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Evitar a guerra, focar na "família" e lidar com um candidato-surpresa. As eleições que o Kremlin quer reduzir a um "procedimento técnico"

Rússia vai a votos em março e ninguém tem dúvidas que Putin vence. Mas, apesar disso, o Kremlin receia surpresas e quer controlar o processo ao máximo. Só que Boris Nadezhdin pode pôr tudo em causa.

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O anúncio não foi feito num discurso. Vladimir Putin estava num encontro para atribuir medalhas a combatentes russos na Ucrânia, quando um deles — o tenente-coronel Artiom Zhoga, que faz parte das estruturas russas que controlam Donetsk — lhe fez um pedido: “Em nome de todas as pessoas, em nome do Donbass, gostaria de lhe pedir que participe nestas eleições, porque ainda há muito trabalho…”

“Não vou esconder-lhe que tive outras ideias em alturas diferentes”, começou por responder-lhe o Presidente russo. “Mas tem razão, chegou a altura de tomar esta decisão. Serei candidato ao cargo de Presidente da Federação Russa.

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Vladimir Putin com Artyom Zhoga na cerimónia em que anunciou oficialmente que será candidato

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O anúncio de que vai estar na corrida para as eleições de março de 2024 foi “espontâneo”, assegurou o Kremlin, apesar de a conversa ter sido captada em vídeo e divulgada mais tarde. E ilustra bem como o regime russo encara a campanha que se segue. Por um lado, o anúncio incluiu elementos que lembram aos russos a guerra que decorre na Ucrânia: “Está cheio de símbolos: os heróis, os ‘pais do Donbass’ que querem ver Putin novamente Presidente… Putin escolheu a guerra, a guerra escolhe Putin”, notou a analista Tatiana Stanovaya no seu canal de Telegram.

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Por outro, o candidato não mencionou a “operação militar especial” (como é apelidada a guerra na Rússia), não anunciou a candidatura num grande discurso, não empolou o tema. Uma escolha que o cientista político russo Vladimir Gelman, professor na Universidade de Helsínquia, considera lógica: “Ele vai manter alguma distância dos assuntos militares durante a campanha, já que as sondagens revelam alguma fadiga dos russos”, diz ao Observador.

Um equilibrismo que o Kremlin considera necessário, como resumiu uma fonte da administração ao jornal russo Kommersant em novembro: “Em 2018 era preciso uma campanha política vibrante; agora não. Estamos numa operação militar especial, portanto a campanha deve ser simples e compreensível”, disse a mesma fonte, que destacou o “caráter psicoterapêutico” das eleições.

Ninguém tem ilusões de que o vencedor no dia 17 de março será Vladimir Putin. Não é de agora que as eleições na Rússia não são consideradas livres, com a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa a afirmar em 2018 que “as eleições praticamente perdem o seu propósito” naquele país. Desde então, a repressão sobre opositores políticos agravou-se (figuras como Alexei Navalny e Vladimir Kara-Murza estão a cumprir penas de mais de 20 anos de prisão, por exemplo) e até organizações de observação eleitoral como a Golos foram perseguidas. O próprio porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou no passado mês de agosto que as eleições presidenciais na Rússia “não são exatamente democracia, mas sim burocracia cara”. “Putin vai sei reeleito com mais de 90% dos votos”, previu.

“As eleições exigem muita mobilização do Estado para levar as pessoas às urnas e conseguir mitigar as incertezas. Vai ser interessante observar como é que o Estado executa esta tarefa entre os constrangimentos económicos e políticos de uma guerra. O Kremlin só quer que isto acabe.”
Adam Lenton, investigador especializado na Rússia da Universidade Wake Forest

Assim sendo, porque é que o Kremlin se preocupa em orquestrar uma campanha eleitoral e em organizar a votação? Porque, como lembra o investigador de política russa Adam Lenton, “há sempre riscos associados a eventos como eleições”. “As eleições exigem muita mobilização do Estado para levar as pessoas às urnas e conseguir mitigar as incertezas. Vai ser interessante observar como é que o Estado executa esta tarefa entre os constrangimentos económicos e políticos de uma guerra”, afirma ao Observador o professor da Universidade Wake Forest. “O Kremlin só quer que isto acabe.”

Ainda para mais porque, quando menos se esperava, surgiu um candidato que faz oposição à guerra, de nome Boris Nadezhdin.

