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Milhares de adeptos do Sporting marcaram presença na Praça do Comércio para saudarem equipa na receção na Câmara
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Milhares de adeptos do Sporting marcaram presença na Praça do Comércio para saudarem equipa na receção na Câmara

ANDRE DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Milhares de adeptos do Sporting marcaram presença na Praça do Comércio para saudarem equipa na receção na Câmara

ANDRE DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Um amor verde e branco de geração em geração e o "fica Amorim" que virou "fica Gyökeres" (a reportagem da festa na Câmara)

Em dia de semana poucos foram aqueles que quiseram faltar a outra festa do Sporting. Dos mais velhos aos mais novos, passando por quem fica encantado pela música, a "onda verde" chegou à Câmara.

Foi há duas semanas que o Sporting se sagrou campeão nacional. Desde então (até antes, quando se começou a sentir que a vitória dificilmente poderia fugir), todos os momentos foram de festa e comunhão entre a equipa liderada por Rúben Amorim e os adeptos. Depois do epicentro e o ponto alto da celebração do título passar pelo Marquês de Pombal, a festa seguiu para a Amoreira, na semana seguinte. Já este sábado, o Estádio José Alvalade engalanou-se para receber o campeão e erguer o troféu entre outras surpresas.

Alvalade viveu o que nunca vivera a querer viver mais. “Dois Campeonatos em quatro é bom mas ainda escasso”, diz Amorim

Cerca de 48 horas depois, a “onda verde” desaguou na Praça do Município, onde Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, recebeu, como é habitual nestas circunstâncias, o campeão nacional da cidade. O evento iria ser bem mais curto do que se sucedera até então, mais protocolar e com menos espaço para a partilha de momentos entre a equipa e os adeptos. Ainda assim, como não podia deixar de ser, a festa concentrou-se em frente à Câmara de Lisboa e todos os minutos foram aproveitados ao máximo.

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À semelhança do que acontecera, duas semanas antes, na rotunda do Marquês de Pombal, a ida do Sporting aos Paços do Concelho esteve envolta numa grande operação de segurança, com as ruas adjacentes a serem totalmente encerradas e a PSP a proceder à habitual revista daqueles que queriam concentrar-se no local. As “portas” abriram às 16h, duas horas antes da chegada do autocarro verde e branco, e, poucos minutos depois, os primeiros adeptos concentravam-se junto às grades de segurança, marcando desde cedo o seu lugar na primeira fila para verem mais de perto os jogadores que bateram um sem número de recordes.

Noutro ponto emblemático da cidade de Lisboa, a Baixa, já se começavam a ver os primeiros cachecóis e as camisolas verde e brancas. Junto a uma das entradas do Metropolitano de Lisboa, apareciam os primeiros vendedores de produtos do clube. Afinal, apesar de não ser dia de ver a bola a rolar, a tarde é de festa e todos querem ter uma recordação desta temporada. “Olha o cachecol do campeão”, gritava uma senhora de meia idade, enquanto mostrava o cachecol verde com a inscrição “Campeão nacional 2023/24”.

Milhares de adeptos do Sporting estiveram esta segunda-feira no último capítulo da festa da conquista do Campeonato

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Um pouco mais abaixo, perto da entrada da Rua do Comércio, junto ao Banco de Portugal, encontramos João Marques, de 68 anos, que partilha que, apesar do fim de temporada de festa, o ano foi difícil e no início “não esperava ganhar”. A conversa prossegue, deixando de lado o papel de adepto e colocando-se como o tradicional treinador de bancada. “Não gosto do sistema de jogo do Rúben Amorim. Antes do sueco [Gyökeres] não me convencia. Com o sueco o Sporting passou a jogar mais ao ataque”, diz.

Quanto aos principais jogos da temporada, João Marques começa por referir que o dérbi na Luz (derrota por 2-1) foi marcante. “Jogámos imenso e perdemos”. Em sentido inverso, o empate (2-2) do Sporting frente ao FC Porto, no Estádio do Dragão, foi o principal momento do ano leonino. “Foi um jogo de sofrimento”, recorda, antes de partilhar que não consegue deslocar-se mais vezes a Alvalade porque “a Direção não pensa nas pessoas mais velhas”. Em causa estão sobretudo os horários mais tardios das partidas em casa.

Mais adiante encontramos um grupo de três jovens amigos que, semana sim, semana não, se junta em Alvalade pelo amor ao Sporting. Tiago, o porta-voz do grupo, conta ao Observador que os três têm Gamebox e o ponto alto desta temporada foi a vitória frente ao Benfica (2-1). “Sempre estive confiante, mas depois desse jogo disse: ‘É nosso’. O jogador mais importante foi, sem dúvida, o Gyökeres”. “E o Hjulmand também”, completa, timidamente, o amigo João. Quanto ao futuro… “Gyökeres e Amorim continuam”. Afinal, “se o Paulinho [roupeiro] diz, todos “acreditam”.

Feirantes aproveitaram ocasião para venderem mais algumas dezenas de cachecóis do "Sporting campeão nacional 2023/24"

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O adepto que foi treinado por Yazalde e marcou golos contra o Sporting

Ainda antes da comitiva leonina chegar à Praça do Município, o Observador cruza-se com Carlos Félix, de 61 anos, que partilha da opinião dos adeptos leoninos, embora ressalve que “todos os Campeonatos [ganhos] são especiais, mas especial foi o da Covid [2020/21]” exibindo, com orgulho e um sorriso na cara, a camisola da altura. “Esta é do ano do título, não é do ano seguinte, é mesmo do título. É uma recordação”, afirma.

Para além de adepto e de ter sido sócio dos leões, Carlos tem a particularidade de ter representado o clube de Alvalade enquanto jogador, embora nos escalões de formação. Foi aí que conheceu e trabalhou com Yazalde, antigo avançado e goleador do Sporting que esteve em Alvalde entre 1971 e 1975. “Joguei à bola, nas escolinhas, em 1973. O Yazalde era o meu treinador”, conta.

Porém, este não foi o único ex-jogador com quem se cruzou. “Também joguei futebol de salão com o pai do Rui Costa [Vítor Costa]. O Rui Costa era pequeno e nós brincávamos muito com ele”, partilha sobre o atual presidente do eterno rival. Contudo, a grande mágoa da vida de adepto de Carlos apareceu nessa altura, quando defrontou o “seu” Sporting no futebol de salão. “Joguei várias vezes contra o Sporting e cheguei a marcar golos contra a minha equipa [risos]”. No regresso a 2024, deixa uma garantia: “Se o Rúben Amorim continuar, o Gyökeres continua. É para ganhar o [próximo] Campeonato”.

Dos mais velhos aos mais novos, a festa do Sporting foi feita sem idades na Praça do Município

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Francisco Trincão, o “orgulho da terra”

Maria do Rosário Rodrigues, de 78 anos, confessa que não é sócia do Sporting e não é presença regular em Alvalade. “Vou de vez em quando. Este ano fui lá duas vezes”, começa por dizer. Mesmo sem se deslocar ao Estádio para assistir aos jogos do Sporting, não deixou de assistir e tem poucas dúvidas: “Todos os jogos [desta época] foram bons”.

Um dos fatores que contribuiu para a sua deslocação à Praça do Município remete… às suas origens. “O Francisco Trincão é o meu jogador preferido. É da minha terra”, confidencia ao Observador, acrescentando que conhece “pessoalmente” o avançado leonino, “desde pequeno”. E foi precisamente em tenra idade que o internacional português começou a demonstrar aptidão para o futebol: “Sempre gostou de jogar à bola”. Ainda que não tenha conseguido ver Trincão de perto durante a tarde de segunda-feira, Maria fez a festa à sua maneira e dentro daquilo que a idade permite. Afinal, o Sporting é um clube de “geração em geração”.

Como Amorim confiou em Francisco antes de Francisco confiar em Trincão: a história de um reforço que já lá estava

É nessa toada que nos cruzamos com Bruno Cruz, de 41 anos, e com a sua pequena Pilar, com cinco, que se evidenciam no meio da multidão verde e branca pela forma como cantam – sabem todas as músicas de cor –, dançam e festejam. Os dois são sportinguistas, ela mais por influência do pai. Bruno é sócio “há mais de dez anos”, já teve Gamebox em Alvalade e conta-nos que a filha também é sócia dos leões. Quanto ao ano de sucesso que agora termina, junta-se ao “movimento” e afirma que “Amorim e Gyökeres vão ficar” no Sporting. Por sua vez, Pilar não partilha muitas palavras, mais por timidez e vergonha, mas não tem dúvidas: “Gonçalo Inácio” é o seu jogador favorito e o nome que exibe orgulhosamente nas costas da sua camisola.

Um adepto do Cruzeiro numa festa do Sporting? A culpa é da… “música”

Outro dos sinais que mais saltou à vista durante a presença dos leões na zona ribeirinha da cidade de Lisboa foi a presença de turistas, como é habitual nesta altura na capital portuguesa e na zona que norteia a Praça do Município. Alguns não imaginavam o que se estava a passar. Eram atraídos pela música – do Sporting, sempre, como não podia deixar de ser numa ocasião destas. Paravam, observavam e questionavam o que estava ali a acontecer.

Um desses casos foi o de Lucas, de 32 anos, que é brasileiro e, apesar de não ser turista – vive no nosso país há dois anos –, não fazia ideia que as comemorações do Sporting iriam continuar esta segunda-feira. Quando lhe perguntámos o que o fez deslocar-se até àquele local, Lucas sorri e responde: “O som da guitarra. Achei que ia haver um concerto”. Depois, explica que é músico e que dá aulas de guitarra.

Quanto ao futebol, Lucas confessa que é adepto ferrenho do “Cruzeiro, de Belo Horizonte”. Em Portugal, porém, ainda não tem clube. “Estou entre o Sporting e o Benfica. Ainda quero escolher um. Ainda não vi jogos ao vivo porque são muito caros. Já visitei o Estádio da Luz e o Municipal de Leiria. Um dia quero ver um jogo ao vivo e decidir por qual clube eu torço”, conclui.

Jogadores, técnicos e staff deslocaram-se à varanda da Câmara para saudarem os adeptos... e concentrarem atenções na conquista da Taça de Portugal

ANDRE DIAS NOBRE / OBSERVADOR

A festa continuou até pouco depois das 19 horas, altura em que o autocarro deixou a zona baixa da cidade de Lisboa e rumou para norte, de regresso a Alvalade. Pelo meio, ouviram-se os discursos de Carlos Moedas e do presidente Frederico Varandas, Coates levantou o troféu na varanda da Câmara Municipal, Cuca Roseta entoou o mítico “O Mundo Sabe Que” e Luís Neto, Rúben Amorim e Viktor Gyökeres foram os mais aplaudidos. Por motivos diferentes, é certo, mas o que fica desta festa são os milhares que se deslocaram à Praça do Município, partilhando um amor e uma paixão que passam “de geração em geração”.

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