Ao longo de quase um ano, desde aquele beijo de Luis Rubiales a Jenni Hermoso no palco das medalhas após a conquista do Mundial feminino na Austrália, a Real Federação Espanhola de Futebol foi falada por todos os motivos menos aqueles que mais deveriam interessar. Tudo começou num gesto irrefletido, tudo continua a seguir com um pouco de tudo: acusações, detenções, investigações, manipulações, inquirições. Vicente del Bosque, antigo campeão mundial e europeu como selecionador e um senhor à prova de bala, foi chamado para liderar aquilo que ficou denominado como Supervisão da RFEF mas, na imagem que sai para fora, nem tudo está resolvido. Longe disso. E foi nesse contexto que a Roja começou a construir uma nova era.
Com a saída de Luis Enrique do comando da seleção depois da eliminação nos oitavos do Mundial do Qatar frente a Marrocos, Rubiales, então ainda líder, apostou na promoção de Luis de la Fuente. Já tinha passado pelos Sub-19, pelos Sub-21 e pelos Sub-23, agarrava agora na equipa principal reencontrando quase todos os jogadores que lhe tinham passado pelas mãos. Estava dado o mote para algo sempre complicado no futebol – renovar a ganhar. Essa é a imagem da atual formação espanhola: foi mudando depois das despedidas dos últimos campeões como Busquets ou Jordi Alba, mostrou que nem por isso tinha desaprendido como se faz. A conquista da Liga das Nações no ano passado foi uma espécie de coroação desse novo caminho traçado.
É complicado arriscar à partida a Espanha como uma das favoritas à vitória no Europeu, ainda para mais por estar num grupo onde se concentram também a campeã em título Itália e a última finalista vencida da Liga das Nações, Croácia. No entanto, a base construída por Luis de la Fuente permite no mínimo sonhar entre o sangue novo de coqueluches como Lamine Yamal, Nico Williams, Pedri ou Fermín López e a experiência de jogadores como Rodri, Laporte, Carvajal ou Morata, tendo um ADN futebolístico que continua a respeitar a posse e circulação em espaços curtos mas que ganhou outra largura com a entrada dos novos talentos.
BI
- Ranking FIFA atual: 8.º
- Melhor ranking FIFA: 1.º (julho de 2008 a agosto de 2009, outubro de 2009 a março de 2010, julho de 2010 a julho de 2011 e outubro de 2011 a julho de 2014)
- Alcunha: La Roja
- Presenças em fases finais: 11
- Última participação: meias-finais no Europeu em vários países, em 2020
- Melhor resultado: vencedor no Europeu de Espanha em 1964, no Europeu da Suíça/Áustria em 2008 e no Europeu da Polónia/Ucrânia em 2012
- Qualificação: Apuramento direto como primeiro classificado do grupo A com Escócia, Noruega, Geórgia e Chipre
- O que seria um bom resultado? Chegar às meias-finais
Jogos em 2024
- Jogo particular, 22/3: Colômbia (neutro), 1-0 (D)
- Jogo particular, 26/3: Brasil (casa), 3-3 (E)
- Jogo particular, 5/6: Andorra (casa), 5-0 (V)
- Jogo particular, 8/6: Irlanda do Norte (casa), 5-1 (V)
O onze
- 4x3x3: Unai Simón; Carvajal, Le Normand, Laporte, Grimaldo; Rodri, Dani Olmo, Pedri; Lamine Yamal, Nico Williams e Morata
O treinador
- Luis de la Fuente (espanhol, 62 anos, desde 2022)
- Outros clubes/seleções: Portugalete, Aurrerá, Sevilha (formação), Athl. Bilbau (formação), Alavés, Sub-19 de Espanha, Sub-21 de Espanha e Sub-23 de Espanha
O craque
- Rodri (27 anos, médio do Manchester City)
- Outros clubes: Villarreal B, Villarreal e Atl. Madrid
A revelação
- Lamine Yamal (16 anos, avançado do Barcelona)
- Outros clubes: Barcelona (formação) e Barcelona B
O mais internacional e o maior goleador
- Sergio Ramos (180 internacionalizações) e David Villa (59 golos)
Os 26 convocados
- Guarda-redes (3): Unai Simón (Ath.Bilbao), Remiro (Real Sociedad) e David Raya (Arsenal)
- Defesas (8): Jesús Navas (Sevilha), Carvajal (Real Madrid), Le Normand (Real Sociedad), Laporte (Al Nassr), Nacho (Real Madrid), Vivian (Ath.Bilbao), Grimaldo (Bayer Leverkusen) e Cucurella (Chelsea)
- Médios (7): Zubimendi (Real Sociedad), Rodri (Manchester City), Mikel Merino (Real Sociedad), Fabián Ruiz (PSG), Pedri (Barcelona), Fermín López (Barcelona) e Baena (Villarreal)
- Avançados (8): Lamine Yamal (Barcelona), Ferran Torres (Barcelona), Dani Olmo (RB Leipzig), Nico Williams (Ath.Bilbao), Ayoze (Bétis), Morata (Atl.Madrid), Joselu (Real Madrid) e Oyarzabal (Real Sociedad)
O local do estágio
- Der Öschberghof, em Donaueschingen
A ligação a Portugal
Durante vários anos, Grimaldo, saído da formação do Barcelona, foi fazendo temporadas que o colocavam na órbita da seleção espanhola. No entanto, falhava sempre algo. Ou havia nomes como Jordi Alba ou Bernat, ou a opção passava por novidades que se destacavam na Liga espanhola. Agora, a mudança para a Alemanha e para a Bundesliga mudou esse cenário: com Xavi Alonso como técnico, a aproveitar um 3x4x3 que parecia feito à sua medida, o lateral foi pela primeira vez chamado à seleção, convenceu e ganhou mesmo lugar nos 26 convocados para o Campeonato da Europa. Tudo em menos de um ano… depois da saída da Luz.