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Manuel Machado, 62 anos de idade, sobe o Moreirense da 2.ª B até à 1.ª em anos seguidos
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Manuel Machado, 62 anos de idade, sobe o Moreirense da 2.ª B até à 1.ª em anos seguidos

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Manuel Machado, 62 anos de idade, sobe o Moreirense da 2.ª B até à 1.ª em anos seguidos

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Manuel Machado. "Empatei com o Porto. Porra, o Porto do Mourinho"

Jogador de andebol, adjunto de Goethals, campeão nacional de juniores pelo Vitória SC e seis qualificações para a UEFA, eis Manuel Machado ao vivo e a cores no histórico Café Vianna, em Braga.

Os genes da família têm o que se lhe diga. António Machado nasce em Guimarães e faz-se guarda-redes do Vitória como mais nenhum outro até então. É uma figura incontornável, sobretudo depois de jurar amor ao clube a uma proposta do Benfica. Com Machado à baliza, o Vitória é 12 vezes campeão da AF Braga e chega à final da Taça de Portugal 1942, perdida para o Belenenses. Ah é verdade, e comete a proeza de defender dois penáltis do FC Porto na Constituição. Passa a outro e não ao mesmo. Manuel Machado, o filho. Que escolhe o andebol para se afirmar desportivamente em Guimarães. É uma família com gosto pela bola na mão, está visto. Sem qualquer ligação ao futebol, Manuel Machado entra nesse mundo por um mero acaso e torna-se um mestre em apuramentos europeus (três pelo Vitória, dois pelo Nacional e um pelo Braga), sem esquecer as duas subidas de divisão pelo Moreirense e a histórica eliminação do Zenit em São Petersburgo. Queremos saber mais e convocamos uma tertúlia matinal para o histórico Café Vianna, em Braga.

Está bom?
Desculpe lá o ligeiro atraso. Tantos anos na Madeira fizeram-me perder algumas referências em Braga.

Sem problema. Veio de onde?
Do Porto.

E de onde é que é?
Guimarães. Vivi lá até aos 18 anos, depois fui estudar no Porto e fiquei a morar por lá.

Foi fácil a mudança?
Foi, era bastante jovem e rapidamente me adaptei. É mais fácil a adaptação com essa idade do que uns anos depois, quando já temos mais referências.

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E quais eram as suas referências desportivas lá em Guimarães?
Estive sempre ligado ao andebol, joguei durante 20 anos. Entrei no futebol um bocado por acaso.

Andebol, a sério? E jogava a quê?
Hoje seria extremo. Naquela altura, era ponta. E também jogava como central.

Andebol é um jogo duro.
É, é, muito contacto. Curiosamente é daqueles modalidades que já não acompanho muito. Quer dizer, acompanho Europeus, Mundiais e Jogos Olímpicos mas é só.

E deve ter mudado imenso do seu tempo para o de agora.
Ufff, mudou imenso no plano físico-atlético e os jogadores melhoraram bastante. No meu tempo, quem tinha 1,80 metros de altura fazia a diferença e hoje não jogaria nunca. Era bom que o futebol tivesse crescido de modo igual. Mas não cresceu nada. Antes pelo contrário. Hoje a bola incomoda muito mais os jogadores.

Futebol, já me tinha esquecido do futebol. Ia à bola em Guimarães?
Aaahhh, sempre. Sou de uma família de futebolistas. O meu pai foi guarda-redes do Vitória durante muitos anos.

‘Pere aí, o seu pai é o Machado do Vitória?
Esse mesmo.

Eia, deve ter ouvido grandes histórias.
Muitas. Foram imensos anos ligado ao Vitória e também a Guimarães. Por isso, era frequente ir ao estádio desde miúdo. Via os juniores de manhã e os seniores à tarde.

Futebol e andebol de braço dado. Quando é que vai em definitivo para o futebol?
Foi todo um trabalho relativamente interessante que estava a fazer no andebol, já como treinador de seniores e, de repente, caí no futebol.

Como é que se proporcionou?
[Manuel Machado endireita-se na cadeira e sorri largo como quem diz ‘a história é longa’] Quando acabei o curso de Educação Física no Porto, fui fazer um nível qualquer da formação na Cruz Quebrada, em Lisboa, e conheci um fulano, que ainda hoje é meu amigo, chamado Fernando Jorge Oliveira. É um craque do andebol, com passagens por Benfica e Porto como jogador e Portugal mais Porto como treinador. Nessa altura, o Fernando era treinador do Clube Desportivo de Portugal e convidou-me para jogar. Ainda fiz um ano e depois comecei como treinador, aos 22/23 anos de idade. E cheguei a ser campeão nacional de juniores.

Pelo Clube Desportivo de Portugal?
Exatamente, um clube que já desapareceu. Era ali em Cantanhede.

O andebol do Vitória convidou-me para treinar os seniores e isso coincidiu com o primeiro mandato do presidente Pimenta Machado. Como ele quis fazer algo diferente ao nível da formação, falou com este, aquele, o outro e o meu nome veio à baila. Uma das pessoas com quem o Pimenta falou era o Henrique, hoje na federação portuguesa de andebol e meu amigo do andebol de anos e anos. O Henrique era amigo do Pimenta e estava dentro da estrutura do Vitória, como secretário-técnico. Uma coisa ligou a outra e apareceu-me o convite para o futebol. Eis como caí no mundo do futebol, por um mero acaso, um mero acaso.

Então, jogou e treinou lá. E depois?
O andebol do Vitória convidou-me para treinar os seniores e isso coincidiu com o primeiro mandato do presidente Pimenta Machado. Como ele quis fazer algo diferente ao nível da formação, falou com este, aquele, o outro e o meu nome veio à baila. Uma das pessoas com quem o Pimenta falou era o Henrique, hoje na federação portuguesa de andebol e meu amigo do andebol de anos e anos. O Henrique era amigo do Pimenta e estava dentro da estrutura do Vitória, como secretário-técnico. Uma coisa ligou a outra e apareceu-me o convite para o futebol. Eis como caí no mundo do futebol, por um mero acaso, um mero acaso.

Isso corresponde a que época?
1980-81. Comecei a trabalhar na base e percorri a formação toda até chegar ao seniores. O primeiro treinador com quem trabalhei foi o Emídio Magalhães, um senhor de 72 anos, ainda hoje no ativo. Estávamos nos iniciados e o treinador dos juniores era o José Pereira, hoje Presidente da Associação de Treinadores. Foram eles as minhas referências naquele tempo do futebol popular, em que as freguesias à volta de Guimarães faziam equipas para os treinos de captação do Vitória.

E quando é que se dá o encontro Machado-Goethals?
Mais um acaso, eheheheh. Em 1985, o Vitória contrata o Goethals e assisto a um momento de falta de comunicação na secretaria do clube entre ele e mais não sei quem. Eu, que tinha feito um bocadinho de francês no liceu, antes de seguir ciências, lá ajudei o Goethals a resolver aquele pequeno problema e o tipo viu ali uma muletazinha que lhe podia ser útil, ao nível da comunicação. Convidou-me para integrar a equipa técnica, juntamente com o Djunga.

O Goethals era um personagem, imagino.
Era um Mourinho, por comparação aos tempos modernos. Era um tipo com 17 anos de seleção belga, com participação em imensas taças europeias e alguns Mundiais. Chegou a Guimarães já consagrado.

E suspenso, não foi? Aquele escândalo no Standard Liège.
Isso mesmo, ele foi suspenso de treinar na Bélgica e o Vitória foi buscá-lo. Por via da suspensão, ele nem sequer podia ir ao banco.

Então?
Via os jogos na bancada. O Djunga ficava em baixo e, como não havia comunicação naquela altura de telemóveis e essas coisas, eu é que corria a bancada para baixo e para cima a trazer os recados, eheheheh.

Goethals só pensava em futebol, 24 horas por dia. Ia buscá-lo ao hotel às oito da manhã e só o levava de volta à tarde. Entre os dois treinos, almoçávamos juntos e ele não sabia falar de outra coisa que não fosse futebol. E cedo percebeu que eu não percebia nada daquela coisa do futebol profissional. E, com muita atenção e dedicação, ensinou-me imensas coisas. Aliás, ainda me lembro de uma última conversa com ele a dois dias da sua saída do Vitória: 'Tudo o que não souberes ou tiveres dúvidas, põe num papel e debatemos nestes dois dias'.

E como era o Goethals socialmente, fora do campo?
Só pensava em futebol, 24 horas por dia. Ia buscá-lo ao hotel às oito da manhã e só o levava de volta à tarde. Entre os dois treinos, almoçávamos juntos e ele não sabia falar de outra coisa que não fosse futebol. E cedo percebeu que eu não percebia nada daquela coisa do futebol profissional. Na realidade, sabia alguma coisa da parte do treino físico e fazia três/quatro horas de trabalho com a formação, mas estava completamente a leste do resto. E ele, com muita atenção e dedicação, ensinou-me imensas coisas. Aliás, ainda me lembro de uma última conversa com ele a dois dias da sua saída do Vitória: ‘Tudo o que não souberes ou tiveres dúvidas, põe num papel e debatemos nestes dois dias’. Isto não é para todos, é só para alguns. O Goethals era um estudioso da matéria, um homem de outra dimensão.

E esse Vitória do Goethals jogou bem?
Nada de especial e já lhe explico porquê [Manuel Machado pede desculpa e atende uma chamada no telemóvel]. Na época anterior ao Goethals, o Vitória estava a fazer um campeonato interessante e, à falta de umas cinco jornadas, fez uma digressão ao Luxemburgo. Não sei o que se passou por lá, mas correu mal, alguns jogadores saíram à noite e tal. No regresso a Portugal, o Vitória muda a equipa e entram alguns juniores como Soeiro, Jorge Machado e Paulo Viana num importante jogo com o Benfica, em Guimarães. Acaba 4-1 para o Vitória e entende-se que é a altura ideal para fazer um refresh. Saem então aqueles maduros todos e fica-se com um plantel muito jovem, em que alguns jogadores dão que falar num futuro próximo.

Como quem por exemplo?
O Laureta, que veio do Mirandela e foi campeão europeu no Porto. O Neno, contratado ao Barreirense e foi campeão nacional pelo Benfica. O Miguel, que fomos buscar ao Vizela e chegou ao Sporting. Esses reforços jovens mais os juniores e alguns veteranos, como o Teixeirinha, do Porto, fizeram um campeonato tranquilo, de meio da tabela.

Neno? Mas ainda estava lá o Jesus, não?
O Jesus, claro que sim. Só tinha um handicap, era baixo para guarda-redes. Mesmo assim, veja bem, o Jesus meteu no banco guarda-redes como Silvino, Damas e Neno, todos de seleção. Era sempre a mesma música: o Jesus começava a suplente e, ás tantas, dava a volta ao texto porque era muito inteligente, muitíssimo mesmo. Como tinha dificuldade no jogo aéreo, não inventava e ficava em cima da linha, debaixo da trave. Depois, o Jesus tinha uma perceção muito boa do sentido de finalização dos outros. Ou seja, antecipava os lances e já estava no sítio onde a bola ia entrar. Hoje seria quase impensável ter um guarda-redes daquela altura.

Que era qual, já agora?
1,73 metros. Era baixo, como o Bento. Hoje já não se trabalha um guarda-redes abaixo do 1,75.

Acaba a época do Goethals e ele sai, é isso?
Sai e entra o António Morais, que traz a sua equipa técnica.

E o Manuel Machado?
O Pimenta Machado pergunta-me ‘olha, queres fazer uma primeira experiência como treinador dos juniores?’. E eu aceitei.

Como é que correu?
Bem, bem. Tanto que fiquei mais um ano e o Pimenta Machado pede-me para traçar um plano de remodelação. Fiz de imediato e o Vitória até mostrou resultados bem positivos nessa linha, daí em diante.

Alguma final four?
Antes de mais, quero acrescentar que o Vitória proporcionou as condições ideais para o desenvolvimento da formação com a construção do complexo desportivo.

Complexo desportivo?
Fez-se uma permuta com a câmara nos terrenos da Amorosa [campo de jogos do Vitória até aos anos 60] e o complexo foi crescendo, sem pressa. Primeiro um pelado, depois um relvado, outro relvado, um edifício e tal. Isto tudo, 20 anos antes de Benfica, Porto e Sporting. O Pimenta Machado teve esse mérito na antecipação, foi um visionário. E essa visão permitiu-nos chegar ao primeiro título.

Na fase intermédia, eliminámos o Boavista em Santo Tirso, por 1-0. Depois, a final four inclui Barreirense, Benfica e Sporting em Mira de Aire. Na meia-final, 1-0 ao Benfica. Na final, com o Sporting de Figo, Peixe e Porfírio, ganhámos nos penáltis e fomos campeões nacionais de juniores em 1990-91

De juniores?
Campeões nacionais em 1990-91.

No ano do Mundial sub-20?
Isso mesmo. Tanto assim é que a final four desse ano só se faz a uma volta, em campo neutro, por questões de calendário FIFA.

E os resultados, lembra-se?
Na fase intermédia, eliminámos o Boavista em Santo Tirso, por 1-0. Depois, a final four inclui Barreirense, Benfica e Sporting em Mira de Aire. Na meia-final, 1-0 ao Benfica. Na final, com o Sporting de Figo, Peixe e Porfírio, ganhámos nos penáltis. É o segundo título do Vitória no futebol.

E o primeiro?
É a Supertaça portuguesa 1988, ao Porto: 2-0 em Guimarães, 0-0 nas Antas. O treinador era o Geninho.

https://www.youtube.com/watch?v=SBFsoEQavGo

Claaaaaaro.
Sou eu, o adjunto do Geninho.

E de mais quantos brasileiros?
Eheheheh, muitos. Marinho Peres, Paulo Autuori e René Simões. Também trabalhei com o Pedro Rocha, o uruguaio que foi nosso treinador durante imenso tempo e depois também treinou o Sporting.

Xiiiiii, g’anda nível: Pedro Rocha.
Um cavalheiro, fantástico. Conhecia-o como jogador. E que jogador, internacional uruguaio.

Pois, é essa a ideia que tenho dele.
Um senhor. Muito bom nos aspetos defensivos, só que não teve sorte nenhuma.

Então?
Saiu antes da época acabar. Ganhámos em Belém, só que houve uma confusão qualquer do ponto de vista regulamentar e perdemos o jogo de repetição. Seguiram-se mais jogos sem ganhar e isto, como se sabe: quando as coisas não correm bem, temos aqui o remédio santo e troca-se o treinador. Quando eu era pequeno, ali numa cidade como Guimarães, à sexta era dia do mercado e cá fora estavam sempre dois cavalheiros com uma banca montada a vender banha de cobra, que até cabelo fazia crescer. Claro que a banha da cobra não solucionava nada. E está claro que a permuta constante de treinadores não resolve nada.

E mais treinadores com quem trabalhou?
Tive o privilégio de trabalhar com muitos portugueses, como o Vítor Oliveira, o António Oliveira.

O António Oliveira é em que ano?
1987-88.

E então?
Bem, ele não fez a época toda em Guimarães. Houve ali problemas que geraram um segundo problema. Não sei se se recorda, mas o Oliveira sai de Guimarães e vai para a Académica, onde se dá o famoso caso N’Dinga.

Xiiiii, N’Dinga. O Manuel apanha aquela invasão de africanos, todos fantásticos.
Eram de qualidade: N’Dinga, N’Kama e Basaúla.

Como é que vieram parar a Guimarães? E porquê Guimarães?
Porque havia uma relação entre o Pimenta Machado e o empresário Valter Ferreira, que tinha algumas ligações na África. Também posso contar um segredo engraçado: andei um mês todo de julho a trabalhá-los, com o estádio fechado. Os jogadores tinham vindo um bocado à socapa e era preciso mantê-los em atividade na pausa do campeonato. Então, estive ali com eles debaixo de altas temperaturas para que começassem a época em forma. Foi uma boa aposta, todos eles faziam a diferença.

Todos de igual forma?
O N’Dinga fez um percurso diferente, porque era mais equilibrado. Eram todos dotados tecnicamente, só que o N’Dinga era, digamos, mais capaz em termos comportamentais. E, lá está, voltei a falar francês, a língua deles.

Eheheheheheh. Lembro-me de um golo do N’Kama ao Sporting, jesus.
Ao Damas, lembro-me também. Estava lá. Foi um pontapé impensável.

Era o tempo do Marinho Peres?
Ele era o treinador e o Autuori o adjunto.

E o Manuel Machado?
Não me lembro bem. Vou usar o calão: ou era preparador físico ou secretário técnico. Dos anos 80 até ao ano 2000, estive lá sempre num percurso de formação e experiências, com muita aprendizagem pelo meio. Ao todo, foram 19 anos seguidos ligado ao Vitória. Ou melhor, quase seguidos. Houve ali um ano em que fui para o Vila Real, numa base de empréstimo.

Ai sim, não sabia.
Olhe, outra situação engraçada: quem é o guarda-redes do Vila Real? O Nuno Espírito Santo. Ele tinha jogado num clube perto de Valença chamado São Pedro da Torre e havia lá um dirigente do futebol juvenil chamado Manuel Ribeiro, que era dirigente e também vendedor de artigos de lar e casa de banho. Um dia, cheguei ao treino e ele disse-me ‘ò professor, um cliente meu disse-me que ali em São Pedro da Torre há um miúdo guarda-redes que ainda é júnior e já joga nos seniores’. Fomos ver o miúdo e comprovou-se a sua qualidade. Quisemos trazê-lo, só que o Porto intrometeu-se e, já se sabe, entre Porto e Vitória…

Só que o Nuno nunca jogou no Porto pelas camada jovens.
Aí é que está, ele foi para o lar do Porto e parece que houve ali uns miúdos que fizeram umas patifarias. Como tal, foram mandados embora e tive uma segunda oportunidade de levar o Nuno para o Vitória. Jogou comigo um ano nos juniores e depois subiu aos seniores, em que acaba por aproveitar a lesão já não sei de quem para jogar a titular. E bem. No final da época, há aquela história do desaparecimento com o Jorge Mendes que acaba com a transferência para o Depor.

Isso é que época?
1995-96. Começa o Vítor Oliveira e acaba o Jaime Pacheco.

Honra lhe seja feita, o Pimenta Machado diz-me 'fica com a equipa, os jogadores gostam do teu trabalho' e eu acagacei-me. É a palavra certa, acagacei-me. Era muito jovem e o ambiente estava muito amontoado. Então, dizia ao Pimenta 'deixe ver o próximo resultado, deixe ver o próximo resultado'. Ao quinto jogo, ganhámos 4-0 ao Campomaiorense e o Pimenta chama-me ao gabinete na segunda-feira e diz-me 'andaste a protelar, agora é o o Jaime Pacheco que vai pegar'.

Poisss é, já sei. Mas o Vítor sai com o Vitória em 5.º lugar, como é isso possível?
Sabemos muito bem que o Vítor é um tipo muito frontal e não manda dizer nada por ninguém. Houve ali um problema de uns resultados menos bons, como o 3-2 em Santo Tirso quando estávamos a ganhar 2-0, e a eliminatória europeia com o Barcelona, 4-0 e 3-0. Um dia, a meio da semana, vamos treinar às Taipas, na altura em que ainda se corria no parque, e encontramos um grupo de adeptos da claque. Há uns confrontos e o Vítor acaba por sair na sequência. Fico eu com a equipa e faço quatro jogos. Perco os dois primeiros, empato o terceiro, em casa com o Braga, elimino o Elvas da Taça de Portugal e…

E?
Honra lhe seja feita, o Pimenta Machado diz-me ‘fica com a equipa, os jogadores gostam do teu trabalho’ e eu acagacei-me. É a palavra certa, acagacei-me. Era muito jovem e o ambiente estava muito amontoado. Então, dizia ao Pimenta ‘deixe ver o próximo resultado, deixe ver o próximo resultado’. Ao quinto jogo, ganhámos 4-0 ao Campomaiorense e o Pimenta chama-me ao gabinete na segunda-feira e diz-me ‘andaste a protelar, agora é o o Jaime Pacheco que vai pegar’. Fica o Jaime à frente, e muito bem. A equipa era boa, muito boa: tinha Capucho, José Carlos, Dane, Paneira, Soeiro e tantos mais.

E o Manuel Machado, adjunto do Jaime?
Não, continuei no Vitória como diretor desportivo. Ficava bonito na fotografia, eheheheheh.

Quando é que volta a treinar?
Em 1998-99. O Vitória assina um protocolo com o Fafe. Quando se negoceia a ida de alguns juniores, o presidente do Fafe vira-se para mim e diz-me ‘com 11 jogadores, você podia vir também’. E assim foi. Estreei-me na 3.ª divisão, com os alguns juniores do Vitória e a prata da casa, por assim dizer, como o Primo. Que depois vai comigo para o Moreirense.

Que tal o Fafe?
Bela aventura. No primeiro jogo, digo eu, estavam umas 300 pessoas no estádio. No segundo, já estavam 400 ou 500. No terceiro, o estádio estava cheio. A equipa jogava muito bem, quase todos eles jogavam juntos desde a primária, portanto entendiam-se às mil maravilhas. Foram duas épocas bem boas e é aí que recebo o convite do Moreirense.

Assim de repente?
Um amigo meu diz-me que o Vítor Magalhães gostava de falar comigo. O Vítor era o presidente do Moreirense, uns quatro ou cinco anos mais velho que eu. Lá fui a um sábado para a reunião, na Escola Industrial. É aí que deixo o Vitória ao fim de 19 anos e vou trabalhar por conta própria, digamos assim.

No ano seguinte, subimos da 2.ª à 1.ª num dos campeonatos mais competitivos de sempre. Veja bem, o Estrela tinha o Jesus, a Académica o João Alves, o Nacional o José Peseiro e o Chaves tinha investido imenso. E havia o Moreirense. À oitava jornada, estávamos para descer. Depois fomos por aí acima e acabámos em primeiro.

O Moreirense estava em que divisão?
Na 2.ª B. Com o Primo, lá está, mais Alex, Flávio Meireles e mais malta, o Moreirense é o primeiro classificado num campeonato com 20 equipas e sagra-se campeão da 2.ª B, zona norte.

Boa, boa.
No ano seguinte, subimos da 2.ª à 1.ª num dos campeonatos mais competitivos de sempre. Veja bem, o Estrela tinha o Jesus, a Académica o João Alves, o Nacional o José Peseiro e o Chaves tinha investido imenso. E havia o Moreirense. À oitava jornada, estávamos para descer. Depois fomos por aí acima e acabámos em primeiro.

Campeão outra vez, bem bom.
Amigo, eu ganhei tudo, só não ganhei aquilo que não me deixaram ganhar.

A 1.ª divisão?
Isso mesmo, nunca fui treinador de Benfica, Sporting ou Porto. De resto, ganhei tudo. Até uma Supertaça, a de 1988, como adjunto do Geninho.

E a Taça de Portugal?
Tem razão, amigo. Não ganhei, é verdade. Só fui a duas finais, ambas perdidas para o Porto. Uma como adjunto do José Alberto Torres em 1988, outra como treinador principal.

O quê, aquela do Villas-Boas?
É o ano mágico do Porto, 2010-11. Ganham tudo, entre campeonato, Taça de Portugal e Liga Europa. Só não ganham a Taça da Liga.

E o primeiro ano do Moreirense na 1.ª divisão?
Muito renhido. É a estreia do Moreirense entre os grandes e aguentámo-nos com muita dificuldade no último jogo, em casa, com o Paços. Ao intervalo, 0-0. No fim, 2-0. Além das duas subidas seguidas e da manutenção, o Moreirense remodela o parque desportivo com mais bancadas e um sintético. No segundo ano, já fazemos uma época muito tranquila, que teria dado a Europa se a administração do clube tivesse acreditado nisso com a pré-inscrição na UEFA, só que ficámos em oitavo. Na última jornada, estávamos a ganhar 2-0 em Aveiro e empatámos 2-2.

Esse é o ano do 1-0 ao Sporting com golo do Manoel?
Exatamente.

https://www.youtube.com/watch?v=DtWe_aVWYL4

Como é que ficam os jogos com Porto e Benfica?
Com o Porto, empatámos aqui em Braga. Empatámos com o Porto do Mourinho. Porra, do Mourinho.

Em Braga?
Quando eram os jogos com Porto e Benfica, jogávamos em campo neutro.

E quando era o Sporting?
Em Moreira de Cónegos.

Então porquê?
Porque o Sporting não trazia muita gente e não se justificava ir ao 1.º de Maio.

Quatro anos no Moreirense e agora?
Saio para o Vitória, presidido pelo Vítor Magalhães.

E o Moreirense?
Começa a época o Vítor Oliveira, acaba-a o Jorge Jesus. Que desce de divisão.

E o que faz o Manuel Machado no Vitória?
Consigo a Europa. E repito o feito no seguinte, pelo Nacional.

E joga a Europa?
Nem no Vitória, nem no Nacional. Saio sempre.

A seguir ao Nacional é o quê?
Académica. Fizemos manutenção. A Académica é um clube muito particular, tem muita coisa interessante enquanto clube e muita coisa menos interessante enquanto organização. Falo só daquele tempo, atenção. Na época seguinte, faço duas jornadas pela Académica e saio para o Braga, em substituição do Jorge Costa. E faço Europa de novo.

Esse é o Braga de quem?
É um Braga em fim de ciclo, com João Pinto, João Tomás, Zé Manel, Paulo Santos. Apanhei o pior dos Bragas que podia ter apanhado e, ainda assim, foi interessante, foi aprendizagem. Fui sempre bem tratado na cidade, porque sou de Guimarães, desde os dirigentes aos adeptos, passando, claro, pelas pessoas.

E depois?
Saio para o Nacional, que faz a melhor época de sempre na 1.ª divisão, com um quarto lugar. Ficámos à frente do Braga, que tinha feito um grande investimento e contratara o Jesus. Atenção, fomos quarto e ainda tivemos o melhor marcador do campeonato.

Ai esse é o ano do Nené?
Nem mais. Só houve um pecado nessa época, a meia-final da Taça de Portugal. Empatámos 2-2 em Paços e perdemos 3-2 na Madeira. Foi uma época muito positiva, só que há essa mancha.

E como é que foi esse jogo?
Aos 20 minutos, 2-0 para o Paços, golos de Pedrinha, de penálti, e Rui Miguel. Conseguimos o empate e, em cima dos 90, o Felipe Lopes embrulha-se com um adversário e assinala-se outro penálti: Pedrinha, 3-2. Pronto, é uma mancha. O plantel era jovem e talentoso: o Filipe Lopes foi jogar para a Alemanha, o Nené foi para Itália e o Rúben Micael saltou para o Porto. Foi uma fase muito boa do Nacional.

E o Leandro Salino?
Também é um dos que aparece em grande forma. Tal como o Mateus, que hoje joga no Boavista e marca muitos golos. O nosso esquema é um 3-5-2 ágil, com Patacas na direita, Alonso na esquerda e três centrais no meio.

No play-off, calha-nos o Zenit, campeão em título. A primeira mão é na Madeira e só tenho 16 jogadores. Os avançados, veja bem, são o João Aurélio e um outro rapaz qualquer, espere, é o Rodrigo Silva. E ganhamos 4-3. Para a 2.ª mão, havia muita expetativa. Voamos Funchal-Porto e treinamos no Bessa. Azar dos azares, o ponta-de-lança que recuperara fratura o tornozelo no treino. Voamos para São Petersburgo e há previsão de massacre. Afinal, o Zenit tem seis internacionais russos, mais um turco e um sérvio e sei lá quem mais. Fazem cedo o 1-0 e o Bracali saca de uma exibição memorável em que salva a equipa de uma goleadas. A sete minutos do fim, num lançamento lateral, pumba, o Ruben Micael faz o 1-1.

É quarto classificado e é desta que se estreia na UEFA?
Sim senhor. No play-off, calha-nos o Zenit, campeão em 2008, dois anos antes. A primeira mão é na Madeira e eu só tenho 16 jogadores. Os avançados, veja bem, são o João Aurélio e um outro rapaz qualquer, espere, é o Rodrigo Silva. Ou seja, nem um nem outro éramos avançados. E ganhamos 4-3.

E a segunda mão?
Havia muita expetativa. Voamos Funchal-Porto e treinamos no Bessa. Azar dos azares, o ponta-de-lança que recuperara fratura o tornozelo no treino. Voamos para São Petersburgo e há previsão de massacre. Afinal, o Zenit tem seis internacionais russos, mais um turco e um sérvio e sei lá quem mais. Fazem cedo o 1-0 e o Bracali saca de uma exibição memorável em que salva a equipa de uma goleadas. A sete minutos do fim, num lançamento lateral, pumba, o Ruben Micael faz o 1-1. Passámos à fase de grupos e até fazemos uma campanha interessante, com Athletic Bilbao, Werder Bremen e Austria Viena. Do que me lembro, só faço o jogo com o Athletic. Ai não, também faço o do Werder Bremen na Madeira. Depois fui dois meses para o hospital, com aquele problema de saúde, e só voltei no final de Novembro.

Apanhou um susto?
Um sustinho, faz parte [Manuel Machado olha por cima dos óculos, com graça]. Era para ser uma coisa ligeira, só que aquilo criou uma infeção da porra e tive de ficar em casa mais tempo do que era suposto.

E depois?
Nacional e Vitória.

De volta ao Vitória
Pela terceira vez, a convite do Emídio Macedo, o novo presidente. Fiz Europa duas vezes na mesma época.

Como assim?
Apurei-me através do quinto lugar do campeonato e também por força de ser o finalista da Taça de Portugal.

E porque é que só faz seis jogos pelo Vitória na época seguinte?
Vou contar-lhe.

Conte lá.
Eliminámos uma equipa dinamarquesa na pré-eliminatória e calha-nos o Atlético Madrid no play-off. Pelo meio, jogámos com o Porto para a Supertaça e ainda para o campeonato. O calendário não ajuda, não é? Quando começo a sentir as coisas, já fui.

Então?
Aconteceu-me o mesmo na Académica. Um dia, o José Eduardo Simões diz-me isto, assado, frito e tal e, às tantas, ‘sabe, citando Camões: fraco rei faz fracas as fortes gentes’. Fiquei com aquela atravessada. Como ia haver um parêntesis no campeonato, por força do compromisso da seleção, fiquei a matutar naquilo durante a viagem de carro até ao Porto. Fraco rei faz fracas as fortes gentes? E eu para mim: o rei és tu, ò José Eduardo; tu é que és fraco. Quer dizer, vinha eu de um percurso interessante com qualificação europeias ao serviço de Nacional mais Vitória e acontece-me isto? Não, já fui. Recupero a conversa de Guimarães, em 2011-12. Senti o mesmo. Então a época ainda agora começou e já jogámos duas vezes com Porto e mais duas com Atlético, querem o quê? Saí e fiquei quieto, até porque coincidiu com um problema de saúde da minha mulher.

Até quando a paragem?
Em Janeiro, o Aris Salónica convida-me.

E?
Foi giro, muito giro. Cheguei lá naquele frenesim da crise económica e foi engraçado constatar as diferenças inevitáveis entre os povos. Lá, os gregos, eram diferentes.

Ia a uma barzito em Salónica, onde me encontrava com o Rolão Preto e o Bölöni, do PAOK. O dono do bar era português e chamava-se Jorge. Às tantas, digo-lhe que aquilo tem muita gente para quem está em crise e o Jorge diz-me: 'ah pois, está cheio, mas eles antes vinham e bebiam seis cervejas; agora, bebem duas e aos golinhos'. Mas os gregos vinham para a rua na mesma, não ficavam em casa a remoer. Isso foi interessante do ponto de vista social.

De que maneira?
Ia a uma barzito, onde me encontrava com o Rolão Preto e o Bölöni, do PAOK. O dono do bar era português e chamava-se Jorge. Às tantas, digo-lhe que aquilo tem muita gente para quem está em crise e o Jorge diz-me: ‘ah pois, está cheio, mas eles antes vinham e bebiam seis cervejas; agora, bebem duas e aos golinhos’. Mas os gregos vinham para a rua na mesma, não ficavam em casa a remoer. Isso foi interessante do ponto de vista social.

E do ponto de vista desportivo?
Cheguei lá a meio e, a duas jornadas do fim, jogámos em casa com o Asteras, que estava em quinto lugar, com um ponto de vantagem sobre nós. Se ganhássemos, garantíamos play-off de campeão e ainda a Europa. O jogo começou e alguém atirou uma garrafinha daquelas do mini-bar na direção de um fiscal-de-linha, que era uma senhora.

Xiiiii.
O jogo parou, as pessoas daquela bancada saíram e, quanto tudo parecia bem encaminhado para o recomeço, a senhora disse que não havia condições. Perdemos os três pontos, ainda levámos um jogo de castigo à porta fechada e uma multa sei lá de quanto.

Por falar em dinheiro, como é que se aguentou naquela Grécia?
Foi uma miséria, a parte financeira. Não recebi um ordenado e ainda paguei a minha viagem de volta a Portugal, porque não havia maneira de o clube se entender com a agência ou vice-versa. Um dia, telefonei para casa e pedi ajuda pela internet à minha família na marcação de um voo. Fiz a mala e vim-me embora. Não trouxe um único cêntimo da Grécia.

O Manuel Machado e o resto do plantel, imagino.
Claro, todos. Trabalhámos todos num quadro de muita dificuldade. Às vezes, só se faziam metade dos treinos semanais ou porque os jogadores faziam greve ou porque o roupeiro não distribuía a roupa ou porque o clube não pagava a água. Agora, pense bem nisto: o Aris é da dimensão do Vitória, é o quinto da Grécia, atrás dos três grandes de Atenas e do PAOK.

Chegou a jogar o dérbi com o PAOK?
Fantástico, fan-tás-ti-co [Manuel Machado tira os óculos, limpa-os e olha para mim como se estivesse a dizer a maior verdade de todas]. Tem de consultar no youtube, quando tiver um bocadinho de tempo. Aquele ambiente é imperdível.

Ganhou ou perdeu?
Empatámos [Manuel Machado sorri largo], 0-0.

E a empatia com os adeptos?
Eles gostavam muito de mim.

Quando volta a Portugal, vai para onde?
Nacional, convidado pelo Rui Alves. Mandámos embora dez jogadores em Janeiro e fomos buscar só um. Fizemos uma segunda volta muito boa e ficámos muito próximo do apuramento europeu. No ano seguinte, fez-se uma equipa interessante, com jogadores sem grande custo, até porque o Governo regional fez um corte no investimento, e saímo-nos bem. Nós e mais gente.

Quem?
Olhe, o Marco Matias. Fez vinte e tal golos e foi para Inglaterra. Tal como o Lucas João, que estava emprestado ao Mirandela. O Candeias seguiu para o Benfica, o Marçal saiu para França. Mesmo com essas saídas todas, só falhámos a Europa na negra e porque o Porto fez o favor de empatar em Belém.

Na época seguinte é que as coisas saíram pior.
Saí a meio, por desgaste. Até acho que nem devia ter começado a época, mas comecei por questões do foro afetivo.

Qual era o problema?
A questão foi diagnosticada muito cedo. Da minha parte, em Agosto, soube identificar os problemas e transmiti-os ao Rui Alves. O problema é o depois, ‘o que é que eu vou dizer ao Luís Filipe, o que é que eu vou dizer ao Pinto da Costa, o que é que eu vou dizer ao senhor do Sporting, ao Bruno?’

Ah, já percebi, os empréstimos: Tobias Figueiredo, César e Tiago Rodrigues.
Pronto, ainda bem, porque nem vale a pena alongarmo-nos. Não era um problema técnico, era um problema de comportamentos e cumplicidade. Como as coisas não foram resolvidas em agosto, tivemos de aguentá-las até à reabertura do mercado, em janeiro. Só que não deu e saí do Nacional. E saí com o Nacional fora da linha de água. Tangencialmente, é certo, mas acima dos lugares de despromoção. Só que desce à 2.ª no final dessa época. Se me tivessem ouvido, o Nacional ainda estava a jogar na 1.ª. E digo-o de forma muito categórica, porque já tinha passado por situações idênticas e as correções feitas na janela de janeiro resultaram. Há aqui uma coisa que defendo: nunca desci uma equipa. Nunca.

Nem o Arouca nessa mesma época de 2016-17?
Nem o Arouca, amigo. E nada tenho a dizer sobre o Arouca. Era um clube organizado, com uma estrutura pequena e funcional. O presidente e o filho apareciam normalmente ao fim-de-semana, o plantel era bom e o resto também, desde o jardineiro até ao diretor de imprensa. O problema é que o Arouca tinha começado a época em julho, com a Liga Europa, e isso levou a um processo de esgotamento. Perdi o primeiro jogo, em Chaves, o segundo, em casa com o Belenenses, o terceiro, em Braga, o quarto, nos Barreiros, e o quinto, com o Porto, em casa. Dos cinco jogos, três fora de casa e com candidatos à Europa.

Quando saio, o Arouca tem 27 pontos e abaixo da linha de água já estão Nacional mais Tondela. Se o Arouca desceu, não tenho nada a ver com isso, está a perceber? Em termos curriculares, eu não desci equipa nenhuma.

E a classificação?
Quando saio, o Arouca tem 27 pontos e abaixo da linha de água já estão Nacional mais Tondela. Se o Arouca desceu, não tenho nada a ver com isso, está a perceber? Em termos curriculares, eu não desci equipa nenhuma.

Esta época, treina o Moreirense.
Lembra-se de lhe ter dito que o Moreirense fez um upgrade ao nível da logística na época em que subiu da 2.ª B para a 2.ª e da 2.ª para a 1.ª? Passaram-se 17 anos e o Moreirense não conseguiu acrescentar um metro quadrado de área. Nada. Se havia problemas de comportamento no Nacional e de esgotamento no Arouca, o Moreirense tem um problema de estagnação. É pena, mas, por outro lado, há sempre quem invista para crescer, como Chaves, Tondela e Rio Ave. O Moreirense também podia fazer parte deste lote, até porque tem um homem cujos milhões não assustam, um homem com um sucesso fantástico a nível empresarial, infelizmente amarrada àquela forma de ser na vertente desportiva. Mas, pronto, tenho de respeitar isso. O problema não é meu, ponto final.

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