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FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Gyökeres tem um segredo, Gyökeres foi o segredo: os bastidores do jogador que se tornou uma imagem de marca do Sporting

Foi a contratação mais cara de sempre, valeu o dinheiro investido. Gyökeres chegou como avançado, tornou-se goleador e atingiu um patamar de herói naquilo que foi um amor à primeira vista. Mas como?

Quando estava ainda no Coventry, em mais um daqueles dilemas feitos pelas equipas inglesas dos principais escalões para as redes sociais, Viktor Gyökeres era “convidado” a fazer passar um aro por um circuito de ferro com eletricidade que apitava sempre que havia algum toque. Foi andando entre um e outro toque, chegou à parte final, percebeu que aí era complicado prosseguir pelo jeito que teria de dar ao pulso na última curva. O companheiro de equipa ria-se pelo insucesso, o sueco dava um toque no jogo e mostrava uma cara de poucos amigos (ou pior). Fora do relvado para o campo, com o Sporting em vantagem por 1-0 e a dominar a partida da festa antecipada frente ao Portimonense, um cruzamento de Nuno Santos que tinha como destino final na pequena área o avançado para ter apenas de encostar para golo foi cortado por um defesa contrário e o ‘9’ começou a protestar de frustração como se ali estivesse a decisão do título. Os episódios são mais que muitos, a ideia é clara: a principal contratação dos leões na presente temporada é um “animal competitivo”.

Essa é talvez a principal descrição entre as fontes contactadas pelo Observador para perceber como se explica o impacto que teve desde que chegou a Alvalade. Em termos de adaptação ao país e ao clube, os mais antigos recordam, sempre com as devidas diferenças como jogador e até de feitio, aquilo que se passou com Ricky van Wolfswinkel, avançado neerlandês que chegou novo ao Sporting (2011, saindo em 2013): alguém com mundo, uma boa estrutura em termos pessoais, afável, bem disposto e que foi conhecendo o melhor que a cidade tinha para ganhar o enquadramento ideal com a nova realidade sendo uma espécie de “coqueluche” entre os companheiros. No entanto, Gyökeres tem um extra que nesse caso difere um pouco do jogador que está agora no Twente com 35 anos – qualquer treino, qualquer jogo, qualquer competição é para ser jogado para ganhar como se fosse o último com essa nuance de que, quando acaba, fica tudo por ali.

Houve uma imagem que ficou em Bérgamo no jogo com a Atalanta, quando o sueco e Diomande tiveram de ser separados por alguns companheiros quando começaram a discutir antes de um canto a favor do Sporting ainda por um lance anterior que valeu o empate a abrir o segundo tempo para os italianos. À semelhança do avançado, o central marfinense tem índices competitivos altos e quer a todo o custo ganhar, algo que se viu também em alguns treinos. Quando acaba, amigos como dantes; quando acontece, cada um deles quer ser o melhor. A partir daí houve muitos olhos apontados à dupla para se perceber como era a relação mas, tal como nas publicações nas redes sociais que vão comentando entre si, aquilo que se viu foram abraços e palavras de incentivo. “Eles são assim, raramente jogam no treino um contra o outro, principalmente em espaços reduzidos, para não se zangarem. Já têm um historial. Se há uma coisa que a equipa precisa é de jogadores assim, as características que provocam essas situações são boas”, assumiu Rúben Amorim.

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A isso, Gyökeres alia um anormal espírito de sacrifício que vem desde os tempos do Championship, uma liga que acaba por ser um mestrado para jogadores licenciados neste tipo de características. A maneira como o treinador leonino montou a ideia de jogo da equipa em torno do sueco foi permitindo que, em algumas fases do encontro, o avançado pudesse fazer uma autogestão sem bola do seu estado físico. Contudo, a não ser nos momentos em que considerava ser mesmo o melhor, o escandinavo nunca gostou muito desse modo, seja nos treinos ou no decorrer dos jogos. Um exemplo que dão ao Observador foi o lance em que se torceu todo para marcar o 2-1 decisivo do Sporting frente ao Sturm Graz, na Áustria. Em prol da equipa, teve uma lesão no joelho esquerdo. No encontro seguinte, com o Rio Ave (2-0), pediu por mais do que uma vez para jogar com o argumento de que no Coventry o tinha feito pior. Ficou no banco. Uns dias depois, regressou à equipa no Algarve frente ao Farense e bisou no triunfo por 3-2 resgatado em cima do minuto 90 de penálti.