Brigadas culturais, família e candidatos mais velhos. A estratégia de campanha de Kiriyenko dentro do Kremlin

Antes de apresentar Nadezhdin, porém, vale a pena explorar as ideias que o Kremlin tem para garantir que estas presidenciais correm de acordo com o que deseja.

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Vladimir Putin a entregar as assinaturas necessárias para ser oficialmente candidato à presidência

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Para começar, Vladimir Putin não fará ações específicas de campanha. Como tem sido habitual ao longo dos últimos vinte anos no poder, o Presidente usará antes as suas ações no cargo como forma de campanha encapotada, reforçando o número de visitas a várias regiões da Rússia. A primeira foi já no dia 10 deste mês, a Chukotka, uma zona remota do país que Putin nunca tinha antes visitado, onde foi a uma estufa, conheceu eleitores e se encontrou com o governador local.

Mas há mais. Em novembro, duas fontes da administração anunciaram ao jornal Meduza que está a ser preparada uma série de concertos por todo o país com músicos próximos do regime. “Isto é sobre patriotismo e, por consequência, sobre a popularidade do Presidente. Os artistas certos vão transmitir a mensagem patriótica correta. Vladimir Putin tem a mesma mensagem, é como se eles fossem da sua equipa”, contou uma das fontes. “Eles dizem: apoiem a Rússia e isso significa apoiar o Presidente. Para além disso, isto envia um sinal [para fora das grandes cidades]: vocês não estão esquecidos, estamos a enviar-vos brigadas culturais.”

Aos concertos soma-se uma mensagem focada na questão da importância da família e dos valores associados à família tradicional, com o próprio Putin a comentar, no final de novembro, que “as nossas avós e bisavós tinham sete, oito ou mais filhos; preservemos e reavivemos esta tradições excelentes”. O Kremlin vai promover um concurso à volta deste tema, em que todos os cidadãos podem participar e ganhar casas e férias pagas. “Isto dá às pessoas uma sensação de que tudo está a decorrer como o planeado, que há desenvolvimento, que o positivismo se mantém, que temos estabilidade e que o país está a avançar na direção certa”, resumiu uma das fontes ao mesmo jornal.

A guerra na Ucrânia não constará da mensagem principal de forma declarada. Em vez disso, ainda de acordo com o Meduza, haverá apenas críticas ao Ocidente, para contrastá-las com a ideia de que a Rússia é “uma ilha de tranquilidade”.

O principal mentor destas ideias é Sergey Kiriyenko. Antigo primeiro-ministro de Boris Ieltsin (apelidado na altura de “Kinder Surpresa” pela sua tenra idade), Kiriyenko tornou-se nos últimos anos um dos aliados mais próximos de Putin, tendo sido encarregado da política para os territórios ocupados no Donbass. Agora, está a gerir a estratégia para as presidenciais e já definiu objetivos: Putin deve obter mais de 80% dos votos e a participação eleitoral deve ser igualmente elevada. Números que, explica Vladimir Gelman, se baseiam em aumentar os resultados face a 2018: “Na altura, Putin obteve 76.7% dos votos, com uma participação de 67,5%. Agora, deve receber mais do que há seis anos, porque isso demonstraria a toda a gente que não há alternativa à continuidade.”

Para conseguir alcançar esses objetivos, Kiriyenko passou os últimos meses empenhado em definir quem devem ser os restantes candidatos à eleição, com o primeiro critério a ser o da idade: não deverão ter menos de 50 anos, para que Putin (atualmente com 71) não pareça tão velho. Para isso contou com a colaboração da chamada “oposição sistémica”: partidos da oposição habitualmente autorizados a concorrer porque aceitam as “regras do jogo”, como o Partido Comunista e o os nacionalistas do LDPR.

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Leonid Slutski, o candidato do partido nacionalista que disse não querer derrotar Putin

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Ambos já escolheram os seus candidatos. Os comunistas apresentaram Nikolai Kharitonov, de 75 anos, que numa entrevista já recusou dizer que é “melhor” do que Putin. Os nacionalistas optaram por Leonid Sloutski, suspeito de corrupção e assédio sexual, que ainda recentemente elogiou o Presidente: “Não sonho com derrotar Vladimir Putin. Ele é hoje em dia o homem mais influente do planeta”, disse.

Boris Nadezhdin, o candidato que “toma chá” com membros do Kremlin, mas que nomeia o “elefante na sala”

De acordo com os jornais russos, foi ainda discutida dentro do Kremlin a possibilidade de ser autorizada a candidatura de um chamado político “liberal”, mais claramente oposto a Putin, com o objetivo de demonstrar nas urnas que o apoio a essa corrente é residual — terá sido, aliás, o que aconteceu em 2018, com a candidatura da socialite Ksenia Sobchak, figura da oposição mas filha de um dos padrinhos políticos de Putin, Anatoly Sobchak.

