Se o intestino é considerado o nosso segundo cérebro, torna-se evidente que fomentar a saúde e o bom funcionamento do mesmo se mostra vital para uma vida plena. É, assim, mais importante do que nunca, tomarmos consciência da sua importância – bem como da importância destes hábitos e escolhas saudáveis para o seu bom funcionamento.

Ana Mendes é o exemplo de como o ganho está em “prevenir” do que em “remediar”. A relação com o seu intestino nem sempre foi a mais informada e isso chegou a impactar o seu próprio bem-estar e saúde mental. “A minha jornada com o intestino começou há alguns anos. Comecei por ter alguns problemas de digestão. Supus que fosse apenas consequência de uma má alimentação ou stress e que acabaria por passar”, partilha. No entanto, Ana conta que os problemas persistiram e que acabaram por impactar também a sua saúde mental: “Estes problemas intestinais não afetaram apenas o meu corpo, a minha cabeça também ficou comprometida”.

Aconselhar-se tornou-se um passo fundamental para que Ana conseguisse não só identificar a raiz do problema, como perceber de que forma – ou formas – o poderia resolver. “Eu já tinha ouvido falar nesta coisa do segundo cérebro, mas nunca tinha percebido que era mesmo verdade”, acrescenta Ana, reforçando a importância da mudança de hábitos na sua vida: “Percebi que tinha de mudar a minha vida e começar a fazer coisas que não fazia antes. Mudei a minha alimentação e tornei-me mais ativa. Passamos a vida a ouvir que devemos comer bem e fazer exercício, mas com o frenesim do dia-a-dia, fica difícil colocar estas coisas em prática. No meu caso, acabei por fazê-lo pelo meu bem-estar e a verdade é que, agora que se tornou um hábito, já não consigo viver de outra forma. A forma como me sinto, como o meu próprio corpo mudou, fez com que tudo valesse a pena”.

Para além de mudanças alimentares, da inclusão de probióticos na sua alimentação, e do exercício físico regular, Ana reforçou também a importância da aprendizagem da gestão do stress. “Comer bem, saber o que comer, e saber como posso controlar a minha ansiedade, fizeram toda a diferença. A meditação tem sido uma aliada neste meu caminho. Controlar a minha ansiedade é muito importante para tudo o resto. E comer bem, também. O meu intestino parece outro e a minha saúde mental melhorou muito também”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O caso de Ana é um exemplo vivo de como a expressão “prevenir é melhor do que remediar” faz todo o sentido. Há ações que apenas dependem de nós e que podem fazer toda a diferença no equilíbrio do nosso microbioma.

Somos o que comemos?

Escolher o que comer, é uma grande fatia desta equação onde o equilíbrio do nosso eixo cérebro-intestino é o resultado que se pretende alcançar. Com uma nova geração de alimentos ao nosso dispor, com benefícios para o nosso intestino, fica mais fácil tomar as decisões certas quando chega a hora das refeições. Probióticos, Prebióticos, Pósbióticos, lácteos com enriquecimento em nutrientes benéficos à saúde digestiva como o fermentado de bifidobactérias tindalizadas são algumas das opções a considerar. Não só estaremos a contribuir para o nosso bem-estar físico e mental, como também para o nosso sistema imunitário. Afinal, a relação entre estes dois órgãos é capaz de afetar várias áreas da nossa vida.

Os alimentos e o equilíbrio da microbiota

Mostrar Esconder

Alguns dos alimentos que interferem com o equilíbrio da microbiota*.

De forma negativa:

  • Açúcar;
  • Adoçantes;
  • Gorduras hidrogenadas;

De forma positiva:

  • Cebola;
  • Alho;
  • Alho francês;
  • Espargos;
  • Alcachofras;
  • Inhame;
  • Vegetais fermentados;
  • Kefir;
  • Miso
  • Tudo o que são prebióticos, probióticos e posbióticos;

*Entrevista Drª Maria Inês Antunes, da SPIMP, à HEALTH NEWS

“São milhares de espécies de bactérias que habitam no nosso intestino, formando uma flora simbiótica que separa e seleciona o que vem de fora daquilo que efetivamente absorvemos. São estas bactérias que gerem o sistema imunitário, através do controlo de determinadas células imunitárias e das vias inflamatórias responsáveis por quase todos os tipos de doenças crónicas; desempenham um papel direto na síntese de vitamina B e K, bem como na absorção de cálcio e ferro; e produzem substâncias qualificadas para degradar o que consumimos em pequenas partículas capazes de nos nutrir”, quem o diz é Maria Inês Antunes.

A Dra. acrescentou ainda que: “O desenvolvimento destas bactérias depende de uma série de fatores entre os quais as nossas escolhas alimentares, multiplicando-se e reproduzindo-se ou reduzindo.Elas utilizam algumas partículas que o nosso organismo não digere nem absorve, fermentando-as para produzir substâncias mediadoras de funções importantes para o nosso organismo, os ácidos gordos de cadeia curta. É cada vez mais evidente que estas substâncias contribuem para a estabilidade da microbiota intestinal, diminuição da inflamação, estabilização do metabolismo e até a perda de peso. Para além disto, a nossa predisposição para determinadas doenças, alergias e intolerâncias alimentares é também, em parte, consequência de uma microbiota desequilibrada. A alimentação é fulcral para tornar este órgão num aliado para a vida”.

A intolerância à lactose, por exemplo, é um dos fatores que pode contribuir de forma negativa para o bem-estar digestivo. Assim, optar por um leite sem lactose, rico em vitamina D e com adição de posbióticos seria a solução ideal. Com vitamina D, porque contribui para o normal funcionamento do sistema imunitário. Como é leite, falamos de uma fonte natural de cálcio que contribui para o normal funcionamento das enzimas digestivas e para o bem-estar digestivo, uma vez que é sem lactose, permitindo que qualquer pessoa o possa ingerir, continuando a beneficiar da riqueza nutricional dos lácteos.

Este foi apenas um exemplo de como tudo muda quando se decide mudar. No caso da Ana, a mudança foi imposta pela necessidade, mas o objetivo é que a mudança surja de forma natural – em prol do seu bem-estar – e não apenas para “remediar” determinada situação. Mudar por si, pelo seu corpo!

No dia 7 de maio falámos sobre a relação entre o nosso cérebro e intestino. A talk “O cérebro que não sabia a importância do intestino”, contou com Eduardo Sá, Psicólogo Clínico e Psicanalista, e Miguel Raimundo, Presidente da SPIMP, Sociedade Portuguesa para a Inovação em Microbioma e Probióticos, numa conversa moderada pela host Ana Filipa Rosa. Assista aqui.

Este artigo faz parte do projeto “O cérebro que não sabia a importância do intestino