As fitas pretas de kinésio à volta dessa zona ajudaram a que fosse aguentando em algumas fases da época com maior densidade competitiva mas, como se viu no Dragão onde só entrou ao intervalo, teve de ser Rúben Amorim a travar a vontade do sueco quando as indicações apontavam para uma maior possibilidade de lesão. Em 47 encontros realizados até ao momento pelo Sporting entre Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga Europa, Gyökeres foi substituído apenas em seis ocasiões e quando os resultados estavam numa fase bem “encaminhada”, tendo sido suplente utilizado em mais três vezes (marcando nessas partidas três golos) e ficado no banco em duas partidas. Uma foi com o Olivais e Moscavide fora, para a Taça de Portugal. Outra foi em Tondela, para a Taça da Liga. E passou a segunda parte a aquecer com os olhos no banco para ver quando era chamado, sendo que quando percebeu que não entraria não escondeu a sua frustração…

Mais uma imagem de marca do jogador que se destacou desde início por ter a sua imagem de marca. Apesar das várias perguntas nesse sentido, Gyökeres nunca explicou o porquê daquela espécie de máscara feita com as duas mãos quando marca (e já vão mais de 40 golos para contar) mas há uma certeza que sobra olhando para aquilo que foi a temporada: esse festejo tornou-se mais do uma simples celebração de golo. Dos mais novos aos mais velhos, dos mais assíduos ou mais afastados, Alvalade conheceu uma empatia com um jogador como há muito não se via. Aliás, por mais que o novo estádio inaugurado em 2003 tenha visto vários jovens saídos da formação brilhar e outros jogadores consagrados deixarem marca como Liedson, o sueco “abafou” qualquer referência a esse nível e tornou-se um autêntico Deus entre os adeptos leoninos.

Por questões contratuais de confidencialidade, Sporting e Nike não divulgam números de vendas e receitas a nível de merchandising, nomeadamente na venda de camisolas. Contudo, sabe-se que, em menos de um mês e meio, o equipamento com a marca CR7 conseguiu render aos leões mais de dois milhões de euros tendo em conta que era equivalente a 40% do que já tinha sido faturado a meio de setembro (e que já superava todos os valores referência) e que vendera sete vezes mais do que o anterior recorde de uma camisola com pouco mais de meia época decorrida. Mais: a nova camisola branca que homenageia os 60 anos da conquista da Taça dos Vencedores das Taças, que foi lançada em abril, vendeu ainda exemplares mais só no primeiro dia do que o próprio equipamento CR7. No meio disto, claro está, as letras Y e K tiveram uma saída nunca antes vista.

Gyökeres voltou a mostrar a apetência para fazer história no Dragão, entrando ao intervalo para bisar em pouco mais de um minuto

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Como o Sporting conseguiu resgatar um plano A que nunca conheceu alternativa

Apesar de jogar no Championship, equivalente à Segunda Liga inglesa, e de não ter conseguido a tão desejada subida à Premier League no desempate por grandes penalidades da “final” em Wembley com o Luton depois do triunfo na eliminatória anterior com o Middlesbrough, há muito que Viktor Gyökeres era seguido por vários clubes europeus. Em Portugal, havia dois particularmente interessados: Sporting e Benfica. E, sem ter existido um despique direto entre ambos tendo em conta a forma de dar continuidade ao interesse existente pelos relatórios e pelas observações, a contratação dos leões mostrou um fator que acabou por desequilibrar os pratos da balança: o investimento. Esse era o principal ponto de interrogação em torno do sueco, que fez também com que nenhuma equipa do primeiro escalão inglês avançasse. Hoje, sobra o arrependimento.

Começando pelo Benfica. No mercado de janeiro de 2023, a SAD encarnada decidiu apostar em Tengstedt, pagando sete milhões de euros mais bónus ao Rosenborg pelo jovem avançado. Tal como aconteceu com o norueguês Schjelderup, foi feita uma avaliação de prós e contras de um empréstimo de uma temporada para terem mais minutos mas a opção acabou por recair na permanência do dinamarquês para 2023/24 por haver a possibilidade então ainda não confirmada de que Gonçalo Ramos podia sair. Com Marcos Leonardo a ser avaliado para janeiro de 2024 e Musa, a opção do Benfica passou por um jogador que pudesse ter outra experiência para entrar de imediato na equipa como seriam Santiago Giménez ou Lucas Beltrán, que obrigariam a um investimento ainda maior do que esperado. Entre tudo isso, chegou Arthur Cabral, sendo que o timing da saída de Ramos para o PSG, apenas em agosto, “encostou” a possibilidade Gyökeres.