Coordenado ou não, certo é que ele apareceu: chama-se Boris Nadezhdin, um político russo que se afastou do Rússia Unida de Putin há anos e que está agora a recolher assinaturas para poder concorrer à eleição como candidato independente. À primeira vista, poderia ser uma jogada do Kremlin semelhante à de Sobchak — Nadezhdin foi próximo de Kiriyenko em tempos e um conhecido do candidato disse ao Meduza que Boris foi sondado pelo Kremlin —, mas os acontecimentos precipitaram-se de uma forma tal que, neste momento, não agradam certamente à campanha de Putin.

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Fila em Moscovo de pessoas para assinarem a candidatura de Boris Nadezhdin

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Perante um cenário em que os principais opositores estão todos na prisão (como Alexei Navalny), no exílio (como Garry Kasparov) ou mortos (como Boris Nemtsov), Nadezhdin recolheu o apoio de todos os anti-Putin. Ao longo dos últimos dias, dezenas de pessoas fizeram fila em várias cidades russas para assinar os documentos que permitem a Nadezhdin candidatar-se. E diferentes figuras da oposição, como o oligarca Mikhail Khodorkovsky, o liberal Maxim Katz e o diretor da fundação de Navalny Ivan Zhdanov, declararam-lhe apoio.

Isto porque o candidato assumiu de forma clara no seu programa que é contra a guerra na Ucrânia, que apelida de um “erro fatal” que está “a provocar enormes danos à economia e à demografia da Rússia”. Embora seja um membro da elite política do país — assumiu ao Wall Street Journal que “bebe chá” com alguns membros do governo, por exemplo —, Boris Nadezhdin diz que se desiludiu com Putin desde a prisão de Mikhail Khodorkovsky e que se assumiu claramente como opositor desde que o Presidente fez as alterações constitucionais que lhe permitem manter-se no poder até 2036.

“Nadezhdin nunca foi membro do Rússia Unida, mas tentou obter a nomeação do partido para as eleições parlamentares de 2016 (e não conseguiu). Também participou noutros partidos ao longo das últimas três décadas. Desta perspetiva, até esta campanha não era muito diferente de outros políticos que tentaram fazer uma carreira dentro do sistema”, resume o professor Gelman. “O que o torna muito diferente é a sua posição anti-militar, que foi abertamente declarada agora”.

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Boris Nadezhdin foi durante anos um político do "sistema", mas afirma-se contra a guerra na Ucrânia

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Veja-se uma entrevista recente de Nadezhdin à Radio Svoboda: “Desde o início desta ‘operação militar especial’, como somos obrigados a chamar-lhe, que a tenho criticado, até na televisão. Disse que Putin estava a cometer um erro catastrófico e que esta é uma empreitada sem sentido”, afirmou o candidato. Questionado sobre qual será a primeira medida que tomará se for eleito, foi perentório: “Libertarei todos os presos políticos: Navalny, Ilya Yashin, Volodya Kara-Murza. São meus camaradas, como centenas de outros. Este será o primeiro decreto que assinarei.” De seguida, disse, “começarei negociações com o Ocidente e a Ucrânia”. Para além das palavras, Nadezhdin já se reuniu, por exemplo, com grupos de mulheres de soldados a combater na Ucrânia que têm criticado a “operação especial”.

“Vladimir Vladimirovich, és um homem ou quê?”. As mães dos soldados russos começam a fazer perguntas

“É uma visão de Rússia muito diferente, aquela que ele está aqui a articular”, nota Adam Lenton. “Uma que questiona abertamente a política atual relativamente à guerra, que discute ‘o elefante na sala’.”

“Ou ele apresenta as assinaturas e a Comissão Eleitoral diz que há irregularidades e o exclui da eleição; ou permitem que ele concorra e manipulam os resultados para dizer ‘Veem? O povo russo quer o atual soberano’. Ou ele é excluído ou é usado como lição. E depois das eleições? Quem sabe o que lhe poderá acontecer…”
Mark Galeotti, autor de dezenas de livros sobre a Rússia de Putin

A grande dúvida neste momento é se, perante esta mobilização em torno de um candidato anti-guerra, o Kremlin vai permitir que Boris Nadezhdin concorra de facto à eleição. O professor Vladimir Gelman duvida: “Só a presença dele no boletim de voto dificulta o plano inicial do Kremlin de 80% dos votos para Putin”, diz. “Para além disso, a sua campanha pode influenciar uma mobilização anti-militar dos eleitores.”

