Roberto Martinez voltou a mudar a tática, desta feita para um 3-4-3 com vários jogadores fora das suas posições naturais, ou a executarem tarefas a que não estão habituados. Se a ideia era (exclusivamente) dar minutos a quem não tem jogado, então o objetivo foi plenamente alcançado, embora deixe algumas dúvidas sobre a valia do banco da seleção e tenha deprimido toda uma nação.


5 PONTOS: A maior parte do tempo os guarda-redes limitam-se a assistir ao jogo — e volta e meia intervêm. Diogo Costa ficou-se pela primeira: viu o lance do primeiro golo pregado ao chão; ficou a ver, aos 35 minutos, uma bola parada que passou junto ao poste; e viu, novamente do chão, o golo de penalty, aos 57. Ao menos pode gabar-se de não ter responsabilidade em nenhuma destas situações desagradáveis.


4 PONTOS: Tentou subir quando pôde, mas acumulou maus passes, interceções falhadas e antecipações mal cronometradas. Como consolação, pode sempre comprazer-se no facto de não ter atingido os picos de caos do seu colega António Silva.


5 PONTOS: Foi talvez o menos azarado dos três centrais com que Portugal começou o jogo, sem nunca arriscar muito e com cortes atempados, e mesmo assim falhou um golo sem ninguém na baliza, aos 47 minutos, na sequência de um canto. 5

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1 PONTO: O menino-prodígio do Benfica conseguiu uma proeza difícil de alcançar: não só desmarcou um adversário, abrindo caminho ao golo da Geórgia, no segundo minuto de jogo, como aos 53 cometeu penalty. Se este tipo de jogos serve para tirar notas de aprendizagem, Silva saiu com o caderno cheio.


4 PONTOS: Nos Wolves é um extremo direito endiabrado, que gosta de vir para dentro. Foi colocado na esquerda, supostamente para fazer a ala toda, e o resultado dessa operação foi a conclusão de que o seu lugar natural é como extremo direito que gosta de vir para dentro.


3 PONTOS: Portugal tem 3 dos melhores médios do mundo (Vitinha, Bernardo e Bruno Fernandes) e se há coisa que a exibição de João Neves lembrou é que Portugal tem 3 dos melhores médios do mundo (Vitinha, Bernardo e Bruno Fernandes).


4 PONTOS: Porque é que uma equipa que joga com três centrais precisa de um trinco destruidor? Aparentemente, para sair ao intervalo, depois de acumular ocasionais duelos ganhos, muita dificuldade a construir e um bom passe a desmarcar Ronaldo.


3 PONTOS: Havia um ala direito decente no 11 inicial (Diogo Dalot) mas foi Conceição quem ocupou essa posição mais recuada, junto à linha. Havia um ótimo avançado interior direito na equipa (Chico Conceição) mas foi Dalot quem pisou esses terrenos. E porque uma só experiência falhada nem sempre é suficiente, acabou como central direito, depois da saída de António Silva. É possível que estas manobras tenham confundido a Geórgia – mas o efeito sentiu-se, sobretudo, na seleção portuguesa.


5 PONTOS: Gosta de atuar como nove e meio, mas com liberdade para cirandar por toda a parte, defendendo de mãos nos bolsos – posição e função que já não existem no futebol atual. E lá cirandou, mas com parco retorno: as tabelas não tabelaram, os cruzamentos não cruzaram o alvo, os passes de rutura foram cortados. Jogou como se nunca tivesse passado um minuto em campo com os seus colegas – e é bem capaz de nunca ter realmente passado um minuto em campo com a maior parte destes colegas.


7 PONTOS: A decisão de jogar com três centrais obrigou a que certos jogadores atuassem fora de posição ou executassem tarefas a que não estão habituados – o que resultou em 10 jogadores a atrapalhar o talento de Chico, o único sempre disponível para colar a bola ao pé e tirar adversários do caminho. A dada altura passaram-no para a esquerda, porque ainda não havia suficientes jogadores fora da sua posição natural – e mesmo assim ia marcando, aos 92 minutos.


5 PONTOS: Num jogo com estas especificidades, talvez tivesse feito mais sentido começar com Gonçalo Ramos ou Diogo Jota, dar descanso a CR7 e minutos aos que têm jogado menos. Mas Ronaldo acabou por descansar – mais não seja porque, tirando uma situação aos 34 minutos, nunca foi servido em condições.


3 PONTOS: Entrou para o lugar de António Silva, quando o mais lógico seria a introdução de um defesa / ala esquerdo para a posição de Pedro Neto. Aos 91 quase marcava, na sequência de mais um cruzamento, o que – para sermos sinceros – é mais do que se esperava, nessa fase do jogo.


3 PONTOS: A sua intervenção no jogo foi, sobretudo, ocular: assistiu a cruzamentos passarem por cima da sua cabeça, viu bolas que saíram ao lado de onde estava, ou atrás da sua posição ou à frente de onde se colocara. A tarefa era ingrata e não houve recompensa.


3 PONTOS: Já pode dizer que atuou num Campeonato da Europa, embora seja mais nebuloso enumerar o que fez nos escassos minutos em que atuou no mencionado Campeonato da Europa.


3 PONTOS: A única nota que tirámos diz: “Vê amarelo aos 53 minutos”. O que pelo menos tem a vantagem de ocupar pouco espaço nos servidores.


4 PONTOS: Entrou para ajudar o ataque, mas aos 87 minutos estava a cortar passes ofensivos da Geórgia na defesa portuguesa – e assim se procedeu a uma bela metáfora do desnorte e impotência da exibição nacional.