janeiro deste ano, disse, em entrevista ao Observador, que o país vive, desde sempre, agarrado ao queixume. “Queixamo-nos demasiado. Está mais nas nossas mãos transformar do que não fazer nada. É preciso protestar no lugar certo. Até isso é um trabalho. Mas não é preciso andar sempre nessa filosofia.” A alfinetada não terá sido, de certeza, para Filipa, Tiago e Ricardo. Basta, no entanto, ler notícias ainda deste século para perceber que o realizador português se refere, em concreto, à classe cultural em que se insere. Mas, na verdade, e olhando directamente para os concursos públicos do Instituto do Cinema e Audiovisual, aqueles que mais se podem queixar são mesmo os mais novos. Foi Luís Chaby, presidente do ICA, que o assegurou, em outubro de 2022, ao Observador. “Temos regras que não favorecem novos autores que não tenham uma rede, que não sejam protegidos”, disse. Desde ser necessário ter um currículo com nome a ser quase obrigatório conseguir abrigo de uma produtora portuguesa com peso.
“Se o público não gostar da ‘Emília’, não mereço ser financiada outra vez.” Em jeito de brincadeira — ou de um medo subtil de não corresponder às expectativas geradas, que é transversal aos três autores –, Filipa Amaro acaba por comentar desta forma. Já teve vários projetos recusados pelo ICA por “não serem culturalmente relevantes”. Acredita que em Portugal a “escrita não é valorizada” sendo a parte mais pequena do orçamento. A título de exemplo, aponta para os créditos: em séries ou em filmes portugueses, o que surge em letras grandes é o nome do realizador. “É possível fazer um filme mau de um guião bom, mas é impossível fazer um filme bom com um guião mau. Os critérios para os financiamentos podiam ser menos subjetivos. Não digo que têm de me apoiar por ser mulher. Precisamos de melhores guionistas em geral. Se tivemos 200 mil espectadores no ‘Frágil’, mesmo sendo nicho, é significativo. Devia contar para os orçamentos”, diz. Isso e ter recebido mais de 200 mensagens de mulheres a contarem histórias semelhantes à da sua primeira obra. “A história deixa de ser tua aos poucos.” Público há, demora é a criar. Será necessário consistência, estratégia e abertura para um tom diferente do habitual.
Ricardo Leite tem uma história muito semelhante à de Filipa, que o deixa num quase beco sem saída. Não se queixa, isso não. Só reflete sobre o que vive na pele. E logo nos “anos mais criativos” onde, ao atingir o número redondo dos 30, o autor se sente com menos filtros e com mais portas para entrar. Mas há uma, a do financiamento público, que é mais complicada de passar: a da “piscina dos grandes” das longas-metragens. O realizador acredita que o paradoxo dos concursos do ICA de serem para novos talentos, de curtas a longas-metragens (sendo que é aqui que reside a maior barreira para se ser financiado), onde se aceita quem já trabalhou e foi apoiado noutros géneros, impede-o de conseguir concorrer. “Os outros já estão a nadar há mais tempo do que eu, que acabei de mergulhar. Depois, no apoio dos Novíssimos, há o handicap de curtas de escola poderem ser consideradas em alguns casos”, afirma.
[o trailer de “Capitães de Açúcar”:]
Entre um relativo excesso de séries históricas e uma eterna discussão sobre o que é, afinal, o género cinematográfico português, estão Filipa Amaro e Ricardo Leite. A argumentista considera que os públicos que gostam, tal como ela, de “Fleabag”, “Dave” ou “Atlanta”, também se encontram no país. E não têm só 20, 30 ou 40 anos. É transversal. Porque há sempre quem conheça “um tio que tem um livro na cabeça, mas nunca o escreveu”, ou uma afilhada, como é o seu caso, que “assim que viu bailarinas na Rússia achou que não tinha hipóteses e desistiu de ginástica acrobática” com apenas 8 anos. A isto junta-se algo que a geração dos pais de Filipa Amaro, Tiago Sarmento e Ricardo Leite não tinha: a febre do digital. Todos estão na internet a comentar os mesmos conteúdos digitais, portanto, a comparação é inerente no universo do audiovisual. “Em Portugal, é difícil ver além da história, é mais catchy ter um grande conceito com enredo complexo”, diz. Um grande conceito com enredo complexo com orçamentos que não se equiparam ao que se faz lá fora. O que, no fim, dará razão ao que o realizador Carlos Conceição defende: “Criou-se o cliché de que os filmes portugueses têm um ritmo lento, há um preconceito à volta das dinâmicas do nosso cinema”.
Falta, por isso, encontrar uma identidade audiovisual, especialmente em séries, onde, por falta de quantidade, ainda nem sequer houve espaço para criar um preconceito. Para a autora, o melhor caminho é Portugal agarrar-se mais à escrita do que ao “espectáculo”, que é como quem diz, ao embrulho caríssimo (décors, atores-celebridade, cenas de acção) que Netflix e HBO teimam em não parar de fazer. “O público está cada vez mais exigente e inteligente. Com tanto novo projeto, também há uma camada muito grande de mediocridade. Ou seja, como estás sobrecarregado com o que vês, só há uma forma de chegares a novos conteúdos: alguém em quem confia dar-te essa sugestão. No entanto, não sei quando é que séries como a minha serão ‘normais’ em Portugal [humor trágico e existencialista]. Mas acho que, mesmo assim, conseguimos competir com o que se faz internacionalmente”, revela. A verdade é que, de forma a provar o seu ponto, a realizadora fez com que as suas avós deixassem de ver novelas para passar a seguir “The Crown”.