Perante este cenário, o académico Mark Galeotti, autor de dezenas de livros sobre a Rússia de Putin, diz que só há duas hipóteses: “Ou ele apresenta as assinaturas e a Comissão Eleitoral diz que há irregularidades e o exclui da eleição; ou permitem que ele concorra e manipulam os resultados para dizer ‘Veem? O povo russo quer o atual soberano’. Ou ele é excluído ou é usado como lição”, sentenciou o investigador numa entrevista à rádio do The Times. “E depois das eleições? Quem sabe o que lhe poderá acontecer…”

Guerra na Ucrânia agrava crise social, mas não belisca o poder: “Não são os preços dos ovos que vão fazer cair Putin”

Com ou sem Nadezhdin no boletim, o que é garantido é que a campanha será mais focada no dia a dia dos russos do que na guerra da Ucrânia.

De tal forma que Putin não tem tido problemas em reconhecer alguns problemas internos, como a subida em flecha do preço dos ovos registadas nos últimos meses, que o próprio Presidente admitiu estar a acontecer no seu programa anual de televisão em que responde às perguntas de cidadãos. As culpas foram colocadas no governo, “que não aprovou a tempo as importações necessárias”, e Putin disse estar tudo a ser resolvido. Horas depois, o Ministério da Agricultura anunciou o fim dos impostos sobre a importação de ovos e garantiu estar a negociar com “países amigáveis” (leia-se, que não impuseram sanções à Rússia) para importar mais ovos.

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Putin garantiu que iria resolver o problema do aumento do preço dos ovos

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As questões económicas são naturalmente também reflexo da economia de guerra promovida pelo Kremlin, que aumentou o orçamento da Defesa para 6% este ano (por comparação, os EUA dedicam apenas 3,8% do seu orçamento àquela área). A analista Alexandra Prokopenko lembra, num artigo publicado na Foreign Affairs, que “esta viragem para uma economia militarizada ameaça as necessidades sociais e de desenvolvimento do país”, dando como exemplo o facto de as regiões ocupadas na Ucrânia estarem a receber investimento público recorde, que tem de ser desviado de outras regiões russas.

“Muitos no governo estão hesitantes em basear a campanha na guerra, embora a guerra esteja a moldar a sociedade”, nota Adam Lenton. E o académico dá dois exemplos concretos: o próprio anúncio de Putin de que vai ser candidato, feito num contexto relacionado com a guerra, e a recente festa com celebridades multadas por estarem quase nuas, que provocou escândalo por ocorrer em contexto de guerra. “É difícil a Putin evitar totalmente a guerra, já que este é central para muito do que acontece na sociedade.”

"A mobilização não afeta assim tanta gente e as grandes cidades são menos afetadas. Não há organizações, que são essenciais para coordenar protestos. E apesar de as questões económicas serem prementes para muita gente, não são assim tão diferentes de outras no passado. De forma nua e crua: não são os preços dos ovos que vão fazer cair Putin.”
Vladimir Gelman, professor da Universidade de Helsínquia

Isso não significa, porém, que surja um movimento anti-guerra forte. Como lembrou o sociólogo Lev Gudkov numa entrevista recente à Der Spiegel, “para a maioria dos russos, esta continua a ser uma guerra na televisão”.

Vladimir Gelman concorda. “Apesar da fadiga, não vejo como provável a ascensão de um movimento anti-guerra. Até os protestos das mães e mulheres dos soldados já atingiram um certo limite”, nota. “A mobilização não afeta assim tanta gente e as grandes cidades são menos afetadas. Não há organizações, que são essenciais para coordenar protestos. E apesar de as questões económicas serem prementes para muita gente, não são assim tão diferentes de outras no passado. De forma nua e crua: não são os preços dos ovos que vão fazer cair Putin.”

Como resumiu Mark Galeotti, a maioria dos russos não tem dúvidas de que, com ou sem Boris Nadezhdin, no dia 17 de março tudo redundará em Vladimir Putin: “Ele é como o tempo: pode gostar-se ou não se gostar do tempo que está, mas não há remédio a não ser aguentá-lo.” Dentro do Kremlin, apesar do risco que uma eleição representa, tudo continua tranquilo: “Isto já não é uma eleição. É um procedimento extremamente técnico.”

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