Nessa altura, o sueco já treinava e jogava pelo Sporting depois de ter sido confirmado como contratação a meio do mês de julho. Não foi um processo fácil, obrigou a muita paciência entre o risco de nunca acionar o plano B que existia (Ayase Ueda, que se mudou para os neerlandeses do Feyenoord no início de agosto) mas teve o condão de coroar a estratégia definida pela SAD verde e branca para o mercado de verão: contratações cirúrgicas, mesmo que por preços não habituais na realidade leonina, de jogadores com características muito específicas para a equipa, jovens e com potencial de valorização a curto e médio prazo. Depois de viagens de Hugo Viana a Inglaterra e várias reuniões, o acordo com o Coventry ficou fechado por 20 milhões de euros mais quatro milhões de bónus por cláusulas desportivas e dois milhões de comissões, ficando os ingleses com 15% da futura mais-valia que podem passar somente a 10% por objetivos ou opção dos leões.

Rúben Amorim foi uma peça determinante em toda a operação pelos contactos que foi tendo com o jogador ao longo de todo o processo. Ao Observador, o paralelismo traçado foi o de Pablo Sarabia, que esteve no clube por empréstimo do PSG em 2021/22 no âmbito da saída de Nuno Mendes para o campeão francês. Quando o nome do espanhol foi colocado pela primeira vez em cima da mesa dos leões, era visto quase como um alvo “impossível”; após conversar com o técnico, que lhe explicou tudo o que pretendia, o projeto do clube e as razões pelas quais teria condições para fazer uma grande temporada (como veio a acontecer, sendo que a partir daí andou sempre mais apagado entre PSG e Wolverhampton), aceitou o desafio também numa perspetiva de ter minutos e visibilidade para lutar pela seleção espanhola no Mundial de 2022. Com o sueco passou-se o mesmo e foi a partir daí que o avançado e o empresário colocaram os leões como prioridade.

Gyökeres foi um dos jogadores mais saudados da festa rumo ao Marquês de Pombal

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Nas conversas que foi mantendo com o escandinavo, Amorim explanou ordens de ideias semelhantes. As questões ligadas a ordenados e cláusulas nunca foram assunto entre ambos, mas o técnico quis explicar qual era o projeto do clube e da equipa para 2023/24, as principais características que mais apreciava enquanto jogador pelo conjunto de observações feitas e aquilo que poderia beneficiar em termos individuais por mudar de forma radical a ideia de jogo coletiva que pretendia gizar para o Sporting. Gyökeres gostou de tudo isso e da abertura demonstrada pelo timoneiro leonino, tendo falado também com outros jogadores que conheciam a realidade nacional como Lindelöf, central do Manchester United que é representado pelo seu agente (que fez a ponte entre ambos) e que chegou a jogar com Amorim na equipa B do Benfica.

Em paralelo, entrou pelo meio uma plataforma que não era propriamente conhecida mas que deu também o seu “empurrão” em todo o processo: a TransferRoom. “Deu-nos a oportunidade de contactar diretamente os responsáveis do clube vendedor e dar a conhecer o nosso interesse na contratação de Viktor Gyökeres. Esse acesso direto às pessoas chave do clube fez uma grande diferença na aceleração das negociações para a nossa transferência recorde. A plataforma fornece-nos uma base de dados fiável de contactos de confiança, o que foi muito valioso neste caso e, no geral, beneficia o nosso negócio de transferências”, destacou mais tarde Hugo Viana, diretor desportivo do Sporting. O empresário do sueco, Hasan Cetinkaya, veio mais tarde dizer que nem conhecia a plataforma mas os primeiros contactos realizaram-se por aí.

Também nesse aspeto o avançado acabou por funcionar como referência, tendo em conta o impacto que a contratação teve quase de imediato desde que chegou a Alvalade. A TransferRoom, que realizou a terceira cimeira no Estoril depois de ter passado por Londres e São Paulo, é uma ferramenta utilizada por quase 20 clubes portugueses que permite, entre outras funcionalidades, marcar reuniões, trocar contactos, procurar jogadores mediante as características desejadas ou desenvolver redes de trabalho. Ao todo são mais de 700 clubes de 60 países e 100 ligas diferentes com tendência para crescer e o negócio de Gyökeres vai servir de trampolim para que outros negócios possam ser feitos utilizados as novas ferramentas no futebol.