À falta de séries em português — “ou de conteúdos que nos tratem por tu” — alia-se, por isso, uma falta de hábito em ter tempo para ver conteúdo em português. “A mim já me aconteceu, durante sessões das minhas curtas, pessoas dizerem: ‘que engraçado, não estava à espera de gostar de algo em português’ “, revela Ricardo Leite. A tríade de “Capitães de Açúcar” percebeu cedo esse obstáculo. Pegou em séries como “Breaking Bad”, “Stranger Things”, “Utopia” ou “The End of The Fucking World” e deu-lhe outro olhar. Não vale a pena, portanto, fugir às referências estrangeiras porque “ninguém inventou a roda”.
Para Tiago Sarmento, seria até “pouco ortodoxo” não o fazer, já que é com essas séries que se vai aprendendo. Mas ter esse termo de comparação, não significa imitar. Até porque não é possível. Aliás, essa não é a realidade que a sua série retrata: os autores revelaram que, ao contrário do imaginário de conteúdos como “Narcos”, há substâncias psicotrópicas a serem produzidas por toda a gente. Literalmente por toda a gente. Descobriram receitas na internet, viram documentários da VICE sobre casais reais à “Breaking Bad e tiveram consultoras científicas na rodagem para repetir o processo em laboratório. Queriam, no fundo, que o espectador “acreditasse que estas pessoas existem”. Porque existem. “Não quisemos ter uma paisagem megalómana, ter planos grandes e surrealistas. Não. Há pessoas com licenciaturas e doutoramentos a cozinhar. Em Portugal também.” Nem tudo tem, claro, um final feliz. Há tragédia e acidentes. Há saúde mental e retratos de masculinidade frágil. “Por cá, existe uma falta de linguagem sobre este universo. Ainda é tabu”, dizem. Mesmo sendo Portugal visto como um dos pioneiros na despenalização das drogas leves. “Agora parece que o consumo se tornou mais pop, mas o vício não escolhe idades. Esta realidade existe, não a quisemos romantizar”, afirma Tiago Sarmento.
“Quem trabalha nesta área precisa de uma vida digna”
Se a equipa de “Capitães de Açúcar” dedicou horas a investigar este mundo, Filipa Amaro desdobrou-se em estudos sobre a cultura que está dentro da dança contemporânea. Foi buscar Catarina Casqueira para ajudar nas coreografias, fez casting aberto, viu dezenas de self tapes. Apesar de já saber que um dos critérios valorizados pelo ICA é o de ter um casting com celebridades, só foi buscar Ivo Canelas. Se pudesse, ou, se tivesse tido mais tempo, teria aperfeiçoado ainda mais a sua “Emília”. E mesmo com duas séries, considera que, nesta busca por uma identidade, ainda não tem uma voz.
“Faço séries para resolver problemas comigo, gosto de trabalhar a partir da verdade. Mas agora tenho medo de estar a fazer isto, porque meto a vida em perspetiva. Afinal, não estamos a fazer cirurgia. Quero que as pessoas queiram ver a minha série e gostem. Mas se tenho algo para dizer? Quem sou eu para o fazer?”, finaliza, revelando que ainda não está pronta para responder a essa pergunta. Está sim mais do que preparada para continuar a filmar e a apresentar projetos seus. Com ou sem sucesso na sua “Emília”, porque essa eterna dúvida ou insegurança talvez seja a sua força motriz.
Tiago Sarmento, que estará no Passaporte, uma iniciativa criada pela diretora de casting Patrícia Vasconcelos para que os atores portugueses possam tentar a sua sorte em projetos internacionais sem saírem do país, acredita que o teatro tem sido um lugar diferente para a criação, ao contrário do meio audiovisual. Há mais narrativas, mais representatividade. Mais vozes. Sonha em ver “Capitães de Areia” com uma segunda temporada, tal como aconteceu com “Pôr do Sol”, a série cómica de sucesso da RTP dos últimos anos. “Quando alguém sobe um degrau, subimos todos”, argumenta. Quer trabalhar mais no ecrã, mas não descarta andar pelos palcos.
Quer também investir numa valência a que as séries portuguesas não podem fugir: a de comunicar o produto em várias plataformas. Sabe que, dentro e fora da sua geração, quase tudo é feito nesta indústria com muito desejo a que chegue a um público maior. “Hoje, escrever uma série, um filme ou uma peça de teatro, ou estar em pós-produção numa obra, pode não ser renumerado ou só parcialmente renumerado. É preciso caminhar para que, quem passa 12 a 16 horas por dia a trabalhar nisto, tenha uma vida digna.” Com ou sem filhos. Com ou sem animal doméstico. Mas com felicidade, uma casa e tempo para tantas outras coisas como para viajar.
Já agora: dos três, Ricardo Leite é o único casado. Filipa Amaro também estará. Tiago Sarmento? Faltou a pergunta. Interessa pouco ou nada. Só para mostrar que nem todos os artistas ou criadores vivem dentro de uma bolha de infelicidade que se traduz nas suas obras. A dificuldade de financiamento não impede que se siga para a frente com a vida. O realizador gosta de escrever para cinema, mas sobretudo gosta de contar histórias. Venha o terror, a comédia ou o drama. Mas é aqui que quer estar. “Desde que me faça sentido, vou entrar. Neste nosso projeto fizemos das tripas, coração. É muito do norte esse modo de fazer. Havia um risco. Prefiro reclamar e ter feito”, afirma. Nenhum queixume, muita emoção por terem conseguido finalizar as suas séries. Espírito crítico? Isso sim, sempre. Nota-se o nervoso miudinho durante as entrevistas, de quem, sem dar conta, já está mesmo na piscina dos grandes. O talento está lá todo e, ao contrário de Emília e dos capitães, nem foi desperdiçado, nem caiu em lugares mais vertiginosos. Mas agora não há volta a dar. Aos 30 anos, o caminho parece ser mesmo o da ficção.