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Liam Payne fotografado em Londres, em junho do ano passado

GC Images

Liam Payne fotografado em Londres, em junho do ano passado

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Liam Payne (1991-2024): a popstar que ainda procurava o caminho certo

Fez parte de uma das boy band mais famosa da história da música pop, os One Direction. Depois, entre dificuldades e demónios, buscava a afirmação em nome próprio. Morreu esta quarta-feira aos 31 anos.

“Por algumas circunstâncias, sou um pouco sortudo por ainda estar cá.” A frase é de Liam Payne, ex-membro dos One Direction, numa conversa com Ant Middleton, transmitida pela Sky em 2019, pouco antes do lançamento do primeiro (e único) disco a solo do cantor. Esta quarta-feira, o antigo membro da boy band britânica foi encontrado morto, na sequência de uma queda da varanda de um hotel em Buenos Aires, na Argentina. Tinha 31 anos.

De acordo com a Reuters, momentos antes da queda, a polícia já tinha sido chamada ao local devido a um “homem agressivo que poderia estar sob efeito de drogas e álcool”. Quando chegaram, foram avisados por um funcionário de um barulho vindo do pátio interior do hotel, que viria a confirmar-se ser consequência da queda de Payne do terceiro andar.

Não se conhece ainda o que terá levado à queda do músico britânico. No entanto, o historial de problemas relacionados com álcool e questões de saúde mental de Liam Payne são conhecidos e remontam ainda aos tempos em que integrou um dos mais mediáticos fenómenos pop dos últimos anos.

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Liam Payne, Louis Tomlinson, Zayn Malik, Harry Styles e Niall Horan: os One Direction ainda como concorrentes do X Factor

PA Images via Getty Images

Em 2019, numa entrevista dada ao The Guardian, a propósito do lançamento de LP1, único disco a solo além do curto EP First Time, lançado no ano anterior, Liam Payne explicava que a adrenalina que veio com a explosão de fama dos One Direction foi um dos fatores que potenciou a sua aproximação ao álcool e às drogas. “Fazes um espectáculo para uns quantos milhares de pessoas, depois ficas preso sozinho num país onde não podes ir a lado nenhum – que mais podes fazer? O minibar está sempre ali”, confessou na entrevista ao jornal britânico.

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Os problemas com o álcool, porém, não terminaram com a separação da banda. Em julho de 2023 revelou que tinha realizado um programa de reabilitação de cem dias, segundo escreveu a Rolling Stone. Uma das razões que o levaram a fazer tratamento foi a cascata de reações negativas que surgiu depois de uma polémica entrevista dada no podcast Impaulsive de Logan Paul, na qual Liam deixou várias críticas aos ex-companheiros de banda.

A pressão da fama e da exposição pública, assim como os problemas de solidão, tiveram grande impacto na saúde mental de Payne, como o próprio confessou, no mesmo ano, numa conversa transmitida pela Sky One, com Ant Middleton. “Frequentemente pensas: quando vai isto acabar?”, explicou. “Isso já quase me matou algumas vezes.”

O rapaz maduro dos One Direction

Liam Payne nasceu a 29 de agosto de 1993. No New Cross Hospital, em Wolverhampton. O mais novo de três irmãos, nasceu prematuro e teve vários problemas de saúde na infância. No livro Dare to Dream – Life as One Direction, citado pela Digital Spy em 2011, Payne explicou que aos quatro anos, depois de anos a fazer exames, descobriram que um dos seus rins não funcionava. “Ainda tenho ambos os rins, mas um não funciona, portanto tenho de ter cuidado e não beber de mais, mesmo água, e tenho de me manter o mais saudável possível.” No entanto, em 2023, Payne foi internado duas vezes devido a alegados problemas renais, o que o levou a cancelar vários concertos no México e na América do Sul.

Desde cedo achou que talvez tivesse “possibilidade de conseguir” um futuro no mundo do espetáculo, como chegou a dizer ao The Guardian. Por isso, teve “um estilo de vida diferente dos 14 aos 16 anos”, por estar tão focado na aposta de uma carreira no mundo artístico.

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Os One Direction em 2014, no auge da fama que atingiram enquanto sexteto

Getty Images

A primeira vez que Liam esteve sob a luz de holofotes foi aos 12 anos, quando integrou a companhia de teatro Pink Productions. No entanto, seria, naturalmente, no palco do X Factor, que o nome de Payne ficaria na história da pop mundial.

Na primeira passagem pelo concurso, em 2008, não convenceu os jurados. Com 14 anos, cantou uma versão de Fly Me To The Moon que não terá sido suficiente para continuar em competição. Simon Cowell aconselhou-o a continuar a estudar e a voltar passado dois anos.

E ele voltou. Em 2010 interpretou Cry Me A River, tema incontornável de Justin Timberlake (curiosamente, também ele integrante de uma boy band antes de se atirar a uma carreira a solo, os ‘N Sync), e continuou a competir ao lado dos seus novos colegas de banda: Zayn Malik, Harry Styles, Louis Thomlinson e Niall Horan. Os One Direction recém-formados (mais uma vez, pela mão de Simon Cowell) não venceram essa edição do X Factor, mas a dimensão que conquistaram nos anos seguintes eclipsou por completo a fama do verdadeiro vencedor (Matt Cardle, para quem não se lembrar).

[Já saiu o terceiro episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio e aqui o segundo.]

O que se seguiu, nem aos mais distraídos passou ao lado. Os One Direction tornaram-se, numa carreira efémera de cerca de seis anos, um fenómeno ímpar na história da música pop. Os primeiros quatro álbuns estrearam-se no topo da tabela da Billboard 200 (só o último, Made in the A.M., não conseguiu a proeza), feito que nunca uma banda tinha conseguido. A tournée Where We Are foi uma das mais lucrativas de sempre. Para milhões e não só para adolescentes: os One Direction chegaram ao topo do mundo.

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Com Cheryl Cole, com quem teve um relacionamento e um filho, Bear

WireImage

Com Louis Thomlinson, Liam era o membro que mais canções escrevia, principalmente nos últimos álbuns.

Com uma popularidade que nunca chegou ao nível do dos colegas Zayn Malik e Harry Styles, por exemplo, o papel de Liam era, nas palavras do mesmo, “muito específico”, o de impedir que os outros se descontrolassem. Chegou até a ser apelidado pelos fãs de “Daddy Direction” (ou “papá Direction”, em tradução livre). “Tínhamos pratos a ser atirados pela janela, colchões lançados pelas escadas e eu recebia chamadas do manager a dizer: ‘tens de resolver’”, contou ao Guardian.

A carreira a solo

O sucesso estratosférico da banda e o ritmo de trabalho aceleradíssimo — entre 2011 e 2015 lançaram um disco por ano, fizeram quatro tournées, participaram em séries, fizeram documentários, entre outros projetos — começou a arrefecer aquando da saída de Zayn Malik, em 2015. Depois disso, foi editado apenas o álbum Made in the A.M., o único feito a oito mãos. Uns meses mais tarde, o grupo anunciaria um hiato por tempo indeterminado, que nunca foi interrompido.

Cada um dos rapazes seguiu o seu próprio caminho a solo e, ainda que com moderado sucesso, exceptuando o caso óbvio de Harry Styles, que se transformou numa estrela arrebatadora por mérito próprio, nenhum ficou sequer próximo do sucesso que a boy band tinha atingido. Foi assim também com Liam Payne.

O primeiro single a solo, Strip that Down, que contou com a participação de Quavo, foi o que conseguiu maior sucesso comercial, chegando à terceira posição da tabela de singles do Reino Unido. Nos Estados Unidos, o máximo que conseguiu foi a 10.ª posição da Billboard. O disco a solo LP1 não passou da 17.ª posição no Reino Unido e nem chegou às cem posições cimeiras da Billboard 200. A crítica também não ficou impressionada, com o disco a conseguir uma pontuação média de 44/100 no Metacritic (site qeu aglomera avaliações de diferentes publicações e críticos) e títulos como o The Guardian a dar apenas uma estrela em cinco ao álbum.

Liam Payne tinha lançado em março deste ano o single Teardrops, que integraria o segundo longa-duração do cantor.

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Liam Payne em palco na O2 Arena de Londres, em 2019

PA Images via Getty Images

Payne deixa um filho, Bear, de sete anos, fruto da relação que teve com a cantora e antiga jurada do X Factor, Cheryl Cole (conheceram-se, aliás, em 2008, quando Payne participou pela primeira vez no concurso). De acordo com o Daily Mail, a relação entre os dois artistas começou em 2016 e terminou em 2018, despertando olhares atentos por parte dos media britânicos, dado o estatuto de super-estrela de ambos, pela diferença de idades e pelo passado que ambos tiveram no mesmo talent show.

O artista também teve uma (brevíssima) relação com a modelo Naomi Campbell e namorava atualmente com Kate Cassidy, desde outubro de 2022 (Cassidy deixara a Argentina dois dias antes da morte do músico). Já em julho de 2023 revelara que tinha passado por um tratamento de cem dias e que então estava sóbrio há seis meses.

Horas após a morte de Payne, grupos de fãs juntaram-se nas imediaçoes do hotel em Buenos Aires onde o artista estava e chegaram mesmo a cantar canções dos One Direction em sua homenagem.

Vários artistas também já se pronunciaram publicamente sobre a morte de Payne. “Um dos maiores artistas com quem já trabalhei. Não acredito que ele morreu”, escreveu Charlie Puth no Instagram. Num story publicado na mesma rede social, J Balvin escreveu “descansa em paz”. “Palavras não conseguem expressar as emoções que estamos a sentir colectivamente neste momento e parece que o resto do mundo está no mesmo barco”, lê-se num tweet dos Backstreet Boys. “Descansa em paz, irmão.”

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