O calor do Algarve, as faltas com os braços e o português que já fala em privado

Os primeiros dias não foram propriamente fáceis. O calor extremo que se fazia sentir no Algarve era demais para o jogador mas Gyökeres foi começando a perceber como funcionava toda a equipa e teve uma adaptação rápida a nível de conhecimento dos novos companheiros e rotinas. Marcou no primeiro jogo que fez aberto ao público (com transmissão televisiva) frente à Real Sociedad, teve apontamentos interessantes na partida seguinte com o Villarreal, esforçou-se como se fosse um encontro a sério no último teste diante do Everton em Inglaterra. Mais do que isso, foi mostrando algo que impressionou (e deixou aliviados) os responsáveis: a pressão por ter sido o jogador mais caro da história do Sporting era nula. Se dúvidas ainda existissem, entre dirigentes, equipa técnica e companheiros de equipa, foi no Algarve que se dissiparam por completo.

Os adeptos sentiam o mesmo. Depois de um quarto lugar no Campeonato e de uma época sem títulos, houve recorde de vendas de Gameboxes e o primeiro encontro da temporada teve lotação esgotada. A esperança era novamente verde e foi na primeira jornada que nasceu um amor à primeira vista com Gyökeres, que bisou nos 20 minutos iniciais da partida com o Vizela decidida nos descontos por Paulinho. O sueco teve um jogo daqueles que não engana e mostrou em 90 minutos tudo aquilo que podia emprestar à equipa além dos golos: conseguiu receber 20 passes progressivos, algo que nenhum jogador tinha conseguido antes desde que Rúben Amorim era treinador do Sporting, e foi o que mais contribuiu para as 54 ações com bola na área como também nunca tinha acontecido. Teve depois três jogos sem marcar sem que ninguém duvidasse da sua qualidade, fez seis golos nos seis encontros seguintes até à paragem de outubro. Chegara para ver e vencer.

Em 47 partidas oficiais no Sporting, Gyökeres leva 41 golos. Lidera a lista dos melhores marcados da Liga, foi chamado à seleção sueca (que falhou o apuramento para o Campeonato da Europa) marcando mesmo um golo no particular frente a Portugal, bateu uma série de recordes como não se via desde os tempos de Mário Jardel, contribuiu para que o ataque dos leões apresentasse números como não acontecia há 50 anos ou desde os tempos dos Cinco Violinos. De forma inevitável, começou a haver uma caça a todos os detalhes que pudessem justificar este rendimento. Existem, claro. Mas aquilo que mais vezes fomos ouvindo é que, dentro dos pormenores que não prescinde, é a toda a simplicidade que faz grande parte da diferença.

Tendo Ibrahimovic e Ronaldo como referências no trabalho e Erling Haaland como um jogadores que hoje mais admira, Gyökeres quis seguir o seu caminho. Desde miúdo que se mostrou alguém competitivo, que não gostava de perder e que expressava as suas frustrações de variadas maneiras quando era mais novo, desde o choro até ao dia em que se virou para um treinador e berrou ao intervalo a dizer “Não sou lateral c*****, sou avançado”, como contou a Rádio Renascença numa reportagem. Fora de campo, tenta ser o mais normal possível. Tem cuidado com as horas de sono, tenta sempre que possível falar com especialistas para comer o melhor possível, bebe muita água, ouve o seu corpo e mostra um especial interesse no que mostram depois os resultados dos sensores que utiliza para medir vários parâmetros. Tudo, sempre, para ser melhor.

Sporting player Viktor Gyokeres celebrates after scoring a goal against Sporting de Braga during the First League Soccer match held at Alvalade Stadium, in Lisbon, Portugal, 11 February 2024. RODRIGO ANTUNES/LUSA Sporting CP player Vyktor Gyokeres celebrates after scoring a goal against Tondela during the Portugal Soccer Cup fifth round match, held at Alvalade Stadium, Lisbon, Portugal, 09 January 2024. JOSE SENA GOULAO/LUSA

Gyökeres já festejou 41 golos com aquela que ficou como imagem de marca – e, para já, com aquele que é o seu único segredo

EPA

Como um dia o Sporting revelou, é um mantra com quatro palavras: “Comer, dormir, marcar, repetir”. O sueco já tem hoje uma vida perfeitamente estável em Portugal. Gosta da comida, aproveita as folgas para passear (quando está mais calor, vai muitas vezes à praia mesmo que fique pela esplanada), tem namorada portuguesa com quem mantém uma relação discreta em termos públicos, fala nas intervenções públicas em inglês mas já conseguiria manter hoje uma conversa em português se fosse necessário com as aulas que foi tendo. É por isso que, quando lhe perguntam sobre a continuidade, refere várias vezes que tem contrato, que se sente bem, que gosta da forma como é tratado desde que chegou. No entanto, não promete que vá ficar.

A Sporting SAD admite fazer apenas uma venda maior este verão e considera que é possível manter o número 9 por mais uma temporada, com esse aliciante de fazer a estreia na fase de grupos da Liga dos Campeões. A posição do clube em relação ao sueco: a não ser que exista uma proposta pela cláusula de 100 milhões de euros que o avançado pretenda aceitar, fará de tudo para que se mantenha em Alvalade. Nesse particular, e também na ótica do próprio agente do jogador, a continuidade de Amorim terá também o seu peso.

“Muitas pessoas continuam a perguntar-me porque trouxe o Viktor para o Sporting. Ele veio por uma razão: só trouxe o Gyökeres para o Sporting por causa de Rúben Amorim. E disse-o ao mister quando o vi pela primeira vez, antes de lhe dizer olá. Já seguia o Rúben desde que estava no Sp. Braga. Também conheço a filosofia dele no Sporting e a forma como poderia fazer evoluir o Viktor a outro nível. Isso foi mais importante para mim do que levá-lo para a Premier e fazer mais dinheiro. A maioria das pessoas disse que eu estava a ser estúpido”, comentou o empresário Hasan Çetinkaya, à imprensa desportiva.

“Oito clubes da Premier fizeram propostas ao Coventry e a mim, que garantiam mais dinheiro, mais comissões e um valor maior de transferência que o Sporting, além de o Viktor ter falado com outros cinco treinadores por telefone. Disse que o Sporting era o nosso próximo destino. Ele é muito respeitador, confia em mim como empresário e respondeu-me logo ‘Não há problema, vou para onde me disser. É muito importante saber o futuro do Sporting e em concreto o que vai acontecer com Amorim porque viemos para cá por causa dele. Há muitos clubes que querem comprá-lo mas temos de respeitar o Sporting”, acrescentou.

Após começar a jogar futebol no IFK Aspudden-Tellus, Gyökeres acabou a formação no IF Brommapojkarna, onde fez a estreia como sénior aos 17 anos. O Europeu Sub-19 de 2017, onde defrontou na fase de grupos um conjunto de Portugal que contava com Rafael Leão, Diogo Costa, Diogo Dalot, Florentino Luís ou Jota, entre outros, funcionou como trampolim para outros voos, sendo que o Brighton conseguiu antecipar-se a toda a concorrência contratando o avançado em setembro de 2017 com o empréstimo até ao final da Segunda Liga sueca, que terminou com o IF Brommapojkarna a subir de divisão como campeão após um hat-trick de Gyökeres. Ainda assim, já no Brighton, acabou por passar mais tempo na formação Sub-23 do que ao serviço do conjunto principal, o que levou a que fosse emprestado aos alemães do St. Pauli e ao Swansea.

Em janeiro de 2021, de novo pela pouca utilização, o avançado foi cedido ao Coventry e, apesar de ter feito apenas três golos em 19 jogos, mereceu a aposta do clube, que avançou para a sua contração no verão. Foi aqui que Gyökeres atingiu um ponto de afirmação, fazendo duas grandes épocas no Championship com algumas distinções individuais à mistura e um total de 38 golos em 91 encontros do competitivo segundo escalão britânico. Só na última temporada o avançado marcou 21 golos no Championship. Agora, duplicou esse registo e já se esqueceu dos tempos iniciais em que se queixava a Rúben Amorim de que lhe assinalavam muitas faltas por jogar com os braços quando passava o jogo a ser castigado pelos adversários. Agora, na temporada de todos os recordes, ficam apenas por responder duas perguntas: se vai ou não aceitar o desafio de ficar mais uma época em Alvalade e qual é o significado do festejo que se tornou uma marca.

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