No número 42 da Rua São Filipe Neri, em Lisboa, a Galeria Diferença – na verdade uma cooperativa de artistas – compõe-se pelas muitas histórias que ao longo de décadas ajudam a contar o percurso deste espaço, ali fundado em 1979. Nas suas passagens, há um acervo e um centro de documentação por descobrir, com obras de alguns dos mais importantes artistas portugueses da segunda metade do século XX, mas sobretudo vestígios de um núcleo e movimento artístico construído a múltiplas vozes.

“Este pátio interior foi projetado pelo arquiteto Nuno Teotónio Pereira, aquelas escadas em caracol foram pensadas pela Helena Almeida e aquela pequena fonte é uma obra da Sarah Afonso, feita de cacos, do período em que viveu neste prédio com o seu companheiro Almada Negreiros – diz-se que provêm da loiça partida nas suas discussões enquanto casal”, aponta Rita Filipe, a atual diretora da galeria, à medida que vai percorrendo os seus espaços.

Numa outra sala da cooperativa, a artista holandesa Gwendolyn Van der Velden prepara a exposição “Sentada à mesa, olhando em frente”, em que um conjunto de aguarelas e pequenas esculturas em cerâmica homenageiam as mulheres artistas que passaram pela cooperativo ao longo dos anos. Na mostra, que inaugura esta quarta-feira, dia 15 de março, estão retratos de Irene Buarque, Cristina Ataíde, Fernanda Pissarro, Ana Vidigal, Helena Almeida ou Albertina Sousa, entre outras personalidades, que se centra na condição de se ser mulher e artista em Portugal e nos desafios que esse mesmo contexto acarreta nas diferentes práticas artísticas